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Historiador que “come vidro” cobra de Aécio Neves e Beto Richa privatização da Copel e Sanepar

27 de Abril de 2012, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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O ex-presidente FHC vendeu quase tudo, e ainda queria privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil

Em artigo publicado hoje na Folha de S. Paulo, o historiador Ney Carvalho cobra de Aécio Neves e Beto Richa a privatização da Copel e Sanepar. Tem louco para tudo. E a Folha tem coragem de publicar. Prezado Sr. Carvalho, essa é a vontade dos neoliberais Aécio e Richa, mas eles não têm coragem por causa da opinião pública. Veja o texto de Ney Carvalho:

Carta aberta a Aécio Neves

Ney Carvalho

Senador, que prazer ver o senhor e o PSDB defendendo as privatizações. Mas por que vocês não vendem logo Cemig, Sabesp e Sanepar também?

Prezado senador Aécio,

Foi com prazer que li o seu artigo “Coragem”, publicado nesta Folha no dia 23 de abril. Ele traz merecidos elogios à privatização das telecomunicações no governo FHC.

Percebo que o senhor, assim como os seus colegas tucanos, animou-se ao ver os adversários petistas aderirem a métodos de gestão que antes combatiam.

Entretanto, o senhor e os outros tucanos devem à opinião pública uma descida do largo muro ideológico em que se abrigam. Vocês são, afinal, a favor de maior privatização na economia brasileira ou não?

Se as “restrições ideológicas à privatização são, hoje, página virada na história do país”, por que os governadores tucanos resistem em privatizar as empresas estatais de Minas Gerais, São Paulo e Paraná?

Veja que coincidência: seus companheiros Antônio Anastasia, Geraldo Alckmin e Beto Richa controlam as maiores companhias estatais estaduais de capital aberto do país.

Minas tem a Cemig (energia elétrica) e a Copasa (saneamento), duas megacompanhias. Alckmin comanda as análogas Cesp e a Sabesp, ambas com patrimônio líquido de cerca de R$ 10 bilhões. Nos mesmos setores, Richa tem a Copel e a Sanepar.

Essas seis empresas são negócios maduros, consolidados, adultos, que não mais demandam a proteção de ventre, os cuidados maternos.

Onde está “a coragem para fazer o que precisa ser feito”, alegada pelo senhor no seu texto?

Tais empresas já têm ações negociadas em Bolsa. Mas existem profundas incompatibilidades na existência de companhias ao mesmo tempo estatais e com capital aberto.

Empresas privadas têm como objetivo maximizar os lucros de seus acionistas. O alvo maior de companhias públicas é exercer metas governamentais. Isso cria incongruências. Há exemplos bem atuais disso.

A Petrobras é um. Importa derivados a preços mais caros do que os revende no país. Outro exemplo: bancos públicos usados para forçar a baixa dos “spreads”. Essas atitudes obedecem a políticas de governo, não ao interesse dos acionistas.

Mas não se preocupe, senador. O saneamento dos lares não ficaria à mercê de ganhos exagerados. Uma sólida regulação cuidaria do tema.

Não esqueça também que a busca do lucro e a competição são as molas da eficiência, como se verifica no setor de telecomunicações, tão bem enfatizada pelo senhor.

Senador, está mais do que na hora de o PSDB oferecer ao Brasil um segundo salto de modernização da economia, tanto quanto fez com as privatizações dos anos 1990.

E veja o senhor que, naquela época, por causa da fraqueza do mercado de ações brasileiro, não foi possível dispersar o capital das empresas privatizadas. O mesmo não se pode dizer dos dias de hoje. A Bolsa está pujante como, o senhor me perdoe a citação, “nunca antes na história deste país”.

Os sucessos alcançados nos 1990 com a siderurgia, os bancos estaduais, a Vale e as telecomunicações podem ser multiplicados, alterando visceralmente a feição do saneamento básico no país pela criação de megaempresas nacionais de capital aberto, competitivas e não monopolistas.

Basta que o senhor e os seus colegas governadores do PSDB transformem as poderosas estatais que comandam em autênticas “corporations”, vendendo-as ao público investidor. O controle pode ser difuso, como é o da Embraer.

Por sua influência e posição, senador, o senhor deveria liderar naturalmente tal processo.

NEY CARVALHO, 71, historiador, é autor de “A Guerra das Privatizações” (Editora de Cultura) e de “O Encilhamento: Anatomia de uma Bolha Brasileira” (CNB/Bovespa)


Filed under: Política Tagged: Aécio Neves, Beto Richa, FHC, privatizações
Fonte: http://blogdotarso.com/2012/04/27/historiador-que-come-vidro-cobra-de-aecio-neves-e-beto-richa-privatizacao-da-copel-e-sanepar/

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