Tecido social – Antonio Prata
20 de Fevereiro de 2013, 0:00 - sem comentários aindaPor Antonio Prata, publicado na Folha de S. Paulo
Reinaldo Boucinhas, 67, é engenheiro e está indignado com “essa corja do PT que dominou o país”. Ano passado, Reinaldo teve a carta cassada por excesso de pontos. Foi ao despachante e por R$ 1.100 em três vezes sem juros, comprou uma habilitação limpinha, sem fazer o curso de reciclagem ou passar por suspensão. “Cê queria o que? Que eu ficasse um ano sem dirigir?! Eu trabalho, queridão, sou pai de família!” No vidro traseiro de seu carro, sr. Boucinhas tem um adesivo: uma mão sem o mindinho, sob o símbolo de proibido.
Luciana Boucinhas, 33, é atriz, dramaturga e acabou de aprovar na Lei Rouanet um monólogo de sua autoria. “Istmo Holístico” arrecadará R$ 300 mil de isenção fiscal, dos quais Luciana embolsará 30, apresentando notas falsas de “despesas com transporte”, arrumadas por seu namorado, empresário. “Nesse país, com arte de vanguarda, não dá pra viver de bilheteria, cara! Tô me financiando, cara! Tô financiando a arte, entendeu, cara?!”
Rafael Galhardi, 42, é empresário e tem uma fábrica de embalagens biodegradáveis. A fábrica está numa área estritamente residencial. “Pra você ver como é esse país! Você quer produzir e não te deixam! Quer dizer… Fui obrigado a pagar propina pro fiscal liberar a fábrica! É foda! Esse país é foda!”
Hélio Pereira, 55, fiscal da prefeitura e católico praticante. Confessa-se todo ano. Teme as chamas do inferno. “Mas você quer o quê? Que eu viva com o salário de funcionário público?! Eu sou só uma gota no oceano!” O padre da igreja que Hélio frequenta, felizmente, tem lhe acalmado. Com alguns pais-nossos, ave-marias e boas ações, ele jura, Hélio entrará no reino dos céus.
Padre Osvaldo, 48, vê seu rebanho diminuir a cada ano, levado pela Igreja Internacional da Assembleia Divina, duas ruas abaixo. “Gente ignorante, gente corrupta, que só quer saber do dízimo!” Semana passada, padre Osvaldo recebeu uma boa notícia. Um de seus paroquianos, fiscal da prefeitura, conseguirá cassar o alvará do templo, expulsando os infiéis para outro bairro.
Pastor Sandro, 31, é membro da Igreja Internacional da Assembleia Divina e está preocupado com esse lance do alvará. “A Igreja Católica deita e rola e ninguém faz nada, mas é o evangélico mexer um dedo que cai todo mundo em cima!” Por isso, pastor Sandro está agindo na surdina. Já falou com o Elias e o Sem Noção, seus amigos de infância, no Morro do Querosene, pra darem um susto no padre Osvaldo. “Só um susto. Vamos ver se ele recua.”
Sem Noção, 31, foi morto pela PM no último sábado com um tiro na nuca, numa quebrada do Querosene. Deixou uma moto, dez pedras de crack, cinco filhos e três viúvas.
Major Augusto, 55, acaba de dar cinquentinha para que o Pedrão, do almoxarifado, libere pelo menos um.32 lá das apreensões, pra ele poder cravar um “resistência à prisão” na execução do noia. “Ó que paisinho?! Agora cê precisa de desculpa pra matar bandido!”
Antonio P., 35, é escritor e deu R$ 50 pro major Augusto, em 1999, quando foi parado numa blitz com sua namorada, Margarida, e estava com o IPVA vencido.
Margarida: tinha olhos azuis como bolas de gude e falava em viver na Itália. Que fim terá levado?
antonioprata.folha@uol.com.br
Antonio Prata é escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles “Meio Intelectual, Meio de Esquerda” (editora 34).
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Pela estatização dos hospitais de Curitiba – Blog do Esmael
20 de Fevereiro de 2013, 0:00 - sem comentários aindaO dinheiro público chega ao hospital, mas não aos trabalhadores que precisam recorrer a greves; constantes paralisações colocam em risco a vida de milhares de pessoas que necessitam de atendimento emergencial.
Há 15 dias, mais ou menos, eu sugeri à prefeitura de Curitiba que encampasse todos os hospitais privados que dependem do poder público para sobreviver. Entre esses, está o Hospital Universitário Evangélico, o maior do estado, e, consequentemente, o mais problemático em todos os sentidos.
Trago à baila isso de novo porque a maioria dos jornais do Paraná estampa hoje em suas manchetes a questão da saúde, por óbvio, com destaque ao “Anjo da Morte” no Evangélico (médica que supostamente abreviava a vida dos pacientes).
Tirando o lado exagerado e pitoresco dos jornais (lembremos sempre o caso da Escola de Base), a gestão da saúde na capital é plena. Logo, tudo que dá certo ou errado recaem sobre a gestão do prefeito Gustavo Fruet (PDT).
Faço um pequeno parêntese para o caso do ex-prefeito Saul Raiz, de 83 anos, baleado no domingo, que não conseguiu os primeiros atendimentos médicos no Hospital São Vicente.
A área da saúde é muito sensível. Não adianta culpar o governador Beto Richa (PSDB) ou a presidenta Dilma Rousseff (PT). Tem que funcionar bem, custe o que custar. Os hospitais privados que recebem dinheiro público não funcionam como deveriam. São um saco sem fundo que comem os recursos — principalmente do SUS — mas sempre operam no vermelho e põe em risco a vida de milhares de curitibanos e paranaenses devido à falta de atendimento digno aos pacientes.
Saúde, Educação e Segurança jamais poderiam ser terceirizados. Deveriam ser consideradas cláusulas pétreas das três esferas administrativas. Têm que ser objeto primeiro do Estado, do Poder Público. Portanto, reitero a minha posição pelo encampamento de todos os hospitais que dependam do erário para existir.
A estatização de um serviço essencial não é o fim do mundo, pois na semana passada a prefeitura da capital o fez às pressas — sem planejamento — porque o Hospital do Bairro Novo fora abandonado à própria sorte pela mesma mantenedora do Hospital Evangélico.
Na prática, esses hospitais são estatais há muito tempo. Entretanto, a gestão dos recursos públicos injetados neles é privada – e muitas vezes inconsequente.
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TCE/PR aplica multas contra terceirizações da saúde e via OSCIP. Por que nunca questionou o ICI?
20 de Fevereiro de 2013, 0:00 - sem comentários aindaUma denúncia apresentada à Corregedoria Geral do Tribunal de Contas do Estado do Paraná resultou na condenação do gestor. O município de São José dos Pinhas contratou irregularmente uma entidade privada para prestação de serviços públicos de saúde, entre 2005 e 2008. Cabe recurso da decisão.
O processo nº 536379/07 foi apreciados pelo Pleno do TCE/PR no dia 14 e o relator foi o conselheiro corregedor-geral Ivan Bonilha.
O entendimento é de que foi irregular a contratação da empresa Jones Braghirolli Menna Barreto para prestação de serviços de saúde, sem licitação, em São José dos Pinhais e foi aplicada multa de R$ 1.382,28 ao ex-prefeito Leopoldo Costa Meyer (com base no art. 87, inc. IV, alínea “d” da Lei Orgânica do TC.
No Processo nº 285888/09, além de aplicação de multas ao prefeito reeleito José Maria Ferreira, por causa de nepotismo, o que contraria a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, foi encontrada irregularidade na contratação da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) chamada Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap). O procedimento configurou, segundo Bonilha, terceirização indevida de mão de obra, por meio de contratação irregular, o que ensejou a aplicação de multa no valor de R$ 1.382,28 ao prefeito.
E o ICI – Instituto Curitiba de Informática?
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Privatização: Beto Richa quer levar o “modelo Consilux” de Curitiba para todo o Paraná
20 de Fevereiro de 2013, 0:00 - sem comentários aindaO governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), encaminhou na segunda-feira (18) à Assembleia Legislativa do Paraná um projeto de lei que prevê que as empresas privadas exerçam o controle e a fiscalização do trânsito em rodovias estaduais. Assim, vão lucrar com a aplicação de multas. Quanto mais multas, mais dinheiro para as empresas privadas.
É o mesmo modelo implementado e mantido pelos ex-prefeitos de Curitiba, Cassio Taniguchi, Beto Richa e Luciano Ducci, que acabou sendo denunciado pelo Fantástico (clique aqui).
O líder da oposição na Casa, deputado Tadeu Veneri (PT), disse que vai ser criada a indústria da multa no Estado.
Ontem, na terça-feira (19), Beto Richa e o líder do governo, deputado Ademar Traiano (PSDB), viram a trapalhada que fizeram e provavelmente vão tirar o PL de pauta.
Vejam a matéria do Fantástico que mostra a corrupção em contratos de radar com a Consilux, clique aqui.
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Bolívia nacionaliza aeroportos
20 de Fevereiro de 2013, 0:00 - sem comentários aindaO presidente da Bolívia Evo Morales nacionalizou os três principais aeroportos do país, que estavam sob controle da Sabsa (Serviços de Aeroportos Bolivianos S/A), uma subsidiária da empresa espanhola Abertis. A empresa privada não realizou os investimentos determinados pelo contrato de concessão e pagava baixos salários aos seus trabalhadores. A Bolívia vai indenizar a expropriação.
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