Compartilho em formato aberto texto que escrevi para a edição de Maio da Revista Tema (Software Livre) do Serpro:
Estamos vivendo uma época de grande efervescência nas nossas democracias. Temos presenciado um grande engajamento juvenil e acompanhado o surgimento de diversos movimentos que encontram na Internet seu locus para proclamação das pautas sociais. As novas tecnologias, ambientes e linguagens que utilizam os meios digitais para se manifestar encontram nas possibilidades de comunicação horizontal da rede um cenário de articulação onde as mensagems se propagam na velocidade da luz e o fenômeno da liderança aparece de forma distribuída.
Embora o Brasil seja campeão recente de uso das redes sociais, nossa história de participação política é um pouco mais antiga. Desde o início do governo Lula que os instrumentos de participação social se proliferaram em número e qualidade. Quase uma centena de conferências nacionais foram realizadas nesses últimos dez anos. Conselhos de políticas públicas, ouvidorias e mesas de diálogo se proliferaram com bastante intensidade. Espaços de construção conjunta de políticas públicas, além de um objetivo estratégico desse projeto de Nação em curso desde 2003, são também uma prática cada vez mais consolidada na sociedade brasileira. A energia e criatividade do nosso povo, principalmente das classes populares e movimentos sociais, tem contribuído fortemente para que nossas políticas possam atender os excluídos, gerar riquezas e desenvolver o Brasil de forma sustentável.
Tendo como base esse campo fértil na sociedade brasileira e a grande adesão de todas as gerações às novas tecnologias, destaco a grande oportunidade que temos pela frente. Essa política colaborativa que está em curso no Brasil tem uma relação bastante próxima à maneira que as comunidades de software livre se relacionam e constroem juntas sistemas e códigos tão complexos quanto as políticas públicas. O processo de construção de softwares e sistemas de código aberto na Internet faz uso de metodologias profundamente colaborativas, baseadas na livre circulação do conhecimento, na liberdade de contribuição de qualquer membro e na completa abertura para o surgimento de práticas inovadoras. Dessa forma, a adoção cada vez mais massiva de software livre pelos governos, além de contribuir com o desenvolvimento e a soberania tecnológica do país, permite que haja participação na própria construção das infraestruturas tecnológicas públicas. Num mundo cada vez mais mediado por ambientes digitais, essa oportunidade de participação pode aprofundar a democracia e nos manter no caminho da construção, a cada dia, de um país mais justo e participativo.
Software Livre, Participação Social e Colaboração
27 de Junho de 2013, 0:00 - sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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