Arte-educação, Educação Popular e Ambiental: Diálogos de Bumerangue
12 de Dezembro de 2013, 18:09Alissa e Elisa Gottfried, arte-educadoras populares e integrantes do coletivo Ecoa Ecoa, apresentaram na 12°OID materiais produzidos durante o Projeto Identidade Sociocultural da Vila Santa Teresinha. O projeto, desenvolvido em parceria com a Casa Brasil Porto Alegre, aconteceu de novembro de 2011 a dezembro de 2012 em diálogo com 10 jovens educandos de 14 a 25 anos, moradores da antiga na Vila Santa Teresinha (antiga vila dos Papeleiros, em Porto Alegre- RS).
O projeto foi viabilizado através do Edital ESPORO DE CULTURA DIGITAL/MInC e teve como resultado a Mostra Artística Itinerante Cacos e Ecos. Uma de suas obras é um livreto "Mais vale um livreto livre do que um educador na mão", que reúne as palavras geradoras que emergiram dos participantes do Curso de Cultura Digital e Educação Popular desenvolvido pelas palestrantes.
As demais obras da Mostra Cacos e Ecos utilizam o lixo eletrônico como suporte, além de difundirem a cultura digital, a educação popular e a Metareciclagem, tendo como conteúdo artístico os produtos finais do processo criativo do projeto.
Durante a palestra das arte-educadoras, o público pode criar seus bumerangues com as palavras que lhe faziam sentido. Após a palestra, foi montado no saguão do Hotel Nacional uma mostra com os materiais produzido durante o projeto.
Texto: Rafaela Melo e Fotografia: Breno Neves
Confira os vídeos produzidos pelo coletivo Viração para a 12º OID
12 de Dezembro de 2013, 17:07O Coletivo Viração, de São Paulo, está participando da cobertura colaborativa da 12°OID. Eles produziram um vídeo com um balanço rápido do que ocorreu no primeiro dia e hoje, 2º dia, fizeram mais dois, o primeiro com depoimentos de diversos participantes de todos os cantos do país e o segundo uma rápida entrevista com Franklin Martins, que participou do debate sobre democratização da comunicação.
Confira o trabalho do grupo, representado aqui por Filipe Campos:
Franklin Martins: "democratização da comunicação deve ser tema da campanha presidencial "
12 de Dezembro de 2013, 16:58
Para o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal, a sociedade deve pressionar para que a regulação da radiodifusão faça parte do debate político de 2014. A declaração aconteceu durante a mesa "Direito da comunicação", que ocorreu na manhã de 12/12 na 12ª Oficina para Inclusão Digital e Participação Social.
De acordo com o jornalista, é necessário a discussão sobre a necessidade de se regulamentar os termos, já dispostos na constituição, sobre como deve se garantir que todos tenham acesso à difusão de informação. Ele afirmou também que é necessário estabelecer um plano nacional para prover banda larga com subsídio do Estado. “Os cidadãos não podem ser discriminados pelo seu local de moradia ou renda para ter acesso à informação”, analisa.
O mediador do debate e coordenador da 12ª OID, Maurício Falavigna, salientou que se passou um ano desde a última edição do evento e temas relevantes para o movimento social não receberam prioridade por parte do governo federal - caso, por exemplo do marco regulatório do terceiro setor. “Chegamos a um ponto em que ficamos em dúvida se há mesmo uma política de inclusão digital oficial do governo”, alertou.
Franklin Martins, entretanto, acredita que o cenário já esteve mais difícil do que atualmente está no campo da comunicação. Segundo ele, é necessário fazer uma análise precisa sobre o ponto em que se está neste discussão, já que o tema suscita uma enorme disputa política e não estava pautado nos últimos anos pela sociedade.
O jornalista ainda vê um avanço na questão, apesar de não ser exatamente o que o movimento social demandava. “O governo Lula fez menos pela comunicação do que deveria, mas não é que não fez nada. A CONFECOM [Conferência Nacional de Comunicação] foi um momento político importante para traçar uma linha do que deve ser feito”, diz.
Martins lamentou que o projeto de marco regulatório da comunicação elaborado por ele não tenha sido levado adiante no governo Dilma. Para ele, o Governo Federal deve ser protagonista neste processo, já que quem faz concessões públicas é o Estado. “Se deixarmos para o mercado regular, vence a lei do mais forte”.
Maurício Falavigna, também mediador da conversa, pontuou que apesar de existirem avanços em comparação com os anos anteriores, o momento atual será lembrado mais pela lentidão das ações do que pelos pontos positivos. A representante do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), Maria Mello, concordou com a posição de Falavigna e acrescentou que, principalmente no que se refere ao Marco Civil da Internet, é necessário prezar para que ele seja aprovado no seu texto original. “Principalmente nos últimos dias, vimos o projeto receber alterações que, se aprovadas, podem causar problemas aos usuários, como a ameaça à neutralidade da rede”, completou.
Para o representante do Coletivo Intervozes, Marcus Urupá, é importante regular o que já está na constituição há 25 anos, que é o direito à liberdade de expressão. Ele salienta que, na CONFECOM, foram compiladas 600 propostas vindo do movimento social, e este é o momento de elas serem executadas.
Os militantes pela democratização da comunicação presentes a conversa encerraram exigindo que seja realizada uma regulamentação dos meios para que se evite monopólios de grandes empresas na área e se incentive como política pública a comunicação comunitária.
