O Projeto Software Livre Bahia (PSL-BA) é um movimento aberto que busca, através da força cooperativa, disseminar na esfera estadual os ideais de liberdade difundidos pela Fundação Software Livre (FSF), possibilitando assim a democratização do acesso a informação, através dos recursos oferecidos pelo Software Livre. Esta busca tem seus alicerces fundados na colaboração de todos, formando um movimento sinérgico que converge na efetivação dos ideais de Liberdade, Igualdade, Cooperação e Fraternidade.
O Projeto Software Live Bahia é formado pela articulação de indivíduos que atuam em instituições publicas e privadas, empresas, governos ou ONGs, e demais setores da sociedade. Além disso o projeto não é subordinado a qualquer entidade ou grupo social, e não estabelece nenhuma hierarquia formal na sua estrutura interna.
Tecnologias e Novas Educações (GEC/FACED/UFBA): MVMob chega a escolas de Salvador
30 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaO Projeto Minha Vida Mobile (MVMob), criado pelo mineiro Wagner Merije, chega a 20 escolas baianas de sete municípios. A informação que destaco em Meu Tanebits é a abertura do projeto às 8 horas desta quarta-feira (31/03), na Escola Municipal Dona Arlete Magalhães, no bairro de Castelo Branco.
O projeto oferecerá durante todo o dia para 40 alunos entre 15 e 17 anos, aulas de fotografia, áudio e video, visando capacitá-los a usar criativamente o celular no dia-a-dia escolar. O objetivo dos organizadores é incentivá-los a apropriar as novas tecnologias e desenvolver habilidades e capacidades tais como interpretação, síntese, criticidade, criatividade, análise, além de incentivar o interesse pela pesquisa e pela construção de linguagens artísticas. O resultado dos trabalhos produzidos, têm espaço no site do projeto: www.mvmob.com.br. O projeto é patrocinado pela Vivo e na Bahia ganhou apoio do Fazcultura.
By: Rosa Meire
JavaBahia: Vaadin - Parte 1
30 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaCaros colegas do JavaBahia. Fui convidado por Serge e aqui estou para escrever alguns artigos técnicos. Neste início de jornada, vou começar apresentando para vocês o Vaadin. Embora meu contato com o Vaadin ainda seja inicial, estou utilizando-o a apenas uma semana, me sinto à vontade para compartilhar com vocês o que já aprendi.
O Vaadin usa internamente o GWT para renderizar sua tela. Logo, você deve pensar, ele deve funcionar de forma semelhante ao GWT. Sim e não. De fato, você irá construir toda sua user interface de forma idêntica ao GWT. Ou seja, usando paineis, definições de layouts e por aí vai. Lembra muito a forma de construir interfaces no Swing, para quem já trabalhou com esta plataforma quando ainda não existia editores visuais.
Para aqueles que nunca viram ou usaram o GWT, veja abaixo um exemplo bastante simples de uma tela contendo um botão que exibe um alerta na tela. Exemplo extraído do sítio do GWT.
public class ButtonExample implements EntryPoint {
public void onModuleLoad() {
Button b = new Button("Jump!", new ClickHandler() {
public void onClick(ClickEvent event) {
Window.alert("How high?");
}
});
RootPanel.get().add(b);
}
}
No Vaadin a história é muito parecida. A diferença é que você estará usando os widgets do próprio Vaadin e não do GWT. E o que são widgets? Simples, são os componentes que você usa para construir a interface. Um botão é um widget. Um campo texto também, uma janela, uma lista.
Há ainda uma diferença marcante entre o uso do GWT puro e do Vaadin. Esta diferença é, para mim, a mais peculiar e que torna o uso do Vaadin mais interessante. Trata-se da comunicação entre servidor e cliente. No uso do GWT você faz chamadas Ajax para obter dados do servidor e preencher campos da tela ou apresentar outros tipos de informações. Você criará classes especificamente para realizar esta comunicação.
O GWT chama essas classes de GWT RPC, ou GWT Remote Procedure Call. Neste esquema você precisará criar duas interfaces e uma classe: uma interface que estende de RemoteService. Outra que contém os mesmos métodos da interface anterior, mas com os métodos com assinatura diferente e a classe concreta que implementa de fato a obtenção dos dados do servidor. Não entendeu? Dá uma olhada no próprio exemplo do Google em http://code.google.com/intl/pt-BR/webtoolkit/doc/1.6/tutorial/RPC.html.
O Vaadin, então, é differente? Novamente, sim e não. O Vaadin também se comunica por Ajax com o cliente, mas aqui está a principal diferença: de fato, a interface do Vaadin é construída no próprio servidor e enviada para o cliente que é responsável em construir os widgets informados. Ou seja, se você precisa apresentar uma lista (combobox) na tela contendo as informações de uma tabela, você a preenche no servidor e o Vaadin manda para o cliente a ordem: crie um combobox com tais dados. Observe que também todo evento lançado por um widget também é tratado no servidor. Neste momento, aposto que você deve estar pensando: caramba, então este Vaadin deve ser muito lento, sempre fica enviando dados para construir a tela entre servidor e cliente.
Da experiência até o momento que tive, não verifiquei esta lentidão. Para uma intranet, o Vaadin me parece ser uma excelente opção. O que me parece ainda melhor é a produtividade. A construção da interface é rápida e não há necessidade de se criar classes adicionais para realizar a comunicação servidor-cliente. Este aspecto fica transparente para o desenvolvedor.
