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27 de Maio de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Com o livro digital em mãos

7 de Junho de 2011, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Revista Ora! nas versões eletrônica e impressa

Já há algum tempo venho querendo compartilhar algumas impressões sobre o e-reader comprado para o Ponto de Cultura. No entanto, são tantas novidades e tarefas para cumprir desde o começo das atividades que, às vezes, falta tempo para aproveitar as novidades do kit multimídia. Optamos pela compra de um leitor de livros digitais para termos contato com essa nova tecnologia, que deve tornar-se referência nos próximos anos e pode muito bem ser aproveitada tanto por projetos culturais quanto pela educação. As possibilidades de uso desse brinquedo podem mudar radicalmente os hábitos de leitura das pessoas. Uma política pública para esse tipo de tecnologia poderia muito bem ter impacto direto nos baixos índices de leitura do povo brasileiro. E, para embasar debates como esse é que decidimos por adquirir e experimentar o Positivo Alfa.

Para quem ainda não ouviu falar da tecnologia, que é recente, cabe antes uma explicação. Os leitores de livros eletrônicos, como o da Positivo, são diferentes de tablets, como o iPad. Enquanto o tablet é uma mistura de celular gigante com computador pequeno sem teclado e voltado para navegação na internet, os e-readers são voltados para longos períodos de leitura e, portanto, tem tela em tons de cinza e sem brilho. Com isso, as vistas não se cansam diante da tela, que precisa de iluminação externa para ser vista. A diferença é garantida pela tecnologia chamada e-ink (ou tinta eletrônica), criada justamente para este tipo de aparelho. Cabe lembrar ainda que, a despeito da marca estampada no aparelho, o Alfa não é um produto nacional. Trata-se de um aparelho encomendado pela fabricante brasileira a um fornecedor chinês, que o distribui também em outros mercados, como a Europa, por exemplo, com outras marcas.

Considerações feitas, vamos ao que interessa. Antes de ler qualquer coisa no aparelho é preciso, obviamente, baixar alguma coisa para ler. O formato ideal para a leitura no Alfa é o padrão epub, adotado pelos principais fabricantes de leitores digitais. Trata-se de um formato de código aberto e parecido com o HTML usado em páginas da internet. Ao contrário do PDF, que imita uma publicação impressa com páginas fechadas, o epub permite que o texto flua livremente pela tela do leitor. Isso garante ao texto mais flexibilidade, facilitando a vida do usuário e deixando o arquivo compatível com qualquer tamanho de aparelho.

Mas o Alfa lê também arquivos pdf, txt e html. Engraçado que, mesmo sendo o epub o formato ideal, a Positivo optou por lançar o manual do aparelho, incluído no produto, em PDF. Isso mostra que o formato ainda é um mistério e carece de diagramadores que o dominem. Não por acaso há muito poucos livros em epub disponíveis na praça. Para a primeira experiência com o aparelho, tentei encontrar alguns exemplares gratuitos, imaginando que talvez encontraria alguns autores de domínio público, como Machado de Assis, acessíveis. Nada feito. Depois de muito pesquisar, os primeiros livros eletrônicos para baixar de graça em epub são da turma do software livre, sem dúvida de outros curiosos pelo formato.

A primeira publicação encontrada é a revista Cyanzine, editada por Cárlisson Galdino. A edição baixada foi a 11.4 (não sei dizer o número da edição). Trata-se de um apanhado de textos publicados na blogosfera que tratam de temas como cultura digital, software livre, gestão cultural e internet. O autor completa a publicação com algumas poesias de autoria própria e também umas tirinhas nerds bem divertidas. Quem se interessa pelo tema pode baixar por minha conta.

