O Fórum da Cultura Digital Brasileira é um espaço público e aberto voltado para a formulação e a construção democrática de uma política pública de cultura digital, integrando cidadãos e insituições governamentais, estatais, da sociedade civil e do mercado.
Congreso online discute cibersociedade
13 de Novembro de 2009, 0:00 - sem comentários aindaAté o dia 29 de novembro estão abertas os debates do “IV Congreso de la Cibersociedad: Crisis analogica, futuro digital”, do Observatorio para la Cibersociedad, movimento sediado em Barcelona, na Espanha. As reflexões e análises dos trabalhos submetidos ao congresso se dão unicamente pela internet, no endereço: http://www.cibersociedad.net/congres2009/
Os conteúdos estão divididos em seis eixos: educação, economia, comunicação, política, ciência & investigação e cultura. Para participar, é preciso primeiro fazer cadastro no congresso pelo site e depois selecionar os temas de interesse, montando a sua página personalizada, o “seu congresso”.Informação importante: além da versão em espanhol, o site está traduzido para português, catelão, galego e inglês.
O impacto do audiovisual na educação, desenvolvimento tecnológico livre, distribuição de música, direito & cibercrime, gestão de resíduos tecnológicos, redes sociais e jornalismo digital são alguns dos temas abordados. O congresso virtual conta, até o momento, com 134 participantes e 43 instituições apoiadoras.
Há ainda uma programação paralela, com oficinas preparadas previamente e que estão sendo liberadas no site ao longo dessa etapa do congresso. “Apropriação criativa” e “projetos colaborativos e comunidades virtuais” são algumas dos temas dessas atividades que estão acontecendo em blogs, páginas wikis…
- Página do IV Congreso de la Cibersociedad
- Veja como participar
- Vídeo de apresentação do congresso virtual
Compartilhamento de filmes é vantajoso para cinema europeu
12 de Novembro de 2009, 0:00 - sem comentários aindaA conclusão é de um estudo do Observatório da Comunicação, de Portugal, que mostra como a indústria cinematográfica do velho continente pode se beneficiar da distribuição de arquivos em redes P2P (peer-to-peer).
De acordo com a análise “O Cinema Europeu nas Redes P2P: os utilizadores como distribuidores“, a hegemonia do cinema norte-americano nas formas de distribuição tradicionais, como salas de cinema e vendas de DVD, tem como consequência uma exposição cada vez menor de filmes europeus nesses espaços. Sendo assim, a rede se mostra como uma alternativa viável. “Novos canais de distribuição parecem emergir entre as pessoas que gostam e consomem esse tipo de cinema”, diz o documento.
Segundo os autores, Gustavo Cardoso, Rita Espanha, Pedro Jacobetty e Tiago Lima, essa já existente distribuição de cinema nas redes p2p poderá ser usada como uma estratégia para a dispersão do cinema europeu nos mercados estrangeiros, em consonância com uma distribuição também mais generalizada em salas de cinema e uma aposta mais forte em marketing.
Os possíveis problemas decorrentes da adoção dessa estratégia não são ignorados pelo trabalho: “mesmo que existam companhias e empresas interessadas em formas de regulação mais eficazes, de todas estas plataformas online, a natureza da internet acaba por criar situações onde essa regulação acaba por ter um baixo grau de eficiência”.
- Leia o estudo “O Cinema Europeu nas Redes P2P: os utilizadores como distribuidores” (.pdf para baixar)
- Debata no grupo de discussão “Cinema Digital: democratização da sétima arte”
- Grupo de discussão: economia da cultura digital
Carta de Barcelona: Implicações políticas e econômicas da cultura livre
12 de Novembro de 2009, 0:00 - sem comentários ainda
Acaba de ser lançada a “Carta pela Inovação, Criatividade e Acesso ao Conhecimento – Direitos Humanos para Cidadãos e Artistas na Era Digital” (Carta de Barcelona), documento que consolida os debates que aconteceram no ‘Free Culture Forum’ de Barcelona.
