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“Restringir o acesso à música é um erro estratégico”. Entrevista com Daniel Granados

16 de Novembro de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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dani2Integrante do primeira banda a fazer um disco exclusivamente para a web na Espanha, em 2006, Daniel Granados é fundador da Producciones Doradas, produtora sediada em Barcelona que procura experimentar e disseminar as relações entre música, arte e novas tecnologias. Inspirado no conceito de cultura livre, o músico acredita que estamos no momento certo para democratizar e pensar em formatos mais justos e racionais de distribuição e de produção cultural.

Granados vem pela primeira vez ao Brasil a convite do Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital, que acontece entre 18 e 21 de novembro, em São Paulo. No evento, ele debaterá a relação entre música e novas tecnologias na mesa de discussão sobre “economia da cultura digital”, às 14h do dia 20/11, e fará um show com sua banda “Tarántula”, na noite do mesmo dia. Pouco antes de embarcar, ele respondeu algumas perguntas por email contando um pouco do trabalho que vem desempenhando por lá.

Producciones Doradas é uma produtora que trabalha com música pensando em novos formatos de distribuição. Como vocês têm feito esse trabalho?
Daniel: Producciones Doradas é uma plataforma de produção e difusão de música popular contemporânea que aposta no livre acesso a todos os conteúdos que produz. Além de edição de discos de música pop, a produtora faz trabalhos que buscam interações com outras esferas culturais e do pensamento crítico atual. Para isso, apostamos em plataformas digitais como espaço de ação e divulgação, tendo como base o novo contexto sócio-tecnológico e os novos usos da música.

No que diz respeito à edição de disco, um de nossos principais projetos é a “DOROPAEDIA” (“la enciclopedia dorada” ou a enciclopédia dourada), uma publicação quadrimestral de mini-CDs colecionáveis em formato “digipack” com canções, textos, conteúdo multimídia e de artes plásticas que coleta opiniões diversas opiniões em torno de um tema. Os participantes, que são convidados em função da relação estabelecida com o assunto da vez, são quem decidem os conteúdos de cada estojo.

Cada “Doropaedia” vem acompanhada de uma série de atividades: shows, conferências, debates sobre a temática proposta. Esses produtos culturais acabam por mostrar as múltiplas visões presentes no material.

Quais são os princípios fundamentais da Producciones Douradas?

Daniel: A produtora parte da transformação do setor da música, resultante da evolução das novas tecnologias, assumindo o processo como uma oportunidade para democratizar e gerar novas dinâmicas de trabalho. O objetivo é aumentar os vínculos entre a produção musical e os diferentes contextos sociais e culturais. Entendemos a música como uma das principais esferas de criação cultural,  como um dos mais importantes direitos a cidadania. Por isso, apostamos em potencializar o acesso a seus conteúdos de forma livre com o apoio das ferramentas tecnológicas.

Como a relação com a tecnologia, a internet, influencia a banda?

Daniel: A internet e as novas tecnologias possibilitam uma relação entre músicos e público sem intermediários. Os canais de acesso à música na internet são derivados dos novos usos e mudaram o comportamento de algumas bandas, que estão se posicionando nesse novo contexto a favor do acesso livre a suas criações. Isso, acredito, é a mudança substancial mais importante.
Há também o processo de digitalização que possibilitou a democratização do setor em relação à capacidade de criar e registrar música, rompendo com algumas das funções tradicionais da produção musical.

Sua banda, a Tarántula, lançou o primeiro álbum exclusivamente para a web da Espanha, em 2006. Como foi o processo?

Daniel: Producciones Doradas surge como um projeto de auto-edição do grupo Tarántula. Desde o começo do disco, queríamos provar que é possível trabalhar buscando novas vias de produção e distribuição de música fora dos padrões clássicos do mainstream e da indústria musical. Com o LP “Esperando Ramon” (Producciones Doradas, 2006) enfrentamos diretamente essa estrutura conservadora que sustenta a indústria musical hoje em dia, colocando o disco na internet para download livre e gratuito. Isso nos levou obrigatoriamente a romper com a SGAE (entidade de gestão dos direitos autorais, com função similar à da ECAD, no Brasil).

E graças a essa atitude e ao acesso livre ao disco a banda teve uma repercussão notável, o que permitiu a atuação em festivais importantes na Espanha como o “Festival del Primaver Sound” e o “Sonar”.

Por que é tão importante hoje em dia valorizar a cultura livre e a distribuição de música pela rede?

Daniel: Por dois motivos: primeiro porque diante dos processos de transformação de uma área tão importante como o da música é preciso se posicionar politicamente e abarcar os novos potenciais criativos e sociais que essas mudanças possibilitam, entendendo a cultura como um setor que não deve estar sujeito às pautas e leis de mercado.

Além disso, consideramos um erro estratégico restringir o acesso à musica. Nós apostamos em reforçar os vínculos entre criadores e seu público de uma forma bastante racional, que também pode ser economicamente rentável, por meio das novas dinâmicas da indústria, em que o principal fonte de renda dos artistas são as atuações ao vivo e não a venda de discos.

E já que a venda de CDs não é mais rentável. Como fica a relação dos produtores de música com o mercado?

Daniel: A indústria da música mudou radicalmente. Hoje em dia não podemos pensar na sua venda e no seu consumo como era há um ano. O músico deve adaptar-se a esse novo contexto apostando em shows como sua principal base econômica. Considero que é o artista quem sai fortalecido dessa mudança, não a indústria fonográfica tradicional, que está assistindo a fuga de uma das suas principais fontes de renda. Um fato muito interessante, pois estamos falando de um setor que abusou do seu poder tanto sobre os consumidores quanto sobre os artistas. E ambos hoje em dia se dão conta que podem estabelecer uma relação sem intermediários e ter, assim, uma comunicação mais justa e racional.

E como estão as expectativas em relação à vinda ao Brasil?

Daniel: Está é a primeira vez que vamos à América Latina e estamos muito empolgados. Ainda mais por ser no contexto do Fórum da Cultura Digital Brasileira, um marco no debate fora da Espanha, em que esperamos conhecer outras ideias e pessoas que, como nós, apostam nas novas formas de difusão do conteúdo cultural.

Musicalmente, como você define a Tarántula? O que o público que comparecer ao show no Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital vai assistir?

Daniel: Tarántula é um grupo de música pop com bases eletrônicas mescladas a padrões clássicos, mais perto do rock’n'roll. Não consigo definí-la muito bem, é melhor ver para opinar…

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Fonte: http://culturadigital.br/blog/2009/11/16/restringir-o-acesso-a-musica-e-um-erro-estrategico-entrevista-com-daniel-granados/

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