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Gustavo Fruet detona Beto Richa, Luciano Ducci e PSDB em entrevista na Época

25 de Setembro de 2011, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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QUEM É: Filho de Maurício Fruet, prefeito de Curitiba entre 1983 e 1985, foi deputado federal por três mandatos. O QUE FEZ: Em 2005, foi sub-relator da CPI dos Correios, que investigou as denúncias sobre o mensalão no governo Lula. No ano passado, perdeu a eleição para o Senado. Foto: Renata Chede/ÉPOCA

“Nem na ditadura teve uma lógica de aproximação com todos os partidos como no Governo Beto Richa”.

“O PSDB não tem projeto”

“O PSDB não existe no Paraná”

“Beto Richa me prometeu o comando da executiva municipal do PSDB. Derosso e Luciano Ducci vetaram e o Beto Richa ficou com eles e silenciou”.

“Sempre que converso com alguém, há uma tentativa de cooptação por parte do governo Beto Richa e da prefeitura de Luciano Ducci. O Beto Richa foi pedir para o Gilberto Kassab não me apoiar.”

Entrevista publicada na revista Época 696, de 19/09/2011

Gustavo Fruet: “O PSDB não tem projeto”

O ex-deputado, estrela tucana na investigação do mensalão, critica o partido que acabou de deixar

DANILO THOMAZ

Conhecido por sua atuação combativa em Brasília, principalmente na CPI do Congresso que investigou o mensalão, em 2005, o ex-deputado federal Gustavo Fruet, do Paraná, aparecia frequentemente listado como uma das mais importantes lideranças da oposição ao governo petista. Em junho, porém, Fruet deixou o PSDB com o discurso de que precisava recomeçar sua carreira política. Derrotado nas eleições para o Senado no ano passado, ele diz que esperava contar com o apoio do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), para se qualificar como pré-candidato à prefeitura de Curitiba no ano que vem. Isso não ocorreu, e, agora, Fruet está mais próximo de partidos que compõem a base do governo Dilma Rousseff, como PDT e PCdoB.

ÉPOCA – O atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, era um quadro promissor do PSDB. Saiu e foi para o PMDB. O mesmo ocorreu com o deputado Gabriel Chalita, em São Paulo. Agora, o senhor. Por que o PSDB não consegue reter seus novos quadros?
Gustavo Fruet – São vários fatores. Primeiro, o PSDB é muito influenciado pela prevalência da política paulista. Segundo, há uma cultura partidária autofágica, uma soma de projetos pessoais, em vez de um partido. Terceiro, não há cultura do incentivo. Acaba que não renovamos a vida partidária. Há também uma visão centralizadora. A visão da capital federal define como vai ser a política no Brasil. O PSDB não tem clareza em relação aos projetos de médio e longo prazo. O PSDB chegou a ter mais de 100 deputados. Na última eleição, elegeu 55 ou 56.

ÉPOCA – O senhor vê futuro para o PSDB como sigla de oposição?
Fruet – Sempre haverá espaço para oposição, mas o PSDB hoje está refém de uma situação que não é uma estratégia política. Qual é? Esperar a tragédia do governo. Quer usar uma crise econômica ou política para tentar tirar da base do governo partidos como o PSB, o PDT, o PMDB. Mas nos Estados é muito comum o PSDB estar coligado a partidos que são aliados do PT no plano nacional.

ÉPOCA – Quais foram seus atritos no PSDB?
Fruet – Quando entrei, em 2004, foi para apoiar o Beto Richa (à prefeitura de Curitiba). Ele estava atrás nas pesquisas, eu o apoiei, ele foi eleito. Em 2008, o apoiei para a reeleição. Sempre houve muita clareza de que me preparava para ser o sucessor. Em 2008, abri mão da indicação de ser o vice dele para manter a coligação com o PSB. Nesse período, fiquei muito focado no Congresso, participei do Conselho de Ética e de uma CPI. Eu me afastei da política local. Fiquei sem nenhum diretório do PSDB. Abri mão do espaço na executiva estadual. E o compromisso que tinham de me deixar na executiva municipal não foi cumprido. O partido nunca se reuniu para fazer tese, congresso, convenções. Em 2010, preparei-me para ser candidato a senador. A executiva estadual trabalhou contra. O PSDB preferiu apoiar o Ricardo Barros (PP), que era candidato do Lula, e o Osmar Dias (PDT). É assim: a gente fica na política nacional, no combate, e no Estado o partido dá apoio a aliados do governo federal. Na última hora, o Osmar resolveu sair, e me chamaram para concorrer ao Senado. Abri mão da reeleição (para deputado)para tentar o Senado e dar tempo de TV para o PSDB, para ajudar o (José) Serra, candidato à Presidência.

