“Republicano Mitt Romney enriqueceu enquanto ajudou a destruir a classe média estadunidense” – Paul Krugman
8 de Janeiro de 2012, 0:00 - sem comentários aindaRomney, Obama e empregos – Paul Krugman
Folha de S. Paulo de sábado
Romney e pessoas como ele enriqueceram enquanto ajudaram na destruição da classe média americana
A recuperação da América da recessão vem sendo tão lenta que nem parece uma recuperação. Assim, em um mundo melhor, o presidente Barack Obama enfrentaria um concorrente que proporia uma crítica séria de suas políticas de geração de empregos. Em vez disso, é quase certo que Obama enfrente Mitt Romney.
Romney alega que Obama vem sendo um destruidor de empregos, enquanto ele teria sido um empresário que os criou. Disse à Fox News: “[Obama] perdeu 2 milhões de empregos, mais que qualquer outro presidente desde Hoover”. E declarou sobre seu período trabalhando na firma de participações acionárias Bain Capital: “Ajudamos a gerar mais de 100 mil empregos”.
É verdade que hoje há 1,9 milhão de americanos empregados a menos que os que havia na posse de Obama. Mas o presidente herdou uma economia em queda livre; não pode ser culpado por perdas de empregos nos seus primeiros meses de governo, em 2009, antes de suas próprias políticas terem tido efeito.
Entre janeiro e junho de 2009, a economia americana perdeu 3,1 milhão de empregos; desde então, ganhou 1,2 milhão. Não é o suficiente, mas não tem a menor relação com o retrato traçado pelo republicano.
O que Romney alega sobre Obama não é literalmente falso, mas induz ao engano. Mas mais surpreendente é a alegação de ter criado 100 mil empregos. De onde ela vem?
Segundo a campanha de Romney, é a soma dos empregos ganhos em três empresas que ele “ajudou a fundar ou fazer crescer”: Staples, The Sports Authority e Domino’s.
O “Washington Post” chamou a atenção para dois problemas: a contagem é baseada em “cifras atuais, não do período em que Romney trabalhou na Bain”, e “não inclui perdas de empregos em outras companhias com que a Bain esteve envolvida”. Qualquer desses problemas já invalida a alegação inteira.
De todo modo, não faz sentido olhar mudanças na força de trabalho de uma empresa e achar que servem para medir a geração de empregos na América como um todo.
Suponhamos, por exemplo, que sua rede de papelarias eleva a sua fatia no mercado, às expensas de redes rivais. Você passa a empregar mais pessoas, enquanto a concorrência emprega menos. Qual é o efeito final sobre o emprego?
Melhor: suponhamos que sua empresa tenha crescido em parte não por superar a concorrência, mas, sim, por adquirir as rivais. Agora, os empregados dessas empresas são seus. Você gerou empregos?
Pode-se indagar se não é igualmente incorreto dizer que Romney destruiu empregos. Sim, é. A queixa real é que destruiu empregos bons.
Quando a poeira assentou após o “downsizing” nas empresas que a Bain reestruturou -ou depois de essas companhias terem falido-, o número total de empregados nos EUA era mais ou menos igual ao que teria sido de qualquer maneira. Mas os empregos perdidos pagavam mais, com benefícios melhores.
Romney e pessoas como ele não destruíram empregos, mas enriqueceram enquanto ajudaram a destruir a classe média americana. E é essa realidade que se pretende obscurecer com todo o papo furado sobre empresários geradores e democratas destruidores de empregos.
Tradução de CLARA ALLAIN
40 anos com Prestes – Maria Prestes
8 de Janeiro de 2012, 0:00 - sem comentários ainda‘Ele gostava de criança, cozinhava, descascava um bom abacaxi’, diz a viúva do dirigente comunista
Hoje na Folha de S. Paulo
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
RESUMO A pernambucana Maria Ribeiro Prestes viveu por 40 anos com Luiz Carlos Prestes [1898-90], dirigente do PCB, 34 anos mais velho. Os dois se conheceram quando ela, militante, foi destacada para fazer a segurança dele na clandestinidade, nos anos 50. Para enganar a vizinhança, o chamava de Pedro, apelido que ficou. Em seu apartamento, no Rio, cheio de recordações do exílio em Moscou, ela lembrou passagens dramáticas de sua vida.
