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Comunidade da Revista Espírito Livre

20 de Junho de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

A Revista Espírito Livre é uma iniciativa que reune colaboradores, técnicos, profissionais liberais, entusiastas, estudantes, empresário e funcionários públicos, e tem como objetivos estreitar os laços do software livre e outras iniciativas e vertentes sócio-culturais de cunho similar para com a sociedade de um modo geral, está com um novo projeto neste ano de 2009.

A Revista Espírito Livre visa ser uma publicação em formato digital, a ser distribuída em PDF, gratuita e com foco em tecnologia, mas sempre tendo como plano de fundo o software livre. A publicação já se encontra na terceira edição. A periodicidade da Revista Espírito Livre é mensal.


A web abissal e o ativismo digital

16 de Outubro de 2013, 2:31, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

iceberg-deepweb

O Facebook não é uma plataforma segura para o ativismo na web. Muito pelo contrário: a rede é conhecida por sua insistência em invadir a privacidade alheia e distribuir dados de usuários a empresas e agentes da lei. Por isso muitos ciberativistas têm recorrido à Deep Web, a web profunda. Nas redes sociais brasileiras, agora que os governos estaduais partiram para a ação dentro delas, já estão presentes menções a uma possível fuga para as profundezas da web invisível.

A web profunda é composta por todos os sites não indexados em motores de busca. Ela não é outra rede, faz parte da web, mas não é visível aos olhos de quem navega em condições convencionais. A Deep Web é totalmente criptografada e seus links parecem tudo menos uma ligação a outro site. O Portal da EBC (28/8) publicou uma boa explicação sobre o que é e como funciona a web profunda.

Cada vez que um usuário entra na web, seu provedor de acesso atribui-lhe um número. É o seu IP (“internet protocol”, protocolo de internet). Esse número funciona como um CEP. Ele mostra sua localização. O provedor de acesso então procura a equivalência entre o seu número de IP e o nome do site correspondente que foi solicitado e entrega a página ao utente. Mas tudo isso é rastreado em detalhes: tudo o que foi indexado pelos motores de buscas e tem permissão de ser acessado é revelado aos buscadores da web. Tudo o que não consta nas buscas e não pode ser identificado por DNS é parte da Deep Web, explicou o portal.

Liberdade de expressão e copyright

A web mais profunda não é como muitos pensam, um ambiente onde prevalece o mal e o crime. É verdade que lá se encontra tudo de ruim que existe entre os homens. E tudo de bom, também. Universidades, centros de pesquisa e até mesmo editores de jornais conhecidos trabalham nas profundezas da web por necessidade de serviço: eles querem conversar entre eles sem serem monitorados. E têm todo o direito.

Para navegar nas regiões abissais da web é necessário equipamento (programas) para deixar o internauta “invisível” na rede. E isso não é possível de forma completa em nenhum nos dois sistemas de navegação “anônima” disponíveis: o Tor e a Freenet. O Tor é o mais antigo e também o mais perigoso. Foi criado em 1996 pela Marinha americana e vem sendo mantido por entidades privadas, doações de usuários e entidades institucionais. A revista Ars Tehcnica (4/8) publicou uma reportagem que explica como um usuário criminoso foi localizado e preso na Irlanda por meio de um dispositivo virtual escrito em java script que foi implantado lá sem que ninguém notasse.

O Tor é uma rede centralizada, e para acessá-la o internauta deverá usar um proxy – um servidor intermediário que passa adiante a outro servidor tudo o que o internauta lhe pede. Mas o fato da rede ter um centro e aceitar o java script a torna vulnerável. O script é o maior delator de presenças que desejariam estar encobertas na rede.

