O Movimento Música para Baixar - MPB é uma inciativa para conectar diversas áreas relacionadas como: música, arte tecnologia e comunicação colaborativa e espalhar suas propostas para o âmbito de diversos territórios, levando suas propostas para o maior numero de pessoas, extrapolando as fronteiras de um determinado gênero musical.
Pela Gente que Faz Pela Arte: Richard Serraria
2 de Dezembro de 2009, 0:00 - sem comentários aindaRichard Serraria é músico, compositor, poeta, professor universitário e agitador cultural com atuação na cena porto alegrense há mais de 15 anos, além disso é um dos principais manifestantes do Movimento Música Para Baixar, já comentado aqui. Como compositor ganhou vários prêmios por seu trabalho atrelado à Bataclã FC. Vem publicando regularmente artigos para o Jornal NH, no Caderno NH Escola, que circula no Vale do Sinos. É colunista da revista digital O dilúvio. Atualmente Richard Serraria está na ativa com seu primeiro trabalho individual, intitulado Vila Brasil, investindo numa sonoridade acústica com leves toques eletrônicos, sob direção de Marcelo Corsetti e Ângelo Primon. Junto de Ewerton Rodrigues e outros artistas, como o cantor Leoni. Richard Serraria é gente que faz Pela Arte com seu trabalho no movimento MPB. O Pela Arte… fez algumas perguntas a esse exemplo da música independente sobre o Movimento. Confira:
Quem foi o real idealizador do Movimento Música para Baixar?
Artistas insatisfeitos com a atual conjuntura excludente da indústria fonográfica que funciona na base do poder econômico bancando, dentre outras coisas, jabá na mídia.
Você acha que assim como o movimento da música para baixar outros movimentos com vídeos e livros deverão surgir?
Já estão acontecendo, o movimento software livre é referência nisso há bastante tempo e o Fórum Social Mundial dinamizou atitudes colaborativas que se afirmaram nos últimos 10 anos sobretudo.
O que você acha de artistas como Zélia Duncan que assinam o manifesto e depois voltam atrás dizendo que haviam entendido errado?
Ela deve ter sido pressionada pela gravadora visto que está lançando material novo. Ela é muito inteligente, nisso todos concordamos, para ler e não entender, como disse.
E quanto ao apoio de artistas como Leone?
Bom, os artistas já estabelecidos ajudam muito e dão ressonância às inquietações que estão sendo propostas.
Um dos objetivos do MPB é também o de debater o projeto do Senador Azeredo, como você acha que esse projeto pode prejudicar a nossa forma de utilizar a internet?
Ele quer restringir a liberdade na internet, a idéia é nefasta e repudiamos totalmente qualquer iniciativa nesse sentido visto que a internet é um espaço democrático e livre.
As pessoas que são contra o MPB devem achar que o movimento prejudica os artistas e a arte que fazem, afetando o direito autoral. O que você diz sobre isso?
Não afeta o direito autoral, não somos contra isso, apenas defendemos a liberdade de escolha para quem quiser liberar livremente canções na web. Uma das bandeiras do MPB é a geração de renda para os envolvidos na cadeia produtiva da música e o direito autoral (com uma revisão na atuação do ECAD) é parte importante para tanto.
O que você espera conseguir com o MPB, além do que está descrito no manifesto? Acham que o movimento pode conseguir legalizar o download?
Isso já é legalizado, remunerado e muitas vezes compartilhado livremente. Queremos abrir espaço para mais pessoas viverem dignamente junto à música, arte e cultura. Só isso!
Conheça os trabalhos de Serraria aqui.
Fontes de imagens e biografia:
www.iteia.org.br/tarrafa
www.myspace.com/richardserrariavilabrasil
www.bataclafc.com.br
Direitos autorais e economia da cultura
2 de Dezembro de 2009, 0:00 - sem comentários aindaQuem disse que artistas e público só se encontram em apresentações culturais? Na tarde deste sábado (21/11) cinzento, no palco da Reitoria da UFPR, ficou evidente que sociedade e produtores culturais têm muito a dialogar, assim como interesses afins para além do resultado material do trabalho. Durante o debate “Cultura Livre: Direitos Autorais e o Movimento Música Para Baixar” houve a oportunidade de discutir a lógica hegemônica da economia da cultura e novas formas de organização que permitam uma relação distinta entre consumidores e produtores. Para compor o time de debatedores foram convidados os músicos Raphael Morais (Banda Nuvens), Nani Barbosa, Ju Fiorezi e Fábio Raesh (da Banda Eu, Você e Maria) e DJ Manolo.
A conversa teve início num tom despretensioso, com uma breve apresentação do Música Para Baixar (MPB), mas o interesse despertado pelo tema arrastou para a mesa de discussões uma série de outras questões, como a arrecadação dos direitos autorais e o papel do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), a flexibilização de licenças e o Creative Commons (veja o que é aqui), a Associação Brasileira de Festivais Independentes, formação de público, software livre e rádios comunitárias.
Raphael defende a participação responsável das pessoas para que aconteça uma mudança na realidade atual. “Cada um de nós é um agente cultural e tem a possibilidade de transformar a lógica da economia da cultura. O MPB vem para propor outras formas de organização da classe, para questionar o jabá (prática comum em que artistas remuneram as rádios para veicularem sua obra), lutar contra projetos vigilantistas na Internet”, afirma.
Foi consenso entre os debatedores a necessidade de preservar o reconhecimento da autoria, mas de uma forma que a sociedade também ganhe com a difusão das obras artísticas. Para Jú Fiorezi, é importante que se garanta a sustentabilidade financeira do artista, mas que agora ela não ocorre necessariamente pelo recolhimento dos direitos autorais. “Divulgando nossa obra na internet, podemos garantir público em nossas apresentações. Os shows e a venda de CDs passam a ser fundamentais para nossa sobreviência”, aponta.
Nani complementa, destacando que mais do que a forma de divulgar a cultura, a própria produção está sendo alterada pelas novas tecnologias. “A produção cultural é resultado também de pesquisa, de entrar em contato com outras formas e linguagens. Com a Internet, isto se torna mais fácil, mais rápido. É, portanto, necessário que consigamos reavaliar o modo de produzir e seu status na sociedade”, acredita.
Fábio pontua ainda que para tranformar a cultura é central aproximar público e artista. “Ao contrário do rádio, na internet você escolhe o que quer ouvir. E, para que as pessoas cheguem até nós, é central que nos conheçam e que tenham a chance de apreciar nosso som”, afirma.
Embora a audiência não tenha sido a mesma a que estão acostumados em seus shows, houve interação e disposição para o diálogo entre os participantes e, ao final da atividade, até uma lista de e-mails circulou com o objetivo de ampliar o debate do MPB e, quem sabe, realizar um festival regional no Paraná, com apresentações de bandas locais e também discussões.
“Texto produzido por Rachel Bragatto, de Curitiba, do Pontão Kuai Tema. Fotos de Ivan Gama, de Curitiba, estudante da UniBrasil e integrante do grupo Midiabólicos. Este material faz parte da Comunicação Compartilhada do Festival de Cultura do Paraná. A iniciativa consiste no entendimento da comunicação como ação política e não apenas como canal de circulação de informações. Trata-se de um proceso de interpretação da realidade desenvolvido colaborativamente em contraposição à lógica competitiva da mídia de massas. Para saber mais, acesse: cc.nosdarede.org.br”