Por Sérgio Bertoni, TIE-Brasil
A Belarus ou Rússia Branca e um estado europeu localizado a oeste da Rússia e a leste da Polônia, tendo fronteira setentrional com a Lituânia e Letônia e meridional com a Ucrânia. Se considerarmos a Rússia como parte da Europa, então a Belarus é uma estado cravado bem no centro da Europa.
É chamada de Rússia Branca, pois teria sido a única parte do Império Russo não ocupada pelos tártaro-mongóis que dominaram a Rússia por mais de 4 séculos.
Aleksander Lukashenko, o “presidente” da Belarus, é um ditador desvariado apoiado por Moscou. A Belarus é usada como campo de provas onde são testadas as medidas autoritárias soviético-czaristas de Putin e sua camarilha. Muitos esquerdistas ocidentais se deixam levar por seu discurso pseudo-socialista e pseudo anti-norteamericano. Não passa de retórica barata para iludir o incautos e as viúvas de Stálin que adoram levar porrada do regime e da polícia secreta que, na Belarus, ainda se chama KGB. Na prática Lukashenko está mais para Hitler que para Stálin. Seu discurso é nacional-socialista. lembremos que o partido de Hitler era Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – NSDAP, em alemão, cuja redução fonética gera o termo Nazi ou Nazista. Hilter se dizia contrário ao capitalismo e ao socialismo…
Em 1995, este humilde blogueiro e ex-metalúrgico teve a honra de ser citado por Lukashenko em cadeia Nacional de rádio e TV, durante a transmissão ao vivo de uma assembleia com mais de 3000 pessoas, convocada especialmente para denunciar o Brasil e a Suécia de conspirarem contra a “soberania” da Belarus.
A coisa foi hilária, própria do surrealismo soviético. No dia anterior à referida assembleia, havia eu participado da reunião plenária da direção da Federação dos Sindicatos da Belarus (FPB em russo). Um agente da KGB estava presente na reunião. E aí começa a diversão.
A pedido da companheirada, falei sobre algumas experiências do movimento sindical brasileiro e o KGB anotava tudo desvariadamente. Uma história em especial lhe chamou a atenção: a tática grevista conhecida no Brasil como “Vaca Louca”.
Na hora de traduzir o Louca, inadvertidamente usei o termo Sumashedshaia, que em russo só tem sentido quando aplicado aos seres humanos, animais de duas patas tidos como racionais. Como os animais de quatro geralmente são considerados irracionais, em russo se usa o termo Besheniy, que no caso em questão deveria ser beshenaya, já que vaca é um substantivo feminino e os adjetivos em russo tem 3 gêneros (masculino, feminino e neutro) e declinam conforme cada um dos 6 casos específicos daquele idioma.
Pois bem! o inteligentíssimo agente secreto belarus, achou que eu estava falando em código e levou esta informação ao grande Lukashenko, “presidente” Belarus.
E daí?
Bem, uma semana antes, sindicalistas suecos haviam participado de um seminário dos Metalúrgicos da Belarus e defendido a Democracia, Liberdade de Expressão, Liberdade e Autonomia Sindical e o Direito de Greve, temas que seriam tratados também na reunião da qual participei (citada acima), além de falar de suas experiências grevistas.
Na cabeça dos agentes secretos russos as falas dos suecos e a minha faziam parte de uma grande conspiração internacional que envolviam diretamente os governos da Suécia e do Brasil, que estariam financiando a criação de Brigadas de Assalto para que a oposição a Lukashenko tomasse o poder na Belarus.
O esperto KGB interpretou o erro idiomático cometido por este que vos escreve como um código secreto e o traduziu Vaca Louca como Brigadas de Assalto. Por isso, fui honrado como um assembleia com mais de 3000 e uma cadeia nacional de TV que atingiu 10 milhões de espectadores, onde Lukashenko denunciou a mim e aos companheiros sindicalistas do Suécia, bem como nossos governos nacionais de conspirarem contra ele. Notas oficiais foram emitidas as Embaixadas brasileira e sueca, reclamando da ingerência destes países nos assuntos internos daquele país.
Imagine você, caro leitor, que o nosso “querido e competente” presidente da República, sr. Fernando Henrique Cardoso, estivesse então preocupado com a Democracia na Belarus e ainda mais financiando um golpe contra aquele país!!!
FHC e sua turma estavam mais preocupados em dar o golpe nos brasileiros e realizar aquilo que viríamos a conhecer como privataria tucana.
Tenho em meus arquivos o vídeo da tal assembleia transmitida em cadeia nacional de rádio e TV. O guardo com muito carinho, pois Lukashenko foi o primeiro e único presidente de um país a citar-me em cadeia nacional de rádio e TV. Um tratamento tão especial que nem mesmo o meu amigo e companheiro Lula, quando presidente, se dignou a dar a este blogueiro e ex-metalúrgico.
Pois, desde 1994 os cidadãos da Belarus são obrigados a suportar Lukashenko, um serviçal de Moscou, que transformou a bela e próspera Belarus (a república mais desenvolvida e rica da URSS e que estava entre as primeiras do antigo bloco soviético no Leste Europeu) em um dos estados soberanos mais pobres da Europa toda.
Embora repugnante, não me espanta que esta medida de censura e criminalização da internet tenha sido tomada logo após os grandes protestos em Moscou e São Petersburgo contra a fraude nas eleições parlamentares russas. Mais uma vez Lukashenko ataca seu próprio povo para testar uma solução autoritária para os russos.
Como a Belarus é um país pequeno e não tem armas nucleares, as grandes potências do mundo não dão muito bola para aquele país, deixando-o como um território livre para os experimentos sócio-políticos a serem adotados posteriormente pelos czares soviético-capitalistas de Moscou e São Petersburgo.
Enquanto isso, o povo belarus sofre…
Leia mais sobre a Belarus em Internet sofre mais um ataque da censura. Agora é na Belarus do ditador Lukashenko.
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