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Comunidade da Revista Espírito Livre

20 de Junho de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

A Revista Espírito Livre é uma iniciativa que reune colaboradores, técnicos, profissionais liberais, entusiastas, estudantes, empresário e funcionários públicos, e tem como objetivos estreitar os laços do software livre e outras iniciativas e vertentes sócio-culturais de cunho similar para com a sociedade de um modo geral, está com um novo projeto neste ano de 2009.

A Revista Espírito Livre visa ser uma publicação em formato digital, a ser distribuída em PDF, gratuita e com foco em tecnologia, mas sempre tendo como plano de fundo o software livre. A publicação já se encontra na terceira edição. A periodicidade da Revista Espírito Livre é mensal.


Treinamento do CISL – Iniciação à monitoração organizada com Zabbix

18 de Julho de 2013, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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De 19 a 23 de agosto de 2013, haverá mais um Treinamento do CISL – Iniciação à monitoração organizada com Zabbix. O treinamento tem por objetivo apresentar a ferramenta zabbix, como instalar, configurar a utilizar os templates para monitoração.

Horário:
Das 14h ás 18h

Vagas: 07

Pré-requisitos:
Conhecimentos básicos de linux

Local: sala 3 do Serpro regional Brasília

Conteúdo Programático:

Conhecendo o Zabbix
Cadastramento básico
Configuração de descoberta
Templates
Serviços de TI
Monitoração Personalizada

Instrutor: Adail Henrique Spínola Horst

Mini currículo do instrutor:
Graduado  em Ciências da Computação pela Universidade Paulista (Unip).  Atualmente é analista de redes do Serpro. Tem experiência na área de gestão de infraestrutura de tecnologia  da informação, desenvolvimento e customização de softwares  especialistas. Autor de customizações para Zabbix com foco em  monitoração interna e externa de ambientes. Atuou na definição dos  processos de monitoração da infraestrutura que suporta o Exame Nacional  do Ensino Médio (Enem) e na melhoria da definição dos processos de  monitoração do Serpro.

Inscrição: Enviar os dados  (nome, CPF, e-mail, telefone, instituição e CNPJ da instituição) para o endereço eletrônico: cisl@serpro.gov.br até o dia 26/07/2013. As vagas serão alocadas por ordem de chegada dos pedidos, respeitando a divisão de vagas entre os órgãos.
Encaminharemos a confirmação ou não da vaga no treinamento no dia 29/07/2013.

Programa de Capacitação
O CISL busca a parceria dos órgãos integrantes do Comitê para compartilhar conhecimentos, disponibilizando monitores e ou salas de treinamento para cooperar nesta ação de capacitar os técnicos de informática do Governo Federal. Mais informações: cisl@serpro.gov.br.

Com informações do CISL.



Lançada nova edição n. 92 da Revista ARede

18 de Julho de 2013, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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Já está no ar a nova edição da revista ARede.  Neste número, trazemos matéria de capa sobre o avanço dos livros digitais no país, o papel que tablets e smartphones podem ter para democratizar o acesso à cultura escrita, e como o livro deve ser tornar algo bem diferente do modelo folheável (mesmo em versão eletrônica) que temos hoje.

Temos também uma entrevista com Chao Lung Wen, chefe da disciplina de Telemedicina da FMUSP. Wen conta como a medicina se beneficia dos dispositivos móveis, quais projetos vêm sendo criados na Universidade para aperfeiçoar a formação profissional do médico e que trabalha em saúde, e muito mais.

A Lei de Acesso à Informação fez aniversário recentemente, com números positivos, mas está claro que ainda há muito a ser feito pela transparência dos dados públicos. Leia uma resenha do novo livro do professor Nelson Pretto, da UFBA, sobre ativismo digital e educação. E uma reportagem sobre como o Comitê Técnico de Implementação do Software Livre, no Governo Federal, reviu suas prioridades e deve voltar a incentivar a adoção do código aberto na esfera pública.

