Em tempos de espionagem, os brasileiros têm se preocupado cada vez mais com assuntos como privacidade e segurança digital. Esse é o resultado de uma pesquisa da Anistia Internacional publicada nesta quarta-feira (18), que constatou que os usuários locais estão entre os que menos apoiam a vigilância das comunicações de internet e de telefonia móvel comandada por governos e agências de inteligência.
Dos quase 1 mil brasileiros entrevistados, 80% se mostraram contra os o gigantesco sistema de ciberespionagem encabeçado pelos Estados Unidos, revelado pelo ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA), Edward Snowden. Além disso, 65% afirmam que não aceitariam que o governo brasileiro fizesse esse monitoramento dentro do país, e outros 56% não acham que as autoridades do país devam interceptar comunicações de outros países, como faz a NSA.
O estudo ouviu 15 mil pessoas da Austrália, Brasil, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Holanda, Nova Zelândia, Filipinas, África do Sul, Espanha, Suécia e EUA.
De acordo com o relatório, os brasileiros estão entre os usuários que mais desaprovam a vigilância de governos sobre os cidadãos. Entre os outros países, a Alemanha é a que mais se opõe ao monitoramento norte-americano (81%), e 69% dos alemães são contra o monitoramento pelo próprio governo. No caso da Espanha, 67% se posicionaram contra essa prática. Quanto à vigilânica sobre outros países, novamente os espanhóis (59%) e os suecos (57%) entenderam a comunicação.
O país mais amigável com a espionagem norte-americana foi a França, mas a maioria dos entrevistados (56%) ainda rejeita a prática. Vale lembrar que o estudo da Anistia Internacional foi realizado após os ataques terroristas à publicação Charlie Hebdo, no dia 7 de janeiro deste ano.
A maioria dos brasileiros (55%) também defendeu que qualquer atividade do governo para interceptar ou monitorar comunicações só pode ser feita mediante alguma autorização, seja ela judicial ou parlamentar, mas 39% dos entrevistados concordaram que, em alguns casos, o monitoramento precisa ser feito em segredo, sem qualquer fiscalização. Brasileiros também foram os que mais colocaram a responsabilidade da segurança nas comunicações sobre as empresas privadas. 78% dos entrevistados disseram que os dados devem ser protegidos de uma maneira que impeça o acesso do governo.
O monitoramento das comunicações de pessoas estrangeiras que vivem no país foi mais aceito em todos os países que participaram da pesquisa. No Brasil, 41% dos entrevistados disseram que o governo deve monitorar estrangeiros que vivem em terras brasileiras. Nos Estados Unidos, metade dos entrevistados concordou, enquanto nas Filipinas o número chegou a 56%. O país menos favorável à medida foi a Suécia, onde apenas 29% dos entrevistados concordaram.
Com informações de Canaltech.
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