Cylon Gonçalves da Silva, professor emérito do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador adjunto de Programas Especiais da Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), assumiu nesta quarta-feira, 04/08, em Porto Alegre (RS), a presidência do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec/MCT), fabricante de semicondutores.
O principal objetivo da empresa, inaugurada em março último, é desenvolver a indústria eletrônica nacional por meio da implantação de uma base sólida no setor de semicondutores. “O Brasil já fez várias tentativas de implantar uma indústria de microeletrônica, mas por razões econômicas e de mercado, nenhuma delas teve muito êxito. Agora, há uma janela de oportunidades. O País vive uma demanda por desenvolvimento de tecnologias em várias áreas, como em telecomunicações”, disse Gonçalves da Silva.
A Cietec opera na elaboração de projetos de circuitos integrados e tem como segundo propósito produzi-los. A fábrica, que está em fase final de implantação e certificação, será a única na América Latina capaz de produzir processadores (chips). No Design Center, um dos componentes da empresa, são elaborados projetos, criadas patentes e conhecimento de processadores.
O outro espaço da empresa é a fábrica, onde efetivamente serão criados os produtos. “Mas a Ceitec não vai lidar com o consumidor final. Será uma provedora de tecnologia para empresas que estarão no mercado”, explicou o presidente.
A empresa já tem um produto em desenvolvimento, projetado pelo grupo que deu origem à empresa, denominado Chip do Boi, dispositivo que permite rastrear e acumular dados sobre o gado.“O chip foi pensado e produzido no Brasil, mas fabricado no exterior. Está em fase de testes em fazendas em Minas Gerais e Mato Grosso e é muito importante do ponto de vista do mercado interno e exportador”, destacou Gonçalves da Silva.
O objetivo em curto prazo é colocar a fábrica para funcionar e levar o Chip do Boi para o mercado. “É um produto inteiramente novo, uma espécie de carteira de identidade com atestado de vacina do animal. Nele, ficam registradas a história e toda a evolução do animal”, informou.
Segundo o novo presidente, a Ceitec terá um papel decisivo no desenvolvimento das telecomunicações no País, em particular nos componentes para TV digital e para a expansão da banda larga. “A ideia é desenvolver WiMax no Brasil”, disse. Outro ponto diz respeito à recente implantação da TV digital no País e à escolha de um padrão distinto do resto do mundo.
“Temos condições de projetar e fabricar a componente-chave, que é o demodulador do sinal digital, para que empresas coloquem o componente nos televisores que serão fabricados no País”, disse Gonçalves da Silva. “Mas o desafio não é só da Ceitec. É da sociedade e do Estado brasileiro, de criar um ambiente que estimule o surgimento dessas empresas e a manutenção delas no mercado”, afirmou.
Cylon Gonçalves da Silva graduou-se em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1967. É PhD em física pela Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos (1972), e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 1992. No período 1978/1980 foi maître-assistant e professor visitante na Universidade de Lausanne e pesquisador visitante na École Normale Supérieure (Paris). Dirigiu a implantação do Laboratório Nacional de Luz Sincroton (LNLS/MCT), em Campinas (SP), que entrou em operação em 1997.
Grande parte da sua produção científica é dedicada a pesquisas sobre propriedades magnéticas e eletrônicas de materiais e a estudos sobre super-redes semicondutoras semimagnéticas. Tem cerca de 70 artigos publicados e cinco livros editados. Foi diretor de desenvolvimento da Editora Oficina de Textos e iniciou uma série de conferências da Escola Brasileira de Física de Semicondutores. Também foi membro do Comitê de Programa da Conferência Internacional de Física dos Semicondutores.
* fonte: : Convergência Digital
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