Falando em educação, falamos com representantes de dois projetos que usam a internet para levar conhecimento ao maior número de pessoas. O Brainly nasceu na Europa com a proposta de criar uma rede de aprendizagem colaborativa, e já chegou ao Brasil. Já a Escola de Inclusão Sociodigital do Serpro oferece cursos em diversas áreas e alcança pessoas do Brasil inteiro.  Contamos a história do projeto Connected to Learn, que leva internet a escolas de cidades onde a rede é raridade.

Na coluna Livre Saber, Jenny Horta comenta a liberdade e a autonomia que o software livre educacional traz à sala de aula. Na seção Opinião, o pesquisador André Luis Bordignon explica como manifestações vão da internet para a rua e ressalta que não é algo passageiro: governos vão continuar pressionados pelas forças que se organizam pela internet. Anahuac de Paula Gil comenta o PRISM, programa de espionagem de usuários da internet realizado pelos Estados Unidos, e como recorrer a redes sociais populares pode trazer mais danos que benefícios aos usuários.

Com informações de ARede.



MiniPLoP 2013: Chamada de trabalhos

18 de Julho de 2013, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

miniplop

Acontece em Brasília, dia 28 de Setembro, o MiniPLoP Brasil 2013 – Miniconferência Latino-Americana de Linguagens de Padrões para Programação, um evento co-organizado com o CBSoft 2013.

A CONFERÊNCIA

Os desenvolvedores de software têm observado que certos padrões são recorrentes em diferentes aplicações e sistemas. O crescente interesse por padrões representa um esforço em catalogar e disseminar melhor o conhecimento nesses temas, provendo documentação de soluções comprovadas para problemas comuns. O objetivo do MiniPLoP é promover o desenvolvimento de padrões e de linguagens de padrões, principalmente nos aspectos de software: design e programação, testes, arquitetura de software, design de interface com o usuário, modelagem de domínio e processos de software. Padrões e linguagens de padrões para os domínios fora de software também são bem-vindos.

O MiniPLoP reúne estudantes, pesquisadores, educadores e profissionais cujos interesses abrangem toda uma gama extremamente ampla de temas e que compartilham um interesse em explorar o poder do formato dos padrões.

Esta edição do MiniPLoP tem o objetivo de incentivar os iniciantes no mundo de padrões e de reunir a comunidade Latino-Americana de padrões. Os trabalhos devem documentar os padrões ou linguagens de padrões e eles serão apresentados no formato PLOP tradicional. Os autores terão a oportunidade de melhorar seus trabalhos com base no feedback obtido a partir do MiniPLoP. A idéia é incentivar os autores a apresentar versões mais maduras dos seus trabalhos no SugarLoafPLoP ou em outra conferência Plop.

O programa do MiniPLoP 2013 incluirá uma introdução à confecção de padrões (bootcamp), um tutorial nacional, um keynote internacional e os workshops dos autores.

Workshop dos autores

É reconhecido que o processo de workshop dos autores é benéfico para a produção de trabalhos de alta qualidade desde a primeira conferência de padrões ou PLoP, que foi realizada em 1994. Os participantes estarão no workshop do seu próprio trabalho, assim como nos workshops dos trabalhos de outras pessoas nos seus grupos. Os participantes que não têm um trabalho no workshop também estão convidados. Espera-se que todos leiam os trabalhos dos seus grupos com antecedência.

Bootcamp

A experiência do MiniPLoP oferece algo diferente, mas necessário, na comunidade de padrões – um “Bootcamp” para recém-chegados. Esta seção fornece uma introdução aos padrões: um treinamento, orientação e atividades experimentais, onde os participantes serão imersos em padrões e emergirão com uma ampla perspectiva e habilidade para tirar mais proveito de todas as conferências PLoP. O formato da seção consiste de uma variedade de palestras, discussões, escrita de padrões em grupo, jogos e workshop de autores – não necessariamente nessa ordem.

INSTRUÇÕES PARA ENVIO DE TRABALHOS

Os envios dos trabalhos devem ser realizados através do sistema Pasture (desenvolvido para o formato de avaliação dos eventos de padrões): http://tinyurl.com/miniplop2013 . Os trabalhos podem ser escritos em Inglês (preferencial), Português ou Espanhol e devem estar em conformidade com o estilo da SBC (Sociedade Brasileira de Computação), que estará disponível no site da conferência. As submissões devem ser feitas em formato PDF.