Confira o vídeo que o coletivo Viração, de São Paulo, fez com Franklin Martins:
Texto: Gabriel Galli Foto: 3MC Fotografia
Debate esclarece relações entre vigilância online e democracia
12 de Dezembro de 2013, 15:36
O debate sobre o panorama de internet e a luta democrática, realizado pela manhã de quinta-feira na 12º OID, salientou importância da luta pela liberdade e privacidade na internet. A discussão teve como panorama principal a defesa pelo Marco Regulatório da Internet que, desde 2009, é uma iniciativa legislativa que pretende garantir os direitos e deveres de quem usa a rede no Brasil, respeitando a neutralidade, a privacidade e a retenção de dados. Dentre os convidados estavam Sérgio Amadeu, Fabrício Cerqueira, ativista digital e integrante do grupo Actantes e Rodrigo Savazoni, jornalista e chefe de gabinete da secretaria de cultura de São Paulo. A mediação ficou por conta da jornalista e militante da Inclusão Digital Mariel Zasso.
Para o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, “a vigilância introduz em todos nós o medo, mas as tecnologias que usamos não são exclusivamente de vigília, mas sim de controle, como a internet”. Ele salienta que atualmente os rastros digitais são difíceis de apagar da rede, o que faz com que tudo que se publique fique constantemente online. Do total de brasileiros que acessam a rede, mais de 73% usam redes de relacionamentos, segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.BR).
Esses dados mostram o quanto as tecnologias de controle geram satisfação para as pessoas e agilizam suas vidas. A espionagem acaba sendo feita a partir dessa sensação de conforto que faz com que as pessoas depositem muitas informações pessoais. Para Fabrício Cerqueira, “as corporações estão todas interligadas nesta realidade mundial. Isso é um pouco da teoria da conspiração” concluem os palestrantes.
No contexto brasileiro, de crescente popularização do uso das redes no país, dinâmicas coletivas e democráticas podem ajudar a compreender o comportamento atual e discursivo da internet.
Texto: Laura Moraes Foto: 3MC Fotografia
Oficina discute cinema digital com um olhar racial
12 de Dezembro de 2013, 13:42Os oficineiros Viviane Ferreira, Velluma Azevedo, Gustavo Ferreira e Mazai Azevedo que trabalham em parceira com as organizações Terreiro Manso Dandalungua Cocuazenza e uma associação terreiro Ilê Axé Oyá na Ilha de Barra Grande, em Salvador promoveram um debate sobre ferramentas audiovisuais e sua interface com a discussão racial. A oficina teve como proposta discutir as possibilidades no uso das ferramentas digitais em articulação com o movimento da inclusão digital, com ênfase na discussão racial.
Inicialmente, os oficineiros propuseram uma atividade sensorial, que consistiu de um passeio dos participantes da oficina pelo saguão do Hotel Nacional, todos com vendas em seus rostos para a formação de duplas e reconhecimento do outro. A proposta teve como o objetivo fornecer subsídios para a discussão sobre o modo como representamos o outro a partir das informações que recebemos sobre estes, sem ao menos conhecê-los.
Após o momento de sensibilização, os oficineiros apresentaram dois filmes: um curta metragem da Cineasta e Oficineira Viviane Ferreira, chamado “Mumbi 7Cenas Pós Burkina”, que mostra a angústia de Mumbi, uma jovem cineasta que, após participar de um dos maiores festivais de cinema do mundo, se vê enclausurada em seu interior sem saber qual será sua próxima obra. A partir do diálogo entre seu pensamento e suas lembranças de obras marcantes do cinema brasileiro, Mumbi se liberta.
O segundo curta-metragem, “Cores e Botas” , escrito e dirigido por Juliana Vicente, conta a história de Joana, uma menina que tem um sonho comum a muitas outras dos anos 80: ser Paquita. Sua família é bem sucedida e a apoia em seu sonho. Porém, Joana é negra, e nunca se viu uma paquita negra no programa da Xuxa.
Os filmes promoveram debates entre oficineiros e participantes sobre a identidade individual e coletiva, o modo como representamos o outro e de que forma construímos e legitimamos estereótipos. Uma das participantes da palestra afirmou no debate após a exibição dos curtas: “temos que nos aceitar a ser como somos, nós negros crescemos com aquilo em nossa cabeça dizendo que não somos capazes, mas precisamos superar isso”.
A ideia de trazer a oficina para o evento foi linkar a Inclusão Digital e Participação Social com o cinema, uma das tecnologias que movimenta bilhões por ano e que é dominada por um grupo social. O cinema constitui a nossa identidade e a nossa construção e representação de mundo. “Precisamos tomá-lo como nosso”, afirma a Cineasta Viviane Ferreira.
A proposta é olhar o audiovisual como uma possibilidade de utilização dessas ferramentas para a construção de novas narrativas, novas formas de ver e pensar o mundo. “Como identificamos no movimento da inclusão digital as discussões sobre a questões raciais? Basta ter corpos negros circulando na OID para dizermos que somos uma sociedade democrática e participativa? Encontramos a questão racial na programação e nas ações da OID?”, provoca a cineasta.
Um dos participantes do Rede Mocambo disse:
“Não queremos ser incluídos. Esta discussão está ultrapassada, queremos nos apropriar dessas ferramentas, ter o domínio dessas produções e não ser apenas utilizadores. Não queremos usar equipamentos da China, queremos produzir câmeras, queremos produzir softwares,queremos produzir equipamentos e produzir cinema, ou apenas beneficiaremos o mercado e ficaremos dependentes de tecnologias que não temos o domínio. Também queremos saber como os recursos chegam para que as comunidades negras produzam estas ferramentas”.
Texto: Rafaela Melo e Fotografia: Breno Neves.