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Anúncios da FSFLA

4 de Junho de 2009, 0:00 , por Software Livre Brasil - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

A Free Software Foundation Latin America (FSFLA) é uma organização formada por pessoas que acreditam no Software Livre, que se uniram para promover e defender o uso e desenvolvimento do Software Livre e o direito das pessoas de usar, estudar, copiar, modificar e redistribuir software.

Abaixo os anúncios publicados em http://fsfla.org/anuncio


IBM se livra do MS Office?

17 de Junho de 2010, 0:00, por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda

IBM Throws Out Microsoft Office Sep 12, 2009

360.000 IBM workers have been told to stop using Microsoft Office and switch to the Open Office-based software Symphony.

Quoting an inside source, the German economic newspaper, “Handelsblatt” reports that staff at IBM have been given ten days to change to Symphony, IBM’s in-house Lotus software. The use of Microsoft Office will in future require managerial approval. With immediate affect, the Open Document Format (ODF) will rule at IBM with the file ending .doc soon belonging to the past.

Lotus Symphony is an office software that incorporates huge chunks of customized Open Office without a databank module. The free software download provided by IBM is an attempt at luring customers away from Microsoft. IBM’s cooperation with Linux distributors like Red Hat, Canonical and Novell was designed to strengthen the software’s market chances.

IBM’s management have obviously decided to practice what they preach. 330.000 IBM workers already use Symphony, reports the newspaper. The motive for the migration appears not to be the saving of license fees, and according to an IBM press officer, the move is a clear statement in appreciation of open source standards (Britta Wuelfing)

Retirado de http://www.linux-magazine.com/Online/News/IBM-Throws-Out-Microsoft-Office



blogs/lxo/2010-05-21-fsfla-back-up.en

21 de Maio de 2010, 22:07, por Recent files: https://www.fsfla.org/cgi-bin/svnwiki/default/ - 0sem comentários ainda

Yay! FSFLA.org was down for a bit longer than two weeks, because of a disk failure, but it's now up and running again.

Thanks to FSFE's sysadmins for their hard work in bringing FSFE's and FSFLA's servers back up, at a new location where physical access to the servers won't be a problem!

We now return to our regular programming...

So blong...

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blogs/lxo/2010-04-26-parabens-espirito-livre.pt

26 de Abril de 2010, 19:16, por Recent files: https://www.fsfla.org/cgi-bin/svnwiki/default/ - 0sem comentários ainda

Há um ano, venho escrevendo na Revista Espírito Livre. Quando João Fernando me convidou para uma coluna, fiquei meio receoso. Eu tinha razão: é sempre um sufoco, uma correria quando ele me avisa que está fechando a edição e eu, invariavelmente, ainda não terminei (às vezes, nem comecei) a coluna. Agradeço pela paciência, pela tolerância e pela confiança que nem eu ousei depositar em mim.

Neste momento, em que lançamos sua décima-terceira edição, comemorando o primeiro aniversário desse nosso trabalho juntos, eu olho para trás e fico muito feliz de quanto conseguimos, de como a revista só faz melhorar, crescer e levar a tanta gente o conhecimento sobre o Software Livre e, mais importante na minha opinião, a consciência sobre Liberdade de Software, sobre os valores éticos e sociais que norteiam o movimento.

Foi fantástico ter essa ótima desculpa mensal para consolidar em palavras as ideias e pensamentos que se me apresentavam antes de cada edição, cada qual especial para mim, pelo que as relembro neste momento de celebração:

