O III Fórum Internacional de Software Livre terminou, no final da tarde deste sábado (04), com uma demostração do poder da participação popular. Os mais de dois mil participantes do ato de encerramento escolheram o ano de 2003 como data para a realização do próximo evento, que irá reunir novamente os defensores dos programas de códigos abertos. A comissão organizadora do Fórum queria passar a realizar o evento de dois em dois anos -o próximo seria em 2004 -, por razões de logística.
O diretor-presidente da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs), Marcos Mazoni, apresentou durante o encerramento os números finais do Fórum, que contou com representantes de 11 países, 26 Estados brasileiros, 1.074 empresas e instituições, 2.546 inscritos, 266 palestrantes, 290 horas de atividades e 187 pessoas no apoio. "Foram 2.994 pessoas envolvidas no maior evento de informática do Brasil e da América Latina", destacou Mazoni.
Para ele, o fórum demonstrou quem realmente é importante para o fortalecimento do software livre mundialmente."Este projeto não é só importante porque apresenta soluções de software, porque estes softwares são mais baratos, mas sim porque ele tem uma dimensão maior ainda, pois trata da inteligência humana", avaliou Mazoni, que prevê um fórum maior em 2003. A expectativa, segundo ele, é de um grande evento mundial em Porto Alegre. "Queremos transformar o Rio grande do Sul, que já o Estado da participação popular, no Estado do Software Livre", ressaltou.
Futuro do GNU/Linux Antes do encerramento do Fórum, o presidente da Linux Internacional, Jon "maddog" Hall, apresentou uma palestra sobre o futuro do GNU/Linux no mundo. "O linux é inevitável. Ele está aí,", declarou. Para Maddog, a pergunta que se deve fazer hoje não é sobre o sucesso do software livre, que, segundo ele, já está confirmado, mas sim com que rapidez ele se difundirá.
De acordo com o presidente da Linux, há hoje 40 mil projetos de software livre em desenvolvimento e cerca de 400 mil pessoas trabalhando neles. "O software livre permite este constante trabalho em conjunto de pessoa", ressaltou. Para respaldar sua afirmação, Maddog falou de um estudo desenvolvido pela Nasa, que afirma que o trabalho em grupo sempre apresenta melhores resultados. "Está é a chave que dá ao software livre a facilidade de derrubar barreiras para entrar no mercado", assinalou.
Apesar de afirmar ser contrário a fazer previsões, Maddog falou que nos próximos dez anos os filmes da série de ficção científica "Star Trek" não serão mais tão irreais ou distantes. Entre as inovações que ele espera encontrar estão os micro celulares em alta velocidade e todos conctados à Internet, o desenvolvimento de roupas "inteligentes" - que poderiam detectar problemas de saúde, taxa de açúcar no sangue e os batimentos cardíacos. "Este tipo de roupa já está sendo desenvolvida na área militar".
Além disso, Maddog prevê novos códigos de scanner, animações em tempo real e cerca de quatro bilhões de pessoas conectadas na Internet em todo mundo. Todas estas novas tecnologias irão rodar em Linux", afirmou.
Ao terminar sua participação nesta terceira edição do Fórum, Maddog apresentou algumas iniciativas que são desenvolvidas com GNU/Linux que o deixam agradecidos por defender esta tecnologia. Entre elas, estão o uso do GNU/Linux em um helicóptero da coroa inglesa, que faz o resgate de pessoas em alto-mar, por 1.600 médicos cubanos e por uma universidade de São Paulo que o utiliza para agilizar os resultados dos exames de mamografia, que demoravam 20 horas e hoje saem em 20 minutos. Lembrou ainda que cerca de 80% dos servidores instalados na Polônia funcionam com o GNU/Linux. Maddog despediu-se do público agradecendo pelo trabalho de cada programador e defensor do software livre.