Defensoria Pública para quem?
11 de Fevereiro de 2014, 0:16 - sem comentários aindaDa Comissão dos Servidores Aprovados na Defensoria Pública do Paraná
A Defensoria Pública, função essencial à justiça nos termos da Constituição Federal, desde 1988 aguarda sua efetiva implantação no estado do Paraná, a exemplo do que já ocorre na grande maioria dos estados brasileiros.
É comum ver-se notícias nos meios de comunicação de que a Defensoria Pública do Estado do Paraná foi a penúltima a ser instituída, perdendo apenas para o estado de Santa Catarina (que ao menos já contratou todos os seus servidores concursados). Ouso discordar, referida instituição, na realidade, não existe, pois não cumpre nem de longe a função que lhe é atribuída.
Apesar de ter sido forte promessa política do atual governo do estado e de este espalhar aos quatro ventos que é o “pai” da instituição no estado, ou seja, de que ele a teria tirado do papel, a realidade é outra.
Mesmo com a nomeação (tardia) de 87 defensores Públicos concursados desde outubro passado, o que ocorre é a incapacidade da instituição em cumprir sua função constitucional de defesa dos necessitados.
Antes do início da realização do concurso para Defensor Público já havia sido realizado o concurso para servidores do órgão, quais sejam, assessores jurídicos, psicólogos, assistentes sociais, contadores, técnicos administrativos, etc. Cargos estes essenciais ao cumprimento da citada função constitucional.
Ora, não existe organização sem o quadro de apoio, os Defensores Públicos não conseguem cumprir seus afazeres se precisam fazer papel de psicólogos, assessores, assistentes sociais, contadores, restando assim suas atividades como defensores propriamente ditos prejudicadas pelas assessoriedades, que estão tendo que cumprir.
Há muito tempo a Defensoria Pública não é vista apenas como “advogados pagos pelo estado” mas, de acordo com a lei de instituição da carreira (Lei 80/94) tem funções extrajudiciais de instrumento de concretização dos direitos e liberdades de que são titulares as pessoas carentes e necessitadas, de verdadeira promoção da erradicação das desigualdades sociais.
Sem respaldo de outras áreas de atuação, sem funcionários apenas defensores, o que estes podem fazer? Isto sem falar na situação física precária no interior do estado, onde defensores de determinadas localidades ainda procuram uma sala para realizar suas funções.
Mesmo diante deste panorama caótico em que se encontra a instituição o governador insiste em responder os cidadãos que já a implantou e estruturou, talvez porque não seja ele o destinatário de seus serviços. Certamente irá fazer do órgão, falido como o todo o resto do estado, sua plataforma de campanha.
Vale lembrar que o estado do Paraná já foi condenado em ação civil pública promovida pelo Ministério Público em decisão mantida pelo Supremo Tribunal Federal a implementar efetivamente a instituição em seis meses sob pena de multa diária, prazo este que venceu em dezembro próximo passado. Assim, caso o STF venha a executar esta multa pelo descumprimento da decisão o cidadão paranaense estará pagando caro pela inércia de seu governador e mesmo assim não terá a sua disposição o serviço da Defensoria Pública.
Não nos deixemos enganar! A Defensoria Pública é um fantasma, enquanto não forem nomeados os centenas de servidores concursados (mais de 400) que desde 14/11/2012 com a homologação do concurso aguardam a nomeação, enquanto a população carente destinatária de seus serviços não tiver consciência dos benefícios da atuação da Defensoria Pública ela não sairá do papel.
Com a efetiva estruturação da Defensoria, demandar-se-á mais do estado, ele será acionado judicialmente para cumprir seu papel enquanto for omisso com a população carente em relação aos seus direitos fundamentais como moradia, alimentação adequada, saúde, educação… E assim, será obrigado a cumprir seu papel social.
Diante deste panorama é fácil concluir que apesar de os destinatários dos serviços da referida instituição serem os necessitados, que no mais das vezes sequer conhecem seus direitos ou o quanto pode ser pleiteado pela Defensoria Pública, no Estado do Paraná ela apenas serve aos interesses políticos do governo que a utiliza como discurso eleitoreiro. E ai, governador, a Defensoria serve mesmo a quem?
Observação do Blog do Tarso: Por favor outubro de 2014, chega logo!
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Requiãozinho ou Gleisinha paz e amor?
