Até as estátuas da Praça Santos Andrade sabem que os estudantes das Universidades Federais – estudantes do curso de Direito inclusive – têm boicotado sistematicamente as provas que são feitas pelo MEC para avaliar a qualidade dos estudantes. Assim era na época do “Provão” do FHC e assim ainda é na prova do ENADE, que existe desde o governo Lula. Isso faz com que alguns dos melhores cursos do Brasil (que estão nas universidades públicas federais) tenham um conceito “oficial” baixo, já que essa prova boicotada pelos estudantes compõe quase todo o conceito na avaliação do curso. Até aí, nenhuma novidade. Acontece que por força de uma previsão numa Portaria do Ministério da Educação, depois da terceira nota baixa no ENADE, o Ministério deve fazer uma inspeção “in loco” no curso que tem tido notas baixas para aferir a existência de problemas de qualidade.
Esse pode ser o caso do curso de Direito da UFPR. Pode ser, porque se espera que recaia um pingo de bom senso nas autoridades responsáveis e não seja jogado dinheiro público no lixo com passagens para consultores e com um procedimento de avaliação num curso que todos reconhecem como um dos melhores do Brasil – sempre está entre os primeiros do país nos resultados do teste nacional da OAB (lembrando que temos mais de 1100 Faculdades de Direito) e tem o programa de pós-graduação melhor avaliado no Brasil, de acordo com o mesmo MEC. Num tempo em que trombamos em cada esquina com um curso de Direito (só em Curitiba e região metropolitana temos mais de 30), uma inspeção do MEC na UFPR e em seu centenário curso de Direito seria um belo exemplo de desperdício.
Recentemente o MEC já protagonizou um vexame nacional ao divulgar a lista dos melhores cursos de Direito do Brasil (sempre de acordo com seus atuais critérios de avaliação). Pra quem esperava ver instituições como a USP, a UFPR ou UFMG, acabou descobrindo que os melhores cursos estão em Faculdades privadas do interior paulista com sede em Catanduva, Bauru, Jaboticabal e Santos (clique aqui). Quem sabe agora seja uma boa ocasião para as próprias autoridades começarem a revisar os critérios oficiais de avaliação dos cursos superiores. E também, quem sabe, para os estudantes começarem a repensar se boicotar as provas que o MEC faz para aferir a qualidades dos cursos é uma boa estratégia para protestar por melhores condições de ensino.
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