Lixo Eletrônico
29 de Agosto de 2014, 17:24 - sem comentários ainda ---Os organizadores do Giro Sustentável de Ubatuba me pediram para moderar uma discussão online a respeito de "metareciclagem". A MetaReciclagem é uma rede que surgiu em meados de 2002 e foi bastante ativa nos anos seguintes na discussão sobre apropriação crítica de tecnologias da informação, com um foco particular na reutilização de equipamentos eletrônicos utilizando-se software livre e de código aberto.
A perspectiva da MetaReciclagem propõe nesse sentido duas coisas: que as pessoas não sejam somente usuárias das tecnologias, mas entendam como elas funcionam por dentro para transformarem-se em agentes críticos de tecnologias; e que se promova a extensão da vida útil dos equipamentos eletrônicos a partir de seu reuso, ressignificação e transformação. Existem muitas nuances nesse debate, assim como algumas questões burocráticas, logísticas e legais. Compartilho aqui algumas referências para iniciar o debate:
Blog Lixo Eletrônico, que está parado há alguns anos mas armazena muita informação sobre o tema. Recomendo em especial uma série de artigos que escrevi em 2009 mas ainda podem fazer sentido: o Ciclo do Lixo Eletrônico. Ver também o vídeo A história dos eletrônicos, de Annie Leonard. E-wasteland, um filme duro que mostra o tipo de lugar onde vai parar boa parte do material eletrônico descartado no mundo.De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em 2010, a responsabilidade pela destinação do material eletroeletrônico é dos fabricantes ou importadores dos equipamentos. Mas é interessante pensar em centros locais de triagem que proporcionem o reaproveitamento dos materiais antes de sua deposição final. Em Ubatuba teremos no dia 10 de setembro a audiência pública sobre plano municipal de gestão de resíduos sólidos, e é importante levantar essa questão por lá.
Os organizadores do Giro Sustentável de Ubatuba me pediram para moderar uma discussão online a respeito de "metareciclagem". A MetaReciclagem é uma rede que surgiu em meados de 2002 e foi bastante ativa nos anos seguintes na discussão sobre apropriação crítica de tecnologias da informação, com um foco particular na reutilização de equipamentos eletrônicos utilizando-se software livre e de código aberto.A perspectiva da MetaReciclagem propõe nesse sentido duas coisas: que as pessoas não sejam somente usuárias das tecnologias, mas entendam como elas funcionam por dentro para transformarem-se em agentes críticos de tecnologias; e que se promova a extensão da vida útil dos equipamentos eletrônicos a partir de seu reuso, ressignificação e transformação. Existem muitas nuances nesse debate, assim como algumas questões burocráticas, logísticas e legais. Compartilho aqui algumas referências para iniciar o debate: Blog Lixo Eletrônico, que está parado há alguns anos mas armazena muita informação sobre o tema. Recomendo em especial uma série de artigos que escrevi em 2009 mas ainda podem fazer sentido: o Ciclo do Lixo Eletrônico. Ver também o vídeo A história dos eletrônicos, de Annie Leonard. E-wasteland, um filme duro que mostra o tipo de lugar onde vai parar boa parte do material eletrônico descartado no mundo.De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em 2010, a responsabilidade pela destinação do material eletroeletrônico é dos fabricantes ou importadores dos equipamentos. Mas é interessante pensar em centros locais de triagem que proporcionem o reaproveitamento dos materiais antes de sua deposição final. Em Ubatuba teremos no dia 10 de setembro a audiência pública sobre plano municipal de gestão de resíduos sólidos, e é importante levantar essa questão por lá.Os organizadores do Giro Sustentável de Ubatuba me pediram para moderar uma discussão online a respeito de "metareciclagem". A MetaReciclagem é uma rede que surgiu em meados de 2002 e foi bastante ativa nos anos seguintes na discussão sobre apropriação crítica de tecnologias da informação, com um foco particular na reutilização de equipamentos eletrônicos utilizando-se software livre e de código aberto.A perspectiva da MetaReciclagem propõe nesse sentido duas coisas: que as pessoas não sejam somente usuárias das tecnologias, mas entendam como elas funcionam por dentro para transformarem-se em agentes críticos de tecnologias; e que se promova a extensão da vida útil dos equipamentos eletrônicos a partir de seu reuso, ressignificação e transformação. Existem muitas nuances nesse debate, assim como algumas questões burocráticas, logísticas e legais. Compartilho aqui algumas referências para iniciar o debate:Etapa
29 de Agosto de 2014, 12:56 - sem comentários aindaDissertação homologada. Vamos em frente.