A Freenet é uma iniciativa mais recente e menos perigosa. Mas ainda oferece perigos. Até 2010 o projeto recebeu colaboração do Laboratório de Pesquisa Naval da Marinha americana. Ninguém sabe exatamente como se deu e qual foi o conteúdo desta colaboração, por isso todo cuidado é pouco. O projeto nasceu no ano 2000 da imaginação de Ian Clarke, cientista irlandês com bacharelado em inteligência artificial, ativista da liberdade de expressão e inimigo dos direitos de cópia (copyright) nos Estados Unidos. Clarke afirma em uma página do site do projeto que a liberdade do fluxo de informações está em franca contradição com os direitos de copyright:

“Está claro que muito da publicidade da Freenet está centrada ao redor da questão do direito de copyright, então falarei brevemente sobre isso. O centro do problema com o copyright é que sua aplicação requer a monitorização das comunicações, e você não pode garantir a liberdade de expressão se alguém está a monitorar tudo o que você diz. Isso é importante, a maioria das pessoas não consegue ver ou abordar este ponto quando debatem a questão do copyright, então deixe-me tornar tudo claro: você não pode garantir liberdade de expressão e aplicar lei de copyright.”

Privacidade aumentada

O leitor (ou leitora) talvez tenha notado que eu não traduzi copyright como “direito do autor”. São coisas diferentes: o direito europeu continental procura defender o autor da obra. A lei norte-americana trata apenas do direito da reprodução da obra. A tradução aqui tem que ser literal: copyright significa direito de cópia. Clarke não contesta o poder legítimo dos autores, mas os daqueles que imaginam deter os diretos de reprodução de obras e produções intelectuais.

A Freenet é a rede ideal para ativistas da web. É uma mistura de rede P2P e computação distribuída, onde os usuários emprestam largura de banda e um pedaço mínimo de seu disco rígido para acumular informação relevante, que é imediatamente apagada depois que dados mais importantes chegam. A rede não tem centro, é horizontal e através dela pode-se compartilhar arquivos, páginas, música e tudo o que trafega na web rasa e na profunda também. Sua interface não aceita java script por padrão e roda dentro do navegador Google Chrome em modo anônimo. É uma rede contida em si mesma que tem uma filosofia compatível com o ativismo cibernético e a defesa radical da liberdade de expressão.

O Departamento de Engenharia Eletrônica e de Computação da UFRJ tem publicado na web um estudo muito bom sobre a Freenet e sua arquitetura. De forma simplificada, a Freenet junta o poder de vários computadores e apresenta-se como uma unidade que na realidade não existe: são centenas ou milhares de máquinas operando em conjunto para aumentar o poder de computação. A rede é organizada por nós “que se consultam para armazenar ou fornecer arquivos de dados”, e cada nó (que nesta rede pode ser um cliente, um servidor ou usuário) tem privacidade aumentada porque “possui apenas conhecimento de seus nós vizinhos, para manter a privacidade”.

Direito à privacidade

A Freenet é mais segura porque é uma rede fechada em si mesma e nunca expõe o IP do internauta. Ela é uma rede P2P com a segurança reforçada. Que pode acessar conteúdos das regiões abissais da web com muito menos riscos que o Tor. Mesmo assim, ainda há brechas para invasões na rede. A web, rasa ou funda, é uma rede aberta e a segurança dos sistemas, servidores e usuários está sempre em questão. Mesmo em suas regiões mais profundas, onde tudo é criptografado e os internautas só se comunicam com seus pares dentro de uma rede fechada através de links diretos, não há garantias de anonimidade completa. Alguém sempre pode infiltrar-se lá dentro e plantar um identificador oculto que leve informação de volta a olhos errados.

Existe uma tendência em parte da imprensa em demonizar projetos como a da Freenet e programas como o Tor. “São facilitadores de pornografia infantil, terrorismo e crime”, acusam. Não podemos negar isso nem esquecer o outro lado da moeda: nos dias de hoje governos das potências hegemônicas (e mesmo alguns pequenos poderes atrevidos, como o Canadá) rotineiramente espionam seus parceiros, inimigos e pessoas consideradas suspeitas por elas. Exigem o anonimato para espionar países e pessoas, mas negam ao cidadão o direito à privacidade de exercer seu direito de comunicar-se com seus iguais sem a interferência de observadores ocultos. Já passou a hora de acabarmos com o abuso.