O evento reuniu entre os dias 28/10 a 01/11, uma ampla coalizão que contou com representantes de mais de 20 países, falando em nome de centenas de milhares de cidadãos, usuários, consumidores, organizações, artistas, hackers, membros do movimento de cultura livre, economistas, advogados, professores, estudantes, pesquisadores, cientistas, ativistas, trabalhadores, empresários desempregados, criadores …
A ‘Carta de Barcelona’ será apresentada na íntegra ao público interessado dentro da programação do Seminário Internacional do ‘Fórum da Cultura Digital Brasileira’. Para ilustrar o teor do documento, segue abaixo a tradução livre do trecho que trata das implicações políticas e econômicas da Cultura Livre.
[There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]
Implicações políticas e econômicas da Cultura Livre
(Trecho da ‘Carta pela Inovação, Criatividade e Acesso ao Conhecimento‘)
A Cultura Livre amplia drasticamente os espaços de participação cívica, expandindo o leque de indivíduos e grupos capazes de contribuir para os debates públicos. Trata-se, portanto, do fortalecimento da democracia em um momento de crise, justamente quando o exercício em modelos mais consistentes de democracia são urgentemente necessários. A Cultura Livre é uma condição para a liberdade de expressão, e por si só um pré-requisito essencial da democracia. Ela ajuda a reduzir a exclusão digital, permitindo assim a realização do potencial democrático das novas tecnologias.
A Cultura Livre abre espaço para novos modelos de envolvimento dos cidadãos no fornecimento de bens e serviços públicos. Estes são baseados na perspectiva dos ‘bens comuns’ — o ‘commons’. A ‘governança dos bens comuns’ se refere a regras negociadas e limites para a gestão da produção coletiva e gestão do acesso a recursos compartilhados. A governança do dos bens comuns honra a participação, a inclusão, a transparência, a igualdade de acesso, e a sustentabilidade a longo prazo. Reconhecemos o espaço comum como uma forma distinta e desejável de governar. Ele não está necessariamente ligado ao Estado ou outras instituições políticas convencionais e demonstra que a sociedade civil é hoje uma força potente.
A atual crise financeira demonstrou os limites estritos do fundamentalismo de mercado. As consequências sociais e econômicas devastadoras do colapso financeiro também demonstram que os mercados descontrolados, guiados apenas pela competição e pelo interesse individual, representam uma ameaça à civilização. A filosofia da Cultura Livre, uma herança dos movimentos pela livre circulação originados no software livre e aberto, é a prova empírica de que um novo tipo de ética e uma nova maneira de fazer negócios são possíveis. Este movimentos criaram uma nova e viável forma de produção, com base em ofícios ou profissões, onde o autor-produtor não perde o controle do processo produtivo e não necessita da mediação dos grandes monopólios. Esta forma de produção se baseia na iniciativa autônoma em solidariedade com outros, em trocas configuradas de acordo com as habilidades e oportunidades de cada pessoa, na democratização do conhecimento, da educação e dos meios de produção, e em uma distribuição justa dos ganhos de acordo com o trabalho realizado.
Declaramos nossa preocupação com o bem-estar dos artistas, pesquisadores, autores e produtores criativos. Nesta Carta, propomos uma série de possibilidades para a remuneração coletiva da criação e da inovação. O software livre e aberto, a Wikipedia, e muitos outros exemplos mostram que o modelo de cultura livre pode sustentar a inovação, e que os monopólios não são necessários para a produção do bens culturais e de conhecimento. Na produção cultural, o que é sustentável depende, em grande medida, do tipo de “produto” (os custos de um filme, por exemplo, são diferentes daqueles de uma enciclopédia colaborativa on-line). Projetos e iniciativas com base nos princípios da cultura livre utilizam uma variedade de maneiras de alcançar a sustentabilidade para além da economia voluntária. Algumas destas formas são consolidadas. Algumas estão ainda em fase experimental. A princípio generalizado é o de combinar várias fontes de financiamento. Este abordagem tem a vantagem de garantir a independência.