DATAS IMPORTANTES

  • Prazo para envio de artigos: 31 de julho
  • Começo das Revisões: 02 de Agosto
  • Prazo para Recomendações dos Revisores: 21 de agosto
  • Notificação de Aceitação: 23 de agosto
  • Prazo para Cópia Final da Conferência: 2 de Setembro
  • Data da Conferência: 28 de Setembro

ORGANIZAÇÃO

Coordenadores de programa:

  • Eduardo Guerra (INPE, Brazil)
  • Paulo Meirelles (FGA-UnB / IME-USP, Brazil)

Organização Local:

  • Maurício Serrano (UnB-FGA, Brazil)
  • Milene Serrano (UnB-FGA, Brazil)

Comitê de Programa

  • Antonio Terceiro (Linaro, Brazil)

  • Ayla Dantas Rebouças (DCE- UFPB)

  • Christina Chavez (DCC-UFBA)

  • Claudio Sant’Anna (DCC-UBA)

  • Fabio Kon (CCSL-IME-USP)

  • Jerffeson Teixeira de Souza (UECE, Brazil)

  • Roberta Coelho (DIMAp/UFRN, Brazil)

  • Rosana Braga (ICMC/USP, Brazil)

  • Rossana Andrade (DC/UFC, Brazil)

  • Sergio Soares (CIn/UFPE, Brazil)

  • Tiago Massoni (DSC/UFCG, Brazil)

  • Uirá Kulesza (DIMAP/UFRN, Brazil)

  • Ademar Aguiar (INESC Porto/University of Porto, Portugal)

  • Joe W. Yoder (U. Illinois/The Refactory, Inc, USA)

  • Linda Rising (Independent Consultant, USA)

  • Mary Lynn Manns (University of North Carolina, USA)

  • Filipe Correia (Porto University, Portugal)

  • Hugo Sereno Ferreira (INESC Porto/University of Porto, Portugal)

  • Gustavo H. Rossi (Lifia/UNLP, Argentina)

  • Javier Gonzalez-Sanchez (Arizona State University Tempe, USA)

  • Maria Elena Chavez-Echeagaray (Arizona State University Tempe, USA)

Mais informações

Para mais informações, visite a página da conferência: http://cbsoft2013.cic.unb.br/miniplop.

Para questões relacionadas ao programa da conferência ou ao envio de trabalhos, entre em contato com Eduardo Guerra (guerraem at gmail.com) and/or Paulo Meirelles (paulormm at ime.usp.br).

Para outras questões, entre em contato com Maurício Serrano (serrano at unb.br) and/or Milene Serrano (mileneserrano at unb.br).



EUA exigem que equipamentos de rede possam ser monitorados

17 de Julho de 2013, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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Tudo indica que a investigação da Anatel sobre a eventual colaboração das operadoras brasileiras na espionagem dos EUA vai concluir que não houve qualquer tipo de acordo das teles para fornecer os dados para a NSA, a agência de segurannça norte-americana. E o motivo é simples: os americanos não precisam de acordo com as teles brasileiras para acessar os dados que trafegam nas nossas redes.

Isso porque, para ser vendido no mercado americano, todo e qualquer equipamento capaz de trafegar dados deve seguir as regras da Communications Assistance for Law Enforcement Act (CALEA), segundo a qual os equipamentos devem ter uma funcionalidade que permite ao governo norte-americano interceptar os dados que trafegam por ele. Engenheiros das empresas de telecomunicações ouvidos por este noticiário confirmam: nenhuma operadora brasileira coloca limitações à contratação de equipamentos que atendam às regras do CALEA, e nem têm nenhuma forma de controlar se os equipamentos estão sendo monitorados remotamente.