Outra publicação recente que encontrei foi Laboratórios do Pós-Digital, de Felipe Fonseca. Trata dos mesmos temas da Cyanzine, mas com uma profundidade bem maior. Também é um apanhado de textos menores, porém todos do autor da obra, lançados entre 2009 e 2011. Pelo que conta, Fonseca faz parte de um grupo de ciberativistas como Hernani Dimantas e Claudio Prado, que influenciou o pensamento hacker dos últimos anos e culminou com a gestão inovadora de Gilberto Gil e Juca Ferreira no Ministério da Cultura. O mais interessante é a defesa aberta que faz da cultura digital como uma influência libertadora e a defesa que faz de que inclusão digital não se consegue apenas resolvendo o problema da infraestrutura, mas garantido que as pessoas pensem colaborativamente. O autor critica projetos que se dizem inspirados pela Pedagogia do Oprimido mas que ensinam as pessoas a lidar com computadores apenas como aperfeiçoamento profissional, sem revelar toda a dimensão cultural que envolve as novas tecnologias. Ou seja, formam apenas “manobristas de mouses” e não pessoas ligadas no mundo pós-moderno.

Outra boa possibilidade de uso do Alfa é sua interação com o programa Calibre, um sistema de código aberto que permite ao usuário organizar a biblioteca de livros digitais. Mais do que isso, o Calibre converte feeds de sites de notícias em epub, permitindo que você tenha em mãos uma espécie de jornal impresso saído da gráfica no último minuto. Baixei, por exemplo, todas as notícias do portal Viomundo e mandei para o Alfa. O Calibre organizou um índice por assunto e um sub-índice com as matérias de cada um dos temas. Basta clicar no link (a tela do Alfa é sensível ao toque) e você é direcionado para a notícia em que clicou. Terminada a leitura, um outro clique o leva de volta ao índice. A novidade foi tão bacana que consegui me manter lendo numa viagem de ônibus de oito horas, o que jamais conseguiria se estivesse com um livro impresso ou uma revista comum.

Agora, o momento é de estudar para dominar a criação de epub. Até porque baixei para o Alfa as publicações do Museu da Oralidade, como a primeira edição revista Ora!, lançada em pdf. Pelo formato alternativo da publicação, a leitura no e-reader até ficou bacana, mas poderia ser melhor. Os livros como O Reinado de Bené e Memórias Iluminadas, impressos em formato A5, já não caíram tão bem na tela. A chegada dos novos aparelhos de leitura vão exigir novos profissionais de criação ou a reciclagem dos que já existem. Vai exigir mais interesse de autores e editores. Vai exigir política pública e investimento do governo, uma vez que a novidade é de grande interesse público. E vai exigir mais leitores, para que a tecnologia ganhe mercado e se afirme. Estamos diante de mais um sinal dos novos tempos.



Efeito Che Guevara com Gimp e Inkscape

24 de Maio de 2011, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Já cansado das minhas fotos nas redes sociais, estava pensando em como inventar alguma coisa diferente. Coincidiu com isso o fato de há muito tempo tentar usar algum efeito gráfico para fazer uma imagem parecida com a famosa estampa das camisas do Che Guevara. Acabei descobrindo como se faz essa brincadeira e o resultado me agradou bastante. Seria sacanagem se tal efeito fosse criado em softwares proprietários, com certeza o libertário latinoamericano não ficaria muito satisfeito :) . Então vamos mostrar como criar um efeito desses usando apenas software livre. No meu caso, foi criado num computador com Linux Mint 10 Julia, Gimp e Inkscape.

Foto original, tirada pela webcam

Eu tinha feito a foto anterior com a camisa do Galo, a qual merece todas as homenagens. Acontece que, como sou muito esperto, salvei a imagem alterada por cima da original, tendo então que refazer a foto para escrever este tutorial. Infelizmente, a camisa do Galo não será homenageada desta vez. Enfim. O que interessa é que fiz a foto com a webcam do próprio computador, o que mostra que não é necessária uma foto de grande qualidade para compor o efeito. Dicas: escolha uma parede lisa ao fundo, evite ficar muito próxima a ela para não dar sombra e certifique-se de que a fonte de luz (que pode ser natural, vinda de uma janela, por exemplo) vem de um dos lados, para dar uma sombra razoável. Não precisa ser sombra demais, uma leve penumbra já dá pro gasto, como se vê na imagem acima.

Muito bem, salva a foto, vamos para a parte mais bacana: a edição. No Linux Mint, acesse o Gerenciador de Aplicativos no menu principal. Procure pelo pacote gimp-plugin-registry e instale-o. Este pacote disponibiliza uma série de efeitos no seu Gimp, entre eles o efeito Che Guevara, que usaremos aqui. Provavelmente, deve estar disponível também nos repositórios do Ubuntu. Feito isso, abrimos o Gimp e colocamos a mão na massa.