Dissertação homologada. Vamos em frente.Trackback URL for this post:
Consulta sobre o IFSP Ubatuba - Meu voto... talvez.
15 de Agosto de 2014, 18:13 - sem comentários ainda ---A partir da segunda-feira 18/08, estará aberta a consulta online para decidir qual o primeiro curso a ser oferecido pelo Instituto Técnico Federal de Ubatuba, que deve iniciar suas atividades no segundo semestre de 2015. Quero compartilhar aqui uma reflexão sobre o tema.
Na audiência ocorrida no mês passado na qual o debate se iniciou, eu tive a oportunidade de expor a opinião de que Ubatuba deveria oferecer cursos públicos em áreas ligadas à chamada "economia criativa", apesar de eu ter minhas já muitas vezes explicitadas críticas à maneira como este campo costuma ser pensado. Não é que a economia criativa seja uma fórmula mágica para Ubatuba, mas a outra alternativa (uma visão tradicional de mercado de serviços em empresas de perfil mais tradicional) me parece muito pior. Parto do princípio de que um ensino técnico voltado ao preenchimento de vagas só contribui para a usual evasão de talentos de Ubatuba: formados sob um modelo segundo o qual o sucesso deve ser medido pelo crescimento dentro do caminho corporativo, jovens talentos logo "batem no teto" e não veem horizonte para crescimento, e acabam deixando a cidade para nunca voltar. Também externei minha percepção de que, já contando com cursos técnicos de administração, contabilidade, informática, nutrição, turismo e meio ambiente, a cidade tem uma demanda reprimida por profissionais de comunicação com uma formação contemporânea.
Minha opinião foi democraticamente vencida durante a audiência. Também minotirários na audiência pública foram os participantes que levantaram a demanda de cursos de design, e de sustentabilidade ou ciências biológicas. Ao fim da noite, decidiu-se que o eixo tecnológico central do IFSP de Ubatuba será "gestão e negócios". Uma resposta de pouca imaginação, na minha humilde opinião. Mesmo assim, considero importante pensar a maneira como os cursos serão montados e oferecidos. Ubatuba tem características únicas. Em especial na minha opinião, a diversidade cultural, o interesse da sociedade em participar de processos de consulta e deliberação, um número considerável de experiências de base comunitária de êxito e, obviamente, o legado ambiental.
Levando tudo isso em conta, a partir da listagem de cursos que podem ser ofertados, eu escolheria como primeira opção o "técnico em cooperativismo", que me parece importante para auxiliar uma série de iniciativas importantes de Ubatuba que podem tornar-se referência. Minha única dúvida é se seria possível mobilizar gente suficiente para entender a fundo e fazer esta escolha dentre as possíveis.
Uma segunda alternativa seria escolher o "técnico em marketing", desde que se pudesse interpretá-lo de uma maneira mais aberta - pensar marketing como ferramenta de atuação em mercados sustentáveis, transicionais e de base comunitária. E de quebra formar pessoas aptas a enfrentar a incomunicabilidade crônica das instituições públicas, empresas privadas e organizações do terceiro setor em nossa cidade.
No fim, ainda indeciso. A consulta online abre na segunda-feira, e fica no ar por um mês. Há tempo para pensar, e conversar a respeito.