A CALEA foi aprovada em 1994 no governo do presidente Bill Clinton, e visava aumentar a capacidade das agências de inteligência de conduzir vigilância eletrônica exigindo dos fabricantes de equipamentos facilidades de vigilância que permitam ao governo monitorar todo o tráfego telefônico, Internet banda larga e VoIP em tempo real.

A lei americana exige que possam ser coletados os metadados das comunicações, ou seja o dia, a hora, remetente e destinatário das comunicações e endereço IP, quando não for uma chamada telefônica. Um diretor de tecnologia de uma operadora, acrescenta, entretanto, que é possível descobrir o conteúdo do que se trafega nas redes, se o monitoramento estiver sendo feito naquele momento.

Outro ponto que pode ser uma porta aberta para a espionagem dos EUA, segundo apurou este noticiário, é o fato de que boa parte da comunicação da Internet brasileira desaguar em servidores instalados nos EUA. Se o ministro Paulo Bernardo erra o alvo ao mandar a Anatel investigar as teles, talvez ele acerte quando suspeita das conexões com os servidores estadunidenses. Em declaração à imprensa nesta segunda, 8, Bernardo levantou a hipótese de que o monitoramento possa ter ocorrido por meio dos cabos submarinos e reconheceu que o acordo com as teles daqui seria “mais complicado”, já que a Constituição garante sigilo da comunicação.

Outra informação relevante apurada por este noticiário junto a fontes de operadoras é que hoje um volume muito pequeno do tráfego de dados é criptografado. “Em geral, as operadoras só criptografam alguns canais corporativos quando isso é solicitado pelo cliente”, diz um diretor de engenharia. Isso porque a criptografia consumiria recursos e tornaria o processamento dos dados mais lento, e não existe razão prática para fazer isso. Segundo esse engenheiro, isso seria mais um fator “facilitador” para que o governo norte-americano, por meio do acesso privilegiado que tem aos equipamentos “CALEA compliance”.

Dados vs. metadados

Segundo a análise dos especialistas ouvidos por este noticiário, é improvável que todas as comunicações sejam monitoradas em relação ao conteúdo. “Isso exigiria derivar o tráfego todo para algum servidor para serem posteriormente analisados, o que comprometeria o desempenho do sistema e certamente nós ficaríamos sabendo”, diz um técnico. O que é mais provável que aconteça, diz essa fonte, é a análise dos metadados, ou seja, os logs de acesso. “Isso pode ser obtido com mais facilidade”, diz. Mas esse analista reconhece que todas as operadoras têm equipamentos que permitem o chamado “deep package inspection”, justamente para acompanhamento do desempenho da rede e análise do perfil de tráfego. Esse tipo de equipamento permite, com mais facilidade, uma visão melhor sobre o conteúdo do que é trafegado.

***

Espionagem explicaria resistência dos EUA em discutir Internet na UIT

A revelação de que as práticas de espionagem norte-americanas capturavam também as comunicações brasileiras pode ser um impulso extra para que o debate sobre segurança cibernética e governança sejam tratadas no âmbito da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Mas o efeito também pode ser contrário. Se práticas desse tipo também são realizadas por países importantes do bloco europeu como a França e Reino Unido, conforme vem sendo divulgado pela mídia, pode ser difícil que esse assunto avance dentro da UIT. A análise é do chefe da assessoria internacional da Anatel, Jeferson Nacif. “A construção de consenso sobre segurança cibernética não é fácil. Os EUA tinham forte resistência e agora a gente sabe por quê”, afirmou a este noticiário.

Na última reunião do órgão, realizada em Dubai, para a revisão do ITRs (tratados internacionais de telecomunicações) 55 países (entre eles os EUA e boa parte da Europa) se recusaram a assiná-los justamente porque alguns assuntos relacionados à Internet passaram a fazer parte dos tratados, como controle de SPAMs. A revisão dos ITRs também foi um primeiro passo para que a questão da governança da Internet entrasse na agenda do órgão, ainda que sem nenhuma deliberação concreta.