Modelos de economia social comunitários já estão oferecendo um número de opções cada vez mais viável para manter a produção cultural. Estes incluem:
- doações não-monetárias e escambo (ex.: gift-economy, permutas);
- financiamento direto (ex: subscrições e doações);
- capital compartilhado (ex: fundos de contrapartida, cooperativas de produtores, interfinanciamento / economia social, Banco P2P, moeda virtual, crowd financing, capital aberto, cooperativas de investimento de base comunitária, e cooperativas de consumidores);
- fundações garantindo infra-estrutura para os projetos;
- financiamento público (ex: renda básica, bolsas, prémios, subsídios, contratos públicos e comissões);
- financiamento privado (ex: investimento de risco, ações, patrocínio privado, associações empresariais de infra-estrutura e investimento);
- atividades comerciais (incluindo bens e serviços) e
- combinações entre distribuição P2P e transmissão (streaming) de baixo custo.
A combinação dessas opções é cada vez mais viável, tanto para os criadores independentes como para a indústria. Não apoiamos a maneira como as empresas comerciais têm explorado o trabalho voluntário como estratégia para obter lucros a partir do valor gerado coletiva e voluntariamente. Acreditamos também que não deveria ser permitido que conglomerados tenham oportunidade de dominar parte substancial de qualquer setor do mercado.
A era digital traz a promessa histórica de uma ampliação da justiça, e de promover um ambiente econômico gratificante para todos.
“A rede ainda não representa a população mundial.” Entrevista com David Sasaki
11 de Novembro de 2009, 0:00 - sem comentários aindaFundador e atual diretor do Rising Voices, braço da comunidade mundial Global Voices Online, David “Oso” Sasaki é blogueiro desde 2003. Nascido em Seattle, nos EUA, ele cresceu no sul da Califórnia e atualmente se define como um “nômade digital”. “Nos últimos oito anos, passei mais tempo fora do que nos EUA. Nas três semanas passadas fiquei na Ucrânia, agora estou na Romênia, semana que vem vou para Macedônia e, na sequência, para o Brasil”, disse.
Sasaki é um dos convidados do Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital Brasileira, que acontece entre 18 e 21 de novembro, na Cinemateca, em São Paulo. Por email, ele falou um pouco sobre seu trabalho e a importância de dar voz às “comunidades esquecidas”.
No que você está trabalhando no momento pelo Rising Voices?
Sasaki: Estamos encerrando um projeto com ONGs ligadas à saúde na Europa Oriental e na África Subsariana que tem por objetivo ajudá-las a utilizar novas ferramentas de mídia para permitir uma comunicação mais eficiente entre seus participantes e criar redes relacionadas às suas missões. Na Ucrânia, eu trabalhei com o Drop-In Center, uma ONG que promove a redução de danos como estratégia para diminuir a propagação do HIV/AIDS. Além disso, continuamos a promover os trabalhos dos 16 projetos ativos do Rising Voices.
E qual o maior desafio desse tipo de trabalho?
Sasaki: Para mim, muito mais difícil do que ensinar qualquer um a blogar é ensinar as outras pessoas do mundo a prestar atenção nas comunidades que historicamente são ignoradas e marginalizadas.
E como isso pode ser feito?
Sasaki: Divulgando cada vez mais. Uma forma de fazer isso é por meio cursos de alfabetização de mídia nas escolas. Ficamos muito felizes quando professores integram o nosso conteúdo em seus currículos. [A metodologia está estruturada e disponível em inglês: http://wiki.globalvoicesonline.org/article/Using_GV_as_an_educational_resource]
Até que ponto a internet democratiza o acesso à comunicação?
Sasaki: Em qualquer tipo de comunicação há emissor e receptor, publicação e consumo, fornecimento e demanda. Eu acho que a arquitetura da internet ajudou a democratizar a comunicação para quem tem acesso à publicação. No entanto, quando se trata de escutar, acho que ainda estamos muito presos no modelo tradicional de só prestar atenção a algumas personalidades e acontecimentos importantes.
É essa a base da criação do Rising Voices? Aliás, qual a diferença entre ele e o Global Voices?
