As contradições do modelo de gestão neoliberal escolhido pelos nossos governantes são evidentes.
O governo da petista Dilma, mesmo enfrentando a oposição de sua própria base de sustentação social, se prepara para entregar à iniciativa privada importantes segmentos na infraestrutura nacional.
Já nas próximas semanas devem ocorrer dois vultosos leilões:
- 18 de janeiro: leilão de um trecho de 476 quilômetros da BR-101 no Espírito Santo, com investimento de R$ 2,1 bilhões nos 25 anos de contrato.
- 6 de fevereiro: leilão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, com previsão é de investimentos de R$ 15,9 bilhões.
Além destes outros estão previstos ou em fase de estudos:
- março: leilões de transmissão de energia, com projetos como o sistema de Teles Pires.
-
sem data agendada:
- porto de Manaus, com investimento de R$ 1,4 bilhão;
- trechos mineiros das rodovias BR-040, BR-116 e BR-381;
- outorga de 70 áreas para uso das frequências de 3,5 GHz nas telecomunicações.
- trem de alta velocidade Rio-São Paulo-Campinas, cujo edital deve sair até março.
Já os governos tucanos de São Paulo, Paraná e de Minas Gerais também querem entregar bilhões à iniciativa privada.
Em São Paulo, seis projetos de trens de passageiros e de metrô – em diferentes fases de estudo, projeto ou modelagem – somam perspectivas de investimentos de R$ 13,1 bilhões.
Em Minas, há dois projetos em estudo: a ampliação do sistema de produção de água do rio Manso e a concessão para construir, manter e operar a infraestrutura de tratamento e destinação final de resíduos sólidos de Belo Horizonte.
No Paraná, a privatização da Saúde, já aprovada pela base aliada do tucano Beto Richa na calada da noite em 06 de dezembro de 2011, será efetivada. Dentro da jornada privatizante do governo Richa, Sanepar, Copel e Celepar, estão na mira dos gestores privatizadores que se apossaram do governo estadual.
Segundo previsões a União e governos estaduais têm planos de leiloar em 2012 concessões na área de infraestrutura que exigirão investimentos de R$ 90,2 bilhões ao longo dos contratos.
Agora a pergunta que não quer calar é:
- Por que nossos gestores optam por uma privatização que, em 2012, exigirá investimentos de R$ 90 bilhões, quando as reservas internacionais do Brasil em 30/12/2011, publicadas em 02/01/2012 pelo Banco Central do Brasil, são de US$ 352.012.000.000,00 (+ de US$ 352 bilhões), ou seja, R$ 657.417.611.200,00 (+ de R$ 657 bilhões), segundo a tabela de conversão do próprio Banco Central em 02 de janeiro de 2012?
Nos anos 1990, a justificativa para as privatizações era a “falência generalizada” da União, estados e municípios, que segundo os neoliberais foram mal geridos e estavam sem caixa.
O que vemos em 2012 é exatamente o contrário: União, estados e municípios tem muita bala na agulha e estão prontos a gastar os tubos em 2012, ano eleitoral. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, por exemplo, tem R$ 12, 7 bilhões para gastar neste ano que começa.
Trocando em miúdos, os neoliberais seguem com sua ladainha privatista, como um mantra, até mesmo quando já não existam mais dados objetivos e concretos que possam ser usados para justificá-la. Pura ideologia, um versão completamente falseada da realidade.
Sem dúvida, a responsabilidade fiscal e financeira do país deve ser preocupação de qualquer governante, mas por que entregar à iniciativa privada importantes objetos da infraestrutura nacional ao mesmo tempo em que mantemos nossas economias aplicadas no exterior a juros baixíssimos, muito inferiores ao que nós mesmos pagamos internamente? Por que seguimos financiando a zorra financeira de EUA, Europa e seus bancos geradores da crise financeira mundial?
Se a ideia do governo central é rever a remuneração da privatizações feitas na época de FHC baixando a taxa de retorno para 6%, não fica difícil concluir que seria mais vantajoso ao governo e ao país aplicar os recursos das reservas internacionais nos investimentos de infraestrutura nacional garantindo para si os 6% de retorno sobre o capital investido. Lá fora não há papel nenhum de país nenhum que pague 6%!
- Para que privatizar?
- Para pagar contas de campanha?
- Para deixar claro que as pessoas que elegemos são incompetentes para administrar efetivamente o bem público?
- Para confirmar o lema: “Eleição se ganha com a Esquerda, mas se governa com a Direita”?
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