Leonel de Moura Brizola, que nasceu no dia 22 de janeiro de 1922, foi um dos grandes políticos do nosso país, sendo considerado o herdeiro político dos presidentes Getúlio Vargas e de João Goulart (Jango).
Nasceu no povoado de Cruzinha, que pertencia a Passo Fundo e em 1931 passou à jurisdição de Carazinho (RS). Filho de camponeses pobres, foi batizado como Itagiba de Moura Brizola, e cedo adotou o nome de um líder maragato da revolução de 1923, Leonel Rocha. Se formou em engenharia civil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1949. Casou-se com Neuza Goulart (irmã de Jango), tendo como um dos padrinhos Getúlio Vargas.
Pelo PTB foi eleito deputado estadual pelo RS, prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul, deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara, sempre lutando pela reforma agrária e a distribuição de renda no Brasil.
Brizola era governador do RS quando da renúncia de Jânio Quadros (1961) e comandou a resistência civil às pretensões golpistas dos militares e conservadores oligárquicos que queriam impedir a posse do vice João Goulart, o que foi chamada “Campanha da Legalidade”.
Com o golpe militar e a deposição do presidente João Goulart em 1964, Brizola se exilou no Uruguai, só voltando para o Brasil em 1979, com a Lei da Anistia.
Brizola quis assumir a antiga legenda PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), mas perdeu a disputa do registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral – TSE para a direitista Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio. Fundou, assim, o PDT – Partido Democrático Trabalhista.
Se elegeu governador do Rio de Janeiro em 1983 (único político eleito pelo povo para governar dois estados diferentes em toda a história do Brasil).
O projeto principal e mais polêmico de suas duas gestões no governo fluminense foram os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), escolas idealizadas, na sua concepção pedagógica, por Darcy Ribeiro, e prédios com desenho arquitetônico de Oscar Niemeyer, construídos, na sua maioria, em favelas e regiões da periferia. Os chamados Brizolões foram sucateados por seus sucessores oposicionistas.
Em 1984, apoiou a campanha das Diretas-Já.
Em 1989 participou da primeira eleição direta à Presidência da República no Brasil desde o golpe militar de 1964, ficando em terceiro lugar (foi o meu candidato no primeiro turno). Não teve apoio do seu companheiro de partido, o então prefeito de Curitiba Jaime Lerner. Curitiba votou em massa para Collor e Afif Domingos. Se Lerner tivesse apoiado Brizola provavelmente os 500 mil votos faltantes viriam de Curitiba, o que teria mudado o destino das eleições. Posteriormente, comentando a saída de Jaime Lerner do PDT para o PFL (ex-ARENA, ex-PDS), Brizola teria dito: “Jaime Lerner tinha prisão de ventre política”. Veja o Brizola e os demais candidatos no 1º Debate da Rede Baneirantes no post: Vídeo histórico: 1º Debate entre os Presidenciáveis em 1989, com Lula, Brizola, Covas, Maluf, etc (Collor e Ulysses fugiram).
No segundo turno apoiou o Lula, que infelizmente foi derrotado por Fernando Collor de Mello. Em 90 conquistou novamente o governo do Rio de Janeiro e estabeleceu relações cordiais com o presidente Collor, e demorou para apoiar o impeachment, o que ocasionou a ele um grande desgaste político. Ainda foi candidato a presidência em 94 e a vice de Lula em 98, também perdendo nas duas ocasiões, época que foi o auge do neoliberalismo no Brasil. Perderia ainda a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2000 e o Senado em 2002.
Nacionalista e de esquerda, exerceu também a presidência de honra da Internacional Socialista.
Em dezembro de 2003 rompeu com o governo Lula e morreu aos 82 anos no dia 21 de junho de 2004 no Rio de Janeiro.
Brizola é avô do nosso colega blogueiro progressista e deputado federal pelo PDT, Brizola Neto, que escreveu uma bonita homenagem ao avô em seu Tijolaço.
Direito de resposta de Brizola contra a Globo, no Jornal Nacional:
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