Mas vamos deixar de tanta conversa e ver logo um exemplo de uso do Vaadin, obtido no sítio dos desenvolvedores.
public class MyprojectApplication extends Application {
@Override
public void init() {
Window mainWindow = new Window("Myproject Application");
Label label = new Label("Hello Vaadin user");
mainWindow.addComponent(label);
setMainWindow(mainWindow);
}
}
Inicialmente, você deve observar que sua classe de entrada, ou seja, aquela que inicia sua aplicação, deve estender da classe Application, que faz parte da arquitetura do Vaadin. Uma vez criada sua classe, você deve sobrescrever o método init e, partir daí, iniciar a construção de sua interface. Aqui você pode usar todos os widgets disponíveis do Vaadin. Não conhece todos oswidgets? Então acesse o endereço http://demo.vaadin.com/sampler/ e conheça todos os componentes de interface.
Mais uma sugestão, use também o plugin para o Eclipse do Vaadin, pois fornece algumas facilidades para a criação de sua aplicação. Este primeiro artigo serviu apenas para apresentar o framework e aguçar sua curiosidade. Nos próximos, iremos apresentar alguns widgets e peculiaridades deste framework. Até lá!
Tecnologias e Novas Educações (GEC/FACED/UFBA): Salvar Salvador!
29 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaSalvar Salvador! este foi o tema da última aula de Polêmicas contemprâneas, que contou com a presença dos convidados Clímaco Dias, professor do IGEO/UFBA, e de Lourenço Müller, arquiteto. A aula foi transmitida pela RádioFacedWeb, teve também o chat em paralelo (no blog da rádio), twitter, Nelson Pretto participando pelo Skype, direto de Fortaleza, além da fantástica presença dos 40 alunos, tudo para colocar mais polêmica na discussão!
Loureço Müller trouxe aspectos interessantes da ciberube, grande Salvador, que se extende para além do espaço físico...
Clímaco Dias, que tem Salvador como sua cidade de escolha, veio comentando aspectos desta cidade, como as "redes" que se estabelecem, que mais parecem reforçar as hierarquias dentro da cidade e dela nas suas relações com outros espaços de poder.
O carnaval e o pagode (e outras expressões cultura-mercado-turismo-vivência de cidade) foi um dos pontos que transpassou a discussão em vários outros momentos. O planejamento urbano foi outro aspecto que demonstra a urgência de discussões.
Na próxima semana teremos novas polêmicas! Vale a pena conferir, acompanhar, polemizar! Fale você de qual lugar que for!
Por Adriane
Tecnologias e Novas Educações (GEC/FACED/UFBA): Grupo de estudo de Linguagem dos Audiovisuais
29 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaEste é um resumo de nossa leitura da introdução da obra A tela Global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy.
Segundo os autores, quando o cinema surgi ele revoluciona a forma de ver o mundo, através de sua grande tela luminosa em uma sala escura. Um mundo construído por imagens em quadros, e cenas teatrais, é reconstruído em uma tela que surpreende com o movimento.
Até a década de 50 a tela do cinema fora a hegemônica. Porém, a partir daí muitas outras telas vão se incorporar ao cotidiano das pessoas: a televisão, a tela do computador, do celular, que são ainda atravessadas pela estética cinematográfica a qual contribui para construção de sentidos dessas práticas midiáticas.
A imagem-movimento do cinema não se limita a exibição em grandes salas, mas tem cada vez mais adentrado os mais variados espaços da ecranosfera, ou seja, a esfera ou o mundo das telas. A tela particularizada entre quatro paredes determinada espacialmente e temporalmente ganha um movimento ainda maior, perscruta todos os ambientes a qualquer hora com liberdade, e se prolifera de maneira endêmica.
A obra define quatro momentos importantes para o cinema, chamados de idades, que se inicia com o surgimento do cinema e vai até os dias atuais com suas ultimas transformações. A primeira dessas idades é chamada de modernidade primitiva e corresponde ao cinema mudo, ainda muito teatral e mímico, com pequenas comédias e dramas, é nesse período que o cinema busca para si o estatuto de arte. Em seguida, temos a modernidade clássica, indo dos anos 1930 a 1950, marcada pela produção em estúdio, pela introdução da fala e da cor, e de roteiros rígidos e narrativas simples, assinalado por grandes nomes e estrelas. A modernidade modernista e emancipadora é a fase em que surge o cinema do diretor, mais denso, nos textos, com temas diversos e polêmicos, e leves, pela naturalidade dos atores, pelas filmagens nas ruas, com ou sem roteiro; esse cinema se espalha em diversas correntes pelo mundo, dentre os anos de 1950 a 1970. E o quarto momento é o do cinema na era hipermoderna.
Os autores afirmam que esse último momento do cinema se confunde com a época da tela global, a qual não o marginalizará. Pois, o fato de outras telas estarem à disposição das pessoas não faz com que a grande tela seja esquecida, pois o cinema passa por processos em que se reinventa. Justamente por que nos apropriamos dessa linguagem de tal maneira que criamos em nós mesmos um olhar cinematográfico, que faz com que cada vez mais desejemos registar digitalmente a vida, filmando através de pequenas filmadoras ou através dos celulares.
Os autores se propõem a defender a existência de um neocinema, global, fragmentado, multiculturalista e pluri-identitário, marcado pela globalização econômica. E se propõem a responder a questões que formulam nessa introdução: sobre as mutações culturais e democráticas, as possíveis formas de expressão artísticas introduzidas pela proliferação das telas e das mídias culturais. Serão também esses objetos que nos debruçaremos em diálogo no grupo de estudo de linguagens dos audiovisuais.