10 de Fevereiro de 2014, 11:47 - sem comentários aindaOs leitores do Blog do Tarso gostam do estilo ácido e combativo do Blog.
Mas a maioria dos brasileiros, e em especial dos paranaenses e curitibanos, gosta mais de um estilo “soft” dos meios de comunicação, mais estilo “falso independente” ou “falso imparcial” da maioria dos jornais, revistas, rádios e TVs brasileiras.
E o mesmo ocorre na política partidária.
Políticos como Leonel Brizola (PDT), que batiam fortemente na Rede Globo e em seus adversários, com razão, e mesmo assim vencia eleições, é mais difícil de se encontrar ultimamente.
O próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores), combativo e ácido até as eleições de 1998, para vencer as eleições presidenciais de 2002, além de ter que abrir mão de algumas bandeiras do PT para conseguir um arco de alianças maior e apoio de parte do mercado financeiro, precisou virar o “Lulinha paz e amor”.
Nas eleições de âmbito estadual e municipal não é diferente. Normalmente há candidatos que batem mais e outros que batem menos no adversário e, normalmente, os que batem menos se dão melhor.
Mas nas eleições para governador do Paraná deste ano o quadro provavelmente será um pouco diferente.
Poderíamos pensar que o atual governador Beto Richa (PSDB) ficaria na defensiva, com ataques ferozes de Roberto Requião (PMDB) e a Gleisi com o papel de mostrar como seria uma gerentona para tirar o estado da falência proporcionada pelo atual governador.
Mas não é o que parece estar ocorrendo neste início de ano.
Gleisi está vindo com tudo contra Beto.
Requião está em uma versão mais “light”, batendo de leve, e ainda criticando quando a Gleisi bate demais. Mas claro que o ex-governador não vai conseguir segurar suas críticas, já bastante afiadas em sua conta do Twitter.
O fato é apenas um. O governo Beto Richa está sendo tão ruim, considerado por muitos como o pior de todos os tempos, que provavelmente tanto Gleisi quanto Requião vão bater muito no governador, com o intuito de que um deles vá para o segundo turno das eleições.
Mas pode acabar ocorrendo o que aconteceu em Curitiba em 2012. Um prefeito tão ruim, Luciano Ducci (PSB), apoiado por Beto Richa, que acabou nem indo para o segundo turno em sua tentativa de reeleição, perdendo para Ratinho Junior (PSC) e Gustavo Fruet (PDT), que depois sagrar-se-ia vencedor.
Por favor outubro de 2014, chega logo!
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Último texto de Bresser-Pereira na Folha. Agorá só no Twitter
10 de Fevereiro de 2014, 11:06 - sem comentários aindaClique aqui para acessar o Twitter de Bresser-Pereira.
Na Folha de S. Paulo de hoje.
República e desenvolvimentismo
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Novo desenvolvimentismo social é a melhor estratégia para alcançar a República, que é o objetivo de todos
A República somos nós; é a nação e o Estado brasileiro; é a solidariedade necessária entre todos os homens; é a esperança em um Estado mundial. A República representa os valores e os objetivos políticos que a humanidade construiu para si; é a segurança e a paz, é a liberdade individual que nos foi ensinada pelo liberalismo político, é o bem-estar econômico defendido pelo desenvolvimentismo, é a democracia e a justiça social propostas pelos socialistas; é a proteção da natureza e, mais amplamente, da “res publica”, defendida pelo republicanismo.
O novo desenvolvimentismo é a estratégia para promover o progresso ou o desenvolvimento, para alcançar aqueles grandes objetivos políticos definidos nos últimos 300 anos e para, assim, garantir direitos: os direitos civis, os direitos políticos, os direitos sociais e os direitos republicanos, estes definidos como o direito de cada cidadão de que o patrimônio público não seja capturado por interesses privados.
O principal instrumento que os homens têm para alcançar esses objetivos ou afirmar esses direitos é o Estado, ou seja, o sistema constitucional-legal e a organização que o garante. O segundo instrumento é a política, e o terceiro é o mercado.
Enquanto o Estado é a instituição maior de uma sociedade nacional, que coordena toda a vida social, o mercado é uma instituição regulada pelo Estado que é insubstituível quando se trata de coordenar um sistema econômico competitivo.
