Fonte: Nossa Voz Bahia
Autor: Maurício Sena
Na campanha presidencial de 2010, ao defender as mulheres pobres que sofrem e morrem diariamente tentando interromper uma gravidez indesejada, Dilma foi acusada pelos adversários de defender o aborto. É muito comum se confundir maldosamente um conceito ou uma informação para se atingir determinado fim. O que estava em questão não era sua posição pessoal, que por sinal era contrária, e sim sensibilizar o debate para a situação grave e penosa a que se submetem essas mulheres movidas pelo desespero.
A tentativa de manipulação da vontade do eleitor não ocorre apenas na política nacional, estamos testemunhando na nossa cidade a clara intensão por parte de blogs e programas de rádio patrocinados pelo poder municipal uma ação orquestrada para confundir a vontade popular, é a máxima de Goebbels; “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Está se tornando muito comum se ler e ouvir que o Governador da Bahia e, pasmem, o Presidente estadual do PT, já se decidiram pelo apoio a candidatura à reeleição da atual Prefeita de Valença. Ainda não foi divulgada uma gravação, uma imagem ou até mesmo uma declaração em Jornal proveniente de uma fonte confiável que represente uma prova material deste fato, que se resume apenas à velha central de boatos difundidos pelas penas amestradas do submundo da política. Os responsáveis pela distorção não sabem ao menos diferenciar os limites existentes entre o que é Partido e o que é Governo.
Nos bastidores, o discurso oficial é que a intenção do governador é reunir, quando for possível, as forças que o apoiaram nas eleições de 2014, em torno de uma composição que possa ser capaz de vencer as eleições municipais. Algo que tem se tornado cada vez mais distante devido ao antagonismo da natureza política dessas forças. Essa conversa de querer convencer a população que possui uma frágil e questionável relação de amizade com o Governador e demais autoridades, soa infantil. A inteligência popular normalmente procura alguém que tenha perfil e condição de manter uma relação política efetiva e estável com as demais instâncias republicanas pro bem da sua cidade, independente do apoio de qualquer autoridade. A importância dada em ser candidato ou candidata do Governador, Deputado ou Presidente muitas vezes é superestimada de forma absurda. Esquecem-se que a vontade popular é soberana.
A insistência deliberada e em certos momentos desesperada de reproduzir uma falácia sofista que remonte um cenário de apoio incondicional é típico do poder exercido de forma insegura e hermética. Ao que parece, se abriu mão do diálogo, do convencimento e de certa forma do direito de escolha do interlocutor, priorizando uma estratégia impositiva como condição suficiente para recondução ao poder, o que lamentavelmente empobrece e reduz a amplitude do debate.
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