A partir da segunda-feira 18/08, estará aberta a consulta online para decidir qual o primeiro curso a ser oferecido pelo Instituto Técnico Federal de Ubatuba, que deve iniciar suas atividades no segundo semestre de 2015. Quero compartilhar aqui uma reflexão sobre o tema.Na audiência ocorrida no mês passado na qual o debate se iniciou, eu tive a oportunidade de expor a opinião de que Ubatuba deveria oferecer cursos públicos em áreas ligadas à chamada "economia criativa", apesar de eu ter minhas já muitas vezes explicitadas críticas à maneira como este campo costuma ser pensado. Não é que a economia criativa seja uma fórmula mágica para Ubatuba, mas a outra alternativa (uma visão tradicional de mercado de serviços em empresas de perfil mais tradicional) me parece muito pior. Parto do princípio de que um ensino técnico voltado ao preenchimento de vagas só contribui para a usual evasão de talentos de Ubatuba: formados sob um modelo segundo o qual o sucesso deve ser medido pelo crescimento dentro do caminho corporativo, jovens talentos logo "batem no teto" e não veem horizonte para crescimento, e acabam deixando a cidade para nunca voltar. Também externei minha percepção de que, já contando com cursos técnicos de administração, contabilidade, informática, nutrição, turismo e meio ambiente, a cidade tem uma demanda reprimida por profissionais de comunicação com uma formação contemporânea.Minha opinião foi democraticamente vencida durante a audiência. Também minotirários na audiência pública foram os participantes que levantaram a demanda de cursos de design, e de sustentabilidade ou ciências biológicas. Ao fim da noite, decidiu-se que o eixo tecnológico central do IFSP de Ubatuba será "gestão e negócios". Uma resposta de pouca imaginação, na minha humilde opinião. Mesmo assim, considero importante pensar a maneira como os cursos serão montados e oferecidos. Ubatuba tem características únicas. Em especial na minha opinião, a diversidade cultural, o interesse da sociedade em participar de processos de consulta e deliberação, um número considerável de experiências de base comunitária de êxito e, obviamente, o legado ambiental.Levando tudo isso em conta, a partir da listagem de cursos que podem ser ofertados, eu escolheria como primeira opção o "técnico em cooperativismo", que me parece importante para auxiliar uma série de iniciativas importantes de Ubatuba que podem tornar-se referência. Minha única dúvida é se seria possível mobilizar gente suficiente para entender a fundo e fazer esta escolha dentre as possíveis.Uma segunda alternativa seria escolher o "técnico em marketing", desde que se pudesse interpretá-lo de uma maneira mais aberta - pensar marketing como ferramenta de atuação em mercados sustentáveis, transicionais e de base comunitária. E de quebra formar pessoas aptas a enfrentar a incomunicabilidade crônica das instituições públicas, empresas privadas e organizações do terceiro setor em nossa cidade.No fim, ainda indeciso. A consulta online abre na segunda-feira, e fica no ar por um mês. Há tempo para pensar, e conversar a respeito.A partir da segunda-feira 18/08, estará aberta a consulta online para decidir qual o primeiro curso a ser oferecido pelo Instituto Técnico Federal de Ubatuba, que deve iniciar suas atividades no segundo semestre de 2015. Quero compartilhar aqui uma reflexão sobre o tema.Na audiência ocorrida no mês passado na qual o debate se iniciou, eu tive a oportunidade de expor a opinião de que Ubatuba deveria oferecer cursos públicos em áreas ligadas à chamada "economia criativa", apesar de eu ter minhas já muitas vezes explicitadas críticas à maneira como este campo costuma ser pensado. Não é que a economia criativa seja uma fórmula mágica para Ubatuba, mas a outra alternativa (uma visão tradicional de mercado de serviços em empresas de perfil mais tradicional) me parece muito pior. Parto do princípio de que um ensino técnico voltado ao preenchimento de vagas só contribui para a usual evasão de talentos de Ubatuba: formados sob um modelo segundo o qual o sucesso deve ser medido pelo crescimento dentro do caminho corporativo, jovens talentos logo "batem no teto" e não veem horizonte para crescimento, e acabam deixando a cidade para nunca voltar. Também externei minha percepção de que, já contando com cursos técnicos de administração, contabilidade, informática, nutrição, turismo e meio ambiente, a cidade tem uma demanda reprimida por profissionais de comunicação com uma formação contemporânea.Sincronicidade
15 de Agosto de 2014, 1:38 - sem comentários aindaPercebi hoje que ainda penso no chat como uma ferramenta síncrona de comunicação - através da qual falaríamos em tempo real com outra(s) pessoa(s), ao contrário das ferramentas assíncronas, que sediariam conversas em intervalos maiores. Mas na verdade, a partir do surgimento do chat no browser (meebo, google chat e outros, depois facebook) e posteriormente do chat no celular, isso tudo muda. Tenho conversas que vão avançando à medida que as pessoas acessam seus dispositivos. Com o celular isso tudo fica mais confuso ainda. As conversas no telegram e whatsapp têm um tempo todo maluco.
E a garotada de 14 anos se pergunta, em sincera consternação: "mas quem é que usa e-mail?"
