Mais uma noite escura
a luz se esvai na janela
rios descem dos céus
de uma noite sem chuvas,
apenas figuras tortas
que não indicam o caminho...
uma mente quente, fria ao lembrar
da saudade de outras noites
mais calmas, sob estrelas.
A lua é preferiada sem razão
e poucos podem ter a emoção
de não poder ter a pessoa
boba, singular e atraente
que envolvente disse adeus,
sem balancear a minha dor.
Cantos estranhos de uma casa
conhecida, caída e antiga
dona-mór dos fatos acontecidos
e não acontecidos, mas desejados,
cantos onde cantos predominam
falando de sofrida solidão
não desejada mas vivida.
Vozes femininas dispersas,
que por sutilezas fogem
da noite que as cegam
exigindo luz para caminhar,
querendo limpar-se em banhos
que não podem ser das chuvas,
como os meus que gélidos e suaves
renovam a vida de quem não vive
quando o saber se rende
à intensa sedução dos contrastes.
Imagem nova de uma velha existência
perseguidora por não esperar
injusta por não deixar pensar,
outrora pertubadora durante o dia
que invadindo a aurora,
toma o gozo da (minha) vida
por não haverem promessas
nem mentiras no meio da noite
através dos telefonemas das amantes
viventes que provariam
a incapacidade das palavras
e definiram a verdade do amor.
Autor: Amadeu A. Barbosa Júnior
Data: 15/01/2002
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