Meu pai, João Rodrigues Sobral, era camponês de Poção (PE). Em Recife, trabalhou numa fábrica de óleo de mamona e depois abriu um armazém no bairro onde nasci em 1932. Ele via pessoas furtarem feijão, um pedaço de carne. Ficava revoltado com a pobreza.
O armazém era frequentado por pessoas de ideias evoluídas, que o levaram ao Partido Comunista. Tornou-se um revoltado, como se dizia. Era analfabeto, eu ensinei meu pai a ler e escrever.
Em 1935, minha mãe faleceu e teve aquele movimento [Intentona Comunista]. Meu pai foi preso, torturado. Depois, deportado de navio para o Rio, mas na Bahia se jogou no mar. Voltou para Recife a pé e passamos à clandestinidade.
Em Recife, entrei na Juventude Comunista. Distribuía volantes, fazia pichação. Fui presa, rasparam a minha cabeça. Vi o Prestes pela primeira vez em 1945, num comício da campanha dele para o Senado. Eu fiz a segurança dele com outros jovens.
SEGURANÇA
Aos 18 anos arranjei um marido, que não deu certo. Meu pai estava em São Paulo, doente, e me mandaram para a casa dele. Morreu em 1952 incógnito porque usava outro nome. Nunca soubemos onde foi enterrado.
Na época o registro do partido tinha voltado a ser cassado. Me disseram que eu ia cuidar de um dirigente. Só vi quem era no dia em que Prestes chegou. Ele ficou até 1959 sob minha responsabilidade.
Antes eu era Altamira Rodrigues Sobral, e, por segurança, me deram documentos em nome de Maria do Carmo Ribeiro, nascida em 1930.
Na época o Giocondo Dias [dirigente comunista, 1913-1987] nos dava assistência. Eu tinha já dois filhos, Pedro e Paulo. Um belo dia Prestes propôs casamento. Eu disse que já tinha sido frustrada, que não aceitava assinar papel com ninguém. Ele disse que tinha gostado de mim.
“Não posso ser uma boa companheira porque não sou intelectual que nem você, sou uma pessoa comum”, respondi. E ele: “Se fosse casar com uma intelectual, os nossos pensamentos iam estar sempre em contradição”.
“Tudo bem, se não der certo você vai para um lado e eu para o outro”, eu disse.
Nunca casamos no papel. Vivemos 40 anos juntos e nunca brigamos. Ele valorizava o trabalho da mulher e da mãe. Gostava de criança, cozinhava, fazia biscoito, bolo, bacalhau à portuguesa, descascava um bom abacaxi.
Me ensinou a ler os clássicos, Shakespeare, Dickens, Górki, Dostoiévski. Toda semana eu e o Giocondo tínhamos aula de leitura com ele.
Um motorista, o José das Neves, aparecia em público comigo e as crianças, fazendo as vezes de marido. Para os vizinhos não perceberem que tinha mais gente na casa, a gente chamava o Velho de Pedro, nome do meu filho. Chamei ele de Pedro até o fim.
Tive o João, a Rosa, a Ermelinda. Quando veio a semilegalidade [no final do governo Juscelino Kubitschek], tive o Luiz Carlos, a Mariana, a Zóia e o Yuri. Um dia eu disse, “vamos parar?”. E ele: “Deus quer, né. Vamos ter filhos”. Gostava de família grande, achava que devia dar continuidade à vida.
As crianças não sabiam que ele era o pai, chamavam de tio. Todos só foram saber depois, em Moscou.
Depois de 1964, Prestes teve que se esconder de novo, mas eu não podia porque tinha os filhos em idade escolar. Tinha uma câmera em frente à nossa casa filmando quem entrava e saía.
Mesmo assim, me encontrava com Prestes. Até viajamos. Levantei a proposta de irmos embora. Fui com as crianças em 1970 para Moscou e nos deram um apartamento de onde a gente via a Praça Vermelha. Em 1971 o Velho chegou.
Queriam que eu botasse os meninos numa escola para filhos de estrangeiros. Eu disse que preferia que fossem estudar com os filhos das pessoas comuns. Eles não sabiam uma letra de russo, mas o PC soviético botou uma professora que ia três vezes na semana dar aula para nós.
Ainda falo russo. É um idioma muito sonoro, meigo. Meus filhos se formaram lá.
Conheci todas as 17 repúblicas soviéticas e muitos países europeus. Nossa casa era mais frequentada do que a Embaixada do Brasil. Fazíamos sempre feijoada.