Postado por Fernando Barros, faz parte também do grupo, Darlene, Raquel e Washington.
Camila Oliveira: Plugins Legais para WordPress
28 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaRelação dos plugins do wordpress que utilizo:
- To-Dos: Plugin que inclui no painel do wordpress uma lista de tarefas a fazer. Muito útil para lembrar os meus planos para o Mill Coisas.
- RF Twitter: Sempre que eu publicar um novo post, será encaminhado um twitter com o título e link.
- Contact Form ][: Formulário para contato. Infelizmente não localizei a página deste formulário, contudo parece que este é bem legal. (Não testei)
- Agenda: Plugin para manutenção e publicação de um calendário no site.
- Minha Lista de Desejo: Plugin para inclusão de lista de desejos no site.
- Challenge: A fim de evitar spam, inseri uma equação matemática para inclusão de novos comentários.
- Anti Spam Image: Segunda barreira para evitar spam, inseri a imagem de segurança para inclusão de novos comentários.
- Akismet: Como eu realmente odeio spam, coloquei uma proteção adicional. Excelente plugin e ainda fornece um relatório com gráficos e quantitativos de spam detectado.
- SyntaxHighlighert Evolved: Plugin para colocar códigos de programação com uma formatação especial.
Encontrei neste site uma relação legal de plugins para o wordpress, vale a pena dá uma olhada.
Tiago Bortoletto Vaz: Como de costume…
28 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaMudei o tema do blog, que segue mais uma vez a instabilidade temática do seu blogador
Tiago Bortoletto Vaz: Legados práticos da repressão
28 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaAcabei de assistir ao filme “Batismo de Sangue”. Estou com os nervos à flor da pele mas vou ser ponderado neste post.
O Brasil ainda tem preso na garganta tudo aquilo que foi obrigado a digerir no regime militar de 64. Excetuando-se casos isolados de indenizações insuficientes e tardias, o brasileiro que pensa um pouco parece que vai ter que engolir tudinho, ao menos até que o último dinossauro repressor parta pra outra. Este é o sentimento que fica após digerir as injustiças expostas no filme, baseadas em fatos reais, registrados no livro de mesmo nome, do Frei Beto. Tenho um documentário bem amador sobre Carlos Marighella que confirma muitas cenas deste filme.
O que sustenta meu pessimismo é o fato de um partido reprimido pelo regime, depois de 8 anos no governo, composto por bastante gente que foi pessoalmente violentada moral e fisicamente nos anos de chumbo, não ter consolidado nenhuma política séria sobre o tema. Tenho acompanhado um pouco a proposta de criação da Comissão da Verdade, que infelizmente é também uma proposta (oficialmente) recente. Como era de se esperar, o PIG e o lobby dos militares, especialmente em ano eleitoral, é fortíssimo e tem um peso mais forte do que nunca nas decisões.
Uma breve pesquisa sobre a comissão na rede expõe como está sendo tratada. Olha a declaração do Maynard Marques de Santa Rosa, general ex-general de alto escalão do exército:
“A ‘Comissão da Verdade’ de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010 certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime, para alcançar o poder.”
Observe a opinião de um elemento influente do clubinho da Veja sobre a declaração do dinossauro:
Porque o objetivo, evidentemente, não é saber “a verdade”, mas criminalizar a história. Misturar “abertura de arquivos” com “comissão” é mera patranha esquerdopata.
(fonte)
Falando em Veja, é fácil notar no filme a intenção do diretor em colocar esta cartilha do PIG como um folhetim que garantia para os subversivos a livre circulação nas ruas. Em algumas cenas os estudantes estavam disfarçados de leitores-de-Veja, exibindo a capa da revista, com o objetivo de disfarçar os trogloditas.
Mas o que quero registrar neste post são duas situações recentes que presenciei, que de alguma forma fazem parte do meu dia-a-dia de trabalho. A primeira foi durante um debate realizado no Comitê Gestor da Internet, em 9 de fevereiro de 2010. Era o Safer Internet Day (Dia da Internet Segura). No Brasil a PRSP foi uma das entidades organizadores e eu participei do processo. Como esperado, um debate com a presença do prof. Sérgio Amadeu é sempre um debate acalorado. Ainda mais quando compartilha a mesa com um debatedor da Polícia Federal. Dessa vez foi umA debatedorA da PF, o que na minha opinião deixou o evento bem interessante. A delegada Juliana Cavaleiro foi incisiva nas questões que ela acredita ser importante, como a necessidade de guarda de logs pelos provedores de acesso e serviço, contrariando a opinião do professor. Por outro lado, fez uma reflexão importante sobre o legado que o regime militar deixou no Brasil e como isso tem influenciado o ciberativismo no país. Na minha observação, a delegada deixou bastante claro que essa preocupação é legítima, ao tempo em que tentou mostrar que esse momento histórico é passado e que as polícias estão sendo também sufocadas por conta dessa herança dos ditadores e arapongas certa vez legitimados pelo estado. Felizmente, os sabores e dissabores desse debate foram registrados e podem ser visualizados no website http://internetsegura.br, a partir dos endereços abaixo:
(Parte 1)
http://www.internetsegura.br/videos/67
(Parte 2)
http://www.internetsegura.br/videos/68
A segunda situação foi num debate que surgiu durante uma disciplina de Ciência Forense, que estou acompanhando como ouvinte na pós-graduação da POLI/USP. A discussão foi pra lá de acalorada, embora a minha participação tenha sido bastante pacífica. Os interlocutores foram eu, um colega que é também professor e ex-militar, e um delegado de polícia. Em meio aos argumentos sobre a necessidade de guarda de logs e a natureza sigilosa de um endereço IP na Internet, o delegado tocou no mesmo ponto que a Juliana expôs no debate anterior. Ele tentou explicar como tem sido difícil pra polícia atuar diante das dificuldades de coletar evidências na rede. Segundo ele, esta dificuldade existe, parcialmente em virtude de um receio social, que de alguma forma (felizmente) influencia o judiciário. Todos ainda com uma visão de estado totalitário, policialesco, consequência dos tempos do regime militar. Bem como a delegada, ele tentou explicar que isso mudou.
