The Lab, Ars Electronica, ITU Telecom, Doha, Catar
21 de Janeiro de 2015, 0:33 - sem comentários ainda ---É interessante ler o relato do Ars Electronica sobre a participação deles no ITU Telecom World que aconteceu em Doha um mês depois da minha residência por lá. Aparece ali aquele tom triunfante, de quem se considera na crista da onda. Já tem algum tempo que tenho achado curiosas as comunicações do Ars Electronica - embarcando nessa onda da inovação com um pé no mercado, da cena maker como salvação do mundo, de adotar um vocabulário pesadamente comercial. E aí Doha parece um cenário perfeito, com aquele monte de dinheiro esperando coisas novas e coloridas nas quais investir (mesmo que produza mais lixo e plástico no mundo, afinal no deserto ninguém liga pra essas coisas). E no meio aproveitando para puxar o saco de umas autoridades locais, - afinal precisamos garantir os próximos projetos, certo?
O contexto era o encontro do ITU, agência da ONU voltada às tecnologias de informação e comunicação. Ars Electronica montou ali "The Lab", demonstrando uma série de trabalhos contemporâneos que misturam arte, design e tecnologia. Alguns deles são até interessantes, claro. Gostei do LillyBot e do Mobile Hydro Rotor, por exemplo. E outros velhos conhecidos como o Protei também estavam por lá. Mas o problema não são os projetos, e sim o contexto. Um "lab" (que pelo que entendi era muito mais feira de negócios do que laboratório de fato, mas vá lá) organizado pelo Ars Electronica dentro de um evento do ITU em Doha me parece uma sequência de decisões questionáveis. Toda novidade ali estava devidamente domesticada. Mudança? Só se puder ser quantificada nas bolsas de valores. Os criadores, artistas, designers - coitados - só estavam ali como laranja para preparar um suco que eles mesmos não vão beber.
Posso parecer hipócrita - afinal eu mesmo estive no mesmo Catar, bancado pelos mesmos gasodólares, trabalhando com um pessoal que está com um pé dentro dessa cena maker que a mim soa como gambiarra gourmet*. Mas o que eu tentei fazer por lá foi justamente desviar o pessoal do pensamento de mercado, questionar a produção industrial e tudo que ela traz de difícil, e sugerir alguns caminhos igualmente incipientes mas, quero acreditar, muito mais carregados de significado do que esse bom-mocismo que transparece do post do Ars Electronica.
Acho curioso que eu só tenha lido esse post agora, depois de ter publicado meu próprio relato de Doha. E também hoje li uma entrevista com o Mitch Altman do Noisebridge, no fim da qual ele fala com aquele jeito bem californiano de idealista sem noção:
Costumava haver empresas com departamentos de pesquisa. E algumas delas costumavam autorizar pesquisa "pura" - na qual as pessoas que trabalhavam lá eram encorajadas a explorar qualquer coisa que as intrigasse (mesmo que não houvesse maneira de traduzi-la em lucros). Isso é muito raro hoje em dia, pelo que eu sei. A menos que você procure em um hackerspace - onde isso é a norma.
Infelizmente, apesar das boas intenções que acredito que Altman professe de maneira genuína, essa transformação não é um acidente. Hoje, de fato, as empresas podem focar todo seu orçamento de pesquisa em projetos medianamente lucrativos. E a pesquisa pura vai ser feita por hackers, acadêmicos, artistas e amadores, de forma precária e apaixonada. Mas toda vez que aparecer alguma coisa lucrativa de verdade, o capital pode entrar rapidamente, capturar e desestruturar esses espaços supostamente "autônomos". E aí essa gradual mutação do Ars Electronica - de espaço dedicado ao desenvolvimento do campo da arte eletrônica a organizador de eventinhos de inovação para divertir burocratas, executivos e lobistas com suas gravatas e vidas previsíveis - me parece não só inadequada como também entediante.
