A única derrota eleitoral do senador Roberto Requião (PMDB) se deveu a propina no Banestado e Caixa Dois na campanha do ex-governador Jaime Lerner (ex-PFL), vencedor na tentativa de reeleição em 1998 ao governo do Paraná.
A Justiça Federal condenou na última quarta-feira (17) o doleiro Alberto Youssef por crime de corrupção ativa a quatro anos e quatro meses de prisão por empréstimos fraudulentos que fez no Banestado.
Segundo o juiz Sérgio Moro parte da propina arrecadada pelo doleiro teria sido usada como “recurso não-contabilizado” (caixa 2) na campanha de Jaime Lerner. O empréstimo de US$ 1,5 milhão feito para a empresa Jabur Toyopar não foi pago, causando prejuízos ao Banco Banestado: “O crime de corrupção, além de figurar como causa do empréstimo, gerou distorções no processo democrático eleitoral, já que a vantagem indevida, de cerca de US$ 130 mil foi desviada como recurso não-contabilizado para a campanha eleitoral, o que eleva a gravidade do crime. (…) Os valores teriam como destinatário o então acusado Giovani Gionédis [presidente do Conselho de Administração do Banestado] que os teria recolhido para a campanha eleitoral de 1998 do ex-governador Jaime Lerner”, segundo a Gazeta do Povo.
O atual governador Beto Richa era deputado estadual da base de apoio de Lerner na época, e votou pela privatização do Banestado. Essa gente quebrou o banco e depois o vendeu a preço de banana para o Itaú, e dexou toda a dívida do banco a cargo do povo paranaense.
Itaú que agora é um dos principais financiadores e apoiadores de Marina Silva (PSB, ex-PV, ex-PT, futura Rede Sustentabilidade) para a presidência.
Veja mais uma parte da matéria da Gazeta:
Alberto Youssef foi um dos principais doleiros envolvidos no “caso Banestado”, com evasão fraudulenta milionária de divisas por contas CC5 na praça de Foz do Iguaçu na década de 90. Durante a investigação, descobriu-se que o doleiro controlava diversas contas no Brasil em nome de outras pessoas, que eram usadas para alimentar contas CC5.
Uma das principais contas estava em nome da empresa Proserv Assessoria Empresarial, que foi usada para depositar R$ 172.964.954,00 em contas CC5. A investigação também revelou que Youssef enviava boa parte do numerário para duas contas no exterior abertas na agência do Banestado em nome das off-shores Ranby International Corp. e June International Corp., com movimentação entre 1997 a 1998, a primeira de cerca US$ 163 milhões e a segunda de US$ 668,6 milhões. Com as contas no Brasil e as contas no exterior, Alberto Youssef operava no mercado de câmbio negro através das denominadas operações dólar cabo.
Quando o doleiro foi preso, foi encontrado com um cheque bancário nominal de R$ 150 mil ao ex-deputado federal falecido José Janene, também envolvido no caso do mensalão. Youssef firmou acordo de delação premiada e recebeu benefícios legais. Na prática, o acusado permaneceu cerca de um ano preso, progredindo em seguida para o regime aberto. O acordo também gerou a suspensão do trâmite de inquéritos e ações penais pelas quais Youssef respondia. A condição necessária para a manutenção do acordo consistia no afastamento do doleiro da prática de novos crimes, inclusive do mercado de câmbio negro. O que não teria acontecido de acordo com as investigações da Polícia Federal no caso da operação Lava Jato.
De acordo com depoimento de Gabriel Nunes, diretor do Banestado na época das investigações, o presidente do Conselho de Administração do banco, Giovani Gionédis, sugeriu que o empréstimo fosse autorizado. “Me foi sugerido que se viabilizasse, pelo então presidente do Conselho de Administração do Banco, o recurso para essa empresa, que ela colaboraria com a campanha do governador Jaime Lerner, candidato na época”, diz Nunes em um depoimento transcrito na decisão.
Em depoimento feito durante delação premiada, Youssef confirma que o empréstimo foi concedido sob a condição de a empresa colaborar com a campanha de Lerner. “Na época, eu era sócio da Jabur Toyopar, através da June, e também emprestava dinheiro para Jabur Toyopar sempre que ela necessitasse. Na época, a empresa passava por dificuldade, [...] requereu esse empréstimo perante o banco, através de mim. Eu falei com a Diretoria de Operações, que era o Gabriel [...]. Passados uns dias, ele me sinalizou como positivo o empréstimo, mas desde que nós, Jabur Toyopar, colaborássemos com a campanha”, diz o doleiro em depoimento transcrito no despacho do juiz Sérgio Moro.
Youssef havia sido perdoado nesse processo no acordo de delação premiada que fez com a Justiça Federal em 2004. Mas, como desrespeitou a promessa de não voltar a atuar no mercado paralelo a ação foi reaberta e o doleiro condenado. O processo foi reaberto nesse ano pelo juiz Sergio Moro, depois da prisão de Youssef no caso daOperação Lava Jato, em que a Polícia Federaldescobriu que ele havia voltado a lavar dinheiro. “Em síntese, na assim denominada Operação Lava Jato, foram colhidas provas, em cognição sumária, de que o ora acusado dedicar-se-ia habitual e profissionalmente à lavagem de dinheiro e igualmente à corrupção de agentes públicos, entre eles parlamentares federais, estes com processos já desmembrados no Supremo Tribunal Federal“, diz um trecho da decisão de Sérgio Moro.
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