  1. Síndrome de Peter Pan Digital sobre o pessoal que não quer crescer e se tornar responsável pelas próprias decisões, preferindo viver na Terra do Nunca do software privativo. O tema da capa foi Computação em Nuvem.
  2. A Isca, o Anzol e a Grande Rede, explorando o tema da edição anterior, revê os diversos tipos de anzóis que vêm escondidos no software privativo, e alerta para as novas formas de captura de usuários na Internet. “Caiu na rede, é peixe!”, como digo na palestra inspirada nesse artigo. O tema desta edição foi distribuições leves de GNU/Linux.
  3. Um por todos, todos por um! filosofa sobre os monopólios artificiais do cada um por si, em contraposição à ao famoso lema de união, colaboração e solidariedade e fraternidade do famoso trio de quatro mosqueteiros e das Wikis, o tema da capa.
  4. Tron: Jogando por Liberdade pega carona no tema daquela edição (Jogos) e resgata um ícone dos jogos eletrônicos, o super-herói digital que lutava pela liberdade dos programas e dos usuários de computadores.
  5. Desktop Livre lembra da importância do Movimento Software Livre e do projeto GNU para que tenhamos Desktops Livres (o tema da edição), como GNOME e KDE, e chama atenção a ameaças a essas liberdades, como as patentes por trás do Mono e o software privativo exigido por diversos cartões de vídeo.
  6. Livre, Afinal! comemora e divulga o computador portátil Lemote Yeeloong, primeiro projetado para rodar com Software 100% Livre até na BIOS, que ganhei de uma empresa venezuelana que vai montá-los e vendê-los na América Latina. Tem até webcam embutida, 100% funciona, enquadrando-se (não sem algum zoom :-) no foco em Edição de Vídeo.
  7. Software Privativo é Falta de Educação!, na edição sobre Software Livre na Educação, reúne pensamentos de por que instituiçõe de ensino não devem usar software privativo, com diversas recomendações de Software Livre para professores, pais e alunos.
  8. A Distopia do Remoto Controle olha para diversos processos judiciais relacionados a patentes e aponta um futuro negro para aqueles que continuarem cedendo o controle remoto de seus próprios computadores para empresas que podem, por medo de processos ou por ordem judicial, acabar puxando o tapete de seus clientes, como já fizeram e tiveram de fazer Amazon e nVidia, respectivamente. Nada a ver com o tema da capa, Comunidades e Movimentos Livres.
  9. Perigo Virtual e Imediato desafia a condenação, no Paraná, de um distribuidor de software P2P, baseada em interpretação distorcida da lei de direito autoral. Com alguma boa vontade, redes P2P são um dos vários tipos de Redes Sociais, o tema da edição.
  10. Mistérios de e-Lêusis, na edição dedicada à Diversão Livre, inaugura a série Mitologia Grega, desmistificando a crença na segurança por obscuridade adotada pela Receita Federal do Brasil, denunciando seu analfabetismo digital e o daqueles que seguem esse credo.
  11. Ah!, a Falta que Ela Faz reacende o debate sobre a exposição de informação pessoal no lançamento do Google Buzz, discutindo a confiança exagerada e a falta que ela faz aos provedores desses serviços. Na mesma edição, fugindo ao tema de Computação Gráfica, também saiu a entrevista FLISOL na cabeça!, convidando à participação, à promoção dos valores do Movimento Software Livre nesse mega evento latino-americano.
  12. Guerra de Tróia retoma a série de Mitologia Grega, lembrando que nem tudo que se recebe de presente é benéfico, e que há muito presente de grego sendo aceito por órgãos públicos, expondo o estado e a população a riscos e prejuízos. Vários dos presentes de grego são oferecidos não como software, mas como serviços, prestados através da Internet, negando a Liberdade na Rede, tema da capa.
  13. Minotauro, na edição de aniversário sobre o GNU, reabilita essa criatura, metade movimento humanitário, metade projeto tecnológico, que conhece a saída do labirinto, mas é demonizada pelos poderosos para que o resto do rebanho não escape ao seu controle. Para a mesma edição, tive a honra de entrevistar o pai do GNU, o hacker Richard “Dédalo” Stallman, e um dos atuais líderes do projeto, Brian Gough.

Só tenho a agradecer ao João Fernando e aos muitos colaboradores regulares e ocasionais da revista por me permitir chegar perto desse bolo, que fizemos juntos, para dar uma assoprada na vela. Tenho certeza de que, num piscar de olhos, ela estará novamente acesa, levando luz e liberdade aos nossos leitores e que, com o vento de nosso sopro nas velas içadas, nossa aventura vai chegar a terras e mentes nunca antes navegadas! Muito obrigado por me levar a bordo!

Até blogo...

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Mitologia Grega III: Minotauro

26 de Abril de 2010, 17:55, por Recent files: https://www.fsfla.org/cgi-bin/svnwiki/default/ - 0sem comentários ainda

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Mitologia Grega III: Minotauro

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Alexandre Oliva <lxoliva@fsfla.org>

Publicado na décima-terceira edição, de abril de 2010, no primeiro aniversário da Revista Espírito Livre.

