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O software livre no programa Cultura Viva e um kit básico de sobrevivência

20 de Abril de 2011, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Pode-se dizer que existe um consenso em relação ao programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura: os tropeços que aconteceram desde a gestação da iniciativa, nos tempos de Gilberto Gil, acumularam uma certa experiência que permitiram a todos os envolvidos (governo federal, estados e Pontos de Cultura) evoluírem e crescerem ao longo do percurso. Não, o principal programa de apoio à diversidade cultural brasileira ainda não é perfeito. Tem ainda muitas falhas de gestão, é verdade. O livro do Célio Turino é uma aula sobre o caso. Mas, pelo menos em Minas Gerais, um ponto favorável podemos destacar como resultado dos erros do passado: o processo de qualificação dos gestores envolvidos.

Geridos pela empresa Duo Informação e Cultura com tentativa de driblar problemas acontecidos em editais passados, os cursos, apesar de terem curtíssima duração, envolvem uma série de temas importantes, que vão desde as questões jurídicas e burocráticas até a gestão diária do Ponto. As primeiras aulas, ministradas logo após o início do convênio, foram de contabilidade e noções básicas do direito cultural. Na prática, foram mais um guia passo-a-passo sobre como arrancar todos os seus cabelos da cabeça. Faz parte.

Um módulo que merece destaque é o de gestão do Ponto de Cultura, ministrado pela socióloga Clarice Libânio, do Favela É Isso Aí. Clarice tem facilidade em lidar com problemas comuns do dia-a-dia de Pontos de Cultura, pois ela mesma é gestora do projeto Centro de Referência em Cultura Popular Urbana. Além disso, está acostumada a rodar pelo interior em outros cursos oferecidos pelo Estado, conhecendo a realidade das diversas regiões mineiras. No curso que presenciamos, ministrado na sede do Plug Minas em Belo Horizonte, a didática facilitou o entendimento de toda a matéria, principalmente por não ter se limitado a conceitos predefinidos, mas ter envolvido muita troca de experiência prática.

Mas este post veio mesmo para falar do terceiro módulo ao qual tivemos acesso no curso oferecido aos Pontos: o software livre. Este é um tema do qual tenho grande prazer em falar, pois faz parte de uma antiga militância minha. Me lembro que, à época da faculdade de jornalismo, sempre associei os debates sobre as críticas da Escola de Frankfurt à indústria cultural com o panorama do mundo digital, enxergando no software livre uma alternativa similar à que a comunicação comunitária exerce no mercado da comunicação de massa. Mas falar sobre isso no início da década passada parecia lançar a pregação aos ventos. Ninguém queria saber dessa baboseira de Linux.

O programa Cultura Viva foi, para mim, um alento. É legal perceber que o governo federal reconheceu a questão do software como estratégica não só para a economia como também para a cidadania cultural. Mas ainda é preciso fazer o meio-de-campo entre os empreendedores culturais e a filosofia da cultura livre, como se percebe nos diversos encontros entre os Pontos de Cultura. Para a maioria dos pontistas com quem troquei ideia em fóruns e seminários do Cultura Viva, pouco ou nada interessa o tema. Por várias e várias vezes, ouvi gente dizer que ia rodar Windows no Ponto de Cultura e “não queria nem saber”. Por tantas outras, conheci quem ministre oficina de vídeo para adolescentes em programas cujas licenças custam R$ 2 mil. Tenho dó dessa gente.

Voltemos ao curso. A oficina conduzida pelo programador Marco Túlio Gontijo, desenvolvedor da distribuição Debian Linux, merece elogios pela amplitude com que o tema foi tratado. Diferentemente do que, imagino, agradaria à Secretaria de Estado da Cultura, o curso não se fechou na esfera técnica, indo além da instalação e uso do Linux. Duante boa parte do primeiro dia de oficina, a discussão se centrou em cima da filosofia do software livre e da revolução que a cultura hacker está provocando na esfera cultural. Ponto para a Duo, que soube escolher bem o professor. Cabe ressaltar que esse tipo de discussão é mais que fundamental para quem participa do programa Cultura Viva. Mais que um mecanismo de financiamento, o programa é um processo de formação política de agentes culturais e optar pelo software livre é um posicionamento político que vai muito além do que economizar com programas de computador gratuitos.