A foto já modificada no Gimp pelo efeito Che Guevara

O mais legal disso tudo é que o efeito é conseguido com alguns poucos cliques. Abra a foto que você salvou no Gimp. Vá ao menu Filtros, no submenu Artísticos e escolha a opção Che Guevara. Pronto. Automaticamente, o Gimp executa uma série de outros filtros que transformam sua foto na imagem estilo Che. A imagem é separada em quatro camadas: o fundo, com a foto original, que nem aparece; a camada color, com uma cor apenas, que pode ser alterada à vontade; uma camada shadow, que traz a sombra da imagem, e outra lines, que traz os contornos do desenho.

Imagem com algumas correções na sombra e camiseta

Nem sempre o filtro aplicado dará à imagem o aspecto ideal. Neste caso, tive de clarear a imagem usando a ferramenta Níveis, no menu Cores. Foram algumas tentativas até conseguir clarear a imagem de forma ideal, de modo que a sombra ocupasse a metade do rosto. A divisão em camadas também facilita correções na imagem. No meu caso, por exemplo, usei a ferramenta de pincel (acessível com a tecla P) para apagar o silk da camiseta que estava usando. Também optei por deixar o fundo branco, pois optei por dar um leve acabamento fora do Gimp, conforme explicarei no próximo passo. Assim, salvei a foto em JPG.

Em seguida, passei para o Inkscape. Diferentemente do Gimp, usado para correções em fotografias, o Inkscape é usado para desenhos vetoriais, como criação de logomarcas, por exemplo. Tenho mais facilidade com esse tipo de aplicação e entendo também que ele dá mais possibilidades criativas, por isso resolvi finalizar o trabalho nele. O trabalho foi bem simples. Apenas importei o arquivo no Inkscape (menu Arquivo / Importar) e depois, com a imagem selecionada, converti o bitmap em traços (menu Caminho / Rasterizar Bitmap). Quando abrir a janela da rasterização, escolha a opção tons de cinza e altere a caixa níveis para 2. Isso dá duas vantagens para trabalhar com a imagem: primeiro, suaviza os traços, dando uma cara de ilustração; segundo, permite que você utilize a imagem em qualquer tamanho sem perder a qualidade, pois o desenho é vetorial.

Imagem finalizada

Agora é só dar o toque final. Criei um fundo amarelo e botei a imagem em vermelho para fechar o trabalho. Adereços, letreiros, estrelas e tudo o mais ficam a critério do criador. O desenho vetorizado abre outras possibilidades. É possível, por exemplo, levar a figura a uma gráfica especializada em adesivos e pedir para plotarem a figura num plástico, criando um estêncil que pode ser usado para você estampar camisetas, literalmente, com a sua cara. Evidentemente que, para isso, alguns outros ajustes seriam necessários, mas isso pode ficar para uma próxima conversa.



Começam as atividades do Ponto de Cultura

18 de Maio de 2011, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Turma da Escola Luiza Gomes que visitou o Ponto de Cultura

Finalmente começaram, nesta semana, as atividades do Ponto de Cultura da Viraminas, o Museu da Oralidade. Depois de abrir as portas para a comunidade, já pudemos perceber a carência que existe, na cidade, por projetos deste tipo. Nos três primeiros dias, recebemos na sede do projeto seis turmas de ensino médio e fundamental, todos da Escola Luiza Gomes, que fica em frente ao Ponto de Cultura. Nenhuma delas foi convidada formalmente, mas apareceram por iniciativa de professores, entusiasmado com a novidade.

A propósito, os professores se mostram como os principais interessados em projetos como este. Além dos três professores que trouxeram suas turmas para conhecerem o local, outros quatro apareceram para conferir o que é o Museu da Oralidade. Pediram informações, sugeriram atividades e perguntaram como fazem para trazer estudantes para cá.