Há milênios, a lenda do Minotauro vem sendo contada para ensinar o perigo de trair e enganar os poderosos. Deve ser o método de dominação mais antigo e mais eficaz: demonizar quem vê a saída do labirinto, para que o restante do rebanho não o siga até a liberdade. Após tal lavagem cerebral, quem ousaria questionar o mito de que o Minotauro é um monstro repulsivo e perigoso?

Era uma vez o trono do reino insular de Creta disputado por dois irmãos. Minow$, o mais inescrupuloso e sedento de poder, pediu que Poseidon, deus dos mares, interviesse por ele. Já coroado, viu sair do mar um belíssimo bovídeo branco, que deveria sacrificar ao deus. Sacrificou outro animal, mas Poseidon percebeu e puniu o traidor: providenciou para que Pasífae, esposa de Minow$, se apaixonasse pelo bovídeo, e para que, da união carnal dos dois, mecanicamente possível graças ao engenhoso hacker Dédalo, nascesse uma criatura metade humana, metade bovídea. (Leitores curiosos já devem estar se perguntando: seria Richard Minotauro Stallman, o homem-gnu?)

Por capricho do tirano, aquele bastardo cretino, deveria a criatura viver prisioneira, num labirinto que o mesmo Dédalo seria obrigado a construir, debaixo do palácio R$ de ©nosso$. A cada ano, Minow$ jogava sete jovens e sete damas no labirinto, para servir de alimento ao Minotauro. Teseu, um desses jovens, entrou no labirinto com um novelo de lã para marcar o caminho de volta (ideia de ninguém menos que Dédalo), derrotando o suposto monstro e libertando os jovens e damas que ali encontrou.

O verdadeiro monstro, Minow$, ainda aprisionaria no labirinto o hacker Dédalo e seu filho, Ícaro. Recuperariam sua liberdade com outro hack: colando asas aos seus braços, com cera de abelha. Diz a lenda que Ícaro gostou tanto da liberdade que voou alto demais; tão alto que o Sol derreteu a cera e, sem asas, Ícaro caiu sobre o mar e morreu.

Ora... Bastam algumas perguntas, fruto de análise crítica, para verificar que se trata de um mito, uma lenda para assustar e conter os amantes da liberdade. Como assim, se voar muito alto, esquenta, a ponto de derreter a cera das asas? Todo mundo sabe que, quanto mais alto, mais frio e rarefeito fica o ar!

Como assim, Teseu libertou os jovens e damas que encontrou no labirinto? Não eram comida para o Minotauro? Se ele não os devorava, vivia de quê? E os jovens, como sobreviveram? E a cera, penas e madeira para as asas de Dédalo e Ícaro, vieram de onde? Seria Dédalo um hacker poderoso como o MacGiver, de “Profissão: Perigo”, a ponto de tirar madeira da cara de pau de quem inventa estas histórias, juntar com as penas às quais Dédalo e Ícaro foram condenados, fazer uma cera na entrada da área e pronto!, é só colar e sair voando? Tenha DOS!

Além do mais, os bovídeos eram idolatrados em Creta. O palácio R$ de ©nosso$ era todo decorado com peças e obras de arte que remetiam ao tema bovídeo e suas divindades. O gado ainda garantia “pão e circo”: a diversão nas touradas acrobáticas, comparáveis a alguns rodeios dos pampas brasileiros; a carne orgânica diretamente dos “pampas”, para alimentar o corpo; para o espírito, os sacrifícios religiosos de bovídeos nos rituais minoanos. Dá até pra imaginar que o gélido vento Minuano, que sopra nos pampas sul-americanos, deva seu nome aos tão importantes ventos dos quais dependiam as navegações minoanas.

O simbolismo da lenda é claro, e chama atenção a presença, também na simbologia, da dualidade divino-pecuária bovídea. Minow$, egoísta, traiçoeiro, ganancioso e sedento de poder, queria só para si o divino, belíssimo bovídeo branco (“Ô, Montanha, pó pará!”, intervém Maçaranduba, “Tá duvidando da real masculinidade? Vou dar... porrada!”), o trono e a coroa que o bovídeo faturou. Fez de tudo para aprisionar aquele que nasceu metade humano, metade bovídeo, bem como os súditos e prisioneiros que, impotentes, não resistiam ao subjugo, ao controle e aos abusos do tirano, reduzindo-se assim a gado humano: também metade humanos, metade bovídeos. E ai de quem ousasse desafiar o tirano: seria feito prisioneiro e atirado no labirinto de Minow$. E ai daquele que sonhasse voar, símbolo de desejo de liberdade: perderia as asas e a vida no mar de Poseidon! Vida de gado, nada de hackear!