* Acabei nem contando no meu relato de viagem, mas à mesma época em que eu estava em Doha aconteceu o Wise Summit, um grande evento sobre educação. Daqueles cheios de palestrantes bem ensaiados e discussões que valem algo ou são por quilo. Dentro do Wise estava rolando o "Learning Festival", que supostamente tratava de "usos criativos de tecnologia na educação". Na prática, a parte pública era uma exposiçãozinha besta de fotos de crianças estudando em diferentes partes do mundo e umas banquinhas com eletrônicos nascidos na cena maker, mas quase todos eles fechados e com usos predeterminados. Mais uma vez, inovação controlada e inofensiva. De todo modo, foi uma boa oportunidade de visitar a Katara, um lugar único que me fez pensar no Imortal de Jorge Luis Borges (fotos abaixo).
Tags: tripqatarcatarituars electronicaredelabslabarte eletrônicaCategoria: eventosÉ interessante ler o relato do Ars Electronica sobre a participação deles no ITU Telecom World que aconteceu em Doha um mês depois da minha residência por lá. Aparece ali aquele tom triunfante, de quem se considera na crista da onda. Já tem algum tempo que tenho achado curiosas as comunicações do Ars Electronica - embarcando nessa onda da inovação com um pé no mercado, da cena maker como salvação do mundo, de adotar um vocabulário pesadamente comercial. E aí Doha parece um cenário perfeito, com aquele monte de dinheiro esperando coisas novas e coloridas nas quais investir (mesmo que produza mais lixo e plástico no mundo, afinal no deserto ninguém liga pra essas coisas). E no meio aproveitando para puxar o saco de umas autoridades locais, - afinal precisamos garantir os próximos projetos, certo?
Meio-relato: residência na VCUQatar, em Doha
20 de Janeiro de 2015, 3:51 - sem comentários ainda ---Como já relatei anteriormente aqui neste blog, passei em novembro de 2014 duas semanas em Doha, capital do Catar. Fui a convite do mestrado em design da VCUQatar, no papel de designer residente. O tema da minha residência era "repair culture".
Desde que retornei do Qatar, estou rabiscando um relato de viagem. Daqueles relatos longos e detalhados que eu costumo fazer (como este ou este). Mas não saiu. Pode ser a falta de chuvas, pode ser o tempo curto em meio a um monte de tarefas profissionais, voluntárias e episódios novos na vida. Ou pode ser o fato de que eu ainda nem decidi se escrevo Catar ou Qatar. Mas por enquanto vou deixar de lado o relato mais longo, e publico aqui somente alguns apontamentos.
Doha me impressionou menos pelas diferenças do que pelas semelhanças com um certo estilo de vida brasileiro e em especial paulistano. Meus anfitriões na universidade, ambos europeus, chegaram a me perguntar o que eu tinha achado do tratamento VIP que recebi em Doha - hotel, refeições, motorista, ar condicionado. Fiquei algo constrangido de admitir que, ainda que inconfortável, não tinha estranhado aquela situação tanto quanto eles. Além disso, a cidade avessa a pedestres, os shopping centers, a cafonice dos prédios brilhantes que mudam de cor e o consumismo e ostentação, tão risíveis quanto previsíveis, também cheiram muito à capital paulistana. Como se Doha fosse um retrato do que São Paulo pode se tornar se uma série de decisões erradas continuarem a ser tomadas. Mas a pior piada que surgiu foi que, já naquela época, a deserta Doha tinha mais acesso a água do que a São Paulo que um dia foi recortada por rios.
Existem inúmeras peculiaridades sobre o Catar que podem ser encontradas na wikipedia. Certamente despontam algumas diferenças em relação a outros países da região. As quase duas décadas de reinado do Emir Hamad Al Thani (e de igual ou possivelmente maior importância, de sua esposa Mozah) fizeram o país se diferenciar na região. O Catar hoje tem o trigésimo primeiro IDH no mundo (o maior do mundo árabe). Mulheres podem estudar (e vou falar mais sobre isso em seguida). A instituição cultural do Qatar tem o segundo maior orçamento de cultura no mundo (ok, quase totalmente gasto com ostentação, mas ainda assim uma posição notável). O país criou e sustenta a Al-Jazeera, que eu passei a assistir quando estava por lá e me impressionou por tratar de maneira abrangente temas difíceis. Os habitantes do país não pagam impostos, e os cidadãos locais têm educação e saúde de graça. É claro que, aqui, surge uma questão importante. Os cidadãos são uma minoria - cerca de trezentos mil num universo que beira os dois milhões de habitantes. Nem, de um lado, os executivos ou trabalhadores do conhecimento ocidentais, nem de outro os trabalhadores braçais, de comércio e serviços do sudeste asiático e outros países árabes, costumam ter o direito de naturalizar-se. Existe um regime de classes bastante marcado em Doha. Um motorista de Bangladesh, por exemplo, provavelmente não seria admitido em um pubs dos hoteis internacionais para bebericar uma cerveja que é proibida em qualquer outro estabelecimento do país. Eu gostaria de afirmar que situações idênticas não acontecem em São Paulo, mas não tenho tanta certeza assim.