Na antiguidade o Estado era o instrumento da oligarquia militar e religiosa. A partir da Revolução Capitalista –a maior da humanidade desde o surgimento da agricultura e da formação das primeiras grandes civilizações– o Estado vem se tornando gradualmente democrático, fruto de muita luta. Desde então o mercado passou a complementar a coordenação do Estado.
O progresso ou o desenvolvimento sem adjetivos é um processo histórico que tem início quando a Revolução Industrial completa a revolução capitalista. A partir desse momento tem início o desenvolvimento econômico que abrirá espaço para a realização dos grandes objetivos que a humanidade definiu para si própria: segurança, liberdade individual, bem-estar econômico, justiça social e proteção do ambiente.
O desenvolvimento não nos é dado de presente. É fruto de construção social, que implica conflito e cooperação em sociedades de classes sociais. Implica luta de classes e possibilita coalizões entre elas.
A luta de classes almejava o socialismo, e não foi resolutiva. Já as coalizões de classe são hoje a forma de organização da sociedade através da qual a luta pelo desenvolvimento se dá. Ela se trava entre coalizões desenvolvimentistas formadas frouxamente por empresários, trabalhadores e burocracia pública, e coalizões liberais de capitalistas rentistas e financistas. A República é o objetivo de todos. Mas um novo desenvolvimentismo social sempre renovado é a melhor estratégia para alcançá-la.
Esta foi minha última coluna. Aproveitei-a para resumir os principais valores e crenças que me orientaram ao escrevê-la. Agradeço aos meus leitores, que me acompanharam durante esses anos, e à Folha, que a abrigou.
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Youtube censura vídeo que desmascara Beto Richa
8 de Fevereiro de 2014, 3:01 - sem comentários aindaEm 2011 postei no Youtube um vídeo que mostra o então candidato ao governo do Estado do Paraná, Beto Richa (PSDB), negando-se a responder uma pergunta minha em entrevista na rádio com a jornalista e blogueira Joice Hasselmann, sobre Cassio Taniguchi (DEM), ex-prefeito de Curitiba.
Beto Richa construiu a obra mais cara e pior de Curitiba de todos os tempos, a Linha Verde, que não funciona e não tem trincheiras. Ele criticava a administração anterior (como gosta de fazer até hoje). Mas lembrei que a administração anterior era Taniguchi, e Beto era seu vice e secretário de obras. Perguntei por que Beto lavava as mãos e colocava a culpa da péssima obra na gestão anterior, se Taniguchi o apoiou na eleição de 2010.
Beto Richa foi categórico: “O Cássio Taniguchi está por aí, nem sei por onde ele anda. Tentam me vincular a essa pessoa”.
Meses depois, ao vencer a eleição, Beto escolheu Cassio como seu secretário de planejamento e presidente do conselho de administração da Celepar.
Por favor outubro de 2014, chega logo!
Veja o vídeo censurado pelo Youtube que tive que publicar no Vimeo:
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PGR do Ministério Público Federal quer mensaleiro tucano preso por 22 anos. Ele é suspeito de ter criado o Mensalão
7 de Fevereiro de 2014, 18:27 - sem comentários aindaO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, requereu hoje (7) em alegações finais junto ao Supremo Tribunal Federal que o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) seja condenado no processo do mensalão mineiro a 22 anos de prisão por lavagem de dinheiro e peculato – desvio de dinheiro público.
As conclusões do Ministério Público Federal, que é responsável pela acusação, tem base nas provas colhidas no processo. Ao contrário da decisão do STF na AP 470, que em vários momentos condenou alguns acusados sem provas.
Azeredo é suspeito e acusado de ter participado de um grande esquema de corrupção, para o desvio de verbas e arrecadação ilegal de recursos para a campanha eleitoral do PSDB em 1998, quando perdeu e ajudou na reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Segundo o procurador-geral, o tucano teve “participação direta, efetiva, intensa e decisiva nos crimes e, além de beneficiário dos delitos cometidos, também teve papel preponderante em sua prática”. E “há elementos probatórios absolutamente suficientes para afirmar com a segurança devida que Eduardo Brandão de Azeredo participou decisivamente da operação que culminou no desvio de R$3,5 milhões, aproximadamente, R$ 9,3 milhões em valores atuais”.
As alegações finais vão ser encaminhadas ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo. O revisor é o ministro Celso de Mello.
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