O lugar da educação no confronto entre colaboração e competição
1 de Agosto de 2009, 0:00 - sem comentários aindaTexto extraído do livro "Além das redes de colaboração - internet, diversidade cultural e tecnonogia do poder."
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João Brant
O lugar da educação no
confronto entre colaboração
e competição
Em 2007, a Câmara de Comércio Americana (AmCham) pôs em
prática, em escolas de primeiro grau de São Paulo, um projeto contra a
pirataria, voltado para crianças e adolescentes de 7 a 15 anos. Em parceria
com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os cursos miravam
um público em idade de formação de valores, que alguns anos depois
adentra a faixa etária que é hoje a maior consumidora de produtos piratas,
aquela de 16 a 24 anos.
A iniciativa bélica da AmCham é apenas mais um capítulo de uma
guerra que se luta em vários fronts. De um lado, a colaboração e o
compartilhamento; de outro, a competição e o aprisionamento, ou a
privatização do conhecimento. Por trás dessa disputa, há uma lógica de
apropriação capitalista que tem de apelar à criação de escassez artificial
para sobreviver. Para entender essa dinâmica, vale a pena explorar
rapidamente a natureza das economias de rede.
a transformação da informação
em mercadoria
Economias de rede lidam essencialmente com informação1, que é
um bem intangível e não-rival. Como já visto nos capítulos anteriores,
isso significa que, diferentemente de bens tangíveis, o fato de uma pessoa
consumi-lo não priva os outros de também consumir. Isso significa que
não há escassez natural, como no caso dos bens tangíveis, e que, portanto,
o mecanismo de preços não é suficiente para governar o mercado. Mais
do que isso, os custos majoritários são os custos fixos, para produzir a
"primeira unidade"; o custo marginal, por sua vez, tende a zero2.
Deixado dessa forma, há uma tendência a um superconsumo e uma
falta de incentivos para o mercado produzir esse bem, o que é uma má
notícia para aqueles que planejam explorar economicamente esse setor.
Assim, sob a lógica de mercado, para gerar valor de troca para a
informação, é preciso criar escassez artificial. Nicholas Garnham (1990,
p. 40) descreve os quatro principais mecanismos de criação de valor de
troca na comunicação: a proteção dos direitos de cópia; o controle de
acesso (seja por meio de um controle direto, como bilheteria ou senha,
seja por controle dos meios de distribuição, como no caso da TV a cabo),
a obsolescência programada (como no caso dos jornais diários) e,
finalmente, a associação do produto a um outro produto que tem valor de
troca (como no caso dos programas de TV em que a potencial audiência
é vendida para o anunciante). Independentemente do método utilizado, o
desenvolvimento e o controle da rede de distribuição são fundamentais
para garantir lucros. (GARNHAM, 2000, p. 59)
Essa dependência da escassez artificial faz com que haja uma
constante briga dos que querem lucrar nesse mercado: para transformar
a informação, um bem intangível e não-rival, em mercadoria, luta-se
"contra a natureza". O aprisionamento do conhecimento torna-se condição
para a sua exploração econômica. É isso que exemplos como o curso da
AmCham querem tornar natural.
O entendimento da educação formal como um campo estratégico
de batalha reflete as potencialidades desse espaço. Nessa batalha entre
colaboração e competição, a educação, aqui como em diversos casos, pode
ser o instrumento que propicia condições para a conquista da autonomia
política ou pode, na segunda face da mesma moeda, ser simplesmente o
aparelho ideológico do Estado em que se reproduz a ideologia dominante.
Essa disputa de modelos não é nova e sempre esteve presente, inclusive
dentro da pedagogia. Nada há de novo na opção entre uma educação
cartorial e participativa, entre uma avaliação punitiva e como instrumento
pedagógico construtor de referências. A novidade é o ganho de espaço de
uma lógica comercial competitiva, disfarçada sob um véu de educação
pela proteção de direitos.