Eu posso estar sendo ingênuo, mas acredito que há, principalmente entre os mais jovens nas corporações de polícia e justiça, uma visão negativa (mesmo minoritária) sobre o legado que o período 1964-1985 deixou. Acredito que as opiniões das duas autoridades que citei aqui são verdadeiras. E pior ainda: que as duas partes (ativistas e autoridades) estão corretas no seu ponto de vista. E não há briga mais difícil de separar quando as duas partes têm razão
O fato é que a ferida da repressão está aberta e o cheiro ainda exala forte pra todo lado. Esta ferida desenha uma barreira entre a sociedade civil e as autoridades que é impossível desconsiderar. Em determinado momento o filme deixa uma mensagem clara: “opressor e oprimido nunca estarão do mesmo lado”. É exatamente isso. Aqui, uma parte não tolera ser oprimida. A outra não consegue convencer que não é mais opressora. Estão portanto em lados diametralmente opostos. Felizmente a assimetria de poderes entre elas diminuiu de lá pra cá. E a Internet é sem dúvida a ferramenta mais importante pra garantir essa força para o ativismo, antes sujeito à censura prévia e sem critérios. Assim torna-se impensável colocá-la na mesa de negociação. Temos que admitir que o ônus social é a dificuldade para persecução dos crimes que dependem deste acordo, ponto que certamente as duas partes concordam.
Ou seja, o que consigo sentir (mais do que pensar) nesse momento é:
Eu, enquanto ativista, preciso de evidências bastante fortes de que as corporações policiais compartilham honestamente das opiniões dos delegados aqui citados. Enquanto imaginar que estes são minoria, não vai dar pra negociar.
Enquanto o estado não convencer toda a sociedade que o regime repressivo foi um erro histórico, com medidas sérias, inclusive punitivas, não vai dar pra negociar.
Enquanto a polícia não garantir que é invulnerável ao lobby que coloca o interesse da indústria e dos bancos acima dos meus direitos como cidadão, não vai dar pra negociar.
Enquanto o legislativo não garantir que vai legislar em prol do interesse público, mesmo em detrimento do interesse dos seus financiadores, não vai dar pra negociar. (que tal começar por uma reforma política séria?)
Enfim, enquanto o Brasil não convencer que tem uma postura de estado diferente das tendências reacionárias de alguns países na Europa, enquanto que não pretende seguir as regras do incontrolável mercado livre, que infecta estado e polícia, dos EUA, não vai dar pra negociar.
Dá pra perceber então que este confronto vai render ainda muitas décadas (séculos?). <utopia>Se todas essas manchas históricas, que vão muito além da ferida da repressão, são motivos de discórdia, que tal trabalharmos juntos pra começar a apagá-las definitivamente? Será que já não somos maioria? </utopia>
Tecnologias e Novas Educações (GEC/FACED/UFBA): Ronda virtual no Rio de Janeiro contra práticas criminosas no orkut
28 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários ainda
Práticas criminosas no orkut estão dando trabalho à Delegacia de Repressão aos Crimes contra Informática (DRCI), no Rio de Janeiro, que vem realizando rondas virtuais diárias na internet para rastrear páginas de conteúdo delituoso. É o que demonstra a reportagem de Evelyn Soares publicada no Jornal do Brasil (27.03), que destaco em post em Meu Tanebits. Das mais de mil queixas registradas na delegacia em 2009 - 776 tinham relação direta com o orkut.
Os delitos denunciados vão desde pedofilia, injúria, difamação e presença de perfis de facções criminosas. A matéria relata ser comum encontrar perfis e comunidades com conteúdo agressivo, que remetem à criminalidade. Vale conferir!
Por: Rosa Meire
Camila Oliveira: Atualização do Mill Coisas
27 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaHoje resolvi dá uma geral no meu site e atualizar o tema, organizar o wordpress, páginas, currículo e outras coisas. Agora o Mill Coisas está de cara nova! Desta vez procurei optar por um tema um pouco mais colorido e que continuasse simples, acabei encontrando este e achei super legal.
Nas pesquisas que realizei em busca do novo tema e para fazer as pequenas alterações e adaptações, consegui localizar a página com as referências de funcionalidades do wordpress. Encontrei algumas dicas legais, a relação das principais funções e, inclusive, a página com os códigos para o uso do smilies no wordpress . ADOREI!
Espero que apreciem a nova aparência da página e fica a dica da páginas com as funcionalidades do wordpress.
Alexandro Silva: Projeto OWASP Broken Web Applications
27 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaO OWASP Broken Web Applications é uma máquina virtual contendo uma coleção de aplicações Web vulneráveis e várias ferramentas para explorar estas vulnerabilidades. O principal objetivo deste projeto é prover num único lugar todas as ferramentas necessárias para o estudo de vulnerabilidades em diversas aplicações Web. Servindo também para:
* Aprendizado sobre segurança de aplicações Web;
* Técnicas manuais de avaliação;
* Técnicas de avaliação automatizadas;
* Ferramentas de análise de código.