O chefe da assessoria internacinoal da Anatel, que coordenou a delegação de Dubai no final do ano passado, avalia que se a comunidade internacional (leia-se os países centrais da Europa, além dos EUA) de alguma forma se beneficiar deste tipo de prática, dificilmente o assunto conseguirá ser discutido dentro da UIT. “Eles não querem discutir no plano internacional porque pode causar constrangimentos desse tipo”, analisa. Para Nacif , embora haja a vontade de alguns desses países discutirem questões mais técnicas relacionadas à segurança, há dificuldade da Europa em contrariar os EUA. Nacif “gostaria de acreditar” que o episódio possa contribuir para que haja consenso dentro da comunidade internacional para discutir essas questões no âmbito da UIT, posição defendida pelo Brasil, que aliás, assinou o tratado de Dubaí.

O ministro das relações exteriores, Antônio Patriota, declarou que o Brasil tomará medidas junto à UIT para aperfeiçoar a segurança das telecomunicações em âmbito internacional. Segundo Nacif, essas meddias ainda serão discutidas pelo Ministério das Comunicações, Ministério das Relações Exteriores e Anatel.

Por Helton Posseti e Samuel Possebon.

Com informações de Observatório da Imprensa.



As redes de espionagem secreta das democracias ocidentais

17 de Julho de 2013, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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Um momento tão marcante de hipocrisia, cinismo, submissão, violação do direito internacional, abuso do poder tecnológico e paternalismo ocidental merece um lugar destacado na história humana. O episódio infame que fez com que o avião do presidente Evo Morales fosse bloqueado em Viena com base em um rumor infundado lançado pela Espanha, segundo o qual o ex-agente da NSA norteamericana, Edward Snowden, se encontrava a bordo é a consequência de uma caçada humana lançada pelo Ocidente em nome de um novo delito: a informação.

Contra todas as regras internacionais, França, Itália, Espanha e Portugal negaram o acesso a seus espaços aéreos ao avião presidencial boliviano. Queriam capturar o homem que revelou como Washington, por meio de seu dispositivo Prism, espiona as comunicações telefônicas, os correios eletrônicos, as páginas do Facebook, os fax e o Twitter de todo o planeta, incluídos os de seus próprios aliados europeus.

Segundo assegura o presidente austríaco Heinz Fischer em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal Kurier, o avião do presidente boliviano “não foi controlado”. Fischer afirma que “não houve controle científico”. “Não havia nenhuma razão para fazê-lo com base no direito internacional. Um avião presidencial é um território estrangeiro e não pode ser controlado”.

Os dirigentes europeus só levantaram a voz quando se revelou o alcance massivo do programa de espionagem norteamericano Prism. E se entende por que: poucos dias depois, o jornal francês Le Monde contava como a França fez o mesmo com seu “Big Brother” nacional. “A totalidade de nossas comunicações é espionada. O conjunto dos email’s, SMS, as chamadas telefônicas, os acessos ao Facebook e ao Twitter são conservados durante anos”, escreve o Le Monde.

Em uma entrevista publicada neste fim de semana pelo semanário alemão Der Spiegel, Edward Snowden contou que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) “trabalha lado a lado com os alemães e os outros países ocidentais”. O agora ex-agente da NSA detalha que essa espionagem conjunta é realizada de maneira que se “possa proteger os dirigentes políticos da indignação pública”.

Em suma, os “aliados” se espionam entre si e, além disso, separadamente, espionam o mundo e quando alguém resolve denunciar a ditadura tecnológica universal torna-se um delinquente. Muitos assassinos, genocidas e ladrões de seus povos vivem comodamente exilados nos países ocidentais. Os Estados Unidos não negaram abrigo ao ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada, A França tampouco fechou as portas ao ex-presidente do Haiti, o traficante de drogas e assassino notório Jean Claude Duvalier, Baby Doc. Mas no caso de Edward Snowden, negou.

O ministro francês do Interior, Manuel Vals, disse que, no caso do ex-agente norteamericano solicitar asilo, não era favorável a aceitar o pedido. Snowden teria recebido uma resposta semelhante de mais de 20 países. Com isso, se converteu no terceiro homem da história moderna a ganhar a medalha de perseguido por ter alertado o mundo.

