O que nos une? A pergunta foi feita para o “coletivo editorial mutgamb” logo após o debate no lançamento do livro do efeefe em Ubatuba, onde estamos em reunião para definir rumos, afinar propostas, idealizar orçamentos etc. Tão pertinente quanto esta pergunta uma outra poderia ter sido colocada logo em seguida por um de nós, o que pode nos separar? E isso importa?
Essa ação /conversa que estamos tendo por aqui é algo que tem um padrão, um vínculo ordenado. Mas isto não é algo objetivo, evidente, claro. Ou melhor, há clarezas sim, mas não aquelas possíveis de serem delimitadas apenas em discurso. Porque é a ação que acompanha o discurso que dá sentido a todas as propostas aqui discutidas e que faz com que estas propostas se tornem reais. O que cada um de nós vai fazer com a tag “mutgamb” logo em seguida a este encontro pode fortalecer o que nos mantém juntos ou não. Mas, que importância tem para cada um de nós “estar juntos”?
Das coisas que me vem à cabeça agora, pensando nessa questão do estar juntos e de sua importância , algo que surge é a consideração de que não somos inicialmente um agrupamento espontâneo. O mutgamb é uma intervenção planejada na rede de comunicação e informação da MetaReciclagem, ou melhor dizendo, é algo inicialmente estruturado para agir em torno da rede relacionamentos, comunicação e informação da MetaReciclagem e potencializar, articular, dar visibilidade à MetaReciclagem que queremos. Uma estratégia de permanente demarcação, legitimação, fortalecimento dos ideais e práticas que se associam à MetaRec formando um comum de entendimentos, de desejos, de vontade de construir coisas juntos. Um comum que se coloca como um ponto de passagem interessante para as articulações com a rede , enquanto rede, da rede. Para que juntos acolhamos o novo, o diferente, o “outro” que será o “mesmo”. Ou, como não pode deixar de ser, o “mesmo” que será o “outro”. Mas nada fixo, nada definitivo, sempre fruto das associações com o comum.
Mas ter sido algo planejado não quer dizer que o agrupamento que hoje somos, de pessoas, concepções, técnicas e qualquer outro elemento que queira ser destacado, não pode vir a gerar (ou já tenha gerado, esteja gerando) várias ligações espontâneas. Algumas destas ligações podem até manter o nome de “mutgamb”, ou os ideais em torno do que foi inicialmente planejado. Mas outras ações, práticas, conceitos também emergem. E essa emergência talvez seja o mais legal disso tudo. A separação de alguns elementos com o passar do tempo é algo inevitável. Talvez o que fique, o que mantenha a união, possa ser pensado justamente como a diferença, a distinção, ou a consciência de alguns destes fatores que constituem esse comum em permanente construção.
0sem comentários ainda