Este projeto encontra-se na versão 0.91rc1 e nela poderemos encontrar as seguintes ferramentas e aplicações:
OWASP WebGoat version 5.3-SNAPSHOT (Java)
OWASP Vicnum version 1.4 (PHP/Perl)
Mutillidae version 1.3 (PHP)
Damn Vulnerable Web Application version 1.06 (PHP)
Ghost (PHP)
Peruggia version 1.2 (PHP)
OWASP CSRFGuard Test Application version 2.2 (Java)
OWASP AppSensor Demo Application (Java)
Mandiant Struts Forms (Java/Struts)
Simple ASP.NET Forms (ASP.NET/C#)
Simple Form with DOM Cross Site Scripting (HTML/JavaScript)
Antigas versões de aplicações reais:
WordPress 2.0.0 (PHP, released December 31, 2005, downloaded from www.oldapps.com)
phpBB 2.0.0 (PHP, released April 4, 2002, downloaded from www.oldapps.com)
Yazd version 1.0 (Java, released February 20, 2002)
Clique em DOWNLOAD para baixar a versão mais recente deste projeto.
See:
pedro kroger: Python videos
26 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaThe are quite a bit of nice python videos on the web. In this post I’ll list some of them.
PyCon
The videos from the 2009 and 2010 python conference are available at blip. I don’t like the browser interface in flash, though, so I prefer to browse the archives. A better alternative is to check the talk list at the PyCon website since it has the videos and more information such as slides, abstracts, and biographies.
These are a few talks I liked:
- Understanding the Python GIL
- PLY and PyParsing
- Optimizations And Micro-Optimizations In CPython
- Teaching compilers with python
- Writing Books using Python and Open Source Software
- New and Improved: Coming changes to unittest, the standard library test framework
- The Mighty Dictionary
- Unladen Swallow: fewer coconuts, faster Python
- Python Metaprogramming
Showmedo
Showmedo is a website with community produced screencasts for free and open-source software. It has a good amount of python videos such as a series about python 3, some demonstrations of the super cool ipython shell, and even videos for beginners.
Google’s Python Class
Google has a full series of lectures about python. If you are just starting to learn the language (or even starting to learn how to program), go check these out!
More advanced videos
Finally, these are a few more advanced videos and a must watch for any python programmer:
- Python 3000. A talk by Guido himself.
- Advanced Python or Understanding Python is a very nice talk by Thomas Wouters.
- Slightly Advanced Python: Some Python Internals by python über guru Alex Martelli
So, go watch those videos and don’t forget to recommend nice python videos to us.
Alexandro Silva: Beta-Testing: Ossec 2.4 Beta
26 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários ainda
A versão beta do Ossec 2.4 já está disponível para download. Veja a lista de novidades:
1.Suporte para MSE (Microsoft Security Essentials).
2. Daily Reports.
3. Support para check_diff
4. Adicionada opção one-way para o agente lidar com sistemas onde o manager não pode responder às solicitações de keep alive.
5. Regras para ignorar crawlers causando errors 404s (MSN, Google, Yahoo, etc).
6. Implementado o ossec-logtest para ser usado em análise forense de logs.
7. Support para logging de modulos sem agente.
Veja lista completa de melhorias
Contribua com o desenvolvimento do Ossec baixando a versão BETA, testando e reportando erros.
See:
Nelson Pretto: A teia da cultura e a educação
25 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaA cultura está em debate. E em festa, na Teia 2010 em Fortaleza. A educação está em debate. Após as conferências estaduais, chegou o momento da Conferência Nacional de Educação (CONAE) que acontece em Brasília, de hoje até 1º de abril. São inúmeros aspectos a serem considerados, inclusive porque necessário se faz avaliar o que foi o Plano Nacional da Educação (2000/2010) que previa, por exemplo, estarem hoje no ensino superior 30% da população jovem de 18 a 24 anos. Longe ficamos desta meta, com menos de 14%, apesar de todo o investimento realizado nas universidades públicas nos últimos anos.
Mas esse é apenas um - importante, claro - dos aspectos de tantos outros que necessitam ser tratados.
Tenho dito, até com insistência, que o maior problema das políticas públicas federais (e vale ipsis litteris para as estaduais) é que se continuarmos a fazer composição dos governos atendendo aos partidos políticos que loteiam os cargos, cada ministério (e secretaria) continuará fazendo a sua política específica, querendo aparecer mais do que os outros. Na educação, um grande problema para a efetivação dessas políticas é a dificuldade que o MEC tem em "falar" com os demais Ministérios e, consequentemente, com as políticas públicas de Cultura, de Comunicações e de C&T, para citar apenas alguns. São diversos os aspectos a considerar, mas quero aqui aproveitar o período da realização da Teia 2010, evento que reúne integrantes dos quase 2.500 Pontos de Cultura do Brasil e exterior, para enfatizar a necessária e fundamental relação da educação com a cultura. Uma correta e importante política pública capitaneada pelo MinC - o Cultura Viva/Pontos de Cultura - está efetivamente mexendo com o país, promovendo o fortalecimento da cultura "vinda de baixo", com especial destaque para a cultura digital. Essa turma envolvida com os Pontos está produzindo como nunca. Vídeos, filmes, fotografia, rádio, artes plásticas, artesanato, enfim, produzindo culturas, num plural pleno, com um enorme potencial de efetivamente transformar a nossa triste e injusta realidade. Esse conjunto, que é muito, muito maior que a soma das partes, está agigantando cada grupo, trazendo para os processos de produção cultural algo que está, cada dia mais, sendo esquecido nesta nossa sociedade consumista e individualista: os ideais de colaboração, compartilhamento e generosidade. A rede está montada. A Teia cobre o país de ponta a ponta. A TV Brasil, só para se ter um exemplo, mostra uma pequena parte disso no programa Cultura Ponto a Ponto, expondo e enaltecendo essa maravilhosa diversidade. Um programa, também ele, produzido de forma coletiva e colaborativa. Cerca de 400 pessoas, de mais de 100 Pontos, trabalharam durante 18 semanas de gravação na produção de mais de 130. Um jeito coletivo de produzir para superar o jeito individual de consumir, produtos e informações.