O Museu em si tem pouco o que oferecer a visitas guiadas. Como é um espaço virtual, a sede do espaço pode oferecer mais a pesquisadores do que a visitantes ocasionais. Por isso, o público esperado não é aquele que simplesmente visite o museu, mas, sim, que o frequente. Assim, esperamos que os visitantes se interessem pelo tema da história oral, busquem estudar o assunto, pesquisem memórias na comunidade e voltem para apresentar o resultado.



O software livre no programa Cultura Viva e um kit básico de sobrevivência

20 de Abril de 2011, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Pode-se dizer que existe um consenso em relação ao programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura: os tropeços que aconteceram desde a gestação da iniciativa, nos tempos de Gilberto Gil, acumularam uma certa experiência que permitiram a todos os envolvidos (governo federal, estados e Pontos de Cultura) evoluírem e crescerem ao longo do percurso. Não, o principal programa de apoio à diversidade cultural brasileira ainda não é perfeito. Tem ainda muitas falhas de gestão, é verdade. O livro do Célio Turino é uma aula sobre o caso. Mas, pelo menos em Minas Gerais, um ponto favorável podemos destacar como resultado dos erros do passado: o processo de qualificação dos gestores envolvidos.

Geridos pela empresa Duo Informação e Cultura com tentativa de driblar problemas acontecidos em editais passados, os cursos, apesar de terem curtíssima duração, envolvem uma série de temas importantes, que vão desde as questões jurídicas e burocráticas até a gestão diária do Ponto. As primeiras aulas, ministradas logo após o início do convênio, foram de contabilidade e noções básicas do direito cultural. Na prática, foram mais um guia passo-a-passo sobre como arrancar todos os seus cabelos da cabeça. Faz parte.

Um módulo que merece destaque é o de gestão do Ponto de Cultura, ministrado pela socióloga Clarice Libânio, do Favela É Isso Aí. Clarice tem facilidade em lidar com problemas comuns do dia-a-dia de Pontos de Cultura, pois ela mesma é gestora do projeto Centro de Referência em Cultura Popular Urbana. Além disso, está acostumada a rodar pelo interior em outros cursos oferecidos pelo Estado, conhecendo a realidade das diversas regiões mineiras. No curso que presenciamos, ministrado na sede do Plug Minas em Belo Horizonte, a didática facilitou o entendimento de toda a matéria, principalmente por não ter se limitado a conceitos predefinidos, mas ter envolvido muita troca de experiência prática.

Mas este post veio mesmo para falar do terceiro módulo ao qual tivemos acesso no curso oferecido aos Pontos: o software livre. Este é um tema do qual tenho grande prazer em falar, pois faz parte de uma antiga militância minha. Me lembro que, à época da faculdade de jornalismo, sempre associei os debates sobre as críticas da Escola de Frankfurt à indústria cultural com o panorama do mundo digital, enxergando no software livre uma alternativa similar à que a comunicação comunitária exerce no mercado da comunicação de massa. Mas falar sobre isso no início da década passada parecia lançar a pregação aos ventos. Ninguém queria saber dessa baboseira de Linux.

O programa Cultura Viva foi, para mim, um alento. É legal perceber que o governo federal reconheceu a questão do software como estratégica não só para a economia como também para a cidadania cultural. Mas ainda é preciso fazer o meio-de-campo entre os empreendedores culturais e a filosofia da cultura livre, como se percebe nos diversos encontros entre os Pontos de Cultura. Para a maioria dos pontistas com quem troquei ideia em fóruns e seminários do Cultura Viva, pouco ou nada interessa o tema. Por várias e várias vezes, ouvi gente dizer que ia rodar Windows no Ponto de Cultura e “não queria nem saber”. Por tantas outras, conheci quem ministre oficina de vídeo para adolescentes em programas cujas licenças custam R$ 2 mil. Tenho dó dessa gente.

Voltemos ao curso. A oficina conduzida pelo programador Marco Túlio Gontijo, desenvolvedor da distribuição Debian Linux, merece elogios pela amplitude com que o tema foi tratado. Diferentemente do que, imagino, agradaria à Secretaria de Estado da Cultura, o curso não se fechou na esfera técnica, indo além da instalação e uso do Linux. Duante boa parte do primeiro dia de oficina, a discussão se centrou em cima da filosofia do software livre e da revolução que a cultura hacker está provocando na esfera cultural. Ponto para a Duo, que soube escolher bem o professor. Cabe ressaltar que esse tipo de discussão é mais que fundamental para quem participa do programa Cultura Viva. Mais que um mecanismo de financiamento, o programa é um processo de formação política de agentes culturais e optar pelo software livre é um posicionamento político que vai muito além do que economizar com programas de computador gratuitos.