A universidade, que fica dentro da Education City de Doha, era um mundo à parte. Fui muito bem recebido pelos professores Thomas Modeen e Marco Bruno. Trabalhei com um grupo de dez estudantes dos dois anos do mestrado. Eram oito meninas e dois garotos. De dez nacionalidades distintas, mas ninguém do Catar. Egito, Barein, Kuwait, França, Palestina, Estados Unidos, Canadá, Bangladesh, Paquistão e Sudão. Grande parte daquela turma não teria oportunidades de estudar em seus próprios países. Com uma única exceção, o restante era de muçulmanos. Todo mundo muito criativo, competente e bem preparado. Boa parte deles vinha da arquitetura ou design de moda. A faculdade tem todo tipo de laboratório - de fotografia, vídeo, fabricação digital, joalheria, um repositório de materiais, e por aí vai. E a biblioteca é deliciosa.
Meu período de residência começou com algumas conversas sobre lixo, descarte e reuso. O pessoal já tinha uma boa noção das questões críticas nessas áreas, mas nunca tinha sido uma prioridade para eles pensar nesses temas. Exibi e conversamos sobre alguns vídeos - ilha das flores, obsolescência programada, lixo extraordinário, digital handcraft.
Debatemos um pouco sobre uma questão que me parece essencial. Segue abaixo um rascunho do que deve voltar em breve como um texto à parte.
A tal "cultura maker" surgiu, ao menos em parte, em cenários que costumavam apontar para o reuso e o conserto como fundamentais para garantir futuros mais sustentáveis. Mas hoje em dia parece que tudo isso foi deixado de lado e que todo esse universo de hype está voltado para criar protótipos - feitos de plástico derretido de difícil reciclagem - de novos produtos. Como se o mundo já não tivesse objetos fabricados em demasia!
A mim, parece absurdo que as tecnologias de fabricação digital não estejam fundamentalmente voltadas para se pensar maneiras de continuar usando objetos que já estão por aí. Me parece inadequado e falso enquadrá-las na referência de uma "nova era industrial". A era industrial trouxe, é certo, avanços importantíssimos para a humanidade. Mas gerou também alienação, desigualdade e impacto ambiental profundos. Chega de dar sobrevida à era industrial - precisamos de outros modelos de produção e distribuição. O crescimento do interesse da opinião pública por alimentação orgânica, tratamento de lixo, habilidades manuais e afins me parecem ser o contrabalanço dessa tendência, e precisamos ter isso em mente.
Enfim, tivemos a oportunidade de debater estas questões (e o fato de eu conseguir resumi-las em dois parágrafos é um dos maiores frutos da minha residência na VCUQ), e decidimos as ações para as duas semanas que eu ficaria por lá. Em primeiro lugar, visitaríamos alguns artesãos que ainda produzem coisas com as próprias mãos - marceneiros, alfaiates, tapeceiros, etc. A ideia era conversar sobre seu ofício, habilidades, ferramentas, formação e afins. Faríamos o mesmo com pessoas que consertavam coisas - principalmente sapateiros e relojoeiros. Também planejamos saídas a um cemitério de pneus e um cemitério de automóveis, ambos no meio do deserto.
A pesquisa de campo deu muitos resultados. O único senão foi o cemitério de automóveis, que só pudemos ver do lado de fora porque chegamos depois do horário de visitações. Mas de resto, fizemos excelentes entrevistas, conversas e imagens.