Mas a educação escapa! Foge da teia!
Lamentavelmente não consegue ver tudo isso. As Escolas não falam com os Pontos de Cultura e, também estes, não falam com as Escolas. Verdade que tentam, como no projeto Escola Viva. No entanto, na educação, tudo fica muito preso à uma lógica de gestão e padronizações que não possibilita que se trabalhe com o inesperado, com o vivo, com... a cultura. Nos Pontos, as experiências de uso de softwares livres e dos licenciamentos livres e abertos contribuem para um enorme avanço na busca da autonomia do país. Se as escolas aproveitassem essa expertise, poderiam trazer para o seu interior esses ricos processos criativos de produção. Com isso, estariam formando outras teias, trabalhando de forma intensa na busca da produção coletiva de recursos educacionais abertos, com professores, alunos e comunidade envolvidos no processo, favorecendo o acesso de toda a população aos bens científicos e culturais produzidos em nosso país e no mundo.
A leitura dos documentos básicos do CONAE evidencia que pouca referência se faz ao uso de software livre e nenhuma aos recursos educacionais abertos. Isso, seguramente, pode ser um indicativo do tamanho do desafio que ainda teremos pela frente.
Nelson Pretto: Pontos de cultura e educação
25 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaA educação está em debate. Após as conferências estaduais, chegou o momento da Conferência Nacional de Educação que acontece em Brasília de 28 de março a 1º de abril. São inúmeros pontos a serem considerados, inclusive porque necessário se faz avaliar o que foi o Plano Nacional da Educação (2000/2010) que previa, por exemplo, estarem hoje no ensino superior 30% da população jovem de 18 a 24 anos. Longe ficamos desta meta, com apenas 13%, apesar de todo o investimento feito nas universidades públicas nos últimos anos.
Mas esse é apenas um - importante, claro - dos aspectos de tantos outros que necessitam ser tratados.
Tenho dito, até com insistência, que o maior problema das políticas públicas federais (e vale ipsis litteris para as estaduais) é que se continuarmos a fazer composição dos governos atendendo aos partidos políticos que loteiam os cargos, cada ministério (e secretaria) continuará fazendo a sua política específica, querendo aparecer mais do que os outros. Na educação, um grande problema para a efetivação dessas políticas é a dificuldade que o MEC tem em "falar" com os demais Ministérios e, consequentemente, com as políticas públicas de Cultura, de Comunicações e de C&T, para citar apenas alguns. São diversos os aspectos a considerar, mas quero aqui aproveitar o período da realização da Teia 2010, evento que reúne integrantes dos quase 3 mil Pontos de Cultura do Brasil, para enfatizar a relação da educação com a cultura. Uma correta e importante política do MinC - os Pontos de Cultura - está efetivamente mexendo com o país, promovendo o fortalecimento da cultura "vinda de baixo", com especial destaque para a questão da cultura digital. Essa turma está produzindo como nunca. Vídeos, filmes, fotografia, rádio, artesanato, enfim, produzindo culturas, num plural pleno, que pode efetivamente transformar a nossa triste e injusta realidade. Esse conjunto, que é muito, muito maior que a soma das partes, está agigantando cada grupo, trazendo para os processos de produção cultural algo que está, cada dia mais, sendo esquecido nesta nossa sociedade consumista e individualista: as ideias de colaboração e generosidade. A rede está montada. A Teia cobre o país, e a TV Brasil, só para se ter um exemplo, mostra uma pequena parte disso no programa Cultura Ponto a Ponto, expondo e enaltecendo essa maravilhosa diversidade.
Mas a educação escapa!
Lamentavelmente não consegue ver isso. As Escolas não falam com os Pontos de Cultura e estes não falam com as Escolas. Nos Pontos, as experiências de uso de softwares e licenciamento livres e abertos contribuem para um enorme avanço na busca da autonomia do país, e as escolas, se aproveitassem essa expertise, poderiam trazer para o seu interior esses ricos processos criativos de produção.
Com isso, estariam formando outras teias, trabalhando de forma intensa na busca da produção coletiva de recursos educacionais abertos, com professores, alunos e comunidade envolvidos no processo, favorecendo o acesso de toda a população aos bens científicos e culturais produzidos em nosso país e no mundo.
A leitura dos documentos básicos do CONAE (www.conae.mec.gov.br) evidencia que pouca referência se faz ao uso de software livre e nenhuma aos recursos educacionais abertos. Isso, seguramente, pode ser um indicativo do tamanho do desafio que ainda teremos pela frente.