Por Sergio da Motta e Albuquerque.

Com informações de Observatório da Imprensa.



Apenas um terço da população mundial tem acesso à internet

16 de Outubro de 2013, 2:29, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

15-02-2013_internet

O Instituto de Internet de Oxford, no Reino Unido, divulgou nesta sexta-feira (11/10) o mapa do projeto Geografias da Informação, que mostra a população com acesso à rede mundial e a penetração por país. O mapa usa dados de 2011 do Banco Mundial e traz duas informações diferentes ao mesmo tempo: os dados são visualizados com um cartograma em forma de hexágono, em que o tamanho de cada país é elaborado com base em sua população de usuários da internet (cada hexágono representa cerca de um terço de um milhão de usuários); a cor dos países, no entanto, revela a penetração da Internet em cada um deles – quanto mais escuro, maior a porcentagem de pessoas online. O Banco Mundial tem monitorado o número de usuários e conexões de internet por país desde a década de 1990, como parte de seu projeto Worldwide Governance Indicators.

O mapa traça um panorama revelador sobre a atividade humana na internet. A China é hoje o país com a maior população mundial de internet, com mais de meio bilhão de usuários. Apesar dessa condição da China, em boa parte devido à sua enorme população, a porcentagem de pessoas na grande rede é proporcionalmente menor que no Brasil – o mapa não mostra como certos países evoluíram em termos de levar mais pessoas à internet. Atrás da China aparecem, pela ordem, Estados Unidos, Índia e Japão como os mais populosos em número de internautas.

Na edição deste ano, o relatório do Instituto de Internet de Oxford detectou duas tendências importantes. Em primeiro lugar, a ascensão da Ásia como a principal contribuidora para o aumento da população mundial de internet – 42% dos usuários da rede mundial no mundo vivem na Ásia, sendo que China, Índia e Japão têm mais usuários que a Europa e a América do Norte juntas.

Longo caminho

O levantamento também revela padrões interessantes em algumas das nações mais pobres do mundo. Em muitos países da América Latina, por exemplo, mais de 40% dos cidadãos têm acesso à internet. Devido a isso, a região latino-americana como um todo agora abriga quase o mesmo número de usuários da web que os Estados Unidos.

O mapa mostra, ainda, que alguns países africanos passaram por um crescimento impressionante, enquanto outros viram poucas mudanças desde a publicação do último mapa, em 2008. Nos últimos três anos, quase todos os países do Norte africano dobraram sua população de usuários de internet – a Argélia é uma notável exceção. Quênia, Nigéria e África do Sul também tiveram um crescimento enorme. No entanto, mais da metade dos países da África Subsaariana ainda têm uma penetração de Internet inferior a 10%, e o crescimento foi baixo nos últimos anos.

Todas as pessoas representadas no mapa correspondem a cerca de um terço da população mundial. Afinal, são mais de 2 bilhões de internautas contra 7 bilhões de habitantes no planeta. Apesar dos enormes impactos que a internet tem na vida cotidiana de muitas pessoas, a maioria delas permanece inteiramente desconectada. Apenas um terço da população do mundo tem acesso à rede mundial. Ou seja, ainda há um caminho muito, muito longo a se percorrer.

Com informações de Observatório da Imprensa.



Cade investiga Google por práticas anticompetitivas

16 de Outubro de 2013, 2:27, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade instaurou, por meio de despachos publicados no DOU desta sexta-feira (11/10), três processos administrativos para apurar supostas práticas anticompetitivas adotadas pelo Google Inc. e pelo Google Brasil Internet Ltda. no mercado brasileiro de buscas online. A investigação teve início a partir de denúncias apresentadas ao órgão antitruste pelas empresas E-Commerce Media Group Informação e Tecnologia Ltda., detentora dos sites Buscapé e Bondfaro, e também pela Microsoft Corporation, controladora do site de buscas Bing.