70 Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder
No entanto, as tropas avançam também do lado de cá. Se no cenário
da educação há um avanço da lógica competitiva, em um cenário mais
amplo, a lógica colaborativa retoma espaço. As possibilidades de
desenvolvimento e a arquitetura de construção de saberes permitidas
pela internet fazem com que o compartilhamento e a colaboração saiam
da posição desfavorável na qual estiveram no último século. Aquilo que o
avanço do capitalismo havia escamoteado retoma forças como fruto,
inclusive, do próprio desenvolvimento capitalista.
disputa sobre a tecnologia
Esse terreno da internet evidencia que a tecnologia passa a ser, ela
mesma, um componente político fundamental, sobre o qual se dá parte
dessa batalha entre competição e colaboração. Dependendo da forma como
é arquitetada essa tecnologia, dependendo dos códigos, dos aplicativos e
protocolos utilizados, está se condicionando o uso dessa tecnologia. A
comunidade de software livre é talvez o exemplo mais evidente de uma
apropriação social da tecnologia que a modifica e reinventa, adaptando-
a a um modo de produção e buscando livrá-la do aprisionamento. Ao
fazer isso, quebra a lógica da informação como mercadoria e desfaz a
possibilidade de sua apropriação comercial. Nessa batalha, além de ser
um ator político, em alguns casos a tecnologia chega a ser um componente
jurídico. Restrições que não estão em lei – por exemplo, em relação à
propriedade intelectual – tornam-se regras impostas por dispositivos
tecnológicos. Nas palavras de Lessig (1999), o código torna-se a lei.
A tecnologia nada mesmo tem de neutra. Ela pode ser entendida
como resultado da interação de forças sociais, econômicas, políticas e
culturais, que ao se estabelecer afirmam e reforçam os valores que vão
dominar nessa complexa resultante. Mais além, o seu uso e a forma como
é apropriada continuam a definir "o lugar" das tecnologias nessa batalha.
Assim, da mesma maneira que a tecnologia pode aprisionar, ela também
pode libertar. Nessa disputa entre modelos competitivos e colaborativos,
a conquista da autonomia tecnológica passa a ter um papel essencial.
Interessante é que essas novas formas de apropriação da tecnologia
e novas práticas de produção cultural ajudam a desmascarar certas
práticas da educação formal. A idéia de um professor que escreve duas
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Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder
lousas (ou dois quadros-negros, dependendo de onde se esteja no Brasil),
lê todo aquele conteúdo, faz os alunos copiarem e termina a aula, mostra-
se cada vez mais fora do lugar. Num cenário em que a informação é cada
vez mais abundante, fica evidente que a questão central não é a simples
disponibilização da informação, mas, sim, a facilitação de processos de
aprendizagem em que a seleção e a organização da informação brigam
contra um déficit de atenção. Nesse contexto, o professor se torna
essencial como facilitador, animador ou mediador de processos. Seu papel
de provedor unilateral de informação vai perdendo espaço. Assim seja.
a mídia e o professor
Nesse cabo-de-guerra entre colaboração e competição, os meios
de comunicação ocupam lugar central, como arena de várias das batalhas3.
A mídia é hoje um dos espaços públicos proeminentes, central para a
realização da democracia, em que circulam idéias e valores e onde a
sociedade se apropria da informação e da cultura, num processo de
constante (re)significação.
Para entender esse cenário, é preciso compreender sua gramática,
seus símbolos, suas regras. Por um lado, é na própria experiência e no
exercício cotidiano de relação com os meios de comunicação que a
juventude se desenvolve. E isso não significa mais uma relação passiva
com um aparelho de TV mas uma relação ativa com um computador, com
,
a internet e com os games. Por outro lado, essa "escola da vida" traz com
ela todas as perversidades típicas de um cenário em que um jovem cidadão
é inserido num contexto capitalista típico, de formação de mercados e
conquista de consumidores.
