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O que médicos deviam aprender com as bibliotecas

1 de Abril de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Bibliotecas são muito mais simples do que os serviços de emergência médica… no entanto, as idéias mais simples são as que costumam ser mais efetivas. Isso é tão verdade que é base de um conceito bastante difundido cientificamente que se chama Navalha de Occam. Observando o caos que o atendimento de emergência do sistema de saúde brasileiro se tornou (do ponto de vista de quem está dentro dele), cada vez mais admiro soluções simples como as bibliotecas.

As bibliotecas são sistemas de empréstimo de livros, certo? Uma boa parte cobra uma mensalidade, ou anualidade, para manter o funcionamento: em geral uma quantia baixa, da qual ninguém reclama. No entanto, apenas emprestam o livro por um limitado número de dias (afinal de contas, o número de exemplares é igualmente limitado). Se você quiser ficar com o livro o semestre inteiro, que compre uma edição, certo? O que acontece com os que excedem o número de dias do empréstimo? Em geral, uma multa (pecuniária) é aplicada. Ou seja, as bibliotecas aplicam de forma exemplar o princípio econômico do incentivo (nesse caso o oposto disso): punem quem foge das regras. O atendimento de emergência não.

Em primeiro lugar, o que é uma emergência? É claro que, para quem está com um problema de saúde, seu caso é sempre uma emergência… Mas alguém que está com dor nas costas por todo o último mês seguramente seria melhor atendido no posto de saúde, no ambulatório, ou no consultório do seu médico… não tem nenhuma justificativa para procurar o serviço de emergência às 3 horas da manhã e tomar o lugar de, quem sabe, alguém que acabou de sofrer um acidente de motocicleta. Sim, é muito bom termos um serviço médico que funciona 24 horas, mas como coibir abusos (e, em se tratando de seres humanos, podemos garantir que abusos acontecem sempre)? Simples, as bibliotecas têm a solução: multa para o sujeito!

Você acha radical? Isso é porque você nunca precisou de uma emergência para um caso realmente de emergência e teve o seu atendimento postergado porque ela estava lotada. Ou talvez porque você nunca atendeu em uma emergência nessas condições. As autoridades italianas, no entanto, não pensam assim… pensam exatamente como os bibliotecários:

O cartaz acima estava na porta de entrada de uma emergência italiana. Essa foto foi tirada por mim, quando estive lá em meados do ano passado. Basicamente ele diz o seguinte: Todos serão atendidos, mas se o médico que lhe prestar atendimento decidir que seu caso não era uma emergência, ou que seria melhor atendido pelo serviço regular de saúde, você receberá o “Código Branco”, e deve pagar € 25! Em seguida ele lista as exceções (sabiamente incluindo as crianças, por exemplo, em quem decidir se o caso é uma emergência é mais difícil) e os locais mais próximos pertencentes ao sistema regular de saúde.

Claro! No Brasil existem diversas outras questões. Estar com uma dor nas costas há um mês e somente conseguir uma consulta no posto de saúde para daqui a mais um mês é uma vergonha, com certeza! Mas ser atendido em uma emergência não é a solução! Existem diversas soluções, entre elas efetivamente cancelar as consultas que já foram realizadas ou que ficarão vagas (Sim. Muita gente marca o atendimento e ou procura outro serviço ou simplesmente não aparece) – que podem chegar a mais da metade das consultas! No entanto essa é uma outra história… Por enquanto, aliviar as emergências, isso sim, é uma emergência.


Fonte: http://www.nardol.org/2009/3/30/o-que-medicos-deviam-aprender-com-as-bibliotecas

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