Muita coisa está sendo dita sobre o FISL, tanto de bom quanto de ruim, como sempre acontece. É sempre um tal de alguém cobrar mais palestras técnicas, ou de dizer que o FISL é essencialmente político, ou de cobrar prestação de contas. Mais do mesmo, vindo, invariavelmente, das mesmas pessoas. No entanto, o FISL10 gerou mais feedback positivo do que o contrário. Mesmo com a “interdição” parcial que sofreu no terceiro dia. Logo, antes de começar, quero agradecer a presença e participação de todos.
Com esse artigo eu começo a abordar alguns desses mitos… O primeiro: O FISL é um evento essencialmente político.
Esse é facilmente rebatido. Basta uma pequena olhada na grade de programação. Com a ajuda de um pequeno one-liner bash / perl, dá pra ver que são 204 palestras técnicas contra 175 não-técnicas:
spectra@harad:~$ wget -q -O /dev/stdout http://fisl.softwarelivre.org/10/papers/pub/ | perl -lne '$i++ while m/=.tech_track_[0-9]+/g;END{print $i}'
204
spectra@harad:~$ wget -q -O /dev/stdout http://fisl.softwarelivre.org/10/papers/pub/ | perl -lne '$i++ while m/=.non_tech_track_[0-9]+/g;END{print $i}'
175
spectra@harad:~$
Claro, os critérios para classificar algo como técnico ou não-técnico são subjetivos, e emanam do Comitê de Programa. No entanto, nenhum “Case” foi considerado técnico, assim como as provas da LPI ou a maioria esmagadora da trilha de Ecossistema. Só por isso dá para perceber um viés para considerar coisas técnicas como sendo não-técnicas (talvez o Comitê de Programa esteja escaldado, sei lá). Logo, na realidade, há uma proporção ainda mais favorável a sessões técnicas do que os 53,8% demonstrados acima.
Facilmente, também, se percebe que os que quisessem seguir um caminho puramente técnico teriam de 3 a 8 alternativas concorrentes no mesmo horário (exceto na abertura, no horário prévio ao encerramento e no encerramento do FISL, embora isso também seja questionável). Tendo participado do processo do Comitê de Programa, me entristece ler ou ouvir comentários como “O FISL é político”. Como vimos, isso, além de ser uma simplificação, é um erro. O FISL é político também, e é assim by design. A ASL acredita que o Software Livre seja o precursor de uma mudança que atinge todos os níveis da sociedade, com implicações em todas as áreas… Partindo dessa premissa, é impossível fazer um FISL 100% técnico – mas é possível fazer um FISL essencialmente técnico, como foi o caso do FISL10.
Entendo que essa posição da ASL com o FISL seja questionada pelos que acham que o Software Livre é somente escovação de bits, e não os critico por isso: ninguém é obrigado a se importar com política ou fazer filosofia. Para esses as 204 sessões técnicas do FISL10 estavam lá, esperando pela sua participação. Tinha até uma sessão de um turno inteiro para os que quisessem hackear o kernel do Linux, ou duas horas inteiras para hackear o LTSP! Teve um dia inteiro de Oficina da TV Digital! Por favor…
Uma coisa o FISL não faz, isso sim: dar importância exagerada ao hacker. Seguramente eles são postos sob os holofotes (mais do que muitos desejariam), mas não são somente eles postos sob os holofotes. Será que esse é o erro? Igualar hackers do Software Livre com seus filósofos em termos de holofotes? Não sei (e isso é só especulação da minha parte) mas tenho a impressão que alguns hackers queriam mais atenção (ou pelo menos mais atençao do que alguns filósofos)...
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