Aqui, a plena autonomia (ou o mais próximo possível disso), inclusive
em relação ao próprio mercado, depende de processos educativos nos
quais a escola e o professor têm papel central como organizadores de um
olhar crítico revelador dessas perversidades. As manifestações da geração
"alt + tab" são estruturantes de uma nova forma de exercício da cultura,
e é justamente por isso que elas precisam ser compreendidas: para
poderem ser discutidas e permanentemente questionadas, não em um
exercício de negação, mas num exercício constante de olhar crítico
(re)significante. Esse olhar pode, inclusive, estimular uma apropriação
72 Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder
criativa dessas tecnologias, em que práticas colaborativas ganham espaço
sobre simples exercícios competitivos.
O problema é que, nesse cenário de alta complexidade, há gerações
inteiras de professores e professoras que, por não compreenderem as
arenas da mídia, adotam a pura negação e a crítica como simples olhar
externo desconstrutor. Para uma geração da juventude forjada nessas
referências, ser submetida a um olhar simplista sobre as mídias e sobre
as tecnologias é a revelação de uma fraqueza que contribui para a negação
cada vez maior da escola como espaço de aprendizagem que possa ir
além da formalidade. Assim, se experiência é parte essencial, mas
absolutamente insuficiente, do exercício da autonomia, a crítica depende
do reconhecimento dessa experiência para que possa se estabelecer.
em conclusão
A compreensão do papel da educação na luta pela prevalência da
colaboração e do compartilhamento sobre a competição e o aprisionamento
do conhecimento depende da elaboração sobre esse conjunto de fatores.
É preciso libertar a própria educação dos modelos de competição e
aprisionamento do conhecimento que a cercam e identificar como ela
pode ser um fator de reforço da liberdade ou do aprisionamento do
conhecimento. A defesa da liberdade do conhecimento não é uma simples
questão de opção ideológica, mas uma postura a favor da luz e contra as
trevas.
Assim, segue sendo essencial entender o modo como se organiza a
apropriação capitalista da informação e do conhecimento, e sua
dependência de escassez artificial, e identificar o papel da tecnologia
como componente político fundamental, longe de uma suposta
neutralidade. Num cenário em que a internet e os meios de comunicação
se colocam como arena de várias batalhas entre colaboração e
aprisionamento, cabe à educação funcionar como um espaço de crítica e
(re)significação – papel que, aliás, sempre coube a ela em relação a todos
os processos.
A defesa da liberdade do conhecimento representa a afirmação de
uma nova cultura que resgata os valores da colaboração e do
compartilhamento – tão antigos quanto atuais –, em enfrentamento a
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Além das redes de colaboração: internet, diversidade cultural e tecnologias do poder
uma cultura arcaica, a qual se afirma pela tentativa de aprisionar
artificialmente o conhecimento que é livre por natureza.
notas
1 Informação é entendida aqui em seu sentido amplo, incluindo qualquer tipo
de imagem, som ou dados.
2 Por exemplo, custa praticamente a mesma coisa para produzir e distribuir
um programa de TV para uma pessoa quanto custa para distribuí-lo para
milhares de pessoas. Mesmo quando os custos marginais não são efetivamente
zero, como quando o bem intangível está embarcado num suporte tangível
para ser vendido (ex.: CD, DVD, etc.), a idéia essencial é que os custos fixos são
altos e os custos marginais são baixos.
3 Essa nomenclatura bélica não é a única referência possível e corre o risco
de ser simplista, mas funciona bem para descrever o atual cenário em que
lógicas opostas buscam ocupar os mesmos espaços.
referências
GARNHAM, N. Capitalism and communication: global culture and the economics
of information. London ; Newbury Park : Sage Publications, 1990.
______. Emancipation, the media, and modernity: arguments about the media
and social theory. Oxford ; New York : Oxford University Press, 2000.
LESSIG, L. Code and other laws of cyberspace. New York : Basic Books, 1999.