O software livre no Museu da Oralidade

Pois bem, desde que iniciamos a pré-produção do Ponto de Cultura da Viraminas, embarcamos na experiência de testar algumas opções de programas de código aberto na prática. Até então, toda minha experiência com Linux tinha sido apenas como consumidor e não como produtor de conteúdo. Raramente, tinha criado algumas peças gráficas no Inkscape, e muito mais por diversão do que propriamente por necessidade. Agora, a coisa muda de figura. No novo laboratório de informática do Ponto de Cultura, os processos produtivos são tão ou mais importantes que os produtos finais, o que significa que embarcar no open-source tem como benefício maior a produção constante de conhecimento. E, seguindo a filosofia da liberdade, o conhecimento tem que ser compartilhado.

Um ponto que surpreendeu é que programas de produção gráfica e edição podem ser comparáveis às opções comerciais. Mesmo sendo militante do software livre, carregava uma certa ideia de que programas open-source eram clones menos poderosos que seus similares industriais. Este preconceito começou a mudar. Enquanto os softwares proprietários parecem fazer tudo sozinhos, os softwares livres precisam de uma certa adaptação. Mas os recursos que oferecem não ficam nem um pouco para trás. Para dar uma ideia de como sobreviver no mundo sem barreiras da era digital, elaborei uma pequena lista de programas úteis para quem vai trocar de vez a pirataria pela liberdade. Façam bom proveito.

Fundamentais:

Linux Mint

Para começar, vamos falar da distribuição que adotamos. Escolhemos o Mint ao invés do badalado Ubuntu. Inicialmente pelo visual mais bem acabado, item que pesa na minha balança. Também conta ponto a presença nativa de codecs de áudio e vídeo, o que facilita e muito a vida de quem vai trabalhar com edição. Para instalar os programas recomendados a seguir, o Mint tem uma grande vantagem. Basta clicar no menu do sistema e digitar, na caixa ‘Pesquisar’, o nome do programa. Aparecerá a opção “Instalar pacote fulano-de-tal-2.35″. É só clicar ali que o novo software será baixado e, em segundos, estará pronto para rodar.

Inkscape

Programa de desenho vetorial, excelente para a criação de ilustrações, logomarcas, panfletos e cartazes. Resolve quase a vida do Ponto de Cultura no que diz respeito à divulgação de material impresso.

Scribus
Quase todo Ponto de Cultura tem seu informativo impresso. O Scribus é uma poderosa ferramenta de produção de jornais e revistas, um software de código aberto do segmento conhecido como Desktop Publishing. Graças aos recursos que tem, chega a competir em pé de igualdade com alternativas pagas do mercado. Com ele, é possível criar a arte e exportar em PDF direto para a gráfica.

GIMP

Usado para tratamento de fotografias, é outro que tem recursos completos e pode salvar a vida de quem trabalha com edição de imagem. Tem muitos plugins disponíveis e também tem plenas condições de rivalizar com os programas proprietários.

Kdenlive

Impressionante como este editor de vídeos é completo. Junto com os plugins do Mint, o Kdenlive edita até os vídeos em full HD gravados na Canon 7D do Ponto de Cultura, coisa que alguns programas proprietários não deram conta. Com ele, é possível montar uma bela ilha de edição livre.

Secundários:

Docky

Facilita a vida da galera ao deixar os programas favoritos acessíveis em um único clique. Detalhe que os ícones do Mint formam um belo conjunto no Docky.

Giver

Utilitário simples e prático para troca de arquivos entre máquinas ligadas em rede. Virou rotina no dia-a-dia da Viraminas desde que foi descoberto. Ao abri-lo, você verá a lista de usuários conectados. Basta arrastar um arquivo da área de trabalho para o nome do destinatário que o arquivo chega em menos de um segundo.