Outra atividade que nos propusemos a desenvolver foi um Repair Cafe dentro da VCUQ. Em uma sociedade de alto poder aquisitivo e praticamente sem nenhuma preocupação com o descarte apropriado de objetos sem uso, pareceu-nos interessante desenvolver um encontro voltado ao conserto e ao reuso. Tivemos dois dias - um para receber os materiais e outro para explorar possibilidades com eles. Trabalhamos também com objetos encontrados no cemitério de pneus. Saímos com uma série de objetos reaproveitados, e mais do que isso com algumas indicações de como organizar uma metodologia colaborativa voltada ao conserto de coisas.
Os últimos dias foram dedicados a organizar a documentação de meu período por lá, que resultou em uma publicação digital. Tenho ainda que rever meu texto de introdução, que ainda não está perfeito, e em breve vou agitar para fechar essa publicação. Assim que rolar, publico por aqui.
De resto, faltam todos os meus apontamentos culturais e do cotidiano do Catar. Esses eu deixo para contar pessoalmente, talvez ao aroma do café turco que trouxe de lá. Mas voltei satisfeito de ter tocado uma série de questões importantes e de ter conhecido bastante gente interessante e que ainda vai fazer muita coisa pelo mundo afora.
E ainda reencontrei na sincronicidade uma amiga que não via fazia tempo, vi o sol descer nas dunas, tomei café numa tenda árabe no deserto. Fui ao shopping, ao supermercado, ao mercado central. Nos fones de ouvido estiveram principalmente a trilha sonora de Código 46 e o Ghost World do Dj Spooky. Ah, e tenho muito mais fotos no flickr.
Como já relatei anteriormente aqui neste blog, passei em novembro de 2014 duas semanas em Doha, capital do Catar. Fui a convite do mestrado em design da VCUQatar, no papel de designer residente. O tema da minha residência era "repair culture".Desde que retornei do Qatar, estou rabiscando um relato de viagem. Daqueles relatos longos e detalhados que eu costumo fazer (como este ou este). Mas não saiu. Pode ser a falta de chuvas, pode ser o tempo curto em meio a um monte de tarefas profissionais, voluntárias e episódios novos na vida. Ou pode ser o fato de que eu ainda nem decidi se escrevo Catar ou Qatar. Mas por enquanto vou deixar de lado o relato mais longo, e publico aqui somente alguns apontamentos.Me organizando posso desorganizar
9 de Janeiro de 2015, 1:18 - sem comentários ainda ---Há alguns meses, encontrei o broda Oliver Schultz em um evento no centro de sampa. Ele me entregou alguns livros que saíram pelo postmedialab. Um deles era o Provocative Alloys, que contém uma conversa entre Oliver, Alejo Duque e eu na qual minha parte deve soar razoavelmente datada. A conversa aconteceu antes das manifestações de junho. Ali no meio havia, se bem lembro, alguns comentários meus sobre a inércia do engajamento político no Brasil em tempos de inclusão consumista. Infelizmente, o livro só saiu depois que os fatos haviam contradito esses comentários. Me enganei, e ainda não entendi se fico feliz por isso ou não.
Mas havia também outras publicações no meio. Nesta virada de ano tive a oportunidade de ler uma deles, o livro "Organisation of the organisationless: Collective action after networks", do professor da PUC-Rio Rodrigo Nunes. Confesso que não conhecia o trabalho de Nunes, e achei bem interessantes algumas contribuições que ele dá ao vocabulário das redes. Em primeiro lugar buscando formas intermediárias entre os extremos do indivíduo e da multidão. E também trabalhando questões que, percebi ao ler, eram de certa forma correntes nos tempos mais ativos da rede MetaReciclagem (que na minha opinião, como já falei na lista, já morreu mas anda por aí como um ancestral que permanece por perto pra dar umas dicas ou incomodar de vez em quando). Nunes trata da questão das lideranças distribuídas - afirmando que existe naturalmente um papel de lideranças mas também o potencial para o surgimento de novas lideranças. Na MetaReciclagem, chegamos algumas vezes a conversar também sobre a importância da autossabotagem consciente das lideranças - um tipo de bloqueio com a intenção de anular a inércia que frequentemente seguia-se aos processos de ascendência. Foi interessante ver alguns desses elementos estruturados no texto de Nunes.