Ideologia e as bases da educação brasileira
1 de Agosto de 2009, 0:00 - 2 comentáriosIdeologia e as bases da educação brasileira
Escrito por Sandro Marques
Qua, 21 de Junho de 2006 21:00 -
Resumo:
- Educação, um processo dinâmico, em construção e social tendo como papel conduzir a sociedade para o conhecimento. Educação brasileira e suas fases: do Império a globalização.
- Ideologia e educação: O poder ideológico assegura a manutenção do poder repressivo.
- Educação como aparelho repressivo. Ideologia da felicidade pelo progresso material defendida por Marx.
Neste artigo, o estudo sobre as organizações da sociedade será tratado de forma a evidenciar as características ideológicas, culturais e suas influências na educação brasileira. A evolução educacional nos ensina que a educação é um processo dinâmico, sempre estando em construção, ela é pedagógica quanto ao ensinamento formal, é social quanto ao fortalecimento das influências exteriores dos valores assumidos e assimilados como sujeito pensante.
Destaca-se que em todos os momentos históricos da organização de uma sociedade observa-se que em se tratando de educação sempre houve "problemas" e muitas das vezes ela é a "culpada" da inoperância no setor do desenvolvimento do País. Mas será que de fato a educação é causadora do atraso econômico de uma nação?
Uma vez que a sociedade em que vivemos é tendencialmente causadora da exclusão, o papel da educação será permitir que esta sociedade conduza a uma sociedade de conhecimento, onde as competências de cada indivíduo seja uma ferramenta de trabalho para o desenvolvimento das ideologias exigidas pelo sistema como crescimento pessoal do ser humano capaz de orgulhar-se de sua participação como um todo.
Atrelada ao desenvolvimento e às mudanças importadas a escola está inserida dentro de uma sociedade dividida em classes sociais, portanto a educação vinha sofrendo desde a colonização, influências das mais diversas culturas e interesses, no entanto procurando atender a demanda absoluta da época. A educação saiu das mãos da Igreja para o Estado exercendo todas as obrigações diretrizadas pela nova administração com propósitos difusos e a serviço da elite. A educação renasce as várias Constituições, Leis, Diretrizes, Pareceres, Portarias, Resoluções..., sempre estabelecendo um convívio com a modernização e modificação dos ideais do sistema governamental da época, bem como acatando passivamente os interesses da elite.
Com o decorrer dos anos, a evolução global exigiu mudanças rígidas e, nossa educação, passou a caminhar de mãos dadas com a economia do País. Posteriormente, na década de 50, com o início das doutrinas do desenvolvimento passamos a ser chamados de "Pais em Desenvolvimento". Ideologicamente e culturalmente, através dos acordos MEC-USAID a educação aceitou a inserção do capital internacional, ou ainda, a internacionalização do mercado interno efetivando mudanças a níveis da elite empresarial as classes médias e as classes baixas, remodelando a educação para um futuro melhor. Acatando ao receituário do Banco Mundial fomos batizados de países em via de desenvolvimento em virtude da prosperidade dos altos níveis de vida.
Hoje a dinâmica dominante é a globalização da economia, afirma-se que está em progressão material e de elevado níveis de vida, reproduzindo atitudes e idéias de países industrializados e desenvolvidos. A educação vive dentro dessa afirmação ideológica de pensamento, esboçado em livros didáticos e legislação própria, no qual a sociedade passou a decretar uma só política econômica e que somente os critérios do neoliberalismo e do mercado (lucro, produtividade, câmbio livre, concorrência, rentabilidade, etc.) dão à liberdade de uma sociedade continuar a viver sobre essa ideologia do deus PIB.
Seja educação formal ou social, induzida ou conduzida, ou ainda, programada ou reforçada, ela sempre foi enxergada como problema e não como processo de transformação, e na verdade, o que não está sendo enxergado é a existência da relação educação-sociedade em dimensões mundiais, acompanhando toda e qualquer transformação política e pedagógica.