Tiago Bortoletto Vaz: Um desabafo p/ os headhunters da Google
25 de Março de 2010, 0:00 - sem comentários aindaCaros recrutadores,
Em 2007 vocês me convidaram pela primeira vez a conhecer e quem sabe, até fazer parte do mundo mágico da Google Inc.. Aconteceu bem no apogeu de uma das maiores batalhas que a empresa já travou na sua história, onde eu era um dos personagens que incomodava no lado do exército do inimigo. Aqui no Brasil era o momento em que a Google reinava absoluta e soberana, assumindo publicamente a falta de compromisso com a legislação brasileira, ao tempo que ostentava o sabor das cifras diante do surpreendente fenômeno de crescimento dos seus usuários no país.
“Eu perco o sono só de pensar na mina de ouro que o Orkut pode representar” disse Hohagen à revista Exame, a principal revista brasileira de negócios, em 2005.
(fonte)
Quero pontuar o que me instigou neste convite. Primeiro, não sou um bom programador. Segundo, não sou disciplinado e organizado o suficiente para atuar como um bom administrador de sistemas. E não há qualquer evidência pública que prove o contrário. Considerei portanto bastante estranho o seu convite, já desde o início. Foi muito generoso. Em conversa com colegas muito mais próximos do perfil que uma empresa gosta – e que já tinham inclusive passado pela experiência do processo seletivo da Google – ficou evidente que o meu caso estava longe de se submeter aos critérios de exigência de vocês. Mais esquisito ainda foi a declaração do advogado Durval Noronha, procurador da Google no Brasil neste ano. Utilizando da retórica de mais baixo nível do juridiquês, declarou, aos berros, a uma amiga jornalista, que não estava autorizado a confirmar (nem a negar) se o convite tinha sido motivado pelo fato de eu ser um dos diretores da Safernet. Aliás, sobre esta figura que por tanto tempo representou o interesse de vocês aqui, vale uma citação:
No impasse, o Google Brasil resolveu lavar as mãos, prometendo “repassar as denúncias à matriz“. Acrescente um agravante: o advogado contrato pelo buscador para lidar com a imprensa, Durval Noronha, que tem um escritório de advocacia homônimo, se notabilizou pelos decibéis que atingia quando conversava com a mídia.
Dezoito meses depois, Noronha continua conhecido no meio pelos gritos que dava com jornalistas como se a potência do seu gogó contornasse a falta de um argumento cabível para que o Google Brasil não combatesse os crimes dentro do Orkut. Descobriu-se mais tarde que Noronha foi responsável por defender o traficante norte-americano William Reed Elswick, refugiado no Brasil e ajudado por Edmar Cid Ferreira.
(fonte)
Em suma, no ano de 2007 eu disse “não, obrigado”. Resolvi ainda explicar pra vocês as razões pelas quais trabalhar na Google Inc. não me interessava.
Pois bem. No início de 2008 fui novamente contatado por vocês, representado por você, recrutador número 2, que supostamente foi motivado a fazer o convite devido ao meu envolvimento no Debian, especialmente por co-manter o pacote Epylog, alegando que a Google era uma grande “parceira” (na verdade você usou algo mais pesado: “proprietor“) de ambas as áreas (Python e Debian). Ora, eu nunca tive um envolvimento profundo no Debian. Na verdade me considero muito mais um contribuidor esporádico do que um desenvolvedor. As pessoas precisam entender que fazer parte de uma comunidade de software livre não implica em ser um hacker hardcore. Eu sequer fico à vontade com o rótulo de “Debian Developer”. Prefiro dizer que sou membro do Projeto Debian. Para piorar, sou um completo newbie em Python. O fato de manter um pacote nessa linguagem não significa que eu tenha habilidade com ela e você deveria saber disso. Nesse ponto eu penso que a Google deveria educar mais seus recrutadores. Dessa vez eu simplesmente te respondi “não, obrigado”. Não me dei o trabalho de explicar as razões, pois a esta altura pareciam óbvias demais para nós dois.
Ah! Você, recrutador número 2, resolveu ainda estender o convite para minha esposa. Pessoalmente considero Tássia muito mais capaz do que eu, entretanto as razões que (supostamente) encorajaram seu convite não me convenceram (nem a ela), pois Tássia tinha muito poucas contribuições de código para o Debian. Enfim, ela respondeu… ou não respondeu, não lembro. Certamente você tem isso anotado.
Em 2008, você, que vou chamar aqui de recrutador número 3, muito educado e profissional, ainda que ciente da minha negativa ao seu colega número 2, fez questão de insistir no convite, oferecendo-me a oportunidade de conhecer novos postos que envolviam engenharia de software, administração de sistemas e operações de rede. Seu único pecado foi mencionar o apelido do cargo disponível, que aplicava-se nas três áreas citadas, algo como: “Bombeiros Digitais do Google” (Google’s digital firefighters). Eu logo pensei: se um dia faltar razões morais para não trabalhar na Google, eu terei uma razão de natureza fisiológica, pois não estou preparado e nem disposto a me tornar um apagador de fogo, seja ele digital ou não. Enfim, acabei não respondendo. Depois de alguns dias você continuou insistindo e acabamos agendando um telefonema. Passamos aproximadamente 30 minutos conversando, se bem me lembro. Você me explicou alguns detalhes do processo e me ofereceu inclusive a possibilidade de “escolher” alguns países para o trabalho, incluindo a tranquila Suíça e o não tão tranquilo Estados Unidos. Foi mais uma boa oportunidade pra explicar algumas das razões pelas quais eu não estava interessado em trabalhar para vocês. No entanto, quero deixar pública minha gratidão pela sua paciência de mãe com o meu inglês, que por telefone deve ser muito chato de aguentar. Ah… 2008 foi um ano em que a Google gastou alguns milhões de dólares contratando advogados de peso no Brasil (tentem identificá-los nos vídeos abaixo), evitando assim maiores constrangimentos nas convocações da CPI da Pedofilia, lembram? Aqui estão as cenas da primeira convocação, registradas pela TV Senado, onde o nervosismo do Alexandre Hohagen claramente reflete o momento de tensão que a empresa vivia no Brasil:
Daí pra frente as coisas pioraram um pouco pra vocês. Depois de ter um lobista preso em frente às câmeras pela CPI, por bisbilhotar documentos sigilosos à serviço da Google…
Identificado como diretor de Informação e Monitoramento Legislativo da ArkoAdvice no site da consultoria, Rildson Moura afirmou, ao ser preso, que era jornalista e gravaria todas as atividades da CPI para enviar à direção do Google em São Paulo, segundo informações da Agência Senado e de fontes próximas ao caso ouvidas pelo IDG Now!.
