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Oficina discute cinema digital com um olhar racial

12 de Dezembro de 2013, 13:42 , por Rafaela Melo - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Os oficineiros Viviane Ferreira, Velluma Azevedo, Gustavo Ferreira e Mazai Azevedo que trabalham em parceira com as organizações Terreiro Manso Dandalungua Cocuazenza e uma associação terreiro Ilê Axé Oyá na Ilha de Barra Grande, em Salvador promoveram um debate sobre ferramentas audiovisuais e sua interface com a discussão racial. A oficina teve como proposta discutir as possibilidades no uso das ferramentas digitais em articulação com o movimento da inclusão digital, com ênfase na discussão racial.

 

Inicialmente, os oficineiros propuseram uma atividade sensorial, que consistiu de um passeio dos participantes da oficina pelo saguão do Hotel Nacional, todos com vendas em seus rostos para a formação de duplas e reconhecimento do outro. A proposta teve como o objetivo fornecer subsídios para a discussão sobre o modo como representamos o outro a partir das informações que recebemos sobre estes, sem ao menos conhecê-los. 

Após o momento de sensibilização, os oficineiros apresentaram dois filmes: um curta metragem da Cineasta e Oficineira Viviane Ferreira, chamado “Mumbi 7Cenas Pós Burkina”, que mostra a angústia de Mumbi, uma jovem cineasta que, após participar de um dos maiores festivais de cinema do mundo, se vê enclausurada em seu interior sem saber qual será sua próxima obra.  A partir do diálogo entre seu pensamento e suas lembranças de obras marcantes do cinema brasileiro, Mumbi se liberta.

O segundo curta-metragem, “Cores e Botas” , escrito e dirigido por Juliana Vicente, conta a história de Joana, uma menina que tem um sonho comum a muitas outras dos anos 80: ser Paquita. Sua família é bem sucedida e a apoia em seu sonho. Porém, Joana é negra, e nunca se viu uma paquita negra no programa da Xuxa. 

 

Os filmes promoveram debates entre oficineiros e participantes sobre a identidade individual e coletiva, o modo como representamos o outro e de que forma construímos e legitimamos estereótipos. Uma das participantes da palestra afirmou no debate após a exibição dos curtas: “temos que nos aceitar a ser como somos, nós negros crescemos com aquilo em nossa cabeça dizendo que não somos capazes, mas precisamos superar isso”. 

A ideia de trazer a oficina para o evento foi linkar a Inclusão Digital e Participação Social com o cinema, uma das tecnologias que movimenta bilhões por ano e que é dominada por um grupo social. O cinema constitui a nossa identidade e a nossa construção e representação de mundo. “Precisamos tomá-lo como nosso”, afirma a Cineasta Viviane Ferreira.

A proposta é olhar o audiovisual como uma possibilidade de utilização dessas ferramentas para a construção de novas narrativas, novas formas de ver e pensar o mundo. “Como identificamos no movimento da inclusão digital as discussões sobre a questões raciais? Basta ter corpos negros circulando na OID para dizermos que somos uma sociedade democrática e participativa? Encontramos a questão racial na programação e nas ações da OID?”, provoca a cineasta. 

Um dos participantes do Rede Mocambo disse:

“Não queremos ser incluídos. Esta discussão está ultrapassada, queremos nos apropriar dessas ferramentas, ter o domínio dessas produções e não ser apenas utilizadores. Não queremos usar equipamentos da China, queremos produzir câmeras, queremos produzir softwares,queremos produzir equipamentos e produzir cinema, ou apenas beneficiaremos o mercado e ficaremos dependentes de tecnologias que não temos o domínio. Também queremos saber como os recursos chegam para que as comunidades negras produzam estas ferramentas”. 

Texto: Rafaela Melo e Fotografia: Breno Neves.


Tags deste artigo: movimento negro apropriação cultural cinema digital

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