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INFO: O que esperar da Campus Party 2010?

13 de Janeiro de 2010, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Guilherme Pavarin, de INFO Online
Segunda-feira, 11 de janeiro de 2010 - 16h16



Divulgação
O que esperar da Campus Party 2010?
Marcelo Branco, diretor da Campus Party, concedeu entrevista a INFO Online para falar sobre a edição 2010: este ano, redes sociais e direitos humanos estão entre os principais focos de debate

De 25 a 31 de janeiro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, seis mil pessoas se reunirão para debater questões importantes como as novas regras sobre direitos autorais no país, o plano nacional de banda larga e a influência das redes sociais nas eleições deste ano.

Mas não só de dialética vive a Campus Party. Segundo Marcelo Branco, diretor do evento, a principal motivação da reunião de pessoas é o desejo de compartilhar, de trocar experiências e, sobretudo, de divertimento.

“A Campus Party para entender, além desse debate e coisas sérias, é uma festa, um acampamento de festa. Este é o espírito que queremos manter. É um lugar de encontro, de festa e de diversão”, diz.

Em entrevista a INFO Online, Marcelo Branco ainda falou sobre suas expectativas, as novidades na organização, a exemplo da participação da Microsoft, e o que permanecerá intacto, como a atenção especial à área de software livre.

Confira, abaixo, o bate-papo e acesse a programação da Campus Party no site oficial:

INFO ONLINE: O que você ressaltaria como diferencial da Campus Party 2010 em relação ao ano passado?

MARCELO BRANCO: Este é o ano de consolidação do evento no Brasil. É um ano importante, em que a internet brasileira, possivelmente, terá um grande impulso para o seu desenvolvimento. Poderia citar três grandes desafios para 2010 que estão colocados na nossa pauta. Um deles é o “Plano Nacional de Banda Larga”, que se ele for adiante, muda completamente o panorama da rede no Brasil, pelo ponto de vista de infraestrutura. O outro, que vai ferver na Campus, é o “Novo Direito Autoral”, afim de flexibilizar a relação entre a indústria do entretenimento e o direito do usuário da internet. E a terceira é o “Marco Civil de Direitos de Internet”, que está em debate por meio de um processo colaborativo. Nós criamos pela primeira vez um fórum chamado Campus Fórum, que debaterá esses três temas com centralidade. A idéia é reunir o poder público, as esferas estaduais e federal, a sociedade civil e o setor privado. Queremos que isso crie uma mobilização na internet.

INFO ONLINE: E sobre a ação especial de Direitos Humanos, inaugurada este ano, no que estará focada?

MARCELO BRANCO: A Secretaria Nacional de Direitos Humanos passou a apoiar oficialmente o evento este ano e, com ela, serão abordadas três ações: uma relativa à pedofilia da internet, com a idéia de que os campuseiros criem uma campanha contra o abuso infantil com peças gráficas; outro tema é a questão da própria educação e a relação com a internet; e o terceiro é um tema tecnológico mesmo, a acessibilidade, discutindo como incluir essas milhões de pessoas com deficiência física no Brasil.

INFO ONLINE: O ano de 2009 foi marcado pelo crescimento de muitas redes sociais entre os brasileiros, como Twitter e Facebook. Como isso será tratado?

MARCELO BRANCO: O tema das redes sociais está fervendo. Na Campus Party, será uma oportunidade das pessoas estarem em contato ao vivo com as redes sociais. Como é o ano eleitoral, não poderíamos deixar de discutir as estratégias de marketing, já que a legislação alterou positivamente, permitindo campanha na internet. Traremos o assunto sob o ponto de vista das agências. Um dos destaques é o Scott Goodson, um dos marqueteiros do Obama, que cuidou na campanha das redes sociais, do Twitter e da parte do SMS.

INFO ONLINE: Como serão as divisões das áreas este ano?

MARCELO BRANCO: Dividimos em zonas. A área de “Inovação”, tem software livre, desenvolvimento e segurança e redes; na área de “Criatividade”, estão blogs, redes sociais, música digital, design, desenho e vídeo; a área de “Ciência” ficou o modding e a robótica; e área de “Entretenimento”, com jogos e simulação.

INFO ONLINE: Haverá alguma mudança na área de Software Livre?