(fonte)
…e ainda diante da segunda convocação formal para o Alexandre explicar a morosidade do cumprimento das promessas feitas à CPI, a empresa viu-se obrigada a assinar, muito a contra-gosto, este Termo de Ajustamento de Conduta com as autoridades brasileiras. Vale a pena relembrar (principalmente discurso do Procurador da República Sérgio Suiama, minuto 3 do segundo vídeo):
Google assina TAC contra a pedofilia – SaferNet na CPI da Pedofilia – parte 1
Google assina TAC contra a pedofilia – SaferNet na CPI da Pedofilia – parte 2
Depois de um estressante 2008, as coisas se acalmaram um pouco na minha vida. Com o processo de residência permanente no Canadá finalizado, decidimos ir para Montréal, ainda que aguardando a possibilidade de passar mais um tempo no Brasil por conta de um convite de trabalho bem interessante no Ministério Público Federal. Em pouco tempo que estivemos em Montréal, minha esposa Tássia se envolveu com um grupo de teatro na Concordia University e já estava realizando alguns trabalhos voluntários, enquanto eu tomava algumas aulas de música na Université de Montréal. Enfim a nomeação no MPF aconteceu e voltamos para mais uma jornada temporária na nossa vida no Brasil. Bom, já que vocês não me convidaram em 2009 e portanto eu não tinha nada pra falar de vocês, resolvi preencher esse parágrafo com essa breve atualização, que deve interessar ao menos aos nossos amigos distantes que estão sem notícias nossas há algum tempo.
Vamos então falar de 2010. Recebi com surpresa nesta semana outro “ping” seu (recrutador número 3), convidando-me novamente a conhecer as novas oportunidades de trabalho na Google. É a quarta tentativa em quatro anos. Já temos uma história pra contar, não é mesmo? Mais uma vez eu fui obrigado a dizer “não, obrigado”. Desta vez eu tenho mais razões do que nunca para ter tomado esta decisão e faço questão de pontuar algumas aqui. A primeira é que estou mais velho e isso me faz mais capaz de compreender o que quero da minha vida, aliás, isso é uma das poucas coisas que o avanço do tempo nos proporciona de bom. Esta maturidade me faz por hora convicto de que a minha natureza é conflitante com o modelo de trabalho em que a sobra do valor do meu tempo é destinada ao bolso dos seus acionistas. Bastante simples, mas levou tempo pra entender. Isso já seria razão suficiente pra não trabalhar pra vocês. Pra piorar, a Google tem dado razões extras para meu desapontamento com esse sistema. Após algumas declarações do seu CEO em 2009, resolvi iniciar o ano de 2010 sem mais utilizar os serviços da Google que demandam autenticação de usuário. Pretendo me livrar de alguns outros em breve (mas isso também é outra história…). Ademais, recentemente ficou ainda mais claro que a empresa tem deixado de lado critérios técnicos e outros ainda mais sérios, como o direito à intimidade dos seus usuários, em detrimento da correria do mercado que mergulha hoje no baú do tesouro das redes sociais e demais apetrechos dois-ponto-zero.
Vocês sabem que o lançamento precipitado do Buzz foi desastroso e irresponsável. Ainda tratando do tema privacidade, a Google até que tentou uma reconciliação assumindo aquela postura pseudo-oficial em relação a sua atuação no mercado Chinês, quase que criando uma crise diplomática com o governo americano (este eterno parceiro, suposto defensor das liberdades individuais…). Honestamente não me convenceu, afinal é notório que a empresa sempre endossou os filtros de censura daquele governo por muito tempo. Na minha opinião o problema está no fato de vocês pensaram que não foram retribuídos suficientemente em troca ao apoio à censura que ofereceram ao governo chinês. Além disso, eu cultuo a crença de que uma corporação privada de capital aberto, por definição, não possui a mínima condição de assumir qualquer postura de mercado tomando uma ideologia como base de sustentação. Estratégia de negócio travestida de postura moral é algo simplesmente obsoleto, pra não dizer patético.
Diante dos fatos, só tenho a concluir que nossa relação não tem futuro. Acreditem, eu não agregaria nenhum valor para a empresa que vocês representam. Como já declarei, não sou dotado das habilidades específicas que vocês esperam. Não tenho nenhuma certificação (e nem pretendo permitir que ninguém me certifique de nada). E não sou fã da vaidade profissional. Admito que, por outro lado, sei que sou capaz de fazer um bom trabalho, mas pra isso preciso de dedicação, o que consequentemente demanda motivação. E isso seria por fim nosso grande problema de relação, pois motivação é algo que a Google definitivamente não tem a me oferecer.
Portanto, mais uma vez: não, obrigado.