Fonte: Gazeta dos Búzios
Autor: Gustavo Falcón
Imagem: José Cruz/Agência Brasil
Os vice Presidentes da República ocuparam o centro das atenções em três momentos da história recente do país. A primeira vez em 1961, quando Joâo Goulart o substituiu o Presidente Jânio Quadros, que renunciou. Jovem, simpático, casado com uma bela mulher, rico e muito bem avaliado pela opinião pública, Jango, como era carinhosamente chamado à época, teve como candidato a vice nas duas vezes em que se candidatou, mais votos do que os candidatos a Presidente eleitos. Além de experiente, era também progressista, aberto às reformas e sua simpatia pela esquerda acabou lhe custando o mandato, subtraido pelos militares. Seu sucessor, o ditador Castelo Branco, acabou sendo explodido num avião quando visitava o Ceará, sua terra natal. Longa noite seguiu-se à queda de Jango na vida política e cultural do Brasil numa das mais obscuras ditaduras modernas.
O segundo vice a ganhar projeção no cenário brasileiro foi José Sarney. Ele substituiu Tancredo Neves que morreu logo após ser eleito pelo Congresso, numa eleição indireta, num desses raríssimos episódios médicos que ganham, vez por outra, ares de mistério. Ou maldição. Antigo colaborador da ditadura, Sarney se responsabilizou – que paradoxo – pela redemocratização do país. Coronel nordestino ainda influente na política eleitoral, Sarney entregou o país ao seu sucessor com um taxa inflacionária explosiva e uma dívida externa gigantesca.
Fernando Collor, eleito em seguida, fez um governo pirotécnico e ancorado na corrupção da entourage alagoana. Transformado no caçador de marajás e na esperança da elite brasileira contra o PT, Collor acabou impedido. As ruas clamaram e os parlamentares destituíram o Presidente. Itamar Franco, mineiramente, exerceu o mandato com uma equipe refinada e entrou parava história com o Plano Real, pilotado por Fernando Henrique Cardoso, acabando de uma vez com a perversidade da inflação em nosso país. Nesse caso, o vice esteve à altura do seu povo e embora não tivesse carisma nem talento excepcionais, mostrou-se um democrata notável e um líder equilibrado e fora de suspeitas.
Mais uma vez o país encara uma dessas situações. Pessoalmente, desejo a permanência de Dilma. Mas caso tenha que desembarcar, o PMDB emplaca seu primeiro Presidente. Embora tenha uma cara de corvo, Temer jura que não torce pelo impedimento da Presidente. Mas seus correligionários trabalham com essa possibilidade. Caso o impedimento se confirme, torçamos todos por alguma coisa como o Itamar. Deus nos livre das duas alternativas anteriores e nos proteja nesse agosto de tantas dificuldades para a Presidente Dilma. Torçamos pela mudança no continuísmo porque parece ser nesse momento, apesar de tudo, melhor para o país.
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