Portanto, a educação não pode ser o fator de atraso do desenvolvimento de um País e sim o sistema na qual ela está atrelada.
E o qual é a relação da ideologia com a educação? Bom, a gênese do falso desenvolvimento em que está passando o País está na ideologia da progressão de nossa cultura ocidental. Mas será que está em desenvolvimento? Isso é um outro assunto, contudo essa idéia emerge desde o Século das Luzes, enaltecida pela Revolução Industrial, aprimorada pela tecnologia e os meios de comunicação em massa.
A ideologia, é uma representação figurativa da realidade, um tipo de ilusão no qual os homens criam a relação com o mundo, ou ainda, o conjunto organizado e coerente de idéias que servem de parâmetros para a conduta individual ou coletiva onde a educação não pode andar separada dela.
Marx apud Iudim , então, denomina a ideologia como:
[...] Forma de la conciencia social, conjunto de determinados conceptos, ideas, nociones, representaciones. Formas de ideologia son los conceptos políticos, la ciencia, la moral, el arte, la religión, etc.
[...] todas la ideologias son un reflejo de la existência social. En la sociedad de clases, la ideologia es de clase. Expresa y defiende los intereses de las clases en lucha.
Marx mostrou como em toda sociedade dividida em classes aquela classe que tem autoridade às demais e faz de tudo para não perder essa condição através da dominação das pessoas pelo convencimento.
É no convencimento que entra a ideologia, constituindo um conjunto de idéias arquitetadas pela classe dominante e disseminadas para a população, convencendo-as de que aquela estrutura social é a melhor ou mesmo a única possível, tornando, com o tempo, idéias de todos. Existe aí, uma realidade extrínseca, vista por grande parcela da sociedade e outra intrínseca, relativa aos interesses de determinado grupo social. Toda sociedade é ordenada pela ideologia não conforme a entidade social e sim pela subjetividade do grupo social dominante. A Ideologia deve refletir uma verdade que, ainda que contestável, não deve ser refutada por se mostrar como a justificativa mais plausível em uma dada atitude num certo instante.
Ansart entende que em determinadas situações, o poder ideológico assegura a manutenção do poder repressivo pela ocultação do conflito de potenciais entre governantes e governado: neste caso, a manutenção do poder político só é possível pela detenção do poder ideológico.
Cada momento histórico tem sua ideologia que reflete os interesses dominantes, disfarçados em aspirações sociais.
Ainda na definição de ideologia por Marx apud Iudim (op. cit.):
[...] la ideologia juega un papel enorme en la vida social y en la historia de la sociedad.
Surgiendo como reflejo de las condiciones de la vida material de la sociedad y de los intereses determinadas clases, la ideologia ejerce, por su parte, uma activa influência sobre el desarrollo de la sociedad.
A unidade de pensamento das teorias de Marx estava apontada para a formação social. Ele pensava nas etapas que trariam a riqueza dos países através da ideologia da felicidade pelo progresso material, atribuído ao fim do feudalismo para o capitalismo e depois desta para o comunismo, no qual termina a história e transforma-se em uma "felicidade eterna" através da evolução industrial, reduzindo aos poucos a pobreza e criando indivíduos com habilidades de aumento da riqueza de uma nação através da harmonia da produção e educação. Essa justificativa daria uma nova forma de controle social mais apta, o proletariado. Ideologia que traria consigo o desenvolvimento completo do comunismo através do progresso material pelo maquinário da produção social e industrial. Ainda sim, pode-se observar que a ideologia é o reflexo da existência social. Tudo gira em torno dela guiada pela superestrutura estatal que através dos aparelhos repressivos - leis e o Estado - totalizam a relação infra-estrutura e superestrutura...
Aqui a educação entra como um desses aparelhos repressivos, isso posto, devido ao fato de uma ideologia estar sempre ligado aos aparelhos e sua prática, sendo ela responsável pela criação das forças de produção e a relação de produções existentes entre elas. Contudo ela não é a responsável pela desaceleração do crescimento econômico de uma nação, apenas articula com que é dado a ela.