Segue abaixo uma seleção de trechos que assinalei enquanto lia. Encontrei também um artigo de Nunes na Universidade Nômade que trata de alguns assuntos que estão na publicação.
Há alguns meses, encontrei o broda Oliver Schultz em um evento no centro de sampa. Ele me entregou alguns livros que saíram pelo postmedialab. Um deles era o Provocative Alloys, que contém uma conversa entre Oliver, Alejo Duque e eu na qual minha parte deve soar razoavelmente datada. A conversa aconteceu antes das manifestações de junho. Ali no meio havia, se bem lembro, alguns comentários meus sobre a inércia do engajamento político no Brasil em tempos de inclusão consumista. Infelizmente, o livro só saiu depois que os fatos haviam contradito esses comentários. Me enganei, e ainda não entendi se fico feliz por isso ou não.To say that leadership exists in networks while absolute horizontality does not has nothing to do with the fantasy of ‘hidden leaders’ that functions, in the discourse of the media and the political class, as the underside of the fantasy of throngs of previously unrelated individuals magically coming together around a goal. (p.13)
The discussion ceases to be about how to achieve absolute horizontality, which will have been demonstrated to be impossible, or how to eliminate leadership, representation and closure, and becomes about how to negotiate them, what balances to strike between openness and closure, dispersion and unity, strategic action and process and so forth. (p.13)
Any description such as ‘Egyptian Revolution network-system’ or ‘Diren Gezi network-system’ is a reflection on the given network-system. That is, while they are obviously produced from within that network-system, and thus presuppose its existence, they exist at a second-order, reflexive level in which the network-system consciously apprehends itself. If the network-system is the ‘movement’ in-itself, this level is the ‘movement’ for-itself. We can call it the network-movement: the conscious, self-reflexive understanding held by some that the multiple elements and layers assembled in the network-system constitute an interacting system of actors, intentions, goals, actions, affects etc., however heterogeneous these may be. The network-movement is at once the act of self-recognition that takes place when people start talking about ‘the movement’ to refer to these heterogeneous elements, and the ensemble that they have in mind when they do so. (p. 25)
As such, the network-movement is a prerequisite for strategic and tactical thinking. Whereas ‘the movement’ inevitably implies some presupposition of a unity that is not given, ‘network-movement’ starts from a dynamic multiplicity – a dynamic system whose parts are also dynamic systems – and points towards the continuous project of the construction of commons, temporary or permanent, whose form is not presupposed in advance. The choice for either dispersion or unification is not inscribed in advance in the notion of a network-movement. On the contrary, the idea of network-movement opens the possibility that several ways of combining the two – swarming, distributed action, diversity of tactics, institutionalisation, forking, even (why not?) parties – can be selected according to what the occasion requires. Once these are considered in the context of a network-system, the point is not what solution is valid for the whole, but what solutions work within the whole. (p.29)
Leadership occurs as an event in those situations in which some initiatives manage to momentarily focus and structure collective action around a goal, a place or a kind of action. They may take several forms, at different scales and in different layers, from more to less ‘spontaneous’. This could be a crowd at a protest suddenly following a handful of people in a change of direction, a small group’s decision to camp attracting thousands of others, a newly created website attracting a lot of traffic and corporate media attention, and so forth. The most important characteristic of distributed leadership is precisely that these can, in principle, come from anywhere: not just anyone (a boost, no doubt, to activists’ egalitarian sensibilities) but literally anywhere. (p. 35)
Distributed leadership is therefore to be understood as the combination of a topological property (the presence of hubs) and two dynamic ones (hubs can increase and decrease, and new hubs can appear or, alternatively, nodes can ‘lead’ without necessarily becoming a hub or authority in the process). If the first of these entails that networks are constitutively unable to become the perfectly flat, totally transparent, absolutely horizontal media they are sometimes posited as at least potentially being, the latter two indicate the measure of democracy they can be said to have. Individual networks can of course be more or less democratic according to how distributed leadership potential is, and how open they are to new initiatives and hubs emerging. It is only if we understood ‘democracy’ as synonymous with ‘absolute horizontality’ that they could be called undemocratic. Horizontality, despite being an impossible goal to achieve, has its use as a regulative principle, indicating the need to cultivate the two dynamic properties of distributed leadership. (p.39)
Not everyone needs to back an initiative, although it requires support proportional to its aims; but what is backed is not a group or position that exists outside the strategic wager which the initiative embodies, but the wager itself. This amounts to occupying the vanguard-function, or being a vanguard, without vanguardism. (p. 43)
Hirsuto
27 de Dezembro de 2014, 0:03 - sem comentários aindaLumber o quê? Acho que essa galera tá assistindo Wolverine demais. "Estilo lenhador" uma ova.