Percebi hoje que ainda penso no chat como uma ferramenta síncrona de comunicação - através da qual falaríamos em tempo real com outra(s) pessoa(s), ao contrário das ferramentas assíncronas, que sediariam conversas em intervalos maiores. Mas na verdade, a partir do surgimento do chat no browser (meebo, google chat e outros, depois facebook) e posteriormente do chat no celular, isso tudo muda. Tenho conversas que vão avançando à medida que as pessoas acessam seus dispositivos. Com o celular isso tudo fica mais confuso ainda. As conversas no telegram e whatsapp têm um tempo todo maluco.E a garotada de 14 anos se pergunta, em sincera consternação: "mas quem é que usa e-mail?"Trackback URL for this post:
Fablabs, makerspaces, gambiarra e conserto
14 de Agosto de 2014, 23:40 - sem comentários ainda ---Escrevi mais uma coluna Raitéqui para a edição 99 da Revista A Rede. O texto é uma remixagem de um trecho da minha dissertação de mestrado, retrabalhado e algo ampliado. Como a versão publicada na revista está com alguns errinhos de revisão, publico aqui minha versão final.
Fablabs, makerspaces, gambiarra e conserto
Surgidos a partir do Centro para Bits e Átomos (CBA) no Media Lab do MIT, os Fablabs - laboratórios de fabricação digital - são espaços em que se disponibilizam equipamentos para a criação e modificação de objetos a partir de arquivos digitais. Usam fresadoras, cortadoras de vinil e outros materiais, máquinas de bordar, impressoras e scanners 3D, entre outros. Boa parte destas tecnologias já existem há algumas décadas. Até recentemente, entretanto, estavam associadas exclusivamente à produção industrial ou à arquitetura, e seu uso era complicado. Mas diversos desenvolvimentos recentes colaboraram para baixar seus custos e tornar sua operação mais simples.
O surgimento dos Fablabs deve-se principalmente a pesquisas do MIT sobre o barateamento e o maior acesso a tais tecnologias, na esteira do curso "como fazer (quase) qualquer coisa" oferecido por Neil Gershenfeld, diretor do CBA. Logo os Fablabs seriam replicados no mundo inteiro, aliando-se ou inspirando projetos dedicados à fabricação digital como a Reprap, a Makerbot e outros. Um projeto brasileiro que orbita essa área é a Metamáquina, primeira fabricante nacional de impressoras 3D de baixo custo.
Os Fablabs e suas tecnologias também tornaram-se mais conhecidos à medida em que passaram a ser identificados como ponta de lança de uma suposta "nova revolução industrial". As tecnologias de fabricação propriamente ditas têm bastante em comum com outras tendências atualmente em voga, como o hardware livre, a computação física e os hackerspaces. Tomadas em conjunto, comporiam a chamada "maker culture" (que pode ser traduzida como cultura da fabricação). Além dos Fablabs - usualmente ligados a instituições acadêmicas ou comerciais -, existem também espaços para a cultura maker voltados a um público mais amplo, os chamados makerspaces. Se os Fablabs voltam-se primordialmente a estudantes universitários de design e engenharia, os makerspaces estariam mais abertos a amadores, hackers e mesmo artesãos.
Um dos nomes de peso a afirmar a cultura maker como plataforma para a nova revolução industrial é Chris Anderson, que já foi editor da revista Wired e coordenador das conferências TED. Para ele, uma das principais implicações da fabricação digital é expandir o horizonte de atuação da inovação tecnológica - não mais limitada às redes digitais e mídias sociais, mas agora aberta ao que ele chama "mundo dos átomos". Sugere que uma abertura a ideias comerciais inovadoras supostamente presente nas startups digitais da internet estaria agora acessível a inventores-empreendedores voltados para a criação de novos produtos.
Apesar de toda a retórica "revolucionária", é importante perceber que essa vertente comercial da cultura maker costuma utilizar-se de um vocabulário oriundo da produção industrial, quase sem questioná-lo. Neste discurso, a relevância das tecnologias de fabricação digital se daria porque inventores em potencial poderiam "prototipar" suas invenções a um custo baixo.