Removendo as alegorias mitológicas, o que resta é uma história que deve ter sido mais ou menos assim: Pasífae teve um filho que não se parecia nem um pouco com Minow$. A própria lenda aponta para o provável pai, aquele que tinha intimidade suficiente para ajudá-la a engravidar, mas, francamente, de um bovídeo?!? O ser que nasceu pode muito bem ter sido o próprio Ícaro, de mãe e origem desconhecidas. Foi anunciado ao público como monstro e escondido.

Dédalo já havia iniciado o movimento social humanitário SoL, com ideais de solidariedade social, respeito ao próximo e às liberdades essenciais. Hacker que era, encontrou uma forma de cumprir a ordem do tirano, de construir um labirinto nas masmorras do palácio R$ de ©nosso$, sem cercear a liberdade dos que seriam injustamente feitos prisioneiros ali.

Construiu-o de tal forma que apenas quem fosse movido pelo egoísmo, pela ganância e pelo impulso de cercear a liberdade de outros teria a sensação de estar preso nas masmorras de ©nosso$. Inaugurou assim o projeto tecnológico GNU: desenvolvimento colaborativo de plantas e técnicas arquitetônicas para levar esperança e liberdade a hackers, a prisioneiros de tiranos e a vítimas de leis injustas.

Para que ninguém mais se perdesse nos labirintos dos tiranos, desenvolveu um receptor de sinais de satélites que assinalava a localização e o melhor trajeto para chegar à liberdade. Chamou-o Global Positioning Liberator do GNU, ou simplesmente GNU GPL.

Criou, dentro do labirinto, bem longe da Vista das janelas de Minow$, uma organização para defesa da liberdade humana: difusão dos ideais do SoL e apoio ao projeto tecnológico GNU. Ensinava o caminho aos prisioneiros que chegavam ao labirinto sem perspectiva de liberdade, convidando-os a participar do projeto e do movimento.

Teseu, insatisfeito com a incompatibilidade do Minix (privativo bem ao gosto de Minow$) com suas preferências arquitetônicas, desenvolvia um componente central que, por acaso, faltava ao GNU. Chegou ao labirinto durante a reunião do movimento em que Dédalo apresentava a segunda versão do GPL. Adotou técnicas, projetos e até a GPL do GNU, mas, ao invés de desafiar a autoridade de Minow$ e dar crédito ao projeto de libertação, decidiu ceder às pressões, chamando seu projeto Minux e anunciando que vencera o Minotauro, criatura que simbolizava o fruto do trabalho de Dédalo: metade humano, o movimento humanitário SoL, e metade bovídeo, o projeto tecnológico GNU.

Com isso, a participação de Dédalo e Ícaro no movimento chegou ao conhecimento de Minow$, que por isso os fez prisioneiros. (Por que os aprisionaria por ajudar Teseu a vencer o Minotauro?) Distorcia a realidade para desmerecer o Minotauro e afugentar potenciais colaboradores do movimento e do projeto. Felizmente, por mais que comparasse o GPL a um câncer, a um vírus, não pôde conter o movimento.

Dédalo e Ícaro certamente não conseguiriam nem precisaram sair do labirinto voando, mas ganharam asas como todos os usuários do projeto GNU, e puderam sim alcançar o SoL, o Software Livre. O movimento e o projeto voaram longe: chegaram a muita gente, em terras distantes, a filosofia e o conhecimento do Minotauro, de liberdade, de respeito ao próximo, de solidariedade social e de fraternidade.

