Ir para o conteúdo
ou

Software livre Brasil

 Voltar a Inclusive
Tela cheia

Um roteiro para o Webdesign Livre

7 de Novembro de 2013, 15:57 , por Luiz Bruno Vianna - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
Visualizado 353 vezes
Licenciado sob CC (by)

O principal objetivo do blog Webdesign Aberto e de outras inciativas que implementei a partir do ano de 2012, como o curso Webdesign com Software Livre e o grupo no Facebook (https://www.facebook.com/groups/392495810787263/ )é pesquisar, ensinar e popularizar o uso de Software Livre ou OpenSource no design para a Web. A inspiração para isso vêm do fato da maioria dos designers e webdesigners rejeitarem os Sistemas Operacionais GNU/Linux com a desculpa de que os seus programas favoritos (Adobe Photoshop, Flash, Fireworks, Dreamweaver, etc…) não possuem versões oficiais para Linux. O problema é agravado pelos cursos rápidos encontrados em qualquer esquina que formam usadores de programas. A maioria destes cursos não forma designers nem profissionais de tecnologia, embora vendam este sonho com preços altíssimos.

Gostaria de humildemente propor um roteiro para popularização dos sistemas abertos neste setor do mercado. É apenas um caminho, dentre tantos outros caminhos possíveis para alcançar este objetivo.

Em relação ao Software:

Listar programas e seus principais recursos

Para começar é importante selecionar os programas que já existem atualmente. Alguns são bem conhecidos pelos usuários outros nem tanto. É importante encontrar boas alternativas e destacá-las.

Outra preocupação é a respeito das liberdades de software. Existem programas que podem ser considerados Software Livre (Free Software) segunda a definição de Richard Stallman (http://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html ). Outros possuem certas restrições por utilizar códigos de terceiros, pelo uso de tecnologias proprietárias ou devido ao modelo de negócios adotado pela empresa de software responsável pelo sistema. Estes são chamados de programas de Código Aberto (Open Source). Este é o caso do Aptana, um IDE de código aberto mas com certas restrições comerciais.

Comparar os programas abertos com os proprietários.

Não sejamos ingênuos. O Software Livre (SL) compete diretamente com os programas fechados e eles são comparados o tempo inteiro pelos usuários. Precisamos avaliar os recursos existentes nestes programas e pensar o que pode ser feito no mundo OpenSource. Não significa copiar todos os recursos, mas apenas reproduzir ou superar os recursos que forem necessários e úteis. O ecossistema de SL costuma ser mais dinâmico do que as grandes empresas de software. Precisamos usar esta vantagem a nosso favor para tornar as aplicações melhores e mais fáceis de usar.

Propor ou implementar modificações nos programas.

A partir das comparações e avaliações feitas pelos usuários, podemos propor às comunidades de desenvolvedores a implementação de certos recursos que possam facilitar a vida de designers e webdesigners. Talvez não seja possível implementar estes recursos imediatamente, mas podemos desenvolver plugins ou hacks que resolvam nossos problemas e com o tempo estas implementações podem ser adotadas pela versão oficial de cada programa.

Os profissionais que possuírem habilidade em programação, devem envolver-se nestas comunidades de desenvolvedores. Aqueles que não possuem esta habilidade devem buscá-la, pois vivemos em um mundo de software. Aprender a programar é o primeiro passo para dominar as tecnologias que movem o século XXI.

No entanto, sem fanatismos! Para mim, o software tem que ser produzido para o usuário, e não para os desenvolvedores. Porém o Software Livre oferece a maravilhosa possibilidade de aprofundar-se, conhecer a aplicação a fundo, e modificar para qualquer propósito! Essa liberdade é o argumento imbatível que as aplicações proprietárias nunca poderão oferecer. Junto com a facilidade de uso, não existirá motivo para não adotar soluções livres e abertas.

Promover o uso de programas abertos.

Conhecendo os principais programas e fortalecendo suas comunidades de desenvolvedores, precisamos (cada usuário, cada comunidade, cada simpatizante, todos!) trabalhar para promover o Software Livre. Não precisa formatar o computador do vizinho à força. Nem realizar um discurso de 2 horas sobre liberdade. Temos que ter paciência com os novatos – ou recomendar alguém que tenha. Temos que convencer os “formadores de opinião” – se é que isso existe… Temos que melhorar os métodos de ensino para que todos aprendem. Temos que falar a língua do usuário. Os “gênios” do software não vão ficar menos inteligentes por fazer isso.

