Celular produzido pela Motorola para a Nextel tem tela sensível ao toque, câmera de 5 megapixels e vem com Prince of Persia instalado. Para jogar depois do expediente, é claro.
Os usuários de aparelhos do tipo PTT (do inglês push to talk, “aperte para falar”, que misturam funções de celular com as de aparelhos de rádio-comunicação) se acostumaram a trabalhar com dispositivos robustos e duráveis, mas que quase sempre pareciam estar uma geração atrasados em termos de atualização tecnológica. Esse hiato está desaparecendo, e o exemplo mais eloquente da mudança está no i1, lançado na semana passada pela Mororola e pela Nextel, principal operadora do país nesse segmento.
O i1 é um smartphone que roda o sistema operacional Android, do Google, e é parente bem próximo de outros aparelhos bem conceituados fabricados pela Motorola, como o Milestone. Tem tela de 3,1 polegadas sensível ao toque, câmera de 5 megapixels com flash LED e ferramentas de edição de imagem. Conta com três telas personalizáveis e acesso aos serviços móveis do Google – entre eles o acesso ao Android Market, de onde podem ser baixadas novas aplicações. Nas telas pré-programadas há inclusive demos de games da EA e da Gameloft. Quem se imaginaria jogando Prince of Persia ou Monopoly entre um toque e outro no botão do comunicador?
O i1: três telas personalizáveis e até joguinhos
Segundo Greg Santoro, vice-presidente para marketing e estratégia de negócios da NII (a holding americana que controla a Nextel na América Latina, com operações no Brasil, Argentina, México, Chile e Peru), os clientes da empresa vinham pedindo aparelhos com mais funções, incluindo as de entretenimento. “Nós gostamos de pensar que os nossos clientes não são só trabalho, e que depois das 6 da tarde eles usam seus aparelhos para outras coisas além de produtividade”, diz. “E ficamos orgulhosos que eles usem os nossos aparelhos e não os de um concorrente.”
Não se trata apenas de uma mudança de opinião ou de público. Um smartphone dá às empresas – principais clientes da empresa, embora ela esteja crescendo também entre profissionais liberais e pessoas físicas – a possibilidade de trabalhar de forma mais inteligente. É possível acessar outras formas de comunicação além da voz e do rádio via PTT: e-mail, transferência de dados, comércio eletrônico. E é possível acrescentar uma variedade de aplicações produtivas, como GPS. O entretenimento também está lá – é quase uma consequência. “É por isso que estamos entusiasmados com o Android”, diz Greg Page, vice-presidente da Morotola para iDEN e responsável pelo relacionamento com a Motorola e outras 24 operadoras que usam a tecnologia ao redor do globo.
O i1 conta também com acesso à internet wi-fi, mas não tem capacidade para 3G. Opera com a tecnologia iDEN, oferecida pela Nextel na maioria de seus mercados, que tem velocidades maiores. Por isso, o navegador embutido no aparelho é uma versão do Opera Mini, customizada para a Nextel. A vantagem do navegador (da empresa norueguesa Opera, que também faz um browser para desktops muito bom, embora pouco lembrado) é que ele “terceiriza” parte do processamento para os servidores da Opera e comprime os pacotes de dados, de forma a tornar mais leve o serviço a ser feito pelo hardware do aparelho.
O jornalista viajou a convite da Nextel e da Motorola.
Mudanças
Uma empresa voltada para o software
Uma outra Motorola deve surgir no ano que vem. A empresa planeja cindir sua área chamada internamente de home and mobile, que inclui telefones celulares e conversores de tevê. A nova empresa já nasce diferente, incentivada pela revolução provocada pelo Android, que pode ser constatada em dois números. Em setembro do ano passado, apenas 1% dos consumidores dos EUA diziam ter intenção de comprar um aparelho Motorola. Em março deste ano, eram 16%. O aumento – classificado como “dramático” pelo vice-presidente Mark Shockley – reflete o sucesso de aparelhos como o Droid (no Brasil, Milestone), equipados com Android, o sistema que mais cresce. “Estamos nos transformando em uma empresa de software para aparelhos móveis”, diz Sanjay Jha, co-CEO da empresa. “Sessenta por cento dos nossos engenheiros já trabalham com software.” E eles vão trabalhar em serviços baseados em internet e nas redes sociais e em Android, que Jha elogia. “Por ser aberto, ele permite que muitas pessoas possam inovar juntas”, diz.
* font: Gazeta do Povo
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