A Folha de S. Paulo de domingo divulgou a pesquisa Legislativa Brasileira (2009) que foi analisada no livro “O Congresso por Ele Mesmo” (UFMG, 2011, organizado por Timothy Power e Cesar Zucco Jr).
A pesquisa realizada com 139 congressistas em 2009 mostra que nos últimos 20 anos a esquerda brasileira acabou aceitando muitas das políticas econômicas propostas pela direita.
Em 1990 72% dos congressistas que se diziam de esquerda defndiam maior presença do Estado na economia.
Em 1997, segundo a obra, com a voga neoliberal, o índice caiu para 47% e se mantém estável até hoje.
Para Cesar Zucco, professor da Universidade Rutgers (EUA), os dados indicam que muitos congressistas se dizem de esquerda sem de fato defenderem posições tradicionalmente de esquerda: ”A esquerda veio para o centro, mas a direita continuou mais ou menos igual. O resultado é que, apesar de haver mais cadeiras ocupadas pela esquerda, o Congresso se percebe mais de centro e vê menos diferenças entre os polos ideológicos“.
Para David Samuels, professor da Universidade de Minesota (EUA), o PT é o maior responsável por esse movimento: ”Afora o PT, nunca houve posições muito distintas entre os partidos. Quando o PT chega ao governo, razões pragmáticas levam a legenda para o centro. Com isso, a convergência no Congresso é acentuada”.
Segundo a classificação que os congressistas fazem dos partidos, praticamente todas as legendas de esquerda são vistas hoje mais à direita que em 1990, e as de direita, mais à esquerda, conforme quadro acima.
O quadro abaixo mostra que cada vez mais congressistas que se dizem de esquerda preferem o sistema econômico de mercado, menos predomínio estatal ou puramente estatal.
Ou seja, políticos de partidos como o PSDB e PPS apenas se dizem de esquerda, mas na verdade são de centro-direita ao apoiarem a economia de mercado. Políticos de vários estado do PSB também defendem a economia de mercado, como o prefeito Luciano Ducci de Curitiba. E até alguns políticos do PT são de centro-direita ao apoiarem o fim do Estado Social e Democrático de Direito e apoiarem mais mercado, mais neoliberalismo e menos Estado.
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