O site de busca online Google, hoje amplamente utilizado por usuários da internet, disponibiliza gratuitamente uma ferramenta de busca que permite o livre e rápido acesso a informações e conteúdos na web. Parte dos resultados da busca entregue ao internauta é divulgada em um espaço da página conhecido como “busca orgânica”, na qual os sites listados não pagam ao Google Buscas nenhum tipo de remuneração, e são supostamente buscados e ordenados por meio de um algoritmo estabelecido pelo Google, segundo determinados critérios. Outro espaço na página de busca expõe como resultados os chamados “links patrocinados”, compostos por sites que promovem campanhas publicitárias de seus produtos e remuneram o Google para serem ali divulgados.

Existem também sites especializados nas chamadas buscas temáticas, serviços de pesquisa específica a consumidores e empresas, tais como comparação de preços de produtos ofertados na internet. É o que oferecem, por exemplo, os sites Buscapé e Bondfaro. O próprio Google possui sites de busca temática, como o Google Images, o Google Books, o Google News e o Google Shopping – este especializado em busca de lojas e de preços de produtos.

Subtraindo vantagens competitivas

Os processos administrativos instaurados pela Superintendência-Geral investigam o Google Buscas estaria inadequadamente privilegiando, nos resultados da busca orgânica, os seus próprios sites temáticos, como o Google Shopping, em detrimento de sites concorrentes, como Buscapé e Bondfaro. Também será apurada a alegação da E-Commerce de que o Google Shopping estaria indevidamente sendo posicionado de modo privilegiado em outros espaços da página (entre os links patrocinados), novamente com o intuito de se beneficiar frente aos concorrentes. O processo investiga, ainda, se o Google Buscas estaria diminuindo o espaço da busca orgânica em relação à patrocinada e se estaria adotando mecanismos para confundir o usuário na identificação dos resultados de busca orgânica e patrocinada, com potenciais efeitos anticompetitivos.

Outro processo apura denúncia de prática denominada scraping. Trata-se de suposta “raspagem”, pelo Google, de conteúdo concorrencialmente relevante de sites temáticos rivais para uso em seus buscadores temáticos. Segundo a representação da E-Commerce, o Google Shopping teria indevidamente se apropriado de reviews (comentários de clientes opinando sobre qualidades ou defeitos de lojistas e produtos) reunidos pelos sites de comparação de preços Buscapé e Bondfaro. De acordo com a denúncia, uma vez que as opiniões dos usuários sobre produtos e serviços agregam informações relevantes e são um atrativo para ferramentas de buscas temáticas para compras, com essa prática o Google estaria subtraindo vantagens competitivas detidas por esses rivais e delas se beneficiando.

Com informações de Observatório da Imprensa.



O submundo da internet

16 de Outubro de 2013, 2:24, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Deep-Web-Tor

Em julho, o repórter Brian Krebs, do diário americano The Chicago Tribune, recebeu pelo correio, em casa, um envelope no qual estavam alguns saquinhos de heroína. Krebs já esperava pela entrega e o FBI, polícia federal dos EUA, fora informado. Os remetentes eram pessoas ligadas à máfia russa insatisfeitas com suas reportagens. Queriam incriminá-lo. A droga foi comprada no submundo da internet, num site chamado Silk Road. A Rota da Seda. Um canto da web profunda no qual se pode encomendar tudo, de drogas a assassinatos. Talvez o maior site desta internet paralela. O site que, na semana passada, foi encerrado por uma operação conjunta de inúmeras agências de segurança do país. É uma história incrível.

Na sexta-feira [4/10], quando se apresentou a um juiz pela primeira vez desde sua prisão na quarta-feira, Ross Ulbricht, um físico de 29 anos acusado de ser o dono da Silk Road, pediu tempo para organizar sua defesa. O advogado alega inocência. Ele é acusado de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e de encomendar dois assassinatos. Texano, que vive em San Francisco, bem barbeado e com cabelo rebelde, tem o mesmo tipo dos milhares de geeks que rumam para o norte da Califórnia em busca de sucesso no Vale do Silício. A diferença é o macacão laranja de presidiário.

