"Quer debater unidade: Vem conosco" Por Hamilton Borges
26 de Janeiro de 2016, 19:26 - sem comentários aindaDiante de um tumultuado ano de violações sistemáticas aos direitos humanos; diante da reiterada posição do Governo do Estado da Bahia (Rui Costa), contrariando a nossa humanidade, revelando seu ódio através de seus projetos e programas de segurança pública que compõem a “necropolítica” que nos caça, nos elimina e que silencia algumas lideranças negras; diante dessas lideranças que deveriam se manifestar, deveriam romper com o projeto genocida e estabelecer outra tática politica, já que a ocupação dos partidos e dos governos e dessas supostas instituições de direitos fracassou. Diante de tudo isso: nós nos mantemos firmes. Obrigamo-nos a chamar para a unidade aqueles e aquelas que escaparam dessa zona de controle racial, que acabou por fritar a alma e a dignidade de parte expressiva desse movimento negro nacional tutelado.
Alguns setores viciados e outros tantos subalternos à agenda pontual, exógena aos nossos interesses enquanto povo explorado pelo racismo e neocolonialismo brasileiro, querem cobrar de nós unidade. Uma unidade para salvar ou apoiar um projeto politico em que o povo de um modo geral e as lideranças partidárias só ficaram nas bordas, nas periferias, em um “lugar” secundário nesse projeto institucional fracassado que eles batizaram de Promoção da Igualdade. Esses mesmos deram o tiro de misericórdia contra seu projeto de igualdade quando compararam Zumbi dos Palmares com seu presidente “operário”, justamente no 20 de Novembro de 2015, ao serem comemorados os 20 anos da vitoriosa Marcha Sobre Brasília, marcha que reafirmou a imortalidade e a postura de ruptura de nosso herói de Palmares. Tangenciam sob vaias a agenda fundamental por nossas vidas, diante das agressões racistas de todos os governos contra a nossa humanidade, mas saem como leões de chácara do Lulo-Petismo-Dilmismo.
Não jogamos ninguém para a direita conservadora, não temos nem tempo. Nem fazemos nenhum discurso pró-direita, isso é o próprio partido do governo que o faz e com muita competência ao se alinhar aos banqueiros sustentados pela exploração da vida há séculos; ao agronegócio que expulsa quilombolas e mata famílias negras com alimentos envenenados por seus agrotóxicos; à indústria internacional carcerária que lucra com nossos corpos engaiolados e com as argolas eletrônicas que nos adornam os pés, como grilhões em uma época nem tão remota; e o mercado da violência e da guerra, que faz das nossas feridas, das nossas mutilações, das nossas sequelas e dos nossos sofrimentos o tilintar das moedas em sua máquina registradora. Em cima de quantos corpos negros desovados esse governo se mantém? Recusamo-nos a apoiar esse poder que nos mata seja em que coloração partidária se apresentar. Nossa tarefa é comunitária “reconstruir nosso orgulho que foi feito em pedaços”( M. Brown).
Reafirmo: lamentavelmente o governo federal atual deixou poucas possibilidades para qualquer negro ou negra que se respeite venha a defende-lo nas ruas, na medida que uma série de alianças com a extrema direita, esses setores conservadores das elites e classe média branca que seguiu por treze anos com trânsito livre pelo palácio de planalto, drenando recursos do povo com seus lobbys, fortalecendo e duplicando as riquezas dos bancos, das empreiteiras que lucram com construção de cadeias e o agronegócio com sua madame motosserra, envenenando alimentos, matando camponeses, criminalizando os povos originários (indígenas), os povos Quilombolas, instituindo políticas de lei e ordem para justificar mandatos coletivos em nossas comunidades, ocupando uma favela com o Exército Brasileiro, confirmando nossa tese de que o governo nos trata como inimigos internos.
Não vamos fazer coro a nenhum impeachment porque essa horda de verde amarelo são inimigos, é a branquitude em estado bruto se preparando para acirrar nosso linchamento. Nem na direita, nem no centro e muito menos na esquerda, o povo negro teve lugar na mesa do banquete. Temos nossa própria pauta a defender, nenhum governo vai nos pautar como querem os servidores, funcionários, cabo eleitorais e capachos do governo.
O fato é que esqueceram as atrocidades, as barragens construídas em terras indígenas, as intimidações, as ameaças e as mortes aos milhares, celebradas a cada conferência de promoção da igualdade que não deu em nada, cada coquetel de lançamento de alguma miragem do juventude viva que só liberou algum salário e viagem para uma juventude negra viciada em editais que esqueceu como se movimentar por conta própria. Cada capitulo do fim da Seppir que se consumiu como projeto para negros e se tornou esse negócio de cidadania, reivindicado polidamente com listas de adesão pela internet, até que sucumbiram miando como gatinhos amestrados. E a escandalosa, pasmem, celebração de nossa desgraça com produções de memória com o dinheiro do Pacto Pela Vida aqui na Bahia. O mesmo “Pacto” que paga as armas, a gasolina, a bala, a ocupação de nossos territórios, todo mundo aplaudindo a contradição de ser financiado pelo maior inimigo dos negros na Bahia. Com quantas memórias de negros e negras assassinadas se faz um pacto pela vida?
