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Governos do Brasil e da Argentina assinam acordo para promover software livre
Os governos do Brasil e da Argentina anunciaram nesta quarta-feira, dia 19, durante a abertura do 7º Fórum Internacional Software Livre – fisl7.0, a incorporação dos dois países à Rede Internacional de Administração Pública de Software Livre. Coordenada pelo governo da Catalunya, na Espanha, a rede faz parte de uma proposta mundial de colaboração para promoção do software livre.
O secretário Municipal da prefeitura Itajaí, Jean Sestrem, disse que o objetivo desta iniciativa de colaboração internacional “é sensibilizar todos os administradores presentes no Fórum para a importância de somar esforços e experiências para acelerar o processo de implantação do software livre”.
O brasileiro Marcelo Branco, coordenador da Rede Internacional de Administração Pública de Software Livre na Catalunya, acredita que “atualmente muitos governos em todo o mundo estão desenvolvendo políticas públicas para fomentar o uso do software livre. Para ter mais êxito nestes projetos, é necessário que nos inspiremos na lógica da existência da comunidade de software livre: a cooperação”.
Também entraram na rede os estados brasileiros de Sergipe e Paraná, além da cidade de Itajaí, de Santa Catarina. Mais informações sobre a rede no site
http://www.lafarga.org/xarxa/es/presentacion.
O Fórum que ninguém vê
Por Gisele Oliveira
Publicado em: 24/04/2006
A cerimônia de abertura do 7º FISL lotou o salão do Centro de Exposições da Fiergs. Além dos participantes do evento, que mais uma vez vieram de muito longe, patrocinadores, autoridades, imprensa, curiosos, gente que foi para ver e gente que foi para ser vista.
No primeiro dia, algumas falhas aconteceram e algumas coisas teimaram em não obedecer o planejamento de meses. Mas, a vida é assim mesmo, só quem já planejou e executou de forma compartilhada e colaborativa um grande evento sabe que, em meio à correria, não há tempo para refazer, tem que tocar em frente, adaptar, anotar e procurar fazer melhor na próxima edição. Pena é que aqueles que só vão para o primeiro dia não vejam o restante do evento.
O 7º FISL foi um desafio, mudar de um centro universitário para um centro empresarial era uma incógnita. Sobraram elogios para as instalações, o espaço da feira, a beleza dos estandes de expositores, a qualidade das palestras.
Sobraram reclamações para a falta de opções para alimentação e a inexistência de transporte coletivo.
É muito difícil para quem sai de Manaus, Recife e outros lugares distantes entender como ninguém se preocupou com o deslocamento das pessoas. Mais difícil ainda é explicar para um distante participante da Nigéria, do Vietnam, do Quênia que esta foi uma preocupação constante, mas era impossível contratar mais transporte particular do que o que foi contratado.
Como dizer ao participante da Venezuela que existe um Fórum que ninguém vê ? Por mais que a comissão organizadora mostre, ninguém quer ver. Há 7 anos consecutivos, Porto Alegre vem sediando o FISL, um evento que envolve, sempre, milhares de pessoas.
Mais ônibus? Não precisa. Almoço pra 1000? Imagina! Não, não pode ser verdade... Vai ver não tem mais de 200 pessoas para almoçar !!! Pois é,... tinha. Saudades do restaurante da PUC!!! Quem conhece o local retirado da FIERGS, sabe que não existem muitas alternativas, e que estas diminuem, consideravelmente, nos feriados e finais de semana, assim como os ônibus.
Lamentavelmente, para Porto Alegre, existe um Fórum que ninguém vê. Um Fórum que este ano recebeu mais de 5000 pessoas, só de participantes individuais inscritos foram 3.385, assistindo a 445 Palestrantes. Os expositores trouxeram 550 colaboradores. Comparando com os números do ano passado houve um crescimento de 20,96% .
Será que eles voltam?
Como é possível que um evento organizado por voluntários possa estar se transformando num grande evento de TI no Brasil? Se o FISL não fosse reconhecido, internacionalmente, como um dos maiores eventos de Software Livre do mundo, não conseguiria motivar participantes do Uruguai (17), EUA (13), Canadá (9), Argentina (9), Nigéria (8), Venezuela (7), França (4), Espanha (2), Quênia, Portugal, Gana, Marrocos, Inglaterra, Peru, Vietnam, Burquina Faso, México, Alemanha, Austrália, Finlândia, Itália, Suécia, Holanda.
O Fórum que ninguém vê teve 71 computadores locados, 188 pontos de rede ethernet, 16 access points wireless, 964 estações em rede, 484 notebooks via wireless, 124 GB de dados transferidos, 2 links de Internet (4 e 1 Mbps), 58 horas de trabalho técnico, 45 técnicos, 50 pessoas na comissão organizadora e centenas de voluntários.
A TV SOFTWARE LIVRE contou com vários mirrors no mundo inteiro, 12 relays primários, operado com tecnologia 100% livre e 18.500 diferentes IPs assistindo, um crescimento: 49,8% em relação à 2005.
Em se tratando de TV, com estes números, não dá para dizer que ninguém vê.
Pois é, tem quem finja não ver.
Afinal, quando a gente vê, fica bem mais difícil não acreditar, negar, não participar, não reconhecer os méritos de um trabalho anônimo, voluntário, colaborativo, onde cada um faz o que sabe e tenta aprender o que não sabe para poder ajudar o colega, um trabalho que não precisa de palcos, de títulos, de cargos, sem remuneração. Pessoas que dedicam o pouco tempo livre para trabalhar pelo que acreditam. São remuneradas quando vêem as salas de palestras cheias, quando as comunidades se reúnem, quando o conhecimento é compartilhado, quando as idéias são trocadas, os debates acontecem e os ideais se consolidam.
Pois é,... vai ver o difícil mesmo é acreditar que ainda existam pessoas que trabalham por ideais.
O Fórum que ninguém vê, mais uma vez mostrou que é possível que exista algo mais além desta triste realidade de insegurança e decadência política que vemos todos os dias, essa competição de vaidades onde os valores reais sociais são relegados a um segundo ou terceiro plano.
Mais um Fórum acabou, as ruas de Porto Alegre, o Hino do Rio Grande do Sul, as cores do Brasil, o calor humano, os novos amigos, a saudade de antigos companheiros vistos uma vez por ano, vão estar na lembrança de quem se foi, lado a lado com a esperança de voltar uma outra vez para cá.
A mesma esperança que fica dentro de quem organiza o FISL, só que dividida com as eternas dúvidas:
“Será que desta vez, por aqui, alguém viu o “nosso” Fórum? Será que agora vão acreditar que já não é mais uma aventura? Será que alguém notou que crescemos e que poderíamos crescer muito mais se houvesse maior apoio e participação??? Será que notaram que os empresários estavam felizes com as perspectivas de novos negócios?”
Como sempre, a esperança vais se sobrepor às dúvidas, os ideais vão falar mais alto e já no próximo mês o 8º FISL começará a ser organizado.
Você vai ver!
Gisele Oliveira é Diretora da Engenho Informática, Secretária Geral da Fenainfo - Federação Nacional das Empresas de Informática e Conselheira da Associação Software Livre
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