No clima do lema do fisl12 "A tecnologia que liberta", um debate com formato pouco convencional foi realizado na tarde desta quinta-feira (30). Os Recursos Educacionais Abertos (REA) foram discutidos de forma participativa, em uma dinâmica chamada de desconferência, que consiste na troca de lugares entre público e palestrantes. A construção de conhecimento de forma coletiva e a disponibilização livre de conteúdo didático foram os focos da discussão.
O diferente método de interação foi organizado a partir de cinco cadeiras, que estavam posicionadas no palco para apenas quatro componentes iniciais da mesa. Logo no início, Bianca Santana, participante da comunidade dos REA que iniciou a discussão, incentivou os membros da plateia a ocuparem o assento vago. Então, um dos quatro sentados deveria levantar e descer do palco para assistir. Assim, a participação do público foi intensa e enriquecedora.
No início da conversa, o sociólogo e professor da Universidade Federal da Bahia Nelson Pretto destacou os objetivos dos REA na educação. Segundo ele, o uso destes recursos tecnológicos busca incentivar a produção de conhecimento pelos alunos, além de ampliar o alcance da sua difusão. Nelson disse que "Os Recursos Educacionais Abertos precisam explodir para além do 'recursos' e além do 'educacionais' e modificar o currículo das instituições". Outro ponto relevante do debate foi a construção colaborativa do material didático. Para o professor da Universidade Federal do ABC Sérgio Amadeu, o monopólio do conhecimento irá acabar com a ajuda dos recursos digitais. Bianca Santana ressaltou que a distribuição livre e a possibilidade de criação e edição colaborativa possibilitam que livros didáticos sejam adaptados a diferentes contextos socioculturais.
Ao longo da discussão, diversas pessoas subiram ao palco para relatar suas experiências e expressar suas opiniões. Uma professora do Acre relatou que só consegue manter-se atualizada a partir da internet e precisa investir recursos próprios frente à escassez de material didático oferecido pelo Governo. Para ela, a quebra da cultura de utilização de material das grandes empresas em virtude do uso de materiais abertos ao público facilitará o acesso à educação de qualidade para localidades distantes dos centros econômicos. Em sintonia com a fala da professora, o pesquisador da Universidade de Berkeley/Harvard Aaron Shaw destacou os REA como ferramenta de combate a desigualdade social, pelo seu baixo custo e assessibilidade.
As plataformas wiki foram destacadas e experiências práticas foram descritas pelos participantes. Um deles é o projeto ACAWiki, que distribui conteúdo acadêmico de forma aberta. Conheça também o Projeto Rea-Br (http://www.rea.net.br) e o Projeto Telecentros.BR do Governo Federal (http://www.telecentros.br.com).
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