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Eles se acham a última bolacha do pacote

15 de Março de 2011, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Eu nem sou tão chegado assim em cinema iraniano, até porque para gostar de alguma coisa é preciso, antes, conhecê-la. Mas vamos supor que eu fosse um cinéfilo fissurado pelos filmes da terra dos aiatolás. Morando no interior de Minas, não teria nenhuma alternativa de acesso às badaladas películas do oriente médio, até porque as locadoras só se dão o direito de oferecer produções norte-americanas. Dispensável dizer que também não encontraria qualquer título de outros países reconhecidos pela produção cinematográfica, como Índia, China, Japão, Rússia, Cuba ou Argentina.

Com a internet, no entanto, a coisa fica diferente. Posso visitar, por exemplo, este site, que reúne vários mecanismos de busca de arquivos torrent para procurar o filme que eu quiser. Na maioria das vezes, mesmo quando se trata de filmes marginais, alternativos ou de países distantes, as buscas são bem sucedidas. No caso do filme iraniano, você não fala persa? Sem problemas. Provavelmente no opensubtitles.org você vai encontrar legendas para baixar.

Esta breve introdução serve apenas para ilustrar o quanto a era da internet nos dá maior direito de escolha em relação aos bens culturais que consumimos. Até poucos anos, os estúdios hollywoodianos e as grandes gravadoras de discos dominavam todo o mercado, desde a produção até a distribuição, controlando todos os filmes e músicas aos quais teríamos acesso. Sempre se produziu cinema no mundo todo, mas somente a indústria norte-americana tinha o poder de distribuir seus produtos simultaneamente ao redor do mundo, caracterizando um monopólio difícil de ser quebrado. Hoje o cenário é outro, e a grande briga dos estúdios é garantir, sobretudo via legislação, que a livre circulação de bens culturais seja freada, caracterizando-a como pirataria e outros apelidos afins.

Há outros interessados nessa briga. Na era dos computadores e dispositivos móveis, aquele que conseguir colocar seu equipamento na mão de mais consumidores tem maior chance de restringir o acesso a filmes e músicas exclusivamente em suas lojas virtuais. Daí vem a euforia de grandes corporações em busca de se tornarem padrões de mercado, como por exemplo, o leitor de livros eletrônicos Kindle, da Amazon, e o tablet iPad, da Apple, este último o queridinho dos moderninhos.

Esses aparelhos, por melhores que sejam, restringem o acesso a uma única loja virtual, a do próprio fabricante, na tentativa de obter lucro com a venda de bens culturais. Tentam voltar à lógica do controle da distribuição, restringindo a liberdade de escola em prol do lucro.

E se antigamente as gravadoras de música faziam uso do jabá para garantir vitrine a seus principais nomes nas rádios e tevês brasileiras, atualmente os fabricantes de produtos móveis parecem usar do mesmo expediente. Duas das revistas semanais de maior repercussão no Brasil, Época e Veja, criaram a rotina de estampar os produtos da Apple em suas capas.

Qualquer leitor mais atento percebe que a estratégia destas publicações é a de mostrar que os brinquedinhos de Steve Jobs, sempre voltados para um mercado elitista, são revolucionários, inovadores, práticos, elegantes, a última bolacha do pacote. Ora, no mundo de hoje, onde tudo muda a cada segundo, é relativamente difícil encontrar algum produto que não seja inovador, prático, elegante, etc. Mas, ao contrário do que defendem as revistas mercadológicas das grandes editoras, a inovação da era digital não está nos brinquedinhos das grandes empresas tecnológicas, pois nada pode ser mais revolucionário que o código aberto, o software livre, a cultura hacker, o espírito libertário do torrent e de tantas outras novidades nascidas com a internet. É a aspiração à liberdade que originou a internet e todas as suas benesses para a comunidade mundial, e não os interesses comerciais das corporações de mídia e tecnologia.

Mas o jabá da Apple claramente corre solto, tentando nos fazer acreditar que a era digital evolui apenas no passo das grandes corporações. É apenas um sinal de que o mundo muda, mas algumas práticas se mantêm.


Fonte: http://viraminas.org.br/uaipod/2011/03/15/eles-se-acham-a-ultima-bolacha-do-pacote/

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