Seja na condição natural de criação do homem, seja na convivência com seu meio cultural, ou ainda, seja na formação escolar, o homem sempre foi influenciado pelo exterior através de estímulos na busca constante do desenvolvimento autônomo conforme sua própria lei. Não acaba nunca, ela acrescenta, interioriza, adapta e muda num eterno processo de formação que delineia e emerge do próprio conceito de educação. O despertar da ideologia nasce de uma formação educacional que promove o ser individual para um ser social em busca do crescimento e do fortalecimento de seu grupo ou nação. Todo ideal vitorioso passa por uma política governamental que modifica os conceitos da economia, modificando as exigências da sociedade e por fim estabelecendo normas ou diretrizes que permitirão o controle e a eficácia estabelecida por estes ideais.
A educação não é o único fator de atraso, no que diz respeito ao desenvolvimento do País. A educação acompanha, dentro das limitações disponibilizadas pelo sistema repressor, as constantes mutações da sociedade, da política e do meio social, procura adaptar-se e transformar-se dentro das ideologias estatuído pelo sistema e daí instituir o novo orador completo ou o novo político, ideal para carregar a ideologia dominante ou mudar o velho conceito de desenvolvimento ideológico proferido pelo sistema ideológico do poder vigente.
Em fim, não está na educação a causa do avanço ou do atraso do desenvolvimento econômico do país e sim no sistema capitalista de articular suas ideologias em prol ao mercado de produção. Cabe apenas a educação, atender a demanda da social, sendo neutra a posições de classe, articulando o homem a corrigir seus rumos e aprimorar-se enquanto pessoa dentro do ideal preconizado pelo sistema a fim de se adequar ou converter a situação a seu favor, é o que torna possível a "modificabilidade humana" e o que o transforma de vilão para o transformador de opiniões.
BIBLIOGRAFIA
ANSART, Pierre. Ideologias, conflitos e poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto e HONORATO, Cezar Teixeira: Manual de sobrevivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.
COMPARATO, Fábio Konder. Educação, Estado e Poder. Educação e Política no Brasil. Ed. Brasiliense, 1987.
FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. 6 ed. São Paulo: Mores, 1986.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil - 1930/1973. 21 ed. Petrópolis, RJ, Vozes, 1998.
SANIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 8 ed. São Paulo: Autores Associados, 1986.
SARUP, Madan. Marxismo e educação. Abordagem fenomenológica e marxista da educação. Trad. DUTRA, Waltensir. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
Japoneses descobrem as vantagens de antigos conceitos, como o escambo
25 de Julho de 2009, 0:00 - sem comentários aindaPor Redação, com BBC - de Tóquio
Japoneses usam guarda-chuvas coletivos
Compartilhar, trocar e emprestar parecem ser as novas palavras de ordem entre os japoneses para driblar a crise econômica no país. O chamado sharing ("compartilhamento" ), promovido por sites, empresas e organizações sociais, está ganhando cada vez mais adeptos no país.
Um deles é a vendedora de seguros Tomoko Ozawa, que há sete meses descobriu o site ShareMo, que promove gratuitamente a troca ou simplesmente o empréstimo de objetos.
Desde então, Tomoko já tomou emprestado mais de 40 objetos e despachou outros 50 itens pessoais para pessoas desconhecidas.
- Se tivesse comprado tudo o que peguei, teria gasto pelo menos US$ 500 - contabiliza a japonesa, que agora conta com objetos de decoração, revistas e acessórios, entre outros itens.
Escambo
Para divulgar e difundir o conceito do escambo, um grupo de empresários criou há cerca de oito meses a organização sem fins lucrativos Sharing Times, com sede em Tóquio.
- O sharing é um conceito renovado, na verdade - explicou à rede britânica de TV BBC o presidente do grupo, Kazuo Nakane.
