Hoje o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) publicou texto na velha mídia e ele está indignado com a corrupção. Apenas esqueceu de informar que é o principal responsável pela implementação do gerencialismo-neoliberal no Brasil. O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado de 1995, documento assinado por FHC, previa o fim do Estado do Bem-Estar Social e da Administração Pública profissionalizada weberiana no país. O fim de algo que nunca foi implementado de fato no Brasil. Por mais que com Getúlio Vargas (assistam o filme nos cinemas) o Estado Social e a Administração Burocrática começaram a ser implementadas, apenas com a Constituição de 1988 esses ideais foram previstos explicitamente no documento normativo mais importante de uma nação.
Mas o neoliberalismo-gerencial de FHC previa um Estado Mínimo apenas regulador, uma Administração Pública com controle de resultados e privatizações.
Com isso a Constituição foi dilapidada e surgiram leis que permitiram acabar com o Estado-Administração brasileiro.
Ocorreram casos de corrupção explícitos nas privatizações das empresas estatais.
O aumento da privatização das atividades sociais via Terceiro Setor gerou uma sequência de escândalos de corrupção em ONGs.
Aumento das concessões de serviços públicos redundaram em crescimento exponencial do lucro de uma iniciativa privada que acaba bancando campanha de políticos que retribuem favores quando no poder.
Com a redução de servidores estatutários e aumento de celetistas na Administração Pública o patrimonialismo e o clientelismo aumentaram no Poder Público.
Tudo isso fiscalizado por agências reguladoras nada democráticas e capturadas pelo grande capital.
Além, é claro, de um dos casos mais escandalosos de corrupção no Brasil, quando vários parlamentares foram comprados (R$ 200 mil cada) para que votassem pela emenda da reeleição.
Mas o governo FHC tinha um dom. Conseguia abafar ou reduzir as crises na imprensa e conseguia barrar qualquer CPI contra o seu governo.
Com uma polícia federal e um ministério público menos independentes do que hoje, foi a fórmula de um “sucesso” temporário do governo FHC (1995-2002), mas que ocasionou uma grande dificuldade em eleger um presidente do Brasil tucano desde então.
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