Já passou da hora de deixar a luz e o calor do SoL derreterem o manto do medo, da incerteza e da dúvida lançados pelos muitos seguidores do tirano Minow$, com os quais pretendem que aceitemos seu subjugo; que demonizemos ao invés de almejarmos ser hackers livres e autônomos. Querem nos manter gado humano, analfabeto, incapaz de ler ou escrever as linguagens que controlam e pervadem nossa existência para que, como meros usuários, possamos ser mais facilmente programados e usados. Precisamos, devemos e podemos resistir! Não há o que temer: os riscos estão na lenda, nos mitos. Vamos reabilitar, reconhecer e celebrar o Minotauro: o movimento social humanitário do Software Livre e o projeto tecnológico do bovídeo GNU! O Minotauro não morreu, viva o Minotauro!


Copyright 2010 Alexandre Oliva

Cópia literal, distribuição e publicação da íntegra deste artigo são permitidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que sejam preservadas a nota de copyright, a URL oficial do documento e esta nota de permissão.

http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/minotauro

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blogs/lxo/pub/gnu-interview.pt

26 de Abril de 2010, 17:55, por Recent files: https://www.fsfla.org/cgi-bin/svnwiki/default/ - 0sem comentários ainda

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Entrevista com Richard Stallman e Brian Gough, do Projeto GNU

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Alexandre Oliva e Joo Fernando Costa Jnior

Publicado na dcima-terceira edio, de abril de 2010, no primeiro aniversrio da Revista Esprito Livre.

Nesta edio de aniversrio da Revista Esprito Livre, o bate-papo com Richard Stallman e Brian Gough, ambos do Projeto GNU. A conversa foi conduzida por Alexandre Oliva, colunista da Revista Esprito Livre e membro da Fundao Software Livre Amrica Latina.

Revista Esprito Livre: Por que o mundo precisava de um sistema operacional, digamos, gnu [em ingls, soa como novo] nos anos 80?

Richard M. Stallman: O mundo precisava de um sistema operacional em software livre porque no existia nenhum. Portanto, eu decidi escrever um. Tomei, ento, decises tcnicas: decidi seguir o desenho do Unix para torn-lo portvel, faz-lo compatvel com o Unix para que os usurios de Unix pudessem migrar para ele facilmente, e dar suporte a mquinas de 32 bits ou superiores, para evitar o trabalho extra de suportar pequenos espaos de endereamento.

REL: Que papis vocs desempenharam, ou desempenham, no projeto GNU e por quanto tempo?

RMS: Eu lancei o projeto GNU em 1983 e tenho sido seu lder (Chief GNUisance) desde ento. Entretanto, recentemente eu envolvi o Comit de Aconselhamento do GNU em algumas decises e espero que ele v tomando conta das tarefas de liderana do GNU no futuro.

Brian J. Gough: Minha funo principal na codificao como mantenedor da biblioteca numrica do GNU, a GSL, qual comecei a contribuir como desenvolvedor em 1996.

Mais recentemente, fui organizador de vrios "Encontros de Hackers GNU" que temos tido na Europa nos ltimos anos e neste ano nos EUA, na Conferncia LibrePlanet da FSF. Esses encontros so uma oportunidade para os que contribuem para o GNU possam se encontrar e discutir seu trabalho em pessoa – assim como olhar para frente e ver como poderemos responder s novas ameaas liberdade.

No ano passado eu me tornei membro do Comit de Aconselhamento do GNU que promove teleconferncias regulares para ajudar a coordenar alguns dos assuntos do dia-a-dia do projeto GNU, tais como organizar esses encontros, por isso tenho dispendido um bocado de tempo nisso, hoje em dia.

REL: A GNU GPL considerada como uma das contribuies mais importantes do projeto GNU, mas GNU engloba muito mais: um sistema operacional completamente Livre. O que o GNU anda aprontando hoje em dia, e do que os desenvolvedores do projeto GNU podem se orgulhar nos ltimos anos?

BJG: Tecnicamente, o projeto GNU focado hoje na melhoria do software existente, como o GCC e o Emacs, para mant-los atualizados com os novos desenvolvimentos, e naquelas reas onde precisamos de programas totalmente novos – os "Projetos de Alta Prioridade" (http://www.fsf.org/campaigns/priority.html) como o Gnash, o projeto do GNU para substituio do Flash; GNU PDF, que tem por objetivo ser uma implementao completa do padro PDF tanto para leitura, quanto para escrita. GNUstep est atingindo um alto nvel de compatibilidade com o framework Openstep (Cocoa) e ajudar as pessoas a escapar da plataforma privativa MacOS.