Segundo ele, antigamente, o compartilhamento de bens era uma coisa comum no Japão.
- As pessoas usavam banhos públicos, faziam as refeições juntos e se
ajudavam mutuamente. Depois da Segunda Guerra, o dinheiro passou a ser mais importante e isso acabou com o sistema de sharing - completa.
Por causa dos atuais problemas de aquecimento global e também da crise econômica, Nakane conta que houve uma brecha para divulgar mais amplamente o conceito do sharing e ele tem sido bem aceito pela população.
- Ao compartilhar bens você evita o desperdício e economiza - diz.
Como exemplo, o executivo aposentado diz que procura não comprar nada por impulso e foge dos apelos comerciais:
- É difícil, ainda mais no Japão, que é um país altamente consumista. Então, nosso trabalho não é o de mudar a sociedade, mas fazer com que ela dê mais valor às coisas.
Uso comunitário
Outro que é adepto do compartilhamento de bens é o designer gráfico Jun Otsuka. Ele faz parte de um grupo que promove, desde 2007, o uso coletivo de guarda-chuvas no bairro de Shibuya, na capital japonesa.
- O guarda-chuva é um produto de uso diário, mas as pessoas não cuidam dele, já que no Japão pode-se comprar facilmente esses objetos a preços irrisórios - explica.
A cada ano, o país produz 120 milhões de guarda-chuvas e cerca de 420 mil vão parar nos lixos ou são abandonados. Como é um objeto não-reciclável, o grupo de jovens resolveu dar um jeito de reutilizá-lo. Atualmente, são 34 lojas cadastradas e cada uma possui um espaço com diversos guarda-chuvas que podem ser usados por qualquer pessoa. Caso ele seja devolvido, a usuário ganha um cupom de desconto que pode ser usado em algum dos comércios
parceiros da campanha.
Outros grupos japoneses que promovem o uso coletivo de bicicletas, de terrenos para plantio de legumes e verduras - que depois são divididos entre os que ajudaram a cultivar a terra -, e até de casas de praia e bilhetes de loteria. O Japão foi um dos países mais atingidos pela atual crise econômica mundial. Recentemente, no entanto, o país começou a dar sinais de melhora.
Nesta semana, o governo japonês divulgou que a produção industrial teve, em maio, um crescimento de 5,9% em relação ao mês anterior - o terceiro aumento consecutivo.
Fonte: http://www.correiod obrasil.com. br/noticia. asp?c=154693
MiMoSA do Pontinho de Cultura Curiosa'Idade é premiada no I Festival de Robótica Livre do fisl 10
21 de Julho de 2009, 0:00 - sem comentários aindaDurante o fisl 10 a mimosa do Pontinho foi construida em um carrinho de supermercado com ajuda de estudantes da UFMG no Ponto de cultura Odomode e através deles participou do I Festival de Robótica Livre que aconteceu na PUC durante o fisl 10. Lá na PUC foi implementado, na Mimosa do Pontinho, o projeto de robótica livre chamado "Apontador de Estrelas", que ganhou o primeiro prêmio na categoria robótica iniciante. O projeto trata-se de uma antena controlada por linha de comando, para cima/baixo e direita/esquerda que no RPG simboliza a torre de comunicação da comunidade onde estão sendo transmitidos os programas de rádio gravados pelas crianças durante a atividade de produção literária.
Depois de participarem do fisl e apartir das vivências com a mimosa, as crianças do Pontinho estão empolgadas com a robótica livre e estão desenvolvendo criações de robôs apartir de carrinhos eletrônicos estragados. Apartir disso criaram um programa na rádio usando a mimosa para relatar as ideias sobre esse projeto de robótica que estão gerando para a comunidade do Odomode.
Abaixo o vídeo documentando as gravações na mimosa do programa de rádio sobre robótica :
Clique aqui para ver as fotos das atividades com a mimosa
alissa@softwarelivre.org