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Paranaense pagará conta da má gestão na COPEL até 2017

10 de Setembro de 2014, 16:32 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Salva de uma desastrada tentativa de privatização pela movimentação da sociedade paranaense no início dos anos 2000, a Companhia Paranaense de Eletricidade (COPEL), novamente vai chamar a atenção da população do Paraná neste final de gestão do governo do estado. E, de novo, a população paranaense está sendo convocada para salvar a empresa. Mas, desta vez, e de forma injusta, para pagar a conta pela má administração e erros de gestão que estão trazendo prejuízos imensos à companhia, considerada a joia da coroa entre as estatais do Estado e uma das maiores do país.

Trata-se de socorrer a Copel Distribuição, a principal empresa da holding, e por onde entra todo o faturamento pela cobrança da tarifa sobre o fornecimento de energia elétrica da população e das empresas. Esta empresa vem apresentando elevados prejuízos nos últimos anos: em 2012 foram R$ 50 milhões e em 2013, R$ 70 milhões. No primeiro trimestre de 2014, os prejuízos já alcançaram a R$ 14 milhões.

A estratégia foi definida pelo Governador Beto Richa: aplicar na população paranaense um “tarifaço” na conta de luz neste e nos próximos dois anos para que a empresa não quebre. A ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica, que cuida da regulamentação do setor no país, enviou, em 30/07/2013, um ofício a diretoria da Copel questionando o elevado endividamento de R$ 2 bilhões em 2013, pressionando por soluções e dando um prazo ao governo paranaense para que prove até 2017 que a Copel Distribuição é uma companhia viável. Caso contrário, o estado perderá para a União a concessão que vence em 2015.

Para este ano, o reajuste decidido é de 25% na conta de luz, dentro de um total necessário para resolver os problemas financeiros da empresa de 39,71%, o que significa que existe ainda um acumulado de quase 15% para reajuste em 2015. Na previsão de continuidade dos prejuízos, é de se prever que o reajuste necessário em 2015 poderá também se aproximar dos 30%.

O de 2014 é o maior reajuste promovido por uma companhia de distribuição de energia entre todas as que operam no Brasil. E este “tarifaço” promete ser contínuo na conta de luz do PSDB, atingindo diretamente o bolso do cidadão. E isso vai acontecer por dois caminhos inevitáveis, se nada for feito. O primeiro é o aumento puro e simples com as despesas mensais das famílias no pagamento da conta de luz. O segundo é o aumento de preços que virá decorrente do efeito do reajuste do insumo sobre a economia. Milhares de pequenas e médias empresas do Estado vão ter seu custo de produção elevado e irão repassá-los aos seus produtos para não quebrar. E aí, novamente, o consumidor paranaense vai tirar do seu próprio bolso, comprometendo ainda mais sua renda.

E como a Copel Distribuição chegou a esta situação?

Depois de sofrer um processo de saneamento durante o Governo Roberto Requião, a Copel foi entregue ao novo governo apresentando lucros anuais próximos a R$ 1 bilhão, com R$ 2 bilhões em caixa e endividamento de 17% sobre o Patrimônio Líquido, contra uma média de 40% do setor. A Copel Distribuição, por exemplo, apresentou lucratividade de R$ 500 milhões em 2010 e 2011. No entanto, bastaram três anos para que fosse levada ao prejuízo e transformada numa empresa estatal inviável sob o ponto de vista econômico e financeiro. Estão longe os bons tempos como os do Governo Roberto Requião quando a empresa se preocupou com investimentos sociais, com a criação do Programa Luz Fraterna, que beneficiou quase 1,2 milhão de paranaenses e onde o governo paga a conta de luz das famílias carentes

regularmente inscritas no Bolsa Família, ou no cadastro social da Copel. O dinheiro que elas deixam de gastar com a conta de luz pode ser utilizado em outras coisas essenciais, como alimentação, saúde ou educação. Atualmente, a Copel passou a se ocupar ostensivamente com a remuneração dos seus acionistas, aumentando de 25%, no Governo de Roberto Requião para 50% atuais, a destinação do lucro.

E também em aumentar suas despesas desnecessárias, elevando de oito para 17 o números de diretorias com altos salários. Antes capitalizada e com um dos melhores desempenhos do país, o Governo Roberto Requião pode adotar medidas na Copel como a de não repassar vários aumentos de tarifa de energia aprovados pela ANEEL, o que resultou em mais de R$ 3 bilhões mantidos no bolso da população paranaense.

Agora a situação é muito diferente. O que mais contribuiu para a Copel Distribuição chegar a quase insolvência foram às operações de compra de energia no mercado livre, altamente especulativo e onde o consumidor pode negociar preços, prazos e quantidades com a empresa que preferir. No Brasil existe um déficit enorme para as distribuidoras atenderem seus mercados e a Aneel promoveu no final de 2013 um leilão para compra de energia das geradoras que possuíam sobras para venda. A Copel se habilitou com geração das Usinas Governador Bento Munhoz da Rocha (Foz do Areia) para contratos de 12 meses e a Tradener um intermediário do setor, também se habilitou com energia desta mesma Usina e da Usina Governador Ney Braga (Segredo) para contratos de 12 e 36 meses. O resultado é que no espaço de tempo em que a ANEEL anunciou o leilão, em outubro para sua realização em dezembro, a Copel Geração vendeu parte da sua energia para Tradener a preços inferiores ao teto máximo fixado no leilão. No entanto, a Copel Distribuição necessitou adquirir energia no mercado livre, e acabou comprando da Tradener esta mesma energia a preços muito maiores do que os cobrados pela Copel Geração na venda ao intermediário, resultando em um lucro de milhões para a empresa privada. O desfecho de tudo isso é que a Tradener acabou vendendo mais energia da Copel do que a própria Copel, com lucros elevados na intermediação. Outra grande contribuição ao agravamento da situação foi a saída dos 15 maiores consumidores da Copel Distribuição, que passaram para o mercado livre, fuga até agora não explicada e que provocou uma queda enorme de receitas e consequentemente impacto mais elevado nos preços que compõe a tarifa.

As saídas para a Copel não serão fáceis. É preciso começar tudo de novo e realizar uma operação de saneamento na empresa a exemplo da que foi realizada no Governo de Roberto Requião. Para começar, a promoção de uma redução das atuais 17 diretorias da empresa para apenas 8, como no governo passado, mais compatível com a realidade da companhia. Voltar a pagar os dividendos mínimos legais de 25% e avaliar com cuidado todas as participações em empreendimentos fora do Estado do Paraná, principalmente os valores investidos em projetos de Usinas Eólicas e em Linhas de Transmissão, cujo cronograma já se encontra atrasado devido a situação precária da empresa.

 


Arquivado em:Política Tagged: Beto Richa, Copel, Gleisi Hoffmann
Fonte: http://blogdotarso.com/2014/09/10/paranaense-pagara-conta-da-ma-gestao-na-copel-ate-2017/

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