Tambm estamos encontrando novas reas onde o software livre pode ser melhorado – por exemplo, recentemente o projeto GNU lanou uma nova iniciativa de acessibilidade (http://www.gnu.org/accessibility/accessibility.html) para assegurar que pessoas com deficincia tenham a mesma liberdade que outros usurios do software livre. Atualmente, muitos programas livres no so acessveis, e queremos que todo programa GNU seja acessvel e todo desenvolvedor tenha a acessibilidade em mente quando fizer um programa.

Olhando para alguns anos atrs, o trabalho do GNU Classpath e das equipes do GCJ so exemplos notveis do valor do trabalho pela liberdade e da substituio de software no livre que as pessoas aceitam por estar disponvel sem custo. Quando o Java foi finalmente liberado como software livre pela Sun em 2006, ele estava sob a mesma licena do GNU Classpath e agora temos um ambiente Java completamente livre nos sistemas GNU/Linux (com o nome de IcedTea). O GNU Classpath foi um dos projetos de alta prioridade por esse motivo, por causa do problema de programas livres em Java terem de depender de implementaes no livres de Java, s quais RMS chamou a ateno l em 2004.

Voc mencionou a GPLv2 e, claro, houve uma grande atualizao da GNU GPL (General Public License, ou Licena Pblica Geral) para a GPL verso 3 em 2007, seguindo um processo de consulta pblica mundial envolvendo vrios projetos de software livre, empresas e especialistas em legislao. A atualizao tornou a licena mais fcil de ser usada pelos desenvolvedores e removeu incompatibilidades desnecessrias com outras licenas de software livre semelhantes. Ela tambm deu aos projetos de software livre novas protees de patentes de software e tentativas dos fabricantes de contornar as liberdades das licenas utilizando dispositivos bloqueados e DRM (Digital Restrictions Management, ou Gerncia Digital de Restries). Naquela poca, algumas pessoas viram pouca necessidade de protees adicionais, mas agora vemos a nova gerao de dispositivos de computao privativos que so completamente bloqueados e usam a DRM para restringir seus usurios. Portanto eu acho que aquelas protees da GPLv3 provaro ter sido visionrias e agora so mais importantes do que nunca. Eu encorajo todos que desenvolvem software livre a se atualizarem para a GPLv3, caso ainda no o tenham feito.

Olhando para o futuro, ns queremos assegurar que todos tenham liberdade ao usar a Internet. RMS falou recentemente a respeito dos perigos do "Software como Servio" na Conferncia LibrePlanet da FSF. http://www.gnu.org/philosophy/who-does-that-server-really-serve.html Se utilizamos servios privativos na Web para executar tarefas que poderamos fazer em nossos prprios computadores com software livre, abrimos mo de nossa liberdade – isso algo que devemos evitar.

Para tarefas como processamento de textos, podemos simplesmente utilizar um software livre em nossos computadores. Para tarefas que necessitarem de servidores, precisaremos de alternativas. Uma maneira ter software livre suficiente para que as pessoas possam ter seus prprios servidores em casa ou na sua organizao.

H alguns projetos GNU novos que comeam a oferecer tais softwares, como o GNU FM para compartilhamento de msica e o GNU Social para redes sociais – eles esto procurando por mais voluntrios. A licena para eles a GNU AGPL (Licena Pblica Geral Affero) – ela similar GPL mas, se algum roda um programa sob a AGPL num servidor Web e permite que outros o utilizem, eles devem permitir que outros baixem o cdigo fonte. O microblog identi.ca (agora conhecido como Status.net) outro exemplo de um servio popular sob a AGPL que voc pode baixar e rodar no seu prprio servidor.

Na verdade, o projeto GNU e a FSF tm oferecido servios livres utilizando a AGPL h um bom tempo atravs do servio de hospedagem de projetos Savannah, que est sob a AGPL. H atualmente mais de 3.200 projetos de software livre utilizando o Savannah e cerca de 50.000 usurios. O Savannah utiliza apenas software livre e h um link de download em todas as pginas, atravs do qual qualquer um pode baixar o cdigo fonte completo do site. Tambm existem oportunidades para voluntrios ajudarem no desenvolvimento do Savannah e trabalhar nas solicitaes de suporte.