Para o pesquisador brasileiro Gabriel Menotti, o protótipo é "um objeto crítico de sua própria função". Em outras palavras, o protótipo só existiria enquanto etapa anterior à concretização da versão definitiva de determinado produto. Entretanto, frente às múltiplas potencialidades sugeridas pelas tecnologias de fabricação digital, pensar somente em protótipos poderia ser um equívoco. Para ele, afirmar um objeto como protótipo implica assumir que sua única função é simular um objeto que será fabricado posteriormente, o que restringiria suas possíveis interpretações. Menotti sugere então a necessidade de pensar outras definições para os objetos resultantes da criatividade aplicada às novas tecnologias de fabricação digital. Para ele a gambiarra, ao contrário do protótipo, seria mais adequada a tempos pós-industriais.
No limite, a perspectiva da gambiarra estimula uma maior diversidade de maneiras de apropriação e invenção, a partir da exploração de indeterminações materiais. Ou seja, aumentam-se as possibilidades de usos criativos dos objetos fabricados, à medida em que se recusam o encerramento e a delimitação de suas funções potenciais. Mais do que replicar em escala local os processos industriais, as tecnologias de fabricação poderiam assim indicar outras formas de articulação entre criatividade e objetos materiais, carregadas de significado e relevância.
É precisamente na encruzilhada entre o grande potencial de transformação local e coletiva trazido pelas tecnologias de fabricação digital e sua assimilação pelos mecanismos globais de uma economia industrial baseada essencialmente na especulação e na publicidade que se situa o projeto ReFab Space, do Access Space, na Inglaterra. O projeto surgiu quando o Access Space recebeu doações de máquinas digitais de fabricação industrial, mas configurou-se de maneira diversa dos Fablabs.
De certa forma, a diferença entre um Fablab típico e o ReFab Space é parecida à distinção entre o protótipo e a gambiarra. O Access Space é reconhecido internacionalmente por sua atuação no tema do lixo eletrônico. Sua articulação pode sugerir uma produtiva contraposição entre a "cultura da fabricação" e o que poderia ser chamado de "cultura do conserto". De fato, em uma época na qual a humanidade produz quantidades imensas e crescentes de lixo cuja proporção potencial de reciclagem pode no máximo (com otimismo) manter-se estável, a mera sugestão de multiplicarem-se os meios de fabricação de novos objetos deveria ser profundamente questionada. A alternativa, utilizar as tecnologias de fabricação para produzirem-se peças que possibilitem a reutilização de materiais, equipamentos e objetos, parece muito mais apropriada.
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Links
https://www.fablabs.io/ http://cba.mit.edu/ http://reprap.org/ http://makerbot.com/ http://metamaquina.com.br/ http://refab-space.org/---
Felipe Fonseca é coordenador do núcleo Ubalab. Vive em Ubatuba/SP, onde organiza o Tropixel e leciona na Escola Técnica Municipal Tancredo de Almeida Neves.
Tags: gambiarralabshackerspacesfablabmakerspacesCategoria: espaçosEscrevi mais uma coluna Raitéqui para a edição 99 da Revista A Rede. O texto é uma remixagem de um trecho da minha dissertação de mestrado, retrabalhado e algo ampliado. Como a versão publicada na revista está com alguns errinhos de revisão, publico aqui minha versão final.Fablabs, makerspaces, gambiarra e consertoSurgidos a partir do Centro para Bits e Átomos (CBA) no Media Lab do MIT, os Fablabs - laboratórios de fabricação digital - são espaços em que se disponibilizam equipamentos para a criação e modificação de objetos a partir de arquivos digitais. Usam fresadoras, cortadoras de vinil e outros materiais, máquinas de bordar, impressoras e scanners 3D, entre outros. Boa parte destas tecnologias já existem há algumas décadas. Até recentemente, entretanto, estavam associadas exclusivamente à produção industrial ou à arquitetura, e seu uso era complicado. Mas diversos desenvolvimentos recentes colaboraram para baixar seus custos e tornar sua operação mais simples.O surgimento dos Fablabs deve-se principalmente a pesquisas do MIT sobre o barateamento e o maior acesso a tais tecnologias, na esteira do curso "como fazer (quase) qualquer coisa" oferecido por Neil Gershenfeld, diretor do CBA. Logo os Fablabs seriam replicados no mundo inteiro, aliando-se ou inspirando projetos dedicados à fabricação digital como a Reprap, a Makerbot e outros. Um projeto brasileiro que orbita essa área é a Metamáquina, primeira fabricante nacional de impressoras 3D de baixo custo.