Incentivar o engajamento de desenvolvedores.

Todo esforço para promover o uso de Software Livre não faz sentido se não aumentarmos o número de desenvolvedores ativos. Outras formas de contribuição também são muito importantes, como documentação, tradução, detecção de falhas e correção de erros.

O Brasil necessita de mão-de-obra na área de tecnologia e o Software Livre representa uma grande oportunidade de democratizar o acesso ao conhecimento tecnológico.

Em relação a aprendizagem:

Listar cursos e conteúdos educacionais.

Existem diversas apostilas, cursos, tutoriais, vídeos, fóruns e outros materiais ensinando a respeito dos programas que podem ser usados para a criação de sites e sistemas para a internet. Após definirmos quais são esses programas, torna-se necessário elencar os conteúdos já produzidos a respeito.

Produzir novos cursos e conteúdos educacionais.

A partir dessas pesquisas é importante produzir cursos e novos conteúdos a sobre Webdesign utilizando Software Livre. Mesmo que sejam desenvolvidos cursos pagos, é importante permitir que a informação circule livremente pela Web e gere o impacto necessário. A Caleum é um exemplo de curso que disponibiliza suas apostilas gratuitamente, tornando-se uma referência de cursos para desenvolvimento Web.

Pesquisar novos métodos de aprendizagem.

Muitos profissionais de tecnologia são autodidatas. Isso demonstra que os cursos formais não são a única forma de aprender com qualidade. As comunidades de prática, comuns na internet, as plataformas de mídia social, os jogos educacionais, os dojos e hackerspaces são grandes exemplos de aprendizado fora do modelo tradicional com quadro (ou projetor), professor e aluno. É importante entender essas metodologias e aplicá-las ao ensino de aplicações livres.

Um ecossistema diferente.

O mercado e todo o ecossistema que envolve o Software Livre é bem diferente do ecossistema que envolve os programas proprietários. O fluxo de trabalho de um designer para web que utiliza o pacote da Adobe pode ser bem diferente de um que utiliza exclusivamente SL.

Apenas uma exemplo: o nosso AdobeBoy pode começar ligando o seu Mac e abrindo o Photoshop. Após criar os layouts ele pode fatiar e abrir o arquivo exportado para o Dreamweaver. Depois disso ele pode codificar e subir para o servidor.

Uma outro designer, habituado ao linux pode começar o seu dia ligando o computador com Linux, abrindo o terminal, criando um banco de dados e instalando o WordPress. Depois ele instala um tema que será personalizado. Só então ele abre o Gimp ou o Inkscape para criar os gráficos necessários.

Embora eu tenha exagerado um pouco, isso demonstra o quanto pode ser diferente o trabalho de um webdesigner habituado ao Software Livre. É preciso entender essas diferenças e evidenciar as vantagens de utilizar programas Open Source.

O futuro é open!

As duas grandes tendências da web hoje são o clowd computing e o mobile. É impossível desenvolver um website sem pensar nos dispositivos móveis que irão acessá-lo. Em ambas as tendências o Software Livre leva vantagem. Em termos de clowd, as melhores soluções são baseadas em Linux e dominam o mercado de servidores. Quanto ao mobile, o Android, Sistema Operacional para celulares mais utilizado no mundo, é baseado no kernel do Linux. A Mozilla Foundation e a Canonical também já apresentaram alternativas de sistemas operacionais de código aberto para celulares.

Com o perdão de todas as imprecisões e exageros, peço a colaboração de todos os amantes do Software Livre. Conto com vocês para criticarem, sugerirem e ajudarem com a tarefa de disseminar liberdade por este país. O que mais pode ser feito? Quais rumos podemos seguir? Você gostaria de sugerir programas ou conteúdos educacionais a respeito de Webdesign? Fique livre para postar o seu comentário!

 

Texto publicado orignalmente no Blog Webdesign Aberto:

http://webdesignaberto.wordpress.com


Tags deste artigo: design aprendizagem webdedesign