São Paulo - Em apenas 3 horas, anotadas das 17h (horário final da coleta de votos no país) até às 20 horas de domingo (7), o Tribunal Superior Eleitoral conseguiu apurar 95% dos votos dos mais de 100 milhões de brasileiros que foram às urnas em 5,6 mil municípios do país.
O rápido processamento dos votos deve-se à total digitalização das eleições, em vigor no país desde 2000, quando pela primeira vez todas as cidades receberam urnas eletrônicas para colher votos dos eleitores.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os votos computados em cada urna são transmitidos por uma conexão segura a uma central regional da Justiça Eleitoral, que reúne informações de todos os colégios sob sua jurisdição. Numa segunda etapa, cada central regional transmite os dados consolidados para o TSE, em Brasília.
Apesar da digitalização, cada urna eletrônica emite um relatório, em papel, com o número de votos computados nela e a discriminação de quais candidatos receberam votos naquela urna. Os relatórios são usados para uma conferência futura com o resultado digital. O objetivo é assegurar a credibilidade do sistema digital, considerado seguro por todos os partidos políticos e por especialistas de universidades públicas que assessoram a Justiça Eleitoral.
Neste domingo, 450 mil urnas eletrônicas foram usadas em todo o país. Cada urna roda um software para registrar votos baseado numa distribuição Linux e grava os dados num cartão de memória flash. O uso da plataforma Linux ocorre desde 2008, por opção da Justiça Eleitoral, que considerou o sistema de código aberto mais confiável que aplicações proprietárias que, em tese, possuem códigos protegidos inacessíveis aos técnicos do judiciário.
Quando as primeiras urnas eletrônicas foram testadas no Brasil, em 1996, o sistema operacional era o VirtuOS, desenvolvido pela empresa brasileira Microbase. Na época, os dados eram gravados num disquete. Em 2000, o sistema criado pela Microbase passou a dividir espaço com outro sistema, usado em urnas mais novas, que rodada sob uma versão do Windows CE, da Microsoft.
Em 2008, no entanto, o TSE decidiu desenvolver ele próprio uma solução de software baseada em Linux. O registro e contabilização de votos ocorreu sem problemas em todas eleições desde a estreia das urnas, mesmo com os diferentes sistemas operacionais.
Neste ano, a exemplo do que ocorre desde 2006, alguns municípios brasileiros de pequena população foram indicados para testar urnas biométricas. Nestes equipamentos, o eleitor usa a digital para comprovar sua identidade e seguir para a cabine de votação. Neste domingo, a cidade de Búzios, no Rio, e quatro municípios paulistas (Jundiaí, Itupeva, Nuporanga e Sales Oliveira) testaram a tecnologia.
Considera mais segura, a tecnologia com uso de biometria ainda é considerada cara para ser implementada em todas as 450 mil urnas usadas no país. De acordo com o TSE, a biometria ainda é uma tecnologia sob análise da Justiça Eleitoral e não há data para promover sua universalização no Brasil.