Recusamos sua unidade sem cheiro ou suor. Queremos unidade com os da rua, os que queimam pneu, ônibus, que trancam as ruas, as vias, com os anarquistas, os quilombistas, os povos indígenas, Punks, Rappers, mendigos, o menino e a menina da quebrada dançando num paredão de som, a bicha esculachada pela hipocrisia das igrejas. Queremos aliança com os terreiros que não alcançam os projetos, com os evangélicos que distribuem sopa e aliviam a dor da alma, com a puta, a cafetina, essa turma que não serve ao projeto Black is Beautiful dessa fauna de consciência ingênua, militante de rashteg (#), que pensa que títulos, cargos, diplomas e desfiles de moda são escudo.
Dispensamos essa unidade feita às pressas para fazer volume em manifestações que não nos dizem respeito. Recusamos essa unidade que sempre aparece em vésperas de ano eleitoral, unidade para boca de urna, unidade para rolezinho no salão da presidenta, unidade para nada, fajuta, de gente que vive destilando ódio contra nós porque não aceitamos os brindes do palácio do planalto ou de ondina.
A Unidade que queremos já está articulada pela nacional e internacional Pan-africanista desde Espanha, México, Estados Unidos, Peru, Colômbia, Equador, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo. Nossa unidade se articula pelos becos de Nordeste de Amaralina, Fazenda Coutos, Engomadeira e Vila Moisés. Pelas Quebradas de Itinga e Periperi, pelas ruas, pelas celas, pelos campinhos de terra.
E é esse o chamado que queria fazer a nós: nos encontremos, articulemo-nos, fortaleçamo-nos para nosso projeto próprio. E para que isso ocorra: voltem pra sua comunidade e operem a mudança, sejam a mudança.
Sem voto, sem volta, sem vacilação..
O direito à cidade e o direito ao trabalho
21 de Agosto de 2015, 17:02 - sem comentários aindaFonte: O Trampo
Autor: Luiz Denis Soares
Vejo nos jornais a notícia da cobrança pelo serviço de orientação a atividades físicas em Salvador. E vejo os meus companheiros de oposição à gestão do prefeito ACM Neto caracterizando a medida como absurda. Não penso desta forma e acho que a questão é mais complexa. Senão vejamos:
As calçadas de algumas vias públicas são ocupadas regularmente por extensões de academias e clubes de corrida, atividades privadas executadas por profissionais de educação física em busca de sobrevivência ou por academias estabelecidas em busca de novos nichos de mercado. Além das calçadas, trechos de praia são ocupados com a mesma finalidade. Em síntese: atividades privadas realizadas em espaço público sem regulamentação e sem a devida contrapartida em forma de impostos. Justifica então a regulamentação.
Na minha opinião o problema reside na assimetria na aplicação das ações regulatórias. Guardando as devidas proporções devemos ter marco regulatório para os “food trucks” mas também para os comerciantes de “quentinhas” que são perseguidos pela Prefeitura nas imediações Av Tancredo Neves e na região do Comércio. Regular e assegurar as atividades não só de orientação às atividades físicas mas também do “comércio popular” em todas as regiões da cidade.
E, por fim mas não menos importante, tornar transparentes as relações com os blocos de carnaval que exercem atividade de alta lucratividade em espaço público sem que o cidadão saiba ao certo qual a real contrapartida para os cofres públicos.
Na marra não, meu irmão! Um convite à reflexão política de Valença
21 de Agosto de 2015, 17:00 - sem comentários aindaFonte: Nossa Voz Bahia
Autor: Maurício Sena
Na campanha presidencial de 2010, ao defender as mulheres pobres que sofrem e morrem diariamente tentando interromper uma gravidez indesejada, Dilma foi acusada pelos adversários de defender o aborto. É muito comum se confundir maldosamente um conceito ou uma informação para se atingir determinado fim. O que estava em questão não era sua posição pessoal, que por sinal era contrária, e sim sensibilizar o debate para a situação grave e penosa a que se submetem essas mulheres movidas pelo desespero.
A tentativa de manipulação da vontade do eleitor não ocorre apenas na política nacional, estamos testemunhando na nossa cidade a clara intensão por parte de blogs e programas de rádio patrocinados pelo poder municipal uma ação orquestrada para confundir a vontade popular, é a máxima de Goebbels; “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Está se tornando muito comum se ler e ouvir que o Governador da Bahia e, pasmem, o Presidente estadual do PT, já se decidiram pelo apoio a candidatura à reeleição da atual Prefeita de Valença. Ainda não foi divulgada uma gravação, uma imagem ou até mesmo uma declaração em Jornal proveniente de uma fonte confiável que represente uma prova material deste fato, que se resume apenas à velha central de boatos difundidos pelas penas amestradas do submundo da política. Os responsáveis pela distorção não sabem ao menos diferenciar os limites existentes entre o que é Partido e o que é Governo.