REL: Apesar disso tudo, vrias pessoas sugerem que o projeto no mais relevante, porque reconhecem o GNU apenas pelas ferramentas de desenvolvimento e pela GNU GPL.

RMS: Quando as pessoas esto familiarizadas apenas com uma pequena parte daquilo que fazemos e pensam que no muito, o problema est na ignorncia delas, no nas nossas realizaes. No importa quanto bem faamos, no nos ajudar a ganhar apoio se as pessoas o atriburem a outros.

REL: Claro, mas deixar essa percepo errada se espalhar prejudica o GNU e o Movimento Software Livre. O que voc recomenda para tentar corrigi-la?

RMS: Alm de explicar esse ponto para as pessoas como parte da explicao a respeito do software livre, devemos oferecer nosso tempo, esforo e nomes para atividades que do crdito ao GNU. H vrias delas que podem utilizar nossa ajuda, portanto no faltaro coisas teis para fazer.

REL: O Linux e a maior parte das distribuies GNU/Linux incluem Software no-Livre, o que significa que eles no entendem, ou no compartilham das metas e da filosofia do Software Livre. O que o GNU e a FSF fazem a respeito dessa questo?

RMS: Recomendamos apenas distribuies que tm uma poltica firme de no encaminhar o usurio para o software no livre, e explicamos a razo tica para isso.

BJG: No stio do GNU na Internet existe uma lista de diretrizes que uma distribuio deve seguir para ser chamada de livre e encorajamos as pessoas a utilizar as distribuies que as seguem (as diretrizes esto em http://www.gnu.org/distros/ assim como uma lista das distribuies).

As diretrizes so bastante simples – o ponto principal que deve haver uma poltica clara de somente distribuir software livre, e que ela seja aplicada a todo pacote de maneira consistente, sem excees para "casos especiais".

Algumas distribuies tm uma poltica de utilizar apenas software livre, mas no a aplicam totalmente porque ignoram as "bolhas" de software no livre em alguns drivers de dispositivos no kernel Linux. Isso uma vergonha, porque seria fcil para eles dar a seus usurios uma distribuio 100% livre usando a verso Linux-libre do kernel que no as contm.

REL: Como algum se torna um desenvolvedor do GNU?

BJG: H muitas maneiras de contribuir para o GNU e ser um desenvolvedor apenas uma delas. Escrever documentao, contribuir com tradues, testar e auxiliar no Savannah.gnu.org, o stio de hospedagem do GNU, tambm so importantes. Existe uma pgina na web que explica as disferentes formas de se envolver com o projeto em http://www.gnu.org/help/help.html.

Para quem for muito dedicado, existe uma lista dos projetos de alta prioridade em http://www.fsf.org/campaigns/priority.html. A lista tem sido reduzida gradualmente – recentemente, dois brasileiros, Rodrigo Rodrigues da Silva e Felipe Sanches, tm feito bons progressos em um item destacado h muito tempo, uma biblioteca para converter arquivos salvos no formato privativo do AutoCad para formatos livres. Isso essencial para permitir que as pessoas migrem para softwares CAD livres, devido grande disseminao do uso de arquivos AutoCad nessa rea.

REL: Agradecemos a vocs dois pelo tempo e pela dedicao ao GNU e Liberdade de Software. Algumas palavras finais para nossos leitores?

BJG: Estamos organizando encontros regionais dos contribuidores do GNU em todo o mundo, e ouvimos falar que Rodrigo e Felipe estaro organizando um na conferncia FISL (de 21 a 24 de julho) em Porto Alegre. Portanto, gostaria de incentivar a qualquer um que esteja interessado em contribuir para o GNU a juntar-se a eles neste inverno – os detalhes do evento sero divulgados na nossa pgina de eventos em http://www.gnu.org/ghm/.

RMS: Milhares de pessoas tm trabalhado para tornar possvel aos usurios de hoje utilizarem um computador e ter controle sobre o que ele faz. Em 1983 isso era quase impossvel, porque primeiro voc teria de escrever um sistema operacional livre. Ns o escrevemos, e atingimos um patamar no qual rejeitar o software no livre e o SaaS perfeitamente possvel com algum esforo. Entretanto, gostaramos de tornar isso fcil e indolor o tempo todo, e ainda tem cho at chegar l. Agradeo por nos ajudar a faz-lo.

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