DeVeDe

Cria DVDs de vídeo com menus e tudo mais para tocar em aparelhos comuns. Bom para quem quer distribuir o filme depois de editado. :)

Audacity

Edição de áudio não é minha praia, mas o Audacity é o programa mais indicado para quem edita músicas e gravações em wav ou mp3.



“Queremos ser o editor de vídeo do povão”

5 de Abril de 2011, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

Nessas últimas semanas, mergulhei num trabalho meio desafiador, meio ingrato. Decidimos gravar alguns vídeos para o Ponto de Cultura, a fim de produzir um vídeo-tutorial voltado a pesquisadores de memória oral. Botamos a novíssima Canon 7D do projeto no quintal da nova sede, apertamos e REC e disparamos a falar para a câmera. A imagem da 7D é realmente tudo aquilo que dizem as revistas especializadas e que garantiram os professores dos cursos de capacitação. Gravar com uma câmera dessas dá prazer em trabalhar.

Mas o desafio em si não era esse. Era o que vinha depois disso: a edição do material. Vinha um grande dilema na minha cabeça: recorrer às opções piratas de sempre ou encarar de uma vez por todas o desafio de usar softwares livres de edição de vídeo? Dentre uma e outra alternativa e com a constatação de que os programas piratas nos fazem sofrer com codecs e outros enjoamentos do tipo, resolvemos optar pela segunda. A grande recompensa pela escolha é o fato de finalmente ter que compreender melhor os programas open-source, podendo compartilhar o conhecimento gerado. Até porque em projetos como Pontos de Cultura, os processos muitas vezes são mais importantes do que os produtos finais.

Os programas disponíveis para edição em Linux são poucos, mas não muito menos que as opções pagas. Aqui, inclusive, cabe um parênteses. A licença de um Sony Vegas não sai por menos de R$ 1.600 e a de um Adobe Premiere, R$ 2.300. O fator preço não é o único que pesa na escolha por softwares livres — contam pontos, também, segurança, privacidade e a responsabilidade social envolvida no processo. Mas temos de convir que é um argumento poderoso, ainda mais se considerarmos que, ao crackear licenças de softwares pagos, seremos criminosos aos olhos das megacorporações de informática. Enfim, não vamos ficar aqui falando do que o software livre não é.

Voltemos ao ponto onde paramos. Três opções de editores de vídeo para Linux são as mais plausíveis: o OpenShot, o Pitivi e o Cinelerra. Baixei os três e resolvi experimentar para ver no que ia dar. Primeiro testei o Cinelerra, que costuma ser apontado como a opção mais profissional para a tarefa. Eu discordo. O programa tem uma interface bem estragada, feia mesmo, dessas de desanimar. Li alguns tutoriais, assisti a vídeos no YouTube, mas não consegui compreender seus comandos. Após algum tempo, eu e o Cinelerra até nos entendemos, mas ao custo de muita paciência. O que acontece é que os comandos do programa não são muito intuitivos, embora tenha uma disposição de botões e janelas que copia os modelos de programas pagos como o Premiere.

Em seguida, parti para as outras duas opções. De cara, ganharam pontos pelo visual, bem mais amigável. Tanto num quanto noutro, cabe destacar que não houve dificuldade em importar os arquivos (gerados em formato MOV com resolução HD de 720p) e começar a picotar os clipes de vídeo. A disposição de janelas e botões lembra programas mais simples, como o Windows Movie Maker. Em ambos os casos, pode-se dizer que faltam uma certa dose de recursos, bem como botões e atalhos de teclados. Mas dá para dizer que estão no caminho certo. Para usuários sem frescuras, são boas opções.

O mais engraçado sobre o Pitivi e o OpenShot é que um tem aquilo que falta no outro. Por exemplo, o Pitivi oferece mais agilidade para recortar os vídeos, e é possível selecionar um agrupamento de clipes e arrastá-los pela linha do tempo, alterando a opacidade do vídeo ou o volume do áudio, comandos básicos que faltam no OpenShot. Mas este, por sua vez, tem disponíveis transições e efeitos de vídeo muito interessantes de se usar, além de poder importar arquivos SGV criados no Inkscape com transparência, dando excelente opção para criar artes ou legendas. A verdade é que, se um dia houver uma fusão entre os dois projetos, talvez teremos um editor de vídeo livre extremamente poderoso. No final das contas, é assim que vou trabalhando, por enquanto: cortando e ajustando o vídeo no Pitivi, e acrescentando transições, efeitos e legendas no OpenShot. Foi a opção que restou. O resultado da brincadeira, vocês irão conferir daqui a alguns dias.

