Estreou no último sábado no Teatro Municipal Usina Gravatá, em Divinópolis, o documentário La Borba, o segundo do divinopolitano Adriano Luiz Reis. O título sugere por si só o enredo, mas, na verdade, o filme não é uma simples biografia de uma das principais figuras da era do rádio no Brasil, Emilinha Borba. Trata-se de uma leitura sobre a idolatria e a paixão de fãs por ídolos, sintetizada nas memórias de um admirador de Emilinha, Aílton Rodrigues.
Entre depoimentos de Aílton e trechos de arquivo da carreira de Emilinha, La Borba vai estreitando cena a cena os laços entre os dois personagens. Aílton é um cara um tanto quanto folclórico. Emociona logo ao início do filme, quando lembra que foi surpreendido, ainda na década de 50, com a notícia de que a cantora estava em Divinópolis para uma apresentação no antigo Cine Popular, o maior cinema da época na cidade. E, depois, vai revelando aos poucos uma idolatria que é ao mesmo tempo divertida e emocionante.
De tão fã, Ailton chegou a ficar íntimo de Emilinha. Serviu de guia a estrela do rádio em algumas de suas andanças por Minas Gerais e prestou a ela o que a própria cantora considerou a maior homenagem que já recebera: a criação do bar La Borba, que tinha as paredes inteiras cobertas com fotos e recortes de Emilinha.
Bacana foi acompanhar a apresentação com o teatro Gravatá lotado. Deu para perceber que as poltronas estavam repletas de fãs da cantora, que acompanhavam os trechos das marchinhas e dos sambas que Emilinha interpretava na tela. Vale registrar a presença de fãs de outros estados, membros de fã-clubes espalhados pelo País. Exemplo é do escritor Luiz Sérgio Quarto, autor do livro infantil Emília, Emilinha, Miloca, cujo tema considero aqui ser desnecessário esclarecer. Basta dizer apenas que mistura letras de marchinhas e ilustrações infantis e serve como um interessante complemento para-didático.
Por projetos como o La Borba, o trabalho de documentarista de Adriano Luiz Reis vai se consolidando como um dos mais bem sucedidos da cidade. Por trazer à tona a memória de personagens do cotidiano, seus pontos de vista e peculiaridades, as obras prestam um serviço à difusão e à valorização da cultura local, seja ela ligada a artistas populares, como no caso do documentário anterior sobre Celeste Brandão, ou à cultura de massa, como no lançamento La Borba. Vale a pena conferir.
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