Minha barba é assíria, levantina, bíblica, grega. É Nabucodonosor e Platão. É de santos e profetas, reis e mendigos, camponeses e caçadores. É minha, sem rótulos, e muda sempre. Pra lá com essas modinhas, por favor.
Lumber o quê? Acho que essa galera tá assistindo Wolverine demais. "Estilo lenhador" uma ova.Minha barba é assíria, levantina, bíblica, grega. É Nabucodonosor e Platão. É de santos e profetas, reis e mendigos, camponeses e caçadores. É minha, sem rótulos, e muda sempre. Pra lá com essas modinhas, por favor.Trackback URL for this post:
Redes fora das redes
23 de Dezembro de 2014, 22:54 - sem comentários aindaCá estou naquele período anual semi-afastado do mundo cotidiano. Não tanto quanto das outras vezes, porque também aqui na roça às margens da mata atlântica as coisas mudam. Há dez anos vieram os relógios, depois as TVs (que felizmente hoje andam mais silenciosas). Depois os smartphones com cache que eram levados à cidade para sincronizar. E desde o começo de 2014, sim, o wifi está na área. Lento, instável, mas suficiente para me permitir publicar este texto (será que vai cair a conexão quando eu apertar "publicar"?).
Decidi, entretanto, que tentaria manter este período mais voltado a dinâmicas outras. Estou, naturalmente, avançando para reduzir minha pilha de coisas para ler (tanto os livros de papel quanto a interminável lista de links guardados no pocket ou a imensurável pasta com PDFs). Ler, andar, escutar e fazer música, brincar com crianças e adultes, olhar nos olhos, ceder espaço para outres, ocupar espaço de outres. Ver crescer e mexer a barriga que carrega mais um dos nossos. Acender fogueiras, velas, ideias.
Única regra para meu uso pessoal da internet nestes dias: facebook, só quando estiver no centro na cidade. Quando muito. As coisas vão continuar automáticas indo daqui pra lá, mas não quero ver aquela página azul aqui no refúgio.
Escreveria mais sobre isso e outras coisas. Escreverei. Mas agora tô indo ali que tem vida me esperando.
Cá estou naquele período anual semi-afastado do mundo cotidiano. Não tanto quanto das outras vezes, porque também aqui na roça às margens da mata atlântica as coisas mudam. Há dez anos vieram os relógios, depois as TVs (que felizmente hoje andam mais silenciosas). Depois os smartphones com cache que eram levados à cidade para sincronizar. E desde o começo de 2014, sim, o wifi está na área. Lento, instável, mas suficiente para me permitir publicar este texto (será que vai cair a conexão quando eu apertar "publicar"?).Decidi, entretanto, que tentaria manter este período mais voltado a dinâmicas outras. Estou, naturalmente, avançando para reduzir minha pilha de coisas para ler (tanto os livros de papel quanto a interminável lista de links guardados no pocket ou a imensurável pasta com PDFs). Ler, andar, escutar e fazer música, brincar com crianças e adultes, olhar nos olhos, ceder espaço para outres, ocupar espaço de outres. Ver crescer e mexer a barriga que carrega mais um dos nossos. Acender fogueiras, velas, ideias.Única regra para meu uso pessoal da internet nestes dias: facebook, só quando estiver no centro na cidade. Quando muito. As coisas vão continuar automáticas indo daqui pra lá, mas não quero ver aquela página azul aqui no refúgio.Escreveria mais sobre isso e outras coisas. Escreverei. Mas agora tô indo ali que tem vida me esperando.