Ulbricht não deixou muitos rastros na internet convencional. Os que deixou indicam um perfil ideológico. É um ultraliberal obcecado pelo trabalho do economista austríaco Ludwig von Mises e convencido de que qualquer intervenção do governo na vida do cidadão cerceia sua liberdade. A Silk Road seria, por este viés, um experimento econômico, um mercado realmente livre onde tudo pode ser comprado ou vendido, basta chegar ao preço. Fundada em 2011, foi exatamente isso por dois anos e meio. Rendeu ao fundador, nos cálculos do FBI, US$ 80 milhões.

A primeira menção

A Silk Road, assim como outros tantos sites do tipo, não podia ser alcançada através de um navegador comum, como Chrome ou Explorer. É um site da rede TOR, só disponível para quem instala uma série de programas sofisticados. A sigla significa The Onion Router, roteador cebola, nome que faz referência às inúmeras camadas de segurança. Quem navega pela internet via TOR não pode ser identificado. Curiosamente, a rede assim tão segura, que hoje gera preocupação ao governo americano, foi financiada pela Marinha do país em princípios dos anos 1990.

TOR não foi a única tecnologia que facilita o anonimato empregada pelo físico. Todas as transações eram feitas utilizando-se de Bitcoins, a moeda eletrônica difícil de rastrear. Em seu site ele se identificava com o pseudônimo Dread Pirate Roberts, uma referência a um dos personagens do romance O Noivo da Princesa, de William Goldman.

Os repórteres Nate Anderson e Cyrus Farivar, do site Ars Technica, rastrearam os passos de Ulbricht. Começou a carreira acadêmica na Universidade do Texas, de onde seguiu como assistente de pesquisa para a Universidade da Pensilvânia. Em novembro de 2011, FBI, DEA (polícia antidrogas), IRS (imposto de renda) e a Agência de Segurança Nacional se uniram para investigar seu site. O trabalho começou localizando a primeira menção à Silk Road na internet comum. Foi uma postagem num fórum assinada com pseudônimo, mas com e-mail pessoal do então estudante. Em março deste ano, Ulbricht publicou uma pergunta técnica noutro fórum, voltado para programadores. Assinou com o próprio nome, mas depois substituiu por pseudônimo. A questão tinha a ver com um problema que a Silk Road enfrentava e os agentes já estavam acompanhando seus passos.

Vasto submundo

Quando, há poucos meses, o Dread Pirate Robbins encomendou, via seu site, o assassinato de um usuário que o chantageava, quem recebeu a encomenda foi um agente disfarçado. Recebeu provas falsas de que o crime ocorrera. Quando contratou um segundo assassinato a outro grupo, a polícia decidiu agir. Não há certeza de que o crime ocorreu.

O submundo da internet é muito mais vasto do que seu maior site e dificilmente os mesmos erros serão cometidos. O fundador da Silk Road está preso, mas seus clientes não devem ser identificados.

Por Pedro Doria.

Com informações de Observatório da Imprensa.



Guerra de informação, jornalistas e perdedores

16 de Outubro de 2013, 2:07, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

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A mudança de estatuto do jornalismo e do próprio jornalista ocorre em meio às diversas dicotomias e a mais uma metamorfose do capitalismo. Longe do fim da história, o atual fluxo de instabilidade desafia qualquer profecia. Pensar o jornalismo, entretanto, tem ocorrido de forma mais localizada nos meios de comunicação; e em interfaces pontuais com a história e a política.

Peter Sloterdijk (Regras para o parque humano) associa a sociedade de massa à constituição de novas bases, distantes da perspectiva humanista. A invenção de um espaço contextual diferente da esfera literária para a atividade jornalística (os meios de comunicação) é vazada em um meio tempo entre guerras (1918 con la radio, y tras 1945 con la televisión).