É assim: a gente fica na política nacional, no combate, e no Estado seu partido dá apoio a aliados do governo federal”

ÉPOCA – Qual é o principal problema do PSDB no Paraná?

Fruet – O PSDB não existe no Paraná. Em muitos municípios, dirigentes apoiaram o Beto para governador e, ao mesmo tempo, a Gleisi Hoffmann (PT) e o Roberto Requião (PMDB)para o Senado. É importante para vermos o que é fidelidade partidária… O fato de haver um partido constituído não significa que ele esteja seguindo um programa.

ÉPOCA – O senhor saiu do PSDB por falta de espaço para disputar a prefeitura. É isso?
Fruet – Depois da eleição (de 2010), pedi só uma coisa para o Beto: apoio para conseguir o comando da executiva municipal. Ele assumiu esse compromisso. Mas o presidente da Câmara e um grupo ligado ao prefeito (Luciano Ducci, prefeito de Curitiba, do PSB) vetaram. O Beto ficou com eles. Pedi espaço para construir a candidatura, depois decidiríamos. Mas houve um silêncio constrangedor.

ÉPOCA – Alguém do PSDB ofereceu apoio?
Fruet – Não em público. Aí não adianta. Não pedi para ser ungido. Queria fazer uma consulta, pesquisas. Tentaram abafar minha candidatura. O Beto Richa começou a criar secretaria, dar cargo para vereador e cooptar quase todos os partidos. Sempre apareci bem nas pesquisas. Ficaram me cozinhando.

ÉPOCA – Quem lhe ofereceu ajuda?
Fruet – O Sérgio Guerra (presidente nacional do partido) e o Serra. Não houve promessa, no sentido “eu garanto”. Conversei com eles por telefone, eles estiveram em Curitiba no casamento do filho do Beto. O compromisso deles era conversar, buscar uma solução.

ÉPOCA – Quando o senhor saiu do partido, alguém ligou?
Fruet – O único que ligou foi o Aécio (Neves, senador).

ÉPOCA – O que o senhor acha do governo de Beto Richa?
Fruet – A avaliação dele é positiva aqui. Ele ganha como contraponto do Requião (ex-governador). O lado negativo é a lógica de aproximação com todos os partidos. Nem na ditadura teve algo assim. É uma dependência brutal do governo. Todos, com exceção do PT, estão votando com o governo na Assembleia. O PMDB, que era oposição, está com o governo, com exceção de um deputado.

ÉPOCA – O senhor ficou nacionalmente conhecido pela atuação na CPI dos Correios, na investigação do mensalão. Agora está prestes a ingressar na base do governo. Qual é sua opinião sobre o mensalão hoje?
Fruet – Mantenho as mesmas posições. Foi um fato sério, que mudou profundamente a forma de acompanhamento da política do Congresso e tem efeitos até hoje. Uma marca muito negativa do governo no Congresso.

ÉPOCA – Que marcas deixou no Congresso?
Fruet – Um desgaste profundo. O Congresso não conseguiu mais sair dessa agenda negativa. São certos hábitos que estão enraizados. A forma de relação com o Executivo não se sustenta. É o que está acontecendo agora, esta sequência de queda de ministros. Vou além: não se concluiu muito do que se levantou na época. Vai ficar eternamente no sigilo.

ÉPOCA – Já escolheu algum partido para sair candidato à prefeitura?
Fruet – Não. Vim a Brasília por isso e tentei conversar com algumas lideranças. É importante evitar que o partido seja cooptado pelo governo do Beto Richa. Além disso, são poucos os partidos que não estão na base da prefeitura de Curitiba. Só PDT, PCdoB e PV são independentes. E o PT. Para o PT, não vou, sem demérito. Para o PMDB do Requião, também não vou. Vim conversar com a Rosane Ferreira, do PV, com o Osmar Dias, do PDT, e com dirigentes do PCdoB. Agora, sempre que converso com alguém, há uma tentativa de cooptação por parte do governo e da prefeitura. PSD? O Beto foi pedir para o Gilberto Kassab não me apoiar. DEM? Eles criaram uma Secretaria Especial de Habitação para acomodar o DEM. Essa é a política real.

ÉPOCA – O senhor tem conversado com o ministro Paulo Bernardo, do PT?
Fruet – Não. Ontem (terça-feira 13), falei com ele pela primeira vez. Uma conversa política, de conjuntura, mas nada conclusivo. O PT trabalha para eleger a Gleisi governadora em 2014. Para o PT é importante ter candidatos (a prefeito) ou apoiar candidatos nas principais cidades do Paraná.



Fonte: http://blogdotarso.com/2011/09/25/gustavo-fruet-detona-beto-richa-luciano-ducci-e-psdb-em-entrevista-na-epoca/

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