Além do próprio Snowden, integra essa galeria Bradley Manning, o soldados estadunidense acusado de ter vazado o maior número de documentos da história militar dos EUA. Em 2010, Manning trabalhava como analista de dados no Iraque. Entrou em contato com o hacker norteamericano Adrián Lamo, a quem disse que estava com uma base de dados que demonstravam “como o primeiro mundo explora o terceiro mundo”. Bradley Manning entregou essa base de dados inteira a Julian Assange, que a difundiu através do Wikileaks. Alguns dias depois, Lamo denunciou Bradley para o FBI.

Quem também pagou por fazer circular informação foi o próprio Assange. Protagonista de uma nebulosa história de sexo, Assange vive há mais de um ano refugiado na embaixada equatoriana de Londres. Dizer a verdade sobre como somos controlados, enganados, sobre como os impérios assassinam (vídeo divulgado por Wikileaks sobre o assassinato de civis no Iraque), mutilam e torturam é um crime que não autoriza nenhuma tolerância.

O pecado de informar é tão grande que até a Europa se põe de joelhos diante dos Estados Unidos e chega ao cúmulo da vergonha que foi bloquear um avião presidencial. E quem participa do complô são as mesmas potências que depois, nas Nações Unidas, pretendem dar lições de moral ao mundo. O ministro francês de Relações Exteriores, Laurent Fabius, e o presidente François Hollande pediram desculpas pelo incidente. Mas o mal estava feito.

Segundo informações divulgadas pelo Le Monde, a “ordem” de bloquear o avião não veio da presidência francesa, mas sim do governo. Fontes do palácio presidencial francês e do governo, citadas pela imprensa, asseguram que a decisão foi tomada pela diretora adjunta do gabinete do primeiro ministro Jean-Marc Ayrault, Camille Putois. Christophe Chantepy, diretor do gabinete, disse porém que “se trata de uma decisão governamental”. Houve um erro, como disse Laurent Fabius, e a França disse que lamentava por ele.

Nenhuma declaração pode apagar tremendo papelão. O incidente não fez mais do que por em evidência a inexistência da Europa como entidade autônoma e livre e também a recolonização do Velho Mundo pelos Estados Unidos. E isso não é tudo: assim como ocorre com a norteamericana, as grandes democracias espionam o mundo. Isso foi o que revelou o Le Monde no que diz respeito ao sistema francês. Trata-se de um procedimento “clandestino”, escreve o diário, cuja particularidade reside não em explorar o “conteúdo”, mas qual a identidade de quem intercambia conversações telefônicas, mensagens de fax, correios eletrônicos, mensagens do Facebook ou Twitter.

Segundo o Le Monde, “a DGSE (serviços de inteligência) coleta os dados telefônicos de milhões de assinantes, identifica quem chama e quem recebe a chamada, o lugar, a data, o tamanho da mensagem. O mesmo ocorre com os correios eletrônicos (com a possibilidade de ler o conteúdo das mensagens), os SMS, os fax. E toda a atividade na internet que transita pelo Google, Facebook, Microsoft, Apple, Yahoo”.

Com esse sistema se consegue desenhar uma espécie de mapa entre pessoas “a partir de sua atividade numérica”. Sobre isso, o diário francês destaca que “este dispositivo é evidentemente precioso para lutar contra o terrorismo, mas permite espionar qualquer pessoa, em qualquer lugar, em qualquer momento”. A França conta com o quinto dispositivo de maior penetração informática do mundo. Seu sistema de espionagem eletrônica é o mais potente da Europa depois do britânico. A DGSE se move com um orçamento anual de 600 milhões de euros.

Estamos todos conectados. Sem sabe-lo, participamos da irmandade universal dos suspeitos, das pessoas que vivem sob a vigilância dos Estados, cujas mensagens amorosas ou não são conservadas durante anos. Inocentes enamorados se misturam nas bases de dados com criminosos e ladrões, ditadores e financistas corruptos. Pode-se apostar com os olhos fechados que essas últimas categorias mencionadas viverão impunes eternamente.

Por Eduardo Febbro.

Com informações de Observatório da Imprensa.



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