MARCELO BRANCO: A área de Software Livre continua tendo a mesma importância. Ano passado, era 38% do público do evento e temos a expectativa que este ano seja algo em torno disso também. O tema do software livre é indissociável da internet. A internet roda abaixo de plataforma de software livre, os desenvolvedores do software livre são os mesmos que inventaram a internet, há toda uma relação dinâmica de desenvolvimento típica da sociedade em rede, colaborativa e aberta. Essa idéia que as redes sociais são apenas orkut, Myspace e Facebook, é errada; as redes sociais são as novas formas de relação da humanidade. A primeira grande rede social foi a que girou em torno do código-fonte do sistema operacional Linux, quando, a partir dos anos 90, passaram a de forma colaborativa se relacionar em torno do código-fonte. A comunidade do software livre é a primeira comunidade social. Ela não era para um público não-técnico, então claro que quem desenvolveu a rede foi o primeiro a utilizar as potencialidades dele. Hoje as redes sociais passaram a ser uma dinâmica não só de técnicos, mas de todos os setores da economia, da sociedade.

NFO ONLINE: Este ano vocês terão a parte de desenvolvimento na Campus Party. Qual é a intenção?

MARCELO BRANCO: Queremos gerar um debate na área. A própria Microsoft está participando do evento pela primeira vez. Ela terá também seu posicionamento, a possibilidade mostrar e desenvolver suas tecnologias na área de desenvolvimento.

INFO ONLINE: Crê que a convivência entre Microsoft e o pessoal do software livre será pacífica?

MARCELO BRANCO: Sim, claro. Acho que é tranquilo. São dois modelos diferentes, tanto de negócio quanto de construção de tecnologia. A Campus Party é um espaço de todos os setores da internet brasileira. Estão lá desde as grandes empresas e corporações até as redes sociais mais ativas que vem para dentro do evento. Queremos a reflexão. Empresas de código fechado também participam da construção da internet.

INFO ONLINE: Quanto à infra-estrutura, haverá alguma mudança significativa? A banda será de quanto?

MARCELO BRANCO: Mantemos a banda de 10 gigas, a maior de eventos internacionais até agora. Na parte de desenho e posicionamento das áreas, mudamos algumas coisas para evitar, ou tentar evitar aquela contaminação de ruído entre uma área e outra, então estamos vendo como fazer isso sem perder a idéia de que os auditórios são abertos. Não pode ser algo fechado.

INFO ONLINE: Ano passado, alguns freqüentadores reclamaram dos problemas de segurança, dizendo que era fácil sair do evento com qualquer máquina. Em 2010, ainda prevalecerá o mesmo esquema?

MARCELO BRANCO: A gente trocou a empresa de segurança, mas, assim, as ocorrências foram insignificantes para seis mil pessoas e com mais da metade dormindo lá. Tivemos duas ocorrências, dois desaparecimentos: um de computador e outro de máquina fotográfica. No Fashion Week do fim do ano passado, por exemplo, 40 equipamentos sumiram. Alertamos para que os campuseiros cuidem de seus equipamentos como fazem em locais públicos. No estádio de futebol, ninguém deixa a máquina em cima do banco e vai ao banheiro. Vamos ter um reforço da estratégia de segurança, mas é um evento com milhares de pessoas, então, para ter 100% de segurança cada um tem que se ligar.

INFO ONLINE: A bebida alcoólica também será proibida este ano?

MARCELO BRANCO: Sim, bebida alcoólica é proibida. Nós teríamos duas opções: proibir menores de 18 anos de entrar no evento ou esta medida. Bebidas e drogas ilícitas dentro do recinto continuam proibidas por questões legais. O resto está liberado.

INFO ONLINE: Com o aumento da popularidade e do alcance da Campus Party, não aumenta a possibilidade de surgirem novas brigas, como aconteceu no ano passado com o rapper De Leve?

MARCELO BRANCO: É perfeitamente normal. Não considero isso grave, acontece e possivelmente vai acontecer. Temos que conviver com isso. Infelizmente, em ambiente onde tem milhares de pessoas, tem cara que extrapola um pouquinho. Nossa idéia é sempre prevenir e procurar estar atento ao que acontece, mas não fazer um esquema repressivo que possa endurecer a galera. A única briga que teve foram dois caras da mesma cidade, de Pelotas, que brigaram por uma mulher e voltaram para a casa logo em seguida (risos).

INFO ONLINE: Algum recado final para os futuros campuseiros?

MARCELO BRANCO: A Campus Party para entender, além desse debate e coisas sérias, é uma festa, um acampamento de festa. Este é o espírito que queremos manter. É um lugar de encontro, de festa e de diversão.

Fonte original: Revista Info


Tags deste artigo: info marcelo branco campus party #cpartybr

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