Sasaki: O próximo mês de dezembro marca o 5 º aniversário da Global Voices. O projeto começou em uma pequena conferência de blogueiros de todo o mundo organizado por Rebecca MacKinnon e Ethan Zuckerman e seis meses depois criamos um site para agregar, hierarquizar e amplificar essa conversação global online. Durante os primeiros anos do projeto nos deparamos com três grandes obstáculos para uma conversa aberta e equitativa. Em primeiro lugar, a censura aplicada em alguns países estava impedindo blogueiros de expressar-se livremente, então desenvolvemos Global Voices Advocacy, para espalhar a consciência sobre a censura e os seus efeitos em todo o mundo. Em segundo lugar, percebemos que seria necessário publicar o conteúdo em outras línguas, além do inglês, se quiséssemos ser uma comunidade verdadeiramente global. Assim montamos o Lingua Project e hoje temos o conteúdo do Global Voices traduzido em mais de 15 línguas diferentes.
Finalmente, constatamos que a grande maioria dos blogueiros, video blogueiros e podcasters viviam em bairros de classe superior nas grandes metrópoles do mundo. Em outras palavras, a conversação global não era – e não é – representativa da população do mundo. E, por isso, lançamos Rising Voices, para prestar apoio aos ativistas que possuam oficinas de formação de mídia cidadã em comunidades que não estão bem representadas na rede. Já apoiamos até agora 22 projetos em mais de 20 países diferentes. Você pode acompanhar as atualizações sobre os projetos no site do Rising Voices.
Em um post no seu blog, chamado The Artisan Internet and Digital Craftsmanshi, você fala sobre o “artesanato digital”. A produção de trabalhos mais bem acabados é tendência na web?
Sasaki: Eu não tenho certeza. Aquilo foi fruto mais de esperança do que observação. Eu acho que há uma consciência crescente de que o ritmo em que os artistas digitais são “obrigados” a criar nos dias de hoje não é sustentável. Quer seja em fotografia digital, webdesign, programação ou na produção de vídeo, a maioria desses trabalhadores criativos querem diminuir o ritmo de produção e retornar a um sentimento de artesanato, em que se criam bens culturais dos quais nos orgulhamos- e que vamos continuar a se orgulhar décadas depois. Acho que estamos testemunhando também um desejo de retornar à configuração social das antigas oficinas, em que artesãos trabalhavam em espaços compartilhados fisicamente.
E como está a expectativa em relação a sua vinda ao Brasil?
Sasaki: É a terceira vez que vou ao Brasil, mas a primeira fora do Rio de Janeiro (com exceção a uma noite dormida em São Paulo). Já acompanho o culturadigital.br por RSS, graças aos tradutor do Google. Em muitas partes do mundo, o Brasil é citado como um líder na cultura digital e, por isso, estou ansioso para encontrar as pessoas que articulam o movimento por aí.
Algum outro ponto que você gostaria de abordar ou alguma coisa que quer dizer às pessoas que estão planejando ir ao seminário do Fórum?
Sasaki: Diga a elas para, por favor, me procurarem ao menos para dizer um “oi”, mesmo que não falem inglês. Graças ao fenômeno do portunhol, consigo me comunicar com brasileiros. :)
- Veja a programação do Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital Brasileira
- Navegue pelo El-Oso, o blog de David Sasaki
Seminário Internacional sobre Banda Larga
11 de Novembro de 2009, 0:00 - sem comentários aindaEstão abertas as inscrições para o seminário “Alternativas para o desenvolvimento da infraestrutura e do acesso em banda larga”, promovido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O evento acontece dia 16 de novembro, das 8h às 19h30, no Auditório do IPEA, em Brasília, e terá a presença de: Jonathan D. Aronson, da Industry Canadá, Raul Katz, da Universidade de Colúmbia, Helani Galpaya, do LIRNEasia, Juan Zavattiero, da UIT, Alison Gillwald, da Research ICT Africa, Tomoyuki Saruwatari, do governo japonês, entre outros renomados especialistas.
Segundo texto publicado no site oficial do seminário, os seus objetivos são abordar os seguintes temas: “estratégias para universalização do acesso, alternativas de tecnologias e radiofrequência para banda larga, limites e oportunidades de intervenção estatal, pequenas e médias empresas, modelos de negócios inovadores e tecnologias de baixo custo, experiências de sucesso de universalização e análise de custo benefício de políticas regulatórias”. O seminário é gratuito.