Ir para o conteúdo
ou

Software livre Brasil

Tela cheia

Exército Brasileiro avança no uso de softwares livres

8 de Fevereiro de 2010, 0:00 , por Software Livre Brasil - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
Visualizado 1291 vezes

 

Exército Brasileiro avança no uso de softwares livres e intensifica compartilhamento de experiências com outras instituições públicas do país.

No momento em que vários órgãos civis do governo se mobilizam num esforço coletivo para ampliar a utilização de soluções tecnológicas baseadas em plataformas livres, o Exército Brasileiro mostra que essa é uma prioridade também presente na área militar. O entendimento é de que a substituição do tradicional modelo proprietário pelo código aberto oferece uma série de benefícios, incluindo razões de segurança, independência, economia, flexibilidade e desempenho. 

Participante ativo do Comitê Técnico de Implementação de Software Livre no Governo Federal (CISL), o Exército já conta com algumas experiências de sucesso nesse setor, e a perspectiva é que, em breve, o novo modelo esteja plenamente consolidado na instituição.

Segundo o coronel Lemos Pita, do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), o uso de tecnologias livres no Exército teve origem há cerca de dez anos, e foi um movimento que começou “de baixo para cima”. “O início se deu nas próprias unidades, entre 1998 e 1999, justamente quando houve a expansão da internet no Brasil e também um amadurecimento maior do Linux. Os quartéis começaram a querer fazer sua rede, mas a aquisição de um software proprietário, com sua licença de acesso, encarecia muito esse processo. Então, tiveram a iniciativa de designar alguém para aprender a fazer, usando o Linux”, afirma.

À época servindo na unidade de Quarai, no Rio Grande do Sul, o major Paulo Fernando Lamellas foi um dos que começou a usar o software livre já naquele tempo. “Eu fui estudar o Linux para poder implantar a rede da minha unidade sem a necessidade da compra de licença”, lembra o major, atualmente também lotado no Departamento de Ciência e Tecnologia.

“Só alguns anos depois, o comando do Exército sentiu a necessidade de fazer a migração, por questões de segurança. Precisávamos ter domínio sobre o que estávamos usando, e isso nós não conseguiríamos com a plataforma proprietária”, completa.

Foi a partir dessa conscientização que a mobilização em torno do software livre se transformou em direcionamento estratégico do Exército em nível nacional. No ano de 2004, foi elaborada uma primeira versão do Plano de Migração; e atualmente encontra-se em desenvolvimento a quarta versão desse planejamento, o que mostra uma evolução constante do tema. Todo o processo é coordenado pelo Quartel General em Brasília, tendo como órgão de direção o DCT.

Uma preocupação permanente dos responsáveis pelo processo de migração é ampliar o intercâmbio de experiências com outros órgãos federais. “Temos aumentado a participação de nosso pessoal em fóruns e encontros temáticos, inclusive como palestrantes.

Neste ano, já estivemos em eventos importantes, como o Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi). Também fazemos parte do CISL, e, inclusive, já disponibilizamos software no Portal do Software Público”, frisa o major Lamellas.

CASOS DE SUCESSO

Entre os exemplos de sucesso no uso do software livre pelo Exército Brasileiro está o Sistema de Protocolo Eletrônico de Documentos (SPED), construído em parceria com a Força Aérea. Trata-se de uma ferramenta desenvolvida em Java, voltada para controlar toda a sistemática de documentação de uma organização militar, e que também pode ser utilizada por repartições públicas civis.

Em linhas gerais, o aplicativo se encarrega de todo o fluxo da documentação que chega ao órgão, desde o protocolo inicial, passando pelos diversos trâmites necessários, até o despacho final. Ou seja, toda uma série de procedimentos que eram feitos manualmente, hoje acontece eletronicamente por meio do sistema.

Outro bom exemplo é o Sistema de Avaliação Operacional (Sistavop), do Comando de Operações Terrestres, que estabelece todo o fluxo de informações da unidade, elaborando os devidos relatórios, planejamentos e outros itens. Esses dados são, depois, enviados para o órgão acima do Comando. “Essa solução é toda em software livre, e se caracteriza por ser de gerenciamento bem flexível. Está na fase final de testes e vai entrar em produção ainda este ano”, informa Lemos Pita.

Um terceiro caso de sucesso é o Sistema Unificado de Obras (Opus), que permite fazer todo o cadastramento físico das unidades do Exército no país, incluindo as benfeitorias, obras e alterações de cada uma delas.  Tudo é cadastrado pela respectiva unidade e, de Brasília, a Diretoria de Obras Militares faz o acompanhamento on-line.

O major Lamellas destaca que o uso desse sistema trouxe significativa eficiência nos gastos, por proporcionar maior planejamento e também permitir eventuais correções no andamento das obras, sem a necessidade de um relatório ou documentação. “O responsável fotografa a obra e já disponibiliza a imagem no site. Com isso, é possível verificar se a unidade está seguindo o plano diretor estabelecido para a obra. Ou seja, a fiscalização é feita automaticamente, e existe a fotografia para comparação dos respectivos estágios. Eles fazem a obra e, daqui de cima, já dá para ver se realmente mudou ou não, se aquela obra está andando”, diz o major.


EVOLUÇÃO CONSTANTE

Atualmente, uma das preocupações do DCT é disseminar, para todas as unidades do Exército, a importância de promover a migração dos softwares proprietários para o modelo livre. Nesse sentido, são várias as iniciativas de sensibilização, incluindo palestras, fóruns e encontros de trabalho. Exemplo disso são as Reuniões Trimestrais de Coordenação de Tecnologia da Informação do Exército, nas quais diversos órgãos de direção setorial participantes discutem o assunto.

“O primeiro passo era haver a decisão de sairmos do software proprietário e irmos para o software livre. Sabemos que a migração não ocorre do dia para a noite.

Há sistemas legados ainda muito fortes, que vão persistir por um bom tempo. Será, portanto, algo demorado, pois o Exército é muito grande, está presente em todos os lugares do país”, frisa Lamellas.

De acordo com Lemos Pita, a nova versão do Plano de Migração chegará fortalecida com recente assinatura, pelo Exército, do Protocolo Brasília, que prevê a utilização do padrão aberto para utilização e arquivamento de documentos. “Isso ajudará a ampliarmos a utilização do software livre, uma vez que assumimos o compromisso público de que vamos usar o padrão ODF. Entendemos que, com isso, agora sim, vamos ‘botar em forma’, como dizemos por aqui. Pois, juntamente com o compromisso público do Protocolo Brasília, veio a maturidade dos Planos de Migração.

Em breve, poderemos orientar a todos no Exército: “daqui para a frente, o foco é no software livre!”, prevê o coronel.

Fonte Serpro

15/12/2009


Fonte: Luis Henrique Silveira

0sem comentários ainda

Enviar um comentário

Os campos são obrigatórios.

Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.