Curiosamente, uma rede construída com finalidades militares foi responsável pela transformação no jornalismo. A internet e a própria informatização cunham modelos econômicos, sociais e políticos, e, apesar de não mudar a essência relacional, parecem forjar de fato um mundo novo. Os atores disputam a informação e o julgamento acerca de sua legitimidade pertence a árbitros que pouco aparecem ou respondem na arena pública.

As regras do jogo

As atuais democracias convivem com ameaças como terrorismo, contrainformação, empresas multi ou transnacionais. Democracias ou não, os Estados nacionais são confrontados com a globalização e a guerra pela informação. O vazamento de informação ou espionagem têm por agentes os WikiLeaks e os países, sem falar de empresas privadas e particulares. Quem decide acerca de sua legitimidade? Quem são os árbitros dessas questões?

Em pleno coração do liberalismo econômico, com a expansão da Ásia, cresce a doutrina da segurança nacional. Nos Estados Unidos, a edição da Lei Patriota permite ao Estado investigar qualquer pessoa e, pelo que estamos vendo, qualquer país. Mas “ora, limitar liberdades que são o instrumento por excelência da democracia para defender a democracia é um contrassenso”, dizia João Almino, diplomata (O segredo e a informação).

Almino comenta que McLuhan teria sugerido censura ou autocensura na Itália para combater o terrorismo, por não se dar a publicidade desejada para seus atos. A publicidade, neste sentido, contrasta com o segredo, a ocultação, a “mentira organizada” (Arendt). Sob uma perspectiva kantiana, todos teríamos direito à verdade e à publicidade; sob a perspectiva maquiavélica, a verdade e a publicidade são elementos que têm seu valor de estratégia.

Sigilo da fonte justifica-se?

Os jornalistas eram aqueles que buscavam e tratavam a informação de interesse público nos meios de comunicação, e costumavam organizar-se em empresas jornalísticas. A crise do capitalismo seria em si ameaça à sobrevivência das empresas, mas a Internet parece ser ainda mais determinante para o declínio dos meios de comunicação tradicionais. Também em crise, por consequente, a identidade dos jornalistas. No Brasil, em parte por decisão legal (a remoção do filtro do diploma pelo STF); de maneira mais ampla, devido à visão do jornalismo-cidadão.

A diluição do estatuto e da identidade do jornalista em vista da ampla participação na produção de informação, do entretenimento e do consumo parece impedir a resposta à questão: quem são os jornalistas? Da mesma forma que é difícil responder acerca de quem é o povo.

Nesse quesito, pode-se dizer que, se há uma guerra em curso, os jornalistas, enquanto categoria profissional, aparentemente perderam a batalha sobre a legítima produção de informação jornalística. Outra pergunta se impõe: a garantia do sigilo da fonte (prevista constitucionalmente) jornalística sobrevive? Dirige-se a quem? O sigilo da fonte como “segredo” defensável na democracia justifica-se?

Ao sabor dos fatos

Ao que parece, para os Estados Unidos, não. Sem falar nas prisões de jornalistas por protegerem suas fontes, descobriu-se que o governo americano investigava ilegalmente diversos jornalistas. O fato recente motivou a edição da lei normativa de Livre Fluxo de Informação pelo Senado, definindo quem é jornalista. Um ato legal que define artificialmente um filtro para a profissão, redefinindo o conceito de jornalismo e de jornalista.

A lei tem importância para nós. A participação das empresas e atores jornalísticos no perverter as regras políticas no jogo da democracia não auxiliou a forjar uma cartografia do jornalismo e parece não ajudar à sua sobrevivência. No mapa das rotas e direções políticas; no jogo, mais político, menos republicano; o jornalismo parece ser mais uma das instituições que são levados ao sabor dos fatos, sem força política para influenciar em seus rumos. Mas observemos.

Por Veruska Sayonara de Góis.

Com informações do Observatório da Imprensa.



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