Texto: Marília Bíssigo
Com a proposta de cunhar um novo conceito de comunicação, a Rádio Comunitária Obirici FM ZYU 354 87,9 Mhz faz parceria com a Associação Software Livre para ampliar o conceito de liberdade de expressão. Além da rádio FM, a Obirici também estende seu conteúdo para as plataformas rádio web, TV, jornais de bairro, blogueiros e ativistas de rede. “Queremos ser um laboratório prático da fusão entre o analógico e o digital”, explica Luiz Carlos Vergara. A rádio é voltada aos movimentos sociais.
“Comunicação é poder, mas desde que se exista autoria por trás do que se está sendo veiculado”, diz a presidente da Obirici, Denise Soares Flores. Em uma atual conjuntura nacional de golpe, Denise diz que vivemos uma insurgência pela liberdade de informação. “Queremos ampliar a capacidade de falar com o povo”, diz ela. “A grande mídia representa interesses que não são os do povo, ela legitima e oficializa interesses particulares.”
“Existe o que é próprio de cada movimento social, mas existe também um ponto de convergência entre todos eles. Não somos mais uma aldeia, precisamos transpor as fronteiras que antes existiam, mas sem perder a personalidade”, acrescenta a presidente da rádio.
Para colocar na prática o novo conceito, será realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado, através da Comissão de Assuntos Municipais, no dia 30 de agosto. No mesmo dia, a rádio Obirici oferecerá oficinas multimeios comunitárias.
Sobre a Rádio Obirici
A rádio nasceu em 1998 e passou por altos e baixos até conseguir a autorga (autorização governamental para operar uma rádio), que só veio em 2008. “O brasileiro nunca teve voz, o movimento de criação de milhares de rádios comunitárias veio como uma necessidade de liberdade de expressão”, diz Vergara. Ele explica que, no Brasil, existem menos de 4 mil autorgas e cerca de 16 mil processos de requerimento. Destas, 12 mil rádios comunitárias estão criminalizadas, de acordo com leis que remontam à Ditadura Militar. “Em todos os países do mundo, excetuando o Brasil e talvez algum país afriacano, não é preciso ter autorização governamental para operar rádios de até 250 watts, que abrangem cerca de 4 quilômetros”, explica ele.
0sem comentários ainda