Nos bastidores, o discurso oficial é que a intenção do governador é reunir, quando for possível, as forças que o apoiaram nas eleições de 2014, em torno de uma composição que possa ser capaz de vencer as eleições municipais. Algo que tem se tornado cada vez mais distante devido ao antagonismo da natureza política dessas forças. Essa conversa de querer convencer a população que possui uma frágil e questionável relação de amizade com o Governador e demais autoridades, soa infantil. A inteligência popular normalmente procura alguém que tenha perfil e condição de manter uma relação política efetiva e estável com as demais instâncias republicanas pro bem da sua cidade, independente do apoio de qualquer autoridade. A importância dada em ser candidato ou candidata do Governador, Deputado ou Presidente muitas vezes é superestimada de forma absurda. Esquecem-se que a vontade popular é soberana.
A insistência deliberada e em certos momentos desesperada de reproduzir uma falácia sofista que remonte um cenário de apoio incondicional é típico do poder exercido de forma insegura e hermética. Ao que parece, se abriu mão do diálogo, do convencimento e de certa forma do direito de escolha do interlocutor, priorizando uma estratégia impositiva como condição suficiente para recondução ao poder, o que lamentavelmente empobrece e reduz a amplitude do debate.
Aluna denuncia homofobia em faculdade de direito em Ilheús
21 de Agosto de 2015, 16:55 - sem comentários ainda
Fonte: Blog do Gusmão
Uma estudante de direito da Faculdade de Ilhéus usou hoje (20) o Facebook para denunciar o comportamento homofóbico de um colega.
Segundo ela, um garoto lhe perguntou se “estava preparada pra sentir a dor de todo o meu corpo queimando pela eternidade, por amar mulheres quando deveria amar homens”.
Para completar, de acordo com a estudante, numa aula dessa quinta-feira, o professor lembrou que as escravas eram obrigadas a transar com seus proprietários. A aluna se espantou com a risada da turma e a conclusão de um dos colegas: “Tá vendo, hoje dá carinho e ela não quer dar” (Sic).
“Coitado do Brasil com esses futuros operadores do direito”, lamentou a aluna.
Comentário do Blog.
O aluno de direito da Faculdade de Ilhéus tem liberdade religiosa para acreditar na existência de um lugar reservado para gays no inferno, mas, talvez não saiba que isso não lhe autoriza a condenar a orientação afetiva do outro de forma constrangedora. As convicções religiosas não devem servir de justificativa para a violência simbólica que a estudante denunciou.
Movimentos sociais do Vale do São Francisco entregam Carta à presidenta da república
21 de Agosto de 2015, 16:51 - sem comentários aindaFonte: IRPAA
A presidente Dilma Rousseff esteve em Juazeiro (BA) na manhã desta sexta-feira (14). O motivo da vinda foi a entrega de 1.480 moradias a juazeirenses através do Programa de habitação do Governo Federal, o "Minha Casa, Minha Vida". Recebida pelas famílias contempladas pelo Programa, movimentos sociais, lideranças políticas da região e militantes petistas, a presidente destacou em sua fala temas como a Convivência com o Semiárido e preservação do Rio São Francisco.
Após a solenidade de inauguração do Residencial Juazeiro I, localizado no bairro Itaberaba, representantes de movimentos sociais da região entregaram documento, cujo conteúdo reafirma o apoio a democracia e aponta algumas reivindicações relacionadas à agricultura familiar, juventude, educação, mulheres, negros e negras, LGBT, povos tradicionais. A Carta dos Movimentos Sociais do Vale do São Francisco foi assinada por 18 organizações sociais com atuação na região, dentre estas movimentos populares do campo e da cidade, federações, ONG's, articulações, etc.
Ao iniciar seu pronunciamento, a presidente Dilma saudou a Articulação do Semiárido brasileiro - Asa, representada no palco por Cícero Félix, destacando o papel importante na construção de um milhão de cisternas no Semiárido brasileiro. Em outro momento do discurso, ela novamente fez referência a parceria do governo federal com a Asa para construção de tecnologias de captação de água da chuva, enfatizando que é necessário criar condições para que as pessoas não sofram com a estiagem prolongada. "Nós fizemos juntos um milhão de cisternas, levando água para a população rural que precisa da água para viver e pra plantar", lembrou. Reafirmando que o governo compreende a seca como fenômeno natural, frisou: "a gente não combate a seca, a gente convive com a seca".
Provocada pelo prefeito Isaac Carvalho sobre medidas de proteção ao Rio São Francisco, Dilma afirmou que é preciso cuidar do rio, apontando a relação da degradação da bacia com as mudanças climáticas. "A gente tem de olhar para o São Francisco, a primeira coisa que a gente tem de fazer no São Francisco é recuperar as margens, porque um dos fatores de agravamento da seca é falta de mata ciliar", considerou.
Para os movimentos sociais, a ida de militantes ao evento, as representações presentes no palco e a entrega do documento constituem um conjunto de manifestações em defesa da democracia no país e sinalizam a abertura do governo para as reivindicações e críticas de um público que nas eleições de 2014 contribuiu significativamente para a reeleição da presidente Dilma.