Anunciada pelo governador Beto Richa como uma obra “memorável”, a PR 323, no trecho de Maringá a Francisco Alves, que foi privatizada por um período de 30 anos e será duplicada, terá uma tarifa 20% mais alta do que as cobradas pela Viapar, que possui concessões na região de Maringá desde o governo de Jaime Lerner, consideradas até então as mais caras do Brasil.
A tarifa definida pelo governo Richa para o pedágio da PR 323 também é 9% mais alta do que a média das estradas que foram privatizadas pelo ex-governador Lerner por um período de 24 anos e 276% mais cara que as tarifas das estradas pedagiadas pelo governo federal que cortam o Paraná.
O cálculo leva em consideração os 163 km dos 220 km da estrada que serão duplicados em até 5 anos após o início das obras. O restante deverá ser duplicado somente no 16º ano dos 30 anos do período de concessão.
De acordo com o preço da tarifa, que será de R$ 15,60 (R$ 3,90 em cada uma das quatro praças de pedágio), dividido pelo trecho duplicado, o contribuinte paranaense vai ter que desembolsar 10,9 centavos por quilômetro rodado, contra 9 centavos que atualmente desembolsa em média nas estradas privatizadas por Lerner. Esse custo leva em conta os 7,1 centavos pagos pelo usuário da PR 323 mais os 3,8 centavos por quilômetro correspondentes à contrapartida de R$ 2,7 bilhões do Estado do Paraná, já que a obra é uma PPP (Parceria Público-Privada).
Além da tarifa de pedágio abusiva, a duplicação da PR 323 custará caro mesmo para quem não utilizará a estrada. A duplicação da estrada está orçada em R$ 7,8 bilhões, sendo R$ 5,1 bilhões oriundos da receita do pedágio e R$ 2,7 bilhões pagos pelo Governo do Paraná para a empreiteira Odebrecht.
Ou seja, o contrato assinado por Richa determina que o governo do Paraná deposite R$ 95,7 milhões por ano à empreiteira, pelo período de 30 anos, em parcelas de quase R$ 8 milhões por mês.
Para se ter uma ideia, R$ 95,7 milhões por ano é cerca de 25% do total de investimentos do Paraná em rodovias estaduais, uma malha rodoviária de mais de 11 mil quilômetros. Isso significa que com os R$ 2,7 bilhões desembolsados pelo Paraná para duplicar a PR 323 seria possível conservar todas as rodovias do Paraná por um período superior a sete anos.
De acordo com cálculos de técnicos do próprio DER-PR, os R$ 2,7 bilhões que sairão dos cofres públicos para pagar a empreiteira Odebrecht poderiam servir para um plano de investimentos em mais de 1 mil quilômetros de estradas estaduais por ano, atendendo a todas as regiões do Estado.
Enquanto as estradas do ex-governador Lerner foram privatizadas com uma praça de pedágio a cada 80 km, a estrada privatizada por Beto Richa conta com uma praça de pedágio a cada 55 km.
O contrato de privatização da PR 323 fica ainda mais desvantajoso aos paranaenses se for observado que os R$ 2,7 bilhões da contrapartida do governo do Paraná ainda subsidiarão o transporte de cargas de longa distância de estados como Mato Grosso do Sul e São Paulo, sem que esses estados invistam sequer um centavo na obra.
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