O software livre no Museu da Oralidade

Pois bem, desde que iniciamos a pré-produção do Ponto de Cultura da Viraminas, embarcamos na experiência de testar algumas opções de programas de código aberto na prática. Até então, toda minha experiência com Linux tinha sido apenas como consumidor e não como produtor de conteúdo. Raramente, tinha criado algumas peças gráficas no Inkscape, e muito mais por diversão do que propriamente por necessidade. Agora, a coisa muda de figura. No novo laboratório de informática do Ponto de Cultura, os processos produtivos são tão ou mais importantes que os produtos finais, o que significa que embarcar no open-source tem como benefício maior a produção constante de conhecimento. E, seguindo a filosofia da liberdade, o conhecimento tem que ser compartilhado.

Um ponto que surpreendeu é que programas de produção gráfica e edição podem ser comparáveis às opções comerciais. Mesmo sendo militante do software livre, carregava uma certa ideia de que programas open-source eram clones menos poderosos que seus similares industriais. Este preconceito começou a mudar. Enquanto os softwares proprietários parecem fazer tudo sozinhos, os softwares livres precisam de uma certa adaptação. Mas os recursos que oferecem não ficam nem um pouco para trás. Para dar uma ideia de como sobreviver no mundo sem barreiras da era digital, elaborei uma pequena lista de programas úteis para quem vai trocar de vez a pirataria pela liberdade. Façam bom proveito.

Fundamentais:

Linux Mint

Para começar, vamos falar da distribuição que adotamos. Escolhemos o Mint ao invés do badalado Ubuntu. Inicialmente pelo visual mais bem acabado, item que pesa na minha balança. Também conta ponto a presença nativa de codecs de áudio e vídeo, o que facilita e muito a vida de quem vai trabalhar com edição. Para instalar os programas recomendados a seguir, o Mint tem uma grande vantagem. Basta clicar no menu do sistema e digitar, na caixa ‘Pesquisar’, o nome do programa. Aparecerá a opção “Instalar pacote fulano-de-tal-2.35″. É só clicar ali que o novo software será baixado e, em segundos, estará pronto para rodar.

Inkscape

Programa de desenho vetorial, excelente para a criação de ilustrações, logomarcas, panfletos e cartazes. Resolve quase a vida do Ponto de Cultura no que diz respeito à divulgação de material impresso.

Scribus
Quase todo Ponto de Cultura tem seu informativo impresso. O Scribus é uma poderosa ferramenta de produção de jornais e revistas, um software de código aberto do segmento conhecido como Desktop Publishing. Graças aos recursos que tem, chega a competir em pé de igualdade com alternativas pagas do mercado. Com ele, é possível criar a arte e exportar em PDF direto para a gráfica.

GIMP

Usado para tratamento de fotografias, é outro que tem recursos completos e pode salvar a vida de quem trabalha com edição de imagem. Tem muitos plugins disponíveis e também tem plenas condições de rivalizar com os programas proprietários.

Kdenlive

Impressionante como este editor de vídeos é completo. Junto com os plugins do Mint, o Kdenlive edita até os vídeos em full HD gravados na Canon 7D do Ponto de Cultura, coisa que alguns programas proprietários não deram conta. Com ele, é possível montar uma bela ilha de edição livre.

Secundários:

Docky

Facilita a vida da galera ao deixar os programas favoritos acessíveis em um único clique. Detalhe que os ícones do Mint formam um belo conjunto no Docky.

Giver

Utilitário simples e prático para troca de arquivos entre máquinas ligadas em rede. Virou rotina no dia-a-dia da Viraminas desde que foi descoberto. Ao abri-lo, você verá a lista de usuários conectados. Basta arrastar um arquivo da área de trabalho para o nome do destinatário que o arquivo chega em menos de um segundo.

DeVeDe

Cria DVDs de vídeo com menus e tudo mais para tocar em aparelhos comuns. Bom para quem quer distribuir o filme depois de editado. :)

Audacity

Edição de áudio não é minha praia, mas o Audacity é o programa mais indicado para quem edita músicas e gravações em wav ou mp3.


Fonte: http://viraminas.org.br/uaipod/2011/04/20/o-software-livre-no-programa-cultura-viva-e-um-kit-basico-de-sobrevivencia/

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