Dando continuidade à séria de entrevistas com os candidatos e então pré-candidatos a prefeito de Curitiba, realizada com exclusividade pelo Blog do Tarso, e após as entrevistas com o ex-prefeito Rafael Greca (PMDB), o deputado federal e então pré-candidato Doutor Rosinha (PT), o advogado Bruno Meirinho (PSOL), a então candidata Renata Bueno (PPS), que foi descartada pelo pai para que o limpinho fosse o vice do prefeito, Alzimara Bacellar (PPL), Carlos Moraes (PRTB) e Ratinho Junior (PSC), apresentamos a entrevista realizada por e-mail com o candidato a prefeito do PDT, Gustavo Fruet.
Informamos que estranhamente o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), não retornou o contato com o Blog do Tarso, e Avanilson Araujo (PSTU) não retornou as perguntas realizadas.
Eis a entrevista:
Blog do Tarso: Gustavo, como foi sua vida em família sendo seu pai, Maurício Fruet, um dos mais importantes políticos de nossa cidade? Informo que o primeiro candidato que apoiei para prefeito de Curitiba foi seu pai, em 1988.
Gustavo Fruet: Com meu pai aprendi em casa a fazer política com responsabilidade, honestidade e compromisso com os menos favorecidos. Acredito que ele tenha deixado um grande legado de respeito aos moradores de nossa cidade e aos servidores públicos do Município, que receberam a devida valorização durante sua gestão.
Não me lembro do senhor ser “anti-PT” em nenhum momento da sua carreira política, como acusam seus adversários. Qual foi sua relação com o Partido dos Trabalhadores desde os tempos de PMDB? Qual sua opinião sobre a campanha de Ducci utilizar a imagem da presidenta Dilma?
Minha relação com o PT sempre foi republicana. Ao longo dos meus três mandatos de deputado federal sempre combati a corrupção independente de partido. Fui o único deputado a participar diretamente do processo de cassação de quatro parlamentares. Apenas um deles era do PT. Infelizmente, corrupção não tem partido. Seria muito fácil escolher se existissem o partido dos bons e o partido dos maus.
É esquizofrênica a atitude dos meus adversários, em especial do candidato a reeleição, que me criticam pela aliança com o PT da presidente Dilma Roussef e fazem propaganda tentando se mostrar como aliados da presidente.
Quais são suas críticas com relação às gestões do grupo que comanda a Prefeitura de Curitiba desde 1989?
A perpetuação de determinado grupo no poder é perigosa. Com ela, são construídas estruturas de interesses particulares que são danosas a democracia.
Nos últimos anos, por conta de incompetência administrativa, Curitiba deixou de ser referência de qualidade no transporte público, na saúde e na segurança.
Curitiba é a única capital do sul do país que perdeu usuários no transporte público. São 14 milhões de usuários a menos em 4 anos.
Se tornou comum a morte de pessoas por falta de atendimento em postos de saúde e hospitais.
Em uma década, Curitiba saltou da 20ª para a 6ª posição no ranking das capitais com mais assassinatos.
Curitiba precisa apostar na renovação para voltar a inovar e encontrar soluções simples para os problemas urbanos.
Considero o ICI uma caixa-preta (Instituto Curitiba de Informática, uma entidade privada qualificada como organização social que presta serviços de informática para a prefeitura de Curitiba). Inclusive o modelo das OS pode ser considerado inconstitucional pelo STF ainda em 2013. Qual sua proposta com relação ao ICI?
Vamos abrir a caixa preta do ICI. No final de 2011, o atual prefeito assinou um contrato de mais de R$ 500 milhões com o Instituto, com validade até 2016. É um absurdo assumir um compromisso desses e deixar essa herança para a próxima gestão.
Por mais que se aprovem pedidos de informações na Câmara de Vereadores ou na Justiça, a atual administração se recusa a abrir os contratos firmados com o ICI. Fornecem apenas os valores repassados pela Prefeitura ao Instituto. Os repasses do ICI a empresas subcontratadas permanecem desconhecidos.
Uma das primeiras medidas caso eleito é abrir estes contratos e tornar públicas as informações estratégicas levantadas pelo Instituto, que podem ser úteis para empresários, futuros investidores, instituições de classe e sindicatos.
Qual foi o pior escândalo dos últimos anos do grupo que comanda o Município de Curitiba, Derosso ou Consilux?
Os dois são gravíssimos. Em Brasília, investiguei o mensalão, no qual foram desviados cerca de R$ 54 milhões. Aqui em Curitiba, o esquema comandado pelo Derosso desviou mais de R$ 35 milhões. Fui o único entre os candidatos a prefeito a ir até a Câmara pedir o afastamento do Derosso. Agora é fácil falar. Derosso e sua quadrilha continuam no grupo do atual prefeito. A irmã do Derosso é candidata a vereadora na chapa de Luciano Ducci e empresa da família Derosso continua recebendo milhões em contratos questionáveis com a Prefeitura.
O caso da Consilux também é grave. A empresa foi denunciada pelo Fantástico por manipular multas. Na época, o prefeito foi a público e anunciou que estava rompendo o contrato com a empresa. Até hoje a Consilux recebe da Prefeitura. Luciano Ducci sequer determinou que o esquema fosse investigado.
Para completar, os radares nada registraram na noite em que o ex-deputado Carli Filho passou com seu carro a 190 km/h por cima do carro dos jovens Gilmar Yared e Carlos Murilo.
Pelo jeito, esses radares atendem apenas aos interesses de um seleto grupo de poderosos.
A internet é importante para a campanha eleitoral? É você mesmo que tuita?
A cada eleição, aumenta o poder de mobilização via internet. Estamos utilizando muito na nossa campanha. É um instrumento democrático, que facilita o contato com o eleitor. As pessoas estão cada vez mais conectadas e informadas. Isso é benéfico para democracia.
Quando encontro tempo na agenda, eu mesmo tuito. O pessoal da minha equipe também ajuda muito.
O que o senhor achou da multa de R$ 106 mil aplicada ao Blog do Tarso pela justiça eleitoral, a pedido do Luciano Ducci, por causa da divulgação de duas enquetes?
Como disse antes, a internet é um instrumento democrático, no qual as pessoas interagem e trocam opiniões e informações. Censurar este tipo de comunicação é censurar a liberdade de expressão.
Ainda mais em uma eleição na qual vários blogueiros e jornalistas são pagos para fazer campanha para determinado candidato.
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