No final das contas, dá para dizer que o Linux é um sistema amigável para edição de vídeo e para tarefas multimídia? As opções de código aberto dão conta do recado. Não vou responder isso. Deixo por conta do programador americado Jonathan Thomas, criador e mantenedor do OpenShot, que concedeu por e-mail esta entrevista ao Uaipod.

Como você descreveria o momento atual dos aplicativos livres de multimídia e edição de áudio e vídeo? Programas de multimídia open-source percorreram uma caminhada grande em muito pouco tempo. Projetos como FFmpeg e GStreamer amadurecederam bem, e oferecem APIs muito poderosas para programadores como eu. Projetos como o Blender também amadureceram e estão fazendo incursões nos meios de edição de vídeo profissional e animação 3d, assim como na publicidade e no cinema.

Quais novidades o OpenShot pode trazer para as opções de edição de vídeo open-source? O projeto OpenShot é mais centrado na usabilidade e facilidade de uso do que outros editores de vídeo. Nós trazemos muitos dos recursos que outros editores de vídeo tem, mas nós fazemos de um jeito que fique mais amigável para o usuário médio. Um grande exemplo é nosso uso do Blender, que facilmente gera animações 3D dentro de um projeto de vídeo, sem necessidade de o usuário conhecer os comandos do Blender.

Em linhas gerais, qual o objetivo do projeto OpenShot? Que tipo de usuários o projeto quer servir? O objetivo do OpenShot é ser o mais simples e mais poderoso editor de vídeo open-source disponível. Nós queremos ser o editor de vídeo “do povão”, se podemos dizer assim. No entanto, nós ainda queremos oferecer muitas opções de efeitos e recursos de edição não-linear, mas com foco na facilidade de uso.

Em quais pontos o Linux precisa melhorar para oferecer melhores editores de vídeo? O Linux é um bom sistema operacional para aplicativos multimídia? O maior problema com programas de edição de vídeo é o melhor tratamento de processadores com vários núcleos (multi-cores), além de tentar manter estáveis as APIs para não travarem com a introdução de novos codecs. O áudio também continua sendo uma área em que o Linux precisa avançar, oferecendo APIs mais estáveis para transformações e edições.

Como o projeto OpenShot se mantém? Quantas pessoas, incluindo voluntários, trabalham no projeto? OpenShot tem apenas uma pessoa comprometida com o código-fonte, que sou eu. Todos os colaboradores trabalham comigo, e enviam correções e anexos que eu junto ao código em seguida. No tota, nós temos cerca de 16 colaboradores diferentes, mas apenas cinco colaboram com frequencia. Muitas pessoas na comunidade ajudam com apontamento de bugs (erros de funcionamento), traduções, respondendo dúvidas de usuários e discutindo tópicos no nosso fórum. Há provavelmente mais de 50 membros ativos da comunidade que nos ajudam todo o tempo com alguma capacidade.

Você toca outros projetos, tem planos para algum outro programa além do OpenShot? Sim, eu tenho outro aplicativo que estou preparando para este ano (2011), mas ainda não me sinto preparado para revelá-lo. Mas eu vou te dar uma dica: está relacionado a edição de vídeo.

Na sua opinião, que tipo de aplicativos multimídia o Linux merece? Quais programas os usuários precisam para enxergar o Linux como um grande sistema operacional multimídia? Bem, eu acredito que a edição de vídeo no Linux ainda tem um longo caminho a percorrer até se tornar melhor que os aplicativos comerciais. Então, este é um caminho que o Linux precisa continuar desenvolvendo. De maneira geral, o trabalho multimídia no Linux é um campo desafiador e animador, e eu penso que já existem muitos aplicativos bacanas.



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