COMUNISMO
A readaptação foi complicada. Tinha o Comitê da Anistia que nos ajudava, o Oscar Niemeyer, o João Saldanha.
Acho que ainda sou comunista, sim. A exploração do homem pelo homem não acabou. No sistema socialista não tinha desemprego. Havia problemas, mas o povo trabalhava e recebia salário.
Tenho 24 netos e nove bisnetos. Todo ano a gente se reúne no aniversário do Velho, 3 de janeiro. Os meninos criaram o blog [mariaprestes.blogspot.com], mas não gosto muito. Com a internet, as pessoas não se encontram.
Ainda vou a atos políticos. O exercício que faço é andar. Gosto de cinema, do Almodóvar. Esse filme “A Pele que Habito” é impressionante.
De vez em quando faço uma sopa russa de beterraba e convido minhas amigas. Chamo meus filhos e a gente faz uma noite de russo, eles cantam, recordamos alguns momentos. Se fosse me preocupar com o passado, não era o que sou. Acho que a gente tem que ser otimista, almejar algo melhor.
FOLHA.com
Leia o depoimento de Maria Prestes na íntegra
www.folha.com/no1031285
Beto Richa, Cassio Taniguchi e seus aspones não respondem sobre acusação grave na Celepar
6 de Janeiro de 2012, 0:00 - sem comentários aindaO governador Carlos Alberto Richa (PSDB), o seu secretário de planejamento e presidente do Conselho de Administração da Companhia de Informática do Paraná – Celepar, Cassio Taniguchi, e a direção da Celepar ainda não responderam para a imprensa e sociedade paranaense a acusação grave sobre a demissão que a Celepar efetivou de quatro trabalhadores concursados.
Os servidores, frise-se, concursados, foram demitidos porque questionaram seus direitos na Justiça do Trabalho, um direito de todo trabalhador brasileiro, inclusive de servidores celetistas das empresas estatais.
Enquanto isso Beto Richa aumentou em 462% o número de cargos comissionados sem concurso público na Celepar, com muitos aspones incompetentes e não entendem nada de Tecnologia da Informação e Comunicação ou de Administração Pública.
Hoje foi a vez do jornal Gazeta do Povo informar que o Governo Beto Richa e seus aspones ainda não se manifestaram sobre esse absurdo.
Por enquanto, o único que se manifestou sobre o caso foi um blogueiro laranja e sem credibilidade, que é servidor comissionado sem concurso público da prefeitura municipal, que fez ataques pessoais a respeitáveis profissionais da comunidade curitibana.
Coragem, é o que falta ao governador, secretário e aspones.
Por enquanto vai sobrar para o pobre coitado do blogueiro.
Veja mais sobre o tema:
Ministério Público do Trabalho agendou audiência de mediação entre demitidos pelo governo Beto Richa e diretoria da Celepar para o dia 9
6 de Janeiro de 2012, 0:00 - sem comentários aindaDo Sindpd-PR
O Ministério Público do Trabalho (MPT), que recebeu dia 4 denúncia sobre demissões arbitrárias de trabalhadores da Celepar – Companhia de Informática do Paraná, já agendou para a próxima segunda-feira (9), às 16h, a audiência de mediação entre a empresa e o SINDPD-PR – Sindicato dos Trabalhadores em Informática e Tecnologia da Informação no Paraná.
Por meio da assessoria jurídica do advogado de trabalhadores André Passos e da diretora da entidade Valquiria Lizete da Silva, foram apresentados ao procurador-chefe do MPT no Paraná, Dr. Ricardo Bruel da Silveira, os termos da denúncia, na qual o sindicato relata que parte dos demitidos move ação trabalhista por assédio moral e para pleitear o reenquadramento funcional e que até mesmo uma sentença favorável ao trabalhador recentemente foi apontada como motivo do rompimento brusco do contrato de trabalho. Antes do final do ano, eles foram comunicados do afastamento e da demissão que se efetivou no dia 2 de janeiro. Desde então, tiveram o acesso a seu local de trabalho e à rede interna de informática bloqueados. A truculência e o desrespeito causaram espanto na direção do SINDPD-PR e o clima dentro da empresa é de total insegurança diante das arbitrariedades que estão sendo aos poucos relatadas ao sindicato.
Autor de A Privataria Tucana em Curitiba dia 19/01 – debate com Amaury Ribeiro Jr
5 de Janeiro de 2012